Eu amo a Miley Cyrus - Capítulo 11

Eu preciso de você agora! 

Narrado por Nick

Los Angeles, Califórnia, 18:01 (horário local) Avenida principal da cidade.

Já tinha escurecido, eu fiquei algum tempo a mais naquele parque sentado num banco, pensando na vida. O que talvez tenha sido só uma desculpa porque no fundo eu tinha alguma esperança que a Miley fosse voltar lá, mas isso não aconteceu, é claro. Decidi então voltar para o carro, ou se o Josh já tivesse ido sem mim, pegar um táxi e voltar para casa, eu já tinha tido emoção demais para um só dia. 

Eu me sentia patético, por ter dito aquelas coisas a Miley sem pensar e também por ainda me sentir como um garoto bobo e apaixonado toda vez que olho pra ela. A Miley tem razão, as pessoas tem que crescer um dia, amadurecer. Não que eu ache que acender um cigarro e ficar gritando com todo mundo seja amadurecimento porque eu definitivamente não acho, mas eu talvez devesse sair dessa furada, toda vez é a mesma coisa, nos já tentamos ficar juntos pelo menos um milhão de vezes e nunca dá certo, nós acabamos sempre terminando por motivos bobos e nos afundando ainda mais.

Eu sei que amo a Miley, mas tenho medo que com todas essas mudanças agora ela seja uma pessoa diferente da que eu conheci no passado, quer dizer aquela Miley eu tenho certeza que amo mas e essa, será que eu a amo?

– Aí esta você, graças a Deus! – Josh disse dando um suspiro aliviado e guardando o celular no bolso. Se eu o conhecia bem ele já tinha ligado pra todo mundo que eu conheço querendo saber onde eu estava, e esse é mais um dos motivos pelo qual eu prefiro deixar o meu celular desligado às vezes.

– Não exagera Josh, eu só estava dando uma volta por aí, esfriando a cabeça, não posso não?! – Eu disse seco entrando na limusine. Eu não estava irritado com o Josh, mas se ele continuasse me enchendo eu ia descontar nele a raiva que eu tava por ter dado tudo errado com a Miley.

– Ok, já entendi! – Ele disse entrando na limusine também – James, já podemos ir! - Agradeci mentalmente por Josh ter percebido, pelo menos dessa vez, que eu não estava afim de conversa e me recostei no vidro da janela do carro. Fechei meus olhos e imediatamente a imagem da Miley se fez em minha mente, da minha Miley, com os cabelos longos e um lindo sorriso, mas logo se desfez e a imagem que me veio dessa vez foi a imagem atual dela.

Porque ela precisava ter mudado tanto? Eu não queria que as coisas entre a gente tivessem acontecido desse jeito, porque não podia ser tudo como era antes, por quê?!

Narrado Por Miley

Los Angeles, Califórnia, 18:13 (Horario Local) Cruzamento com a Avenida principal da cidade.

Estava voltando com a Noah para o nosso carro. Ela vinha tranquilamente ao meu lado chupando seu sorvete de morango e segurando com a outra mão a coleira do Flocos.

Eu tentava manter a minha cabeça no lugar e apenas me concentrar na trajetória de volta ao carro, mas a verdade é que aquele idiota do Nick não saia de meus pensamentos. Quem ele pensa que é afinal? Quer dizer, nós não nos falamos a mais de um ano e aliás por uma ótima razão, ele foi o idiota que sempre é quando ficamos juntos. Então ele simplesmente aparece do nada e como se nada tivesse acontecido dizendo: “E aí Miley, vamos tomar um sorvete?”

Ele ta achando o que? Que eu ainda sou a idiota que o perdoava só por ele dar um sorrisinho e dizer que sente muito, ah eu é que sinto muito agora porque os tempos mudaram e eu também!

“Sabia que essa merda além de fazer mal a sua saúde vai acabar com a sua voz?!”  Como se isso fosse da conta dele, na boa, o Nicholas às vezes chega a ser ridículo com essa mania dele de ser certinho o tempo inteiro.

– Miles, você sabe que tem que dar a partida para poder o carro andar, não é?! – Noah falou com uma carinha entediada. Acho que já fazia uns cinco minutos que estávamos dentro do carro e eu nem percebi. Dei a partida - Miley, você tá bem, mana? – Noah perguntou tentando manter o Flocos quieto em seu colo.

– To, claro que to Noah, por que a pergunta? – Eu dei a partida.

– Sei lá, desde que a gente saiu do parque que você não fala coisa com coisa, só fica aí resmungando “aquele idiota” bufando ou rindo sarcasticamente, olha, que você era bipolar eu já sabia mas juro que eu to começando a ficar com medo! - Eu soltei um sorrisinho nervoso, tentando disfarçar, não queria deixar transparecer para a Noah que eu não estava nos meus melhores dias.

– Acho que é o estresse da viagem que ainda está me atingindo! – Menti – Mas eu vou descansar um pouco lá em casa e vou ficar bem.

– Se você diz... – Noah era esperta, eu sabia que não deveria prolongar essa conversa com ela mais do que o necessário ou ela iria arrancar de mim mais do que eu estava disposta a revelar.

Nós duas ficamos quietas desde então. Estava fazendo um silencio significante naquele carro, nem mesmo o flocos latia e eu estava detestando ficar sozinha com meus pensamentos porque eles acabavam tomando rumos indevidos.
Liguei o rádio em uma estação qualquer, estava tocando a musica I Need you Now do Lady Antebellum, mas numa versão cantada pela Adele, a mais nova sensação do momento. Eu era totalmente viciada nessa música, ela até tinha sido a minha música de depressão na época da adolescência.

"São uma e quinze da madrugada,
Estou completamente só e preciso de você agora.
Eu sei que disse que eu nunca mais te ligaria
Mas perdi todo o meu autocontrole e preciso de você agora.
E eu não sei como sobreviver,
Eu só preciso de você agora”.

Comecei a cantar junto, é claro que eu sabia a letra de cor. Essa música me trazia muitas lembranças, umas boas outras nem tanto, acho que a pior delas foi...

Flash Back On

Era novembro, disso eu lembro bem. Eu tinha acabado de gravar The Last Song e tinha tirado as minhas merecidas férias fazia alguns dias.

Era reconfortante estar em casa, embora eu preferisse ter algo pra ocupar minha mente para ver se eu conseguia esquecer um pouco a tristeza que continuava comprimindo o meu peito. Eu e Nick tínhamos rompido nosso relacionamento a algum tempo, e mesmo eu achando que tinha sido o melhor pra nós dois eu não conseguia esquece-lo, nem tão pouco deixar de sofrer por isso, e eu estava sofrendo, realmente estava. Durante as minhas férias eu era apenas uma sombra do que um dia fui, quase nem saia de casa, nem mesmo para tomar sol. Passava o dia inteiro trancada no quarto ouvindo música ou lendo, as vezes só dormindo. Cheguei até a perder alguns quilos, minha mãe estava preocupada comigo, e de fato ela tinha bons motivos, eu tinha chegado a um estado crítico, nem abria as janelas do quarto, ficava trancada no escuro, algo meio Bella no filme Lua Nova quando Edward vai embora.

– Miles eu estive pensando filha, e bom, acho que devemos marcar uma consulta com um psicólogo pra você, claro que em caráter experimental apenas. Acho que pode ser, não sei, pode ser muito produtivo pra você! – Minha mãe falou durante o jantar, todo mundo já tinha reparado que eu andava esquisita, que não sorria mais e quase nem falava, o que era bem diferente do meu jeito tagarela de ser.

– Não precisa mãe, eu to bem! – Eu disse remexendo a minha comida no prato, eu ainda não tinha comido nada.

– Filha, eu só quero o seu bem! – Minha mãe me encarou com um olhar melancólico, eu sabia que ela estava preocupada comigo, mas não era como se eu estivesse fazendo de propósito, eu apenas me sentia triste e não tinha a menor vontade de sair de casa. Talvez fosse só uma fase, talvez fosse apenas saudades do Nick.

– Eu sei mãe e agradeço, mas eu to legal! – Ou pelo menos eu achava que iria ficar um dia.

O tempo foi se passando, logo chegaria dezembro, os Jonas sempre davam uma parada nas turnês e nos shows durante essa época do ano, o que significava que eles voltariam pra casa logo. Uma grande parte de mim estava louca para rever o Nick, e uma pequena parte, a com a razão, me dizia que pela maneira como terminamos era melhor eu não procura-lo.

O que estava havendo comigo afinal, fui eu quem optou pelo término já que eu não era forte o suficiente para suportar os altos e baixos de namora-lo, mas também era eu quem estava sofrendo agora, chorando e até passando noites em claro só por sentir falta dele...Eu estava confusa.

Eu ainda me lembro como se tivesse acontecido hoje, era uma manhã de dezembro, embora fosse inverno essa manhã não fez tanto frio e por mais incrível que isso possa parecer eu senti vontade de sair. Eu queria ir ao parque ler um pouco, talvez apenas para sair um pouco da minha rotina de escuridão. Coloquei uma roupa qualquer, calcei minhas botas de neve, luvas e também coloquei um casaco por cima da roupa, tudo que levei comigo foi o meu Iphone.

Quando cheguei ao parque eu coloquei meus fones de ouvido e me sentei num banco qualquer, a música que tocava era I need you now, como vocês já deviam ter imaginado. Passei pelo menos umas duas horas sentada naquele banco perdida com os meus próprios pensamentos e confusa sobre o que eu realmente estava sentindo. 

As minhas músicas já tinham tocado todas e agora estavam repetindo. Por alguma coincidência quando I need you now voltou a repetir eu avistei um garoto. Mas não era qualquer garoto, era ele, era o Nicholas. Ele havia acabado de chegar ao parque, estava com o Elvis, o cachorro dele e assim como eu estava bem agasalhado, ele sentou-se num banco quase de frente com o meu mas não me viu, Nick continuava distraído.

Eu senti o meu coração bater mais acelerado, o que eu deveria fazer? Ir até la? E se ele não quisesse falar comigo?! Continuei imóvel sentada no banco, talvez eu devesse ir embora, antes que ele me visse ou... Antes que eu pudesse completar o raciocínio uma pessoa chegou e sentou-se ao lado de Nick, correção, uma garota sentou-se com ele e Oh My God, eu não posso acreditar, era a Mandy, a minha até então melhor amiga Mandy.

Eu me levantei rapidamente e me escondi atrás de uma das árvores, pois Mandy não era tão distraída quanto Nick e ela com certeza iria me ver. Eu estava muito distante para ouvir sobre o que os dois conversavam, mas podia ver nitidamente os dois sorrindo um para o outro e também vi quando se abraçaram, meus olhos até lacrimejaram com a cena, saí correndo do parque.

Naquela mesma semana eu e a Mandy tivemos uma briga feia, o motivo foi exatamente esse...

– Voce não tinha o direito de ficar com ele, você sempre soube que eu o amo! – Eu berrei, estávamos no meu quarto.

– Miley você já se escutou? – Mandy me encarou – garota foi você quem terminou com ele, mesmo se eu tivesse ficado com ele e eu não estou dizendo que fiquei, ele não pertence a você, o Nick tá livre agora e tudo porque você foi burra o suficiente para deixa-lo! – Ela continuava negando ter ficado com o Nick, mas tudo batia, ela ate começou a me contar uma historia que estava apaixonada pelo ex de uma grande amiga e que se sentia muito culpada por isso. Então quando eu contei que sabia que era o Nick porque tinha visto os dois juntos no parque ela ficou até sem fala. Eu achava que a Mandy era a minha melhor amiga, a pessoa que tipo, eu sempre poderia confiar, mas não, eu mal tinha terminado com o Nick e ela sabia o quanto eu ainda estava sofrendo e ela fica com ele, que tipo de amizade é essa?!

– Voce tem razão Mandy, eu devo mesmo ser burra, muito burra já que eu confiei em uma falsa mentirosa como você! – Quando eu disse isso vi a Mandy me olhar com fúria, como nunca antes.

– Ta certo! Quer saber Miley, acredita no que você quiser! Eu não tenho que ficar aqui escutando esse tipo de coisa! – ela levantou-se da poltrona onde estava sentada – Ah e só pra você saber o Nick também te amava, mas graças as suas criancices Miley, ele não te ama mais!

– Ah e foi ele mesmo quem te disse isso?! – Eu perguntei

– Foi sim por quê?!

– Por que isso pra mim não passa de dor de cotovelo, ele não se conforma de eu ter dado o fora nele, porque se você não se lembra Mandy quem terminou com o Nick fui eu! Se fosse por ele ainda estaríamos juntos até hoje! – Cruzei os braços, eu queria ficar por cima. Mandy me olhou incrédula.

– Engraçado isso né?! Você deu o fora nele, mas a dois minutos atrás disse que eu era uma traidora porque sabia que você o amava... – Ela riu sarcástica – Miley me poupe, o Nick tem razão, você está mesmo sendo muito infantil ultimamente! – Tendo dito isso ela saiu pela porta do quarto e eu me sentei na cama abraçando uma almofada. Eu não tinha mais o Nick e agora estava sem a Mandy também, e os dois estavam juntos, podia ser pior?

Eu estava cada dia mais pra baixo. Liam era o único amigo próximo que eu tinha já que nessa época Demi estava morando em Dallas. Ele sempre me ligava para sairmos juntos por causa do “Namoro para publicidade” nos tínhamos que manter essa mentira ate a estréia do filme. Nem mesmo ele com todo o esforço que tinha conseguia me fazer esquecer do Nick e dos meus sentimentos por ele.

Numa certa noite eu saí com o Liam para ir a uma boate, mas acabei tendo um surto psicótico de saudade do meu ex e dei um jeitinho de me livrar do coitado. Eu estava abalada emocionalmente, tinha chorado demais naquele dia e tinha pensado demais também, na verdade o Nick era a razão dos meus pensamentos, eu não conseguia parar de pensar nele, eu tinha descoberto que eu nunca quis realmente terminar, que eu nunca quis ele fora da minha vida por completo e que eu não saberia viver, na verdade eu não saberia sobreviver sem ele.

Então eu peguei o meu celular dentro da bolsa, eu tinha prometido pra mim mesma que não ligaria pra ele nunca mais, não depois dele ter ficado com a Mandy, porque se ela era uma traidora, ele era duas vezes mais traidor! Mas o que eu podia fazer? Eu precisava dele, eu precisava dele agora.

Eu lembro de ter tomado umas doses de alguma bebida do barzinho que havia na boate, só pra criar mais coragem, mas isso me deixou ainda mais melancólica e quando eu enfim liguei eu já estava em prantos.

Ligação On

– Alo? – Ele havia atendido na terceira chamada mais ou menos, eu tentei controlar um pouco o choro, mas foi inútil já que eu estava morrendo de saudade da sua voz.

– Nicky! – Eu choraminguei – Nick eu te amo, eu sempre te amei, eu não queria ter perdido você, Nick deixa ela, deixa ela e volta pra mim! – Eu tenho certeza que o Nick não entendeu uma só palavra que eu disse, a minha voz estava chorosa e misturada com aquele barulho infernal das músicas altas da boate eu duvido muito que ele tenha conseguido decifrar do que eu estava falando.

– Olha, quem é que ta falando afinal? – Ele parecia confuso.

– Sou eu amor, a Miley, a sua Miley! – Eu estava quase gritando, tentava ao máximo fazer o som das palavras soarem nítidos, mas isso estava impossível, tudo que eu conseguia eram choramingos. – Nick eu sinto sua falta, eu preciso de você!

– Miley? É você mesmo?! Que barulho todo é esse, aliás que brincadeira é essa?!

– É que eu to numa boate, bobinho! – Eu ri, já repararam como pessoas chapadas são bipolares?! - Não é brincadeira Nick, eu te amo, eu quero voltar com você! – Acho que eu deixei um soluço escapar.

– Miley você ta bêbada?! – Ele parecia irritado – Eu não acredito nisso!

– Voce não acredita que eu te amo, meu amor?!

–... – Ele suspirou – Olha só, eu vou desligar agora e vou ligar pros seus pais , pra avisar que você tá de porre e que eles tem que te buscar, dá pra você me dizer exatamente onde você está?!

– Ah não Nicky, se você ligar para os meus pais eu vou ficar encrencada! – Eu estava bêbada, mas não era burra – Porque não vem você me buscar amor, eu só vou pra casa se for com você! – Nick demorou um pouco a responder, ele parecia estar analisando a questão.

– Ta bem, eu vou aí te buscar, só me diz onde você tá! – Eu disse pra ele o endereço de onde eu estava – Ok, eu já chego ai!

Ligação of

Eu fiquei esperando por ele sentada no bar, o barman gatão ficou dando em cima de mim, mas logo o Nick chegou cortando o barato dele e praticamente me arrastando para fora da boate. Nick sempre foi certinho então é claro que ele me deu uma bronca antes de me enfiar dentro do carro dele.

Lembro-me de ter feito de tudo pra tentar seduzi-lo durante o trajeto até a minha casa, mas ele nem me deu bola, na verdade nem falou comigo apenas dirigiu da boate até em casa em segurança como ele disse que faria.

Quando paramos em frente de casa eu pensei que ele já iria embora, mas ele quis me levar ate a porta arrastada também.

– Nicky me solta, quem disse que eu quero voltar pra casa agora heim?! – Eu tentava me soltar dele, mas ele tinha bem mais força.

– Eu odeio quando você toma esse tipo de atitude tão infantil Miley, beber? Onde você estava com a cabeça?! – Ele continuava me arrastando até a porta – Essa nem parece você! – Aquilo que ele disse me fez parar para raciocinar uns instantes, pena que a bebida tinha misturado tudo dentro da minha cabeça.

– Ah claro, agora eu sou a infantil! – Revirei os olhos – Sabe qual é o problema aqui Nick, é que você não consegue deixar de gostar de mim e está arranjando qualquer desculpa, como uma namoradinha qualquer, por exemplo, pra tentar me esquecer, só que você não vai porque eu não vou deixar! – Em um movimento rápido eu levei minhas mãos ate sua nuca e colei nossos corpos, lhe dando um beijo. Eu estava bêbada e um pouco zonza, mas ainda podia sentir que aquele tinha sido um beijo bom. Infelizmente o Nick já tinha tocado a campainha e assim que quebramos o beijo meu pai abriu a porta.

– MILEY RAY CYRUS! A senhorita está numa baita de uma encrenca! – Ele vociferou já me puxando pelo braço pra dentro de casa – E muito obrigada por traze-la, Nicholas!

– Ah, er de nada senhor Cyrus, agora eu já vou indo... – Ele me olhou – Acho que o senhor devia dar um café pra ela, pra cortar o efeito da bebida, é o que a mamãe faz quando o Joe exagera! - Virou-se pra ir embora

– Ta certo, eu vou fazer isso garoto! Até outro dia e mande lembranças aos seus pais! – Meu pai fechou a porta, mas eu ainda pude ver por alguns segundos o Nick caminhando ate seu carro sem nem se quer olhar pra trás.

Levei uma bronca daquelas do meu pai naquela noite, e ele me deixou de castigo... Droga, por que o Nick tinha que bancar o responsável e avisar ele?! Pelo menos naquela noite o sono veio bem rápido por causa da bebedeira.

Como o Natal chegou dois dias depois disso, o meu castigo se foi. Eu ainda tinha na memória que eu tinha pagado o maior mico naquela boate e não, pior, com o Nick, ele devia achar que eu era uma débil mental e que rastejava por ele ainda. De uma coisa eu tinha certeza, eu não iria falar com ele nunca mais!

– Miles! – Minha mãe me chamou e eu fui ate ela – Vai ate a casa da Denise e leva isso aqui pra ela - Mamãe me deu uma travessa coberta com um guardanapo - Ela me disse que os meninos adoram quesadilla caseira e como hoje eu fiz pra gente, eu vou mandar um pouco pra eles! - Ótimo, porque ela tinha que pedir justo pra mim? Porque ela não pediu pra Noah?!

Fui até os Jonas e pedi mentalmente pelo menos um milhão de vezes que não fosse o Nick a atender a porta.... Acho que eu já mencionei aqui que eu não tenho sorte não é?!

– Miley, o que você ta fazendo aqui? – Foi Nick quem atendeu a porta, é claro.

– É que... é que a minha mãe pediu pra eu trazer isso pra sua mãe e... – Nessa hora uma menina veio ate a porta perguntando ao Nick quem era, eu a reconheci de cara, era a Selena

– Ta eu vou lá chamar ela então – Ele entrou de volta enquanto eu ainda olhava boquiaberta para a Gomez, a minha vontade era perguntar o que aquelazinha estava fazendo lá, mas nem foi preciso quando o Nick voltou ela fez questão de babar a bochecha dele na minha frente, ah desculpe, eu quis dizer beijar. - Ela tá lá na cozinha, você não quer entrar? - Ele perguntou já abrindo espaço pra eu passar.

Ele e a provável nova namorada me acompanharam até a cozinha, mas só me deixaram na porta e subiram as escadas juntos, provavelmente indo pro quarto do Nick, aquilo me incomodou muito.

Joe e Frankie estavam lá ajudando ou atrapalhando, não sei ao certo, a tia Denise enquanto ela fazia Brownies.

- Hey baixinha! 

- Miles! - Joe me cumprimentou e Frankie veio me dar um abraço, fazia um tempinho que eu não via esses dois.

- E aí gente, quanto tempo?!

-É, faz tempo mesmo que a senhorita não veio mais nos visitar! - A tia Denise resmungou

- É que eu não tenho tido muito tempo ultimamente... - Menti, na verdade eu já estava morrendo de vergonha por estar na casa do Nick, ainda mais tendo que ver ele com outra garota. Eu não sei se vocês entendem, Nick era o meu namorado antes e eu nunca iria achar que uma outra garota seria boa o suficiente pra ele. - A mamãe mandou eu trazer isso - Eu deixei a travessa sobre a mesa.

- Ah, muito obrigada querida! - Tia Denise me agradeceu - Diga a Tish que assim que os brownies ficarem prontos eu mando o Joe levar uns pra lá!

- Tá bom!

- O que é isso Miley?! - O enxerido do Joe vei mexer na vasilha - Quesadilla?! Não brinca! - Joe exclamou animado - É por isso que eu amo sua mãe, Miley!

- É, eu sei! - Sorri – Bom, eu já vou, tchauzinho pra vocês e feliz natal pra todos! – A minha voz saiu um pouco melancólica. Eu tinha ficado triste por ver que o Nick já tinha outra pessoa, mas pelo menos não era a Mandy.

De qualquer forma, eu estava triste, na verdade quando eu cheguei em casa tudo que eu fiz foi passar na cozinha e dar o recado que a tia Denise mandou e depois fui correndo para o meu quarto.

Aquela foi a pior noite de natal que eu já tive... Chorei litros, só ganhei presentes horríveis e tive uma péssima ideia, ligar pra "ele" outra vez.

Ligação On

– Alo – Era uma voz feminina, não tinha nem bem chamado e ela atendeu.

– O-Oi, o Nick está? – Perguntei insegura.

– Ele está sim, quem quer falar com ele? – Então eu reconheci a voz, era Selena.

– É uma amiga dele, eu queria desejar feliz natal... – Eu ouvi algo como que uma pequena discussão do outro lado da linha. Nick estava perguntando por que ela tinha atendido o telefone dele e ela respondeu que era porque ela era a sua namorada, esse era um bom argumento...

– Oi, aqui é o Nick, quem ta falando?!

– Oi Nick, sou eu, Miley – Meu coração começou a bater acelerado, eu estava nervosa – Só liguei pra te desejar um feliz natal – Me senti a garota mais idiota do mundo dizendo isso, era obvio que não era apenas isso. Ouvi o barulho de uma porta batendo, acho que era Selena que tinha saído do quarto.


– Ah então tá, obrigada eu acho...

– Tudo bem... - Suspirei – Nick me desculpa, me desculpa por tudo, pela noite da boate, me desculpa se eu tenho sido infantil e principalmente me desculpa por ter terminado com você. Eu nunca quis te machucar, eu nunca quis te deixar! Eu sinto sua falta...

– Miley... Eu, eu tenho mesmo que desligar, sério...

– Nick espera! Voce não vai me desculpar? – Eu já estava quase chorando – Quer dizer, eu sei que você está com a Selena agora mas, sei lá, a gente podia ser amigos.

– Não! - Ele exclamou num tom irritado, como se eu tivesse dito algum absurdo - Miley, me desculpa, mas é que tá um pouco tarde demais pra isso! – Ele também parecia apreensivo – Acho que não dá pra gente ser amigo por motivos óbvios...Eu estou com a Selena agora e eu estou feliz, foi um longo tempo desde que você me deixou para eu conseguir me sentir confortável com alguém como eu estou me sentindo com ela. – Aquilo entalou na minha garganta.

– Então é isso?! Voce já me esqueceu? – Ele ficou em silencio.

– Tenho mesmo que ir agora, tchau Miley, e feliz natal pra você! – Ele desligou.

E isso foi tudo. Algum tempo depois Nick assumiu o namoro com Selena para a mídia, eu já estava meio que ficando com o Liam então foi mais fácil pra mim aceitar isso. Nick e eu deixamos de nos falar totalmente, nem mesmo em saudações cordeais como “bom dia” nós nos dirigíamos um ao outro, pelo menos não até a época do casamento da Demi que foi quando tivemos aquela pequena recaída.

Flash Back Of

Agora pensando bem eu nunca soube o que o houve realmente entre Nick e Mandy e nem porque não foi adiante já que uns dias depois de ter visto os dois juntos, Nick já estava namorando a Selena. Na verdade desde aquela época em que nós duas brigamos por causa do Nick, a nossa amizade nunca mais foi a mesma.

Noah e eu tínhamos finalmente chegado em casa. Ela foi tratar de alimentar o Flocos e eu subi pra ver a mamãe que tinha passado o dia inteiro trancada no quarto. Quando entrei o quarto estava tudo estava escuro, mas mamãe não estava dormindo, estava sentada numa poltrona rente a janela olhando atentamente para o quintal da nossa casa como se tivesse perdida no tempo lembrando de coisas passadas.

– Mamãe?! – Eu chamei e ela apenas sorriu. Eu olhei na mesma direção que ela olhava, havia muitas folhas secas espalhadas no quintal, era inverno, mas aquela cena me lembrou uma cena típica de outono. – Nossa, o nosso quintal esta horrível!

– Seu pai era quem costumava cuidar disso, sabe... – Mamãe suspirou – Mas ele já foi embora a algum tempo, acho que preciso chamar outra pessoa pra cuidar disso agora, não é? – Acho que qualquer pessoa perceberia o custo que minha mãe teve pra aceitar isso. Era obvio que as folhas secas tinham se acumulado desde que o meu pai saiu de casa, e eu sabia, essa era definitivamente a parte mais difícil de um relacionamento, na verdade a parte mais difícil de uma vida... conseguir dizer adeus.

– Pode deixar que eu cuido disso mãe! – Sorri de leve, eu queria saber o que dizer, mas eu acho que a ate a Noah diria algo bem mais reconfortante do que eu nas condições na qual eu me encontro agora. Apenas abracei a minha mãe de lado, embora eu não fosse a melhor das companhias eu queria que ela soubesse que eu estava ali, ao lado dela. Ficamos alguns minutos em silencio, apenas observando a noite silenciosa. Senti quando minha mãe começou a chorar novamente e confesso que senti vontade de chorar junto, mas não fiz isso, eu tinha que ser forte, por ela e pela Noah.

– Às vezes eu fico aqui olhando pela janela pra me lembrar dele – Ela começou – Eu não fazia isso quando ele estava aqui, eu estava sempre ocupada demais- Ela limpou algumas lagrimas, mas não adiantou muito – Sabe filha, eu só queria mais uma chance e eu faria tudo diferente! Eu só queria ve-lo entrar por aquela porta, eu só queria ter ele ao meu lado na cama durante a noite porque é tão estranho sem ele aqui, é horrível me sentir sozinha, e não é sozinha porque ele está em uma turnê e volta daqui a um tempo, é sozinha...mesmo. – Eu me agachei ficando de frente com a minha mãe então segurei seu rosto entre as minhas mãos, eu queria pedir que ela parasse de chorar porque aquilo estava cortando o meu coração, mas eu sabia que ela precisava, chorar faz parte do processo de esquecimento, quer dizer ninguém esquece a pessoa amada do dia pra noite e é um processo dolorido, mas um dia passa. Eu que o diga!

– Ta tudo bem... Mãe, você não pode mudar o que passou, não seja tão dura consigo mesma!- Minha mãe conseguiu controlar um pouco o choro e olhou dentro dos meus olhos, por um instante achei que ela iria me dizer alguma coisa, mas antes disso Noah entrou no quarto.

– Mamãe?! – Ela estava parada na porta, minha mãe limpou as lágrimas o mais rápido que pode.

– Pode entrar filha! – Ela virou-se sorrindo, ou pelo menos tentando.

– Vim te dar um beijo de boa noite! – Noah veio correndo ate minha mãe e a abraçou então deu um beijo estalado em sua bochecha – Eu te amo mãe!

– Eu também meu amor! – Minha mãe correspondia ao abraço – Voce é a coisa mais importante que eu tenho na vida!

– E eu mãe?! – Fiz biquinho, minha mãe riu.

– Não seja boba filha, você também é muito importante pra mim! – Nos abraçamos – Agora me deixem sozinha, eu quero descansar um pouco.

– A senhora não prefere que a gente durma aqui, pra senhora não ter que dormir sozinha? – perguntei.

– Não, não filha, eu vou tomar alguns calmantes e me jogar na cama, não vou nem perceber que estou sozinha! Pode ir dormir tranquila – Como sempre minha mãe mantinha a pose de durona na frente da Noah, fazer o que, esse era o jeito dela.

Noah e eu fomos para o meu quarto, deitamos na minha cama e logo ela pegou no sono, uma das vantagens de se ser uma criança. Não há nada no mundo que te deixe tao preocupado a ponto de te fazer perder uma noite de sono.

Eu a olhei por alguns instantes, a Noah fora o principal motivo da minha volta, mas agora tinha tantas coisas erradas por aqui que acho que por mais que eu goste do Liam eu não poderia voltar pra Austrália tao cedo. Eu sabia que podia estar arriscando muito, já que pelo jeito do Liam parece que ele realmente não vai me aceitar de volta, e ele tem os motivos dele é claro, assim como eu tenho os meus pra ficar aqui. Suspirei e fechei os olhos, o melhor que eu tinha a fazer era tentar dormir um pouco, já que amanha com aquele quintal eu vou ter um trabalho danado.


Continua...