Acredito em você!
Narrado por Nick
Los Angeles,
Califórnia, 07:03 AM (Algumas horas atrás) Apartamento do Nicholas.
Josh havia acabado
de me deixar aqui em casa e seguiu para o apartamento dele, teríamos alguns
compromissos hoje, mas eu mandei que ele desmarcasse todos eles, depois de tudo
que aconteceu eu não tinha cabeça pra mais nada nesse final de semana e nem
tempo porque quando os pirralhos chegassem eu iria ter muito, muito trabalho
mesmo!
Assim que abri a
porta pra entrar em casa a porcaria da claridade do sol já estava atravessando
os vidros da minha janela, invadindo gradativamente toda a sala. Fui forçado a
fechar os olhos imediatamente. Claridade, como eu detesto isso!
Sem vontade alguma
caminhei até a janela e fechei as cortinas bufando, em fim pude abrir os olhos.
Tudo bem, não era só a claridade, era tudo, eu estava detestando tudo na minha
vida nesse momento, principalmente o fato de estar vivo!
Ok, agora eu já
estava sendo depressivo...
Trilha
Sonora: Away From the Sun – 3 Doors Down
Suspirei, joguei
minhas chaves em qualquer canto da sala e segui até meu quarto. Fui logo
tirando a camisa e os tênis, joguei-me na cama apenas de calça jeans. Deitado
mesmo eu esvaziei meus bolsos largando tudo em cima do meu criado mudo antes
que meus olhos se fechassem. Acho que a falta de uma boa noite de sono também
contribuiu bastante para essa minha repentina irritação, pensei bocejando. Os
meus olhos estavam quase que se fechando sozinhos. Mas a quem eu queria
enganar, claro que o que me deixou mais irritado foram as atitudes da Miley lá no
hospital, aquela garota, ela tinha uma coisa que eu realmente odiava, ela sabia
perfeitamente o que dizer pra me fazer sentir pior do que eu realmente sou, e
também pra me machucar, não, me dilacerar por dentro como ninguém.
“-
...Eu sinto muito!”
“–
Eu não ligo! Não me importo se a culpa é sua ou não, não faz diferença, meu pai
ainda está lá dentro daquela sala de cirurgia e eu ainda estou aqui sem nenhum
tipo de noticia, sem saber se ele está bem ou se tem alguma chance! Então Nick,
dê duas desculpas a quem se interessa por elas, porque eu não quero entender,
eu não quero compreender eu só quero você longe de mim... Porque toda vez que
você entra na minha vida é pra destruir parte dela!
– Droga! – Lamuriei
enfiando meu rosto no travesseiro. Eu apenas queria que as palavras dela
parassem de zumbir na minha cabeça, eu precisava dormir um pouco. A pior parte
era a lembrança da sensação de te-la, mesmo que contra a vontade dela, presa em
meus braços daquela maneira... Sentir seu cheiro tão viciante era o suficiente
para deixar minha cabeça tão pesada quanto se eu estivesse alcoolizado, juro
que se não estivéssemos na situação em que estávamos eu não teria pensado duas
vezes, e a teria beijado ali mesmo, naquele hospital.
“EU
AMO O LIAM!”
Embora ela tenha
dito isso, pra eu não ter que dizer “gritado isso”, antes de tudo
acontecer, essa, definitivamente, é a minha pior lembrança de ontem, é a que mais me agonia e me
revolta. Ela conhece esse cara a o que?! Uns três, quatro, sei lá, talvez cinco
anos no máximo! Isso lá é tempo o suficiente pra se amar alguém?!
Ok, talvez até
fosse... Eu me apaixonei por ela em bem menos tempo do que isso...
Bastou olhar pra
ela, na verdade, eu acho que passei a noite inteira em que nos conhecemos vidrado
nela até que criei coragem de ir me apresentar; e depois de conhecê-la, eu estava
oficialmente apaixonado.
A Miley é aquele
tipo de garota meiga e divertida que cativa a gente logo de cara, bom, ela
costumava ser... E isso sem falar que ela era maior gatinha na época, ela ainda
é muito gata, até demais pro meu gosto.
Nunca pensei que
uma coisa tão comum quanto conhecer “uma garota” fosse um dia se transformar
num sentimento tão forte e intenso como esse, que me tira a razão a cada dia. Só
que ela também não é qualquer garota, eu soube disso desde o começo, e o pior é
que isso que eu sinto por ela está perdurando tempo demais, não posso negar que
ainda sou completamente apaixonado por ela, do mesmo jeito que fiquei naquela
noite. Talvez até mais agora...
É, com certeza mais...
Acho que em meio às
lembranças acabei apagando.
(...)
– Ele está morto
tio Joe? – Uma vozinha irritante e familiar foi à primeira coisa que ouvi, mas
não abri os olhos.
– Não, sua burra,
ele tá só dormindo! – Essa era a voz do Frankie, tenho quase certeza! – Deve
ter enchido a cara ontem à noite! – Ele parecia fazer pouco caso – É Joe, acho
que o papai tem mesmo razão e ele acabou virando uma cópia exata de você! –
Ouvi risadas, eram de Frankie e a outra meio irritantezinha devia ser a Jenny.
Mesmo assim meu estado meio inconsciente por causa do sono me forçava a manter
os olhos fechados
– Ei, eu não sou
burra, o único burro aqui é você, Frankie! Bom nem é o único, ainda tem o tio
Joe! – Tive vontade de rir disso, definitivamente era a Jenny.
– Tá, agora parem
vocês dois. Frankie pega a Mell e a Jenny e leva elas pra sala, da alguma coisa
pra elas comerem e coloca elas pra ver TV, daqui a pouco o programa dos pôneis
vai começar! Depois vai levar as malas pra um dos outros quartos que eu vou ver
se consigo acordar o Nick! – Agora quem falava era Joe.
– Ta bem... – Ouvi
passos se afastando, provavelmente Frankie tinha ido fazer o que Joe mandou.
– PQP, o Nick é
muito irresponsável mesmo, isso porque eu ainda avisei que viria, imagina se
não tivesse dito nada! – Ele reclamava sozinho – Pelo menos ele não trouxe nem
uma vadia pra cá dessa vez! - Se eu não estivesse sem nem um pingo de
disposição ia mandar ele ir se ferrar, eu tava fazendo um favor pra ele e era
isso que eu recebia em troca?! Definitivamente eu deveria parar de fazer
favores pra pessoas mal agradecidas! – Nick, acorda! – Joe começou a me
remexer, tentei ignorar apenas me virando na cama. Pow era só ele largar as
crianças aqui e ir embora, na boa, por que ainda tinha que querer atrapalhar
meu sono?! – PORRA NICK, LEVANTA DESSA CAMA! – Não dava mais pra ignorar, Joe
já estava aos berros, e eu não consigo pensar em nada mais irritante do que os
berros do Joe.
Me forcei a abrir
os olhos e Dei de cara com um Joe se preparando para puxar as minhas cobertas e
o meu travesseiro, quando me viu abrir os olhos ele parou.
– Até que enfim
né?! – Ele me encarou com um meio sorriso – Bom dia, bela adormecida! – Apenas
olhei pra ele sem mudar a expressão irritada do meu rosto e me sentei na cama
me espreguiçando, não sei se ele estava esperando por um “bom dia” vindo de
mim, mas já que o meu dia estava sendo horrível apenas ignorei o cumprimento –
E aí, noite boa? – Ele perguntou risonho, não, esse Joe tava mesmo pedindo!
Ignorei-o
totalmente e segui para o banheiro, eu ia jogar uma água no meu rosto se não
acabaria dormindo em pé.
– Ok, parece que
alguém está mais irritadinho do que de costume, tudo bem, se não quer falar não
fala... – Joe ainda tagarelava do quarto, eu estava contando até dez para me
acalmar e não manda-lo calar a boca! – Eu sei como é ruim levar um toco! –
Revirei os olhos, infelizmente ele não estava errado, eu tinha mesmo só levado
toco ontem.
Saí do banheiro
enxugando meu rosto, Joe ainda estava no meu quarto parado recostado a uma
parede.
– E então, quando
você e Demi viajam pra New Jersey? – Perguntei sério, procurando uma camisa
para vestir.
– Hoje ainda, mas
só à tarde. Eu volto para Dallas agora, no voo das 11:00hs, acho que são só uns
quarenta minutos de voo, devo estar de volta em casa antes do meio – dia para
buscá-la! – Ele falou.
– E o que houve com
o padrasto dela? – Perguntei enquanto me vestia.
– Eu ainda não sei
direito, nem a Dems sabe, só sabemos que é grave e que ele está numa U.T.I
entre a vida e a morte. A Demi também está muito preocupada com a mãe dela, o
Patrick é toda a família que ela tem lá em New Jersey.
– Entendo... –
Suspirei – Acho que essa semana ta sendo ruim pra todo mundo! – Balbuciei
encarando o espelho, eu ate ia pentear meus cabelos, mas terminei por apenas passar
meus dedos entre eles para ajeita-los um pouco.
– Algum problema,
mano? – Joe me olhou sério, isso não era algo que acontecia muito, mas quando
acontecia eu sabia que tinha com quem contar. Joe e eu apesar de termos nossas
diferenças sempre fomos muito unidos, grandes amigos mesmo, quando éramos mais
novos contávamos tudo um pro outro, tínhamos receio de contar ao Kevin porque
ele era perfeccionista demais, o certinho, queridinho da mamãe e do papai com
sua vida planejada e perfeita! Devo confessar que hoje em dia sinto inveja
disso. O fato é que Joe e eu éramos os mais propícios a fazer burradas, o Joe
bem mais que eu, óbvio, então por isso nos entendíamos melhor.
(...)
Contei ao Joe quase
tudo que aconteceu, só evitei falar sobre as partes que envolviam diretamente a
Miley por um motivo obvio, o Joe sempre a defendia e ia ficar me zoando,
dizendo que eu sou um retardado, um imbecil por ainda estar apaixonado por ela
quando fui eu quem a deixou sair da minha vida para inicio de conversa. Então,
para evitar as piadinhas fora de hora dele já que eu estou sem senso de humor
hoje eu escondi esses pequenos detalhes.
– Cara, você
atropelou o Billy Ray, você tá muito ferrado! – Joe disse surpreso e eu apenas
revirei os olhos.
– Como se eu já não
soubesse disso! – Falei bufando. O “capitão óbvio” parecia ainda não saber que
eu já tinha me tocado dessa parte.
– Ah, mas sei lá,
vai ver dá tudo certo e ele nem fica com as tais sequelas que o médico falou,
tipo é o Billy Ray, ele é forte, vai ver foi só um diagnostico errado! – Joe
tentou me animar, mas não tava adiantando muito não.
– Eu não sei Joe...
– Antes que eu pudesse terminar meu celular apitou sobre o criado mudo, era um
torpedo do Josh.
De: Josh (Agente pé no saco)
Você
não vem para o hospital? O Billy Ray já acordou, a Tish disse que te ligou pelo
menos umas mil vezes e você não atendeu... Você pode vir? Seus sobrinhos já
chegaram?
– Quem é? – Joe
perguntou. Eu olhei no meu celular e vi que realmente havia varias chamadas
perdidas da Tish, acho que foi na hora que eu apaguei.
– É mensagem, do
Josh, parece que o Billy acordou, eu tenho que ir até o hospital! – Disse já
pegando a minha jaqueta.
– Ei, ei, ei, mas e
as crianças? Agora elas são responsabilidade sua, eu tenho que ir viajar porque
se eu não chegar a tempo de pegar o nosso voo a Demi me mata! – Joe estava
andando rápido junto comigo.
A única coisa que
fiz foi pegar meu celular e discar o numero da Mandy, eu tinha pedido dela lá
na casa da Miley. Ela ainda estava com a Noah, mas eu disse que ela podia
trazer a menina pra cá, até porque ela e o Frankie são amigos e deviam estar
com saudades um do outro, fazia algum tempo que não se viam.
– E aí pirralhos! –
Cumprimentei o Frankie, a Jenny e consequentemente a Mell que estava no colo do
Frankie.
Então me virei para
Joe.
– Eu chamei uma
babá, ela já está vindo pra cá, você espera por ela aqui Joe, eu preciso ir! –
Acho que Joe até lançaria mais questionamentos se eu não tivesse sido rápido o
bastante para sair de casa e bater a porta.
Narrado por Billy Ray
Los Angeles,
Califórnia, 09:45 AM (Horário Local) Hospital Central de Los Angeles.
Eu já havia aberto
os olhos há algum tempo, mas ainda via as coisas meio turvas, então fechava
meus olhos quando via alguma luz ou cor muito forte. Eu sentia um zumbido leve
em meus ouvidos, até conseguia escutar, mas ouvia apenas vozes baixas e bem
distantes, quase indistinguíveis.
Tentei me mexer,
mas meu corpo não me obedecia, era como se eu não tivesse mais nenhum controle
sobre ele e ele parecia pesar toneladas. Dor, isso era tudo que eu conseguia
sentir, bom isso e uma forte tontura, eu não lembrava de muita coisa, nem ao
menos sabia onde estava, mas aos poucos essa sensação foi passando e eu acabei
vendo as cenas de ontem, tudo passando rapidamente pela minha cabeça.
Eu estava voltando
pra casa, era tarde da noite e estava escuro. Liam e eu acabamos nos
encontrando por acaso na gravadora, a Hollywood Records, eu estava lá para
falar com o Davon Malone a respeito de Miley e quando entrei na sala dele
acabei dando de cara com o Liam lá, não sei a respeito de que falavam, mas vi
os dois fechando um negócio. Depois disso Liam me convidou para jantarmos em um
restaurante e em seguida ele me deu uma carona até em casa, eu tinha bebido
apenas um drink, mas sentia o meu corpo mole como se tivesse bebido a noite
inteira, era uma sensação muito estranha. Parei em frente ao portão da casa do
Nick procurando as minhas chaves e então....
Eu forçava a minha
cabeça tentando lembrar, mas parecia que eu não conseguia ir mais fundo do que
isso, as lembranças eram apenas uma nuvem negra em minha memória e tentar
lembrar sobre elas fazia a minha cabeça doer mais, tudo que eu conseguia era
sempre a mesma imagem, mais ou menos assim:
Eu parado em frente
ao portão com um molho de chaves, derrepente começo a sentir uma dor muito
forte na cabeça e me sinto meio tonto, deixo as chaves caírem e me apoio no
portão, levo uma de minhas mãos a cabeça, vejo sangue em minhas mãos. Então nas
minhas lembranças ficava tudo escuro outra vez, eu não sei bem o que acontecia,
mas então a lembrança volta com um carro, uma Picape Haley-Davidson cor prata,
acho que era a do Nick, vinha em minha direção, eu tento chegar mais perto para
pedir ajuda, mas ela está vindo rápido demais. Isso era meio desconexo pra mim,
pois eu parecia ver claramente o carro vindo veloz em minha direção, mas
parecia impossível desviar, pelo menos a tempo era. A dor em minha cabeça era
insuportável! Me joguei para o lado tentando evitar o impacto mas então tudo
fica escuro outra vez e eu só escuto um estrondo horroroso, meus olhos se abrem
mais e então se fecham rapidamente, a ultima coisa que vi era que havia sangue
no chão, muito sangue. As lembranças param aí.
Eu ainda estava
sentindo dor na cabeça, eu não sabia ainda onde estava, pois até então o efeito
opaco em minha visão permanecia, eu só conseguia distinguir que era um lugar
claro, bastante claro, já que estava sendo um grande sacrifício pra mim manter
os olhos abertos.
– Ele está
acordado, só não sabemos se está consciente! – Uma voz que parecia muito
distante de mim falou.
– Vamos aplicar
algum sedativo no soro para aliviar a dor por que se ele acordou então o efeito
da anestesia deve ter passado e ele deve estar sentindo dores muito fortes na
cabeça. – Enquanto essas vozes continuavam falando ao longe eu tentava levantar
ou mexer o meu braço embora ele parecesse muito pesado. Comecei movendo meus
dedos, eu estava conseguindo com alguma dificuldade.
Meio que
automaticamente eu iria fazer o mesmo com os dedos dos pés, mas esses pareciam
nem existir, na verdade era como se minhas pernas não estivessem ali, eu não
sentia nenhum tipo de dor nelas, mas parecia que eu era apenas um corpo sem
pernas, a sensação disso era muito assustadora, me desesperei.
Como qualquer
desesperado, fiz um esforço colossal e consegui mover meu braço direito,
colocando-o sobre a minha coxa direita, ela estava ali, minha perna estava bem
ali, por que eu não a sentia como parte do meu corpo então?
Ouvi passos
apresados vindo em minha direção, eu ouvia barulhos ao meu redor, eu abria meus
olhos algumas vezes, agora eu já via um pouco mais claramente, eu via aparelhos
e vários fios ligados a mim, algumas pessoas vestidas de branco estavam mexendo
neles, uma outra aplicava algo em um recipiente de soro. Olhei ao redor e o
quarto onde eu estava era todo branco, eu reconheci, eu estava no quarto de um
hospital.
– Doutor, ele se
mexeu! – A moça da injeção falava para um outro homem de branco que estava
apenas me observando e anotando algumas coisas em sua prancheta – Ele deve ter
feito muito esforço, veja só os batimentos dele!
– E então Billy,
está conseguindo me ouvir claramente? – O homem, provavelmente o médico, tirou
uma mascara de oxigênio que cobria meu rosto para que eu pudesse falar. Tentei
abrir a boca e soltar um sim, mas tudo que eu consegui foi um murmúrio
inaudível, então me forcei e assenti com a cabeça – Tudo bem, tudo bem, não se
esforce muito... – Ele colocou a mascara novamente – Eu sei que você está tendo
algumas dificuldades para se mover agora e também na respiração, deve estar
sentindo uma forte dor na cabeça também, mas isso tudo é normal, vai passar aos
poucos, agora descanse!
Obedecendo-o e
mesmo por que eu não tinha mais forças para me manter acordado eu fechei os
olhos outra vez e logo adormeci.
Narrado Por Miley
Los Angeles,
Califórnia 09:57 AM (Horário local) Hospital Central de Los Angeles.
Eu estava correndo
feito uma louca pelos corredores, conseguia até ouvir o som dos meus saltos
arranhando o piso de mármore daquele hospital. Assim que mamãe me ligou eu vim
o mais rápido que pude, mas isso não parecia ser o suficiente, eu queria poder
fazer o chão se mover mais depressa sob os meus pés.
Quando cheguei ao
corredor em que ficava o quarto do meu pai vi a minha mãe olhando através do
vidro ainda e chorando muito, cheguei mais perto e vi o médico e mais dois
enfermeiros no quarto do meu pai, eles estavam mexendo nos aparelhos e
conversando, enquanto meu pai permanecia deitado naquela cama, aquilo me
assustou.
– Mamãe, o que está
acontecendo? – Perguntei com a voz um pouco falha
– Não sei filha...
– Mamãe tentava reprimir o choro – Eles disseram que seu pai tinha acordado,
mas eu não sei bem ao certo o que aconteceu, a enfermeira disse que os
batimentos dele estavam muito acelerados, o medico falou que ele podia estar
inconscientemente fazendo muito esforço tentando se manter acordado ou quem
sabe até se mover, então o doutor entrou na sala e até agora não saiu.
– Meu Deus, quando
isso vai acabar? – Foi uma pergunta retórica. Me afastei do vidro, não queria
mais ter que encarar aquela cena, me sentei num pequeno sofá que havia naquele
corredor. Eu estava frustrada, devia ter feito algo de muito ruim na minha vida
pra estar recebendo em troca todo esse castigo.
Ouvi passos se
aproximando, mas não fiz questão de olhar, estava imersa demais em meu próprio
vazio para me preocupar com o resto do mundo ao meu redor.
– Tish, eu vim o
mais rápido que pude, está tudo bem com ele? – Era a voz de Nick que preenchia
o corredor agora, levantei meus olhos rapidamente e pude vê-lo ao lado de minha
mãe que explicava a ele pacientemente o mesmo que explicou a mim. O tal de Josh
também estava aqui e os três agora estavam calados apenas olhando através do
vidro.
Alguns minutos se
passaram com todos nós em silencio até que o médico saiu do quarto então eu
prontamente me levantei. Todos estávamos alvoroçados.
– E então doutor,
como ele está? – Mamãe foi a primeira a perguntar.
– Bem, ele está
razoavelmente bem – O médico respondeu, mas aquilo não soou como eu queria ouvir,
na verdade tudo que eu queria era ver meu pai se levantando daquela cama e
dizendo que está tudo bem – Tivemos uma pequena complicação agora, o efeito da
anestesia passou e ele provavelmente sentiu uma dor muito forte no local onde
recebeu a pancada na cabeça, já cuidamos disso!
– Espera, como
assim pancada na cabeça? – Josh foi quem perguntou, mas acho que todos nós
tínhamos a dúvida.
– Sim, uma pancada,
ele recebeu um golpe forte na cabeça com algum tipo de taco de metal ou
madeira, por sorte não causou nenhum dano ao crânio! – O médico explicou.
– Não doutor, isso
é impossível, foi apenas uma batida de carro... – Nick falava meio confuso o médico
o encarou também confuso.
– Olha, não sou
nenhum perito em acidentes, mas sei que um paciente atropelado ficaria cheio de
hematomas e dependendo do tamanho do carro e da velocidade pode causar um
estrago bem maior do que esse. No caso do senhor Billy foi apenas um golpe e
certeiro, reconheço isso trabalho em casos como esse quase todos os dias.
– Mas isso não faz
nenhum sentido! – Nick continuava sem entender nada, na verdade nenhum de nós
entendia.
– Ah, talvez ele
tenha batido a cabeça na calcada com o impacto da batida! – Josh falou
– Eu também
considerei essa possibilidade, mas pelo que eu entendo de golpes esse não me
pareceu acidental, não mesmo! – O médico disse pensativo – Bom, senhor Jonas, o
senhor disse que o atropelou não é? Que tipo de carro é o seu?
– Uma picape, uma
picape Haley- Davidson F-150. – Nick disse
O medico ficou
ainda mais intrigado – Até onde eu sei de carros, esse daí tem mais de 320
cavalos de potencia e a julgar que para “atropelar” alguém você deva dirigir em
alta velocidade para não conseguir desviar da pessoa, então no casso imagina o
estrago que um carro desse tamanho e peso vindo em alta velocidade faria a um
corpo humano desprotegido, me parece obvio que se isso de fato tivesse
acontecido o senhor Billy nem mesmo estaria inteiro quanto mais vivo!
– Talvez ele não o
tenha acertado em cheio! – Josh defendeu, mas Nick parecia pensativo.
– Bom eu não sei, a
única coisa que posso dizer por agora é que Billy Ray levou um golpe forte na
cabeça e que a meu ver pelo menos, não foi nenhum pouco acidental. Eu não quero
estar causando nenhum tipo de alarde e muito menos acusando alguém injustamente
– Ele olhou diretamente para o Nick - Mas acho melhor pensarem numa historinha
melhor do que um “atropelamento” para contar a policia!
– Mas não é nenhuma
historinha, é a verdade, eu apenas o atropelei e foi totalmente acidental! –
Nick berrou e o médico apenas fez questão de permanecer tão imparcial quanto
àquilo como no começo.
– Bom, o senhor me
pediu uma explicação, eu dei o meu parecer estritamente profissional quanto a
isso, não é meu trabalho descobrir como aconteceu e sim da perícia. Quanto ao
senhor Billy, vai ficar tudo bem com ele, demos um remédio para que ele pudesse
dormir até o remédio pra a dor fazer efeito. Acredito que quando ele acordar da
próxima vez já poderá conversar, mas quanto aos movimentos...
– Ele perdeu os
movimentos, não é mesmo? – Perguntei quase que afirmando.
– Nem todos os
movimentos. Veja bem, como eu disse o golpe foi apenas na cabeça então o resto
do corpo está em perfeito estado, sem ossos quebrados, sem ligamentos
distendidos, aparentemente está tudo bem. Mas a área atingida na cabeça é a que
controla os movimentos do corpo, notamos que ele está tendo de fazer muito
esforço para conseguir fazer pequenos movimentos como mover um braço ou mexer
os dedos e também reparamos que ele não moveu as pernas, nem mesmo um milímetro
se quer, isso é preocupante...
Aquelas coisas
todas que aquele médico estava dizendo, aquilo tudo só estava embaralhando o
meu cérebro e me deixando muito mais angustiada, sem nem pedir licença apenas
corri naquele corredor querendo sair dali, querendo fugir de alguma forma, eu
sentia um aperto esquisito no meu peito, e essa historia de pancada na cabeça?
Isso não faz nenhum sentido. Um lado de mim me dizia que Nick jamais faria uma
coisa dessas, ele e meu pai sempre tiveram uma estreita relação de amizade, sem
falar que ele não teria motivo nenhum para mentir quanto a uma coisa dessas,
ele prestou socorro ao meu pai e está tão preocupado quanto minha mãe e eu. Por
outro lado eu não sei, eu não estava lá, talvez ele tenha mesmo feito isso e
está mentindo para livrar a cara, talvez tenha feito isso como uma espécie de
vingança... Não sei, não sei nem o que pensar!
Andando pelos
corredores desnorteada acabei encontrando uma pessoa que a um bom tempo eu não via
uma, digamos, amiga minha: Annan Oliver.
– Miles?! – Ela
sorriu ao me ver. Nunca soube distinguir quando o seu sorriso era falso ou não,
também sorri.
– Anna... Nossa,
quanto tempo! – Ela me abraçou, correspondi tentando apenas parecer educada – O
que faz aqui?
– Estou acompanhando meu namorado, ele exagerou um
pouquinho ontem à noite – Ela falou rolando os olhos e me soltando do abraço –
Mas e você Miley, o que faz por aqui?
– Meu pai... Ele,
ele sofreu um acidente – Murmurei baixo, não quis entrar em detalhes, meu
coração apertava cada vez que eu lembrava o que estava acontecendo com ele.
– Sinto muito! –
Ela falou, mas eu sabia que era da boca pra fora – Olha, eu tenho mesmo que ir
agora. Eu sei que você não deve estar lá muito em clima de festa, mas se quiser
dar um pulinho lá em casa hoje à noite vai tá rolando uma pequena reuniãozinha
com a galera, e vai rolar... Você sabe! Talvez seja bom pra você, pra te fazer
esquecer os problemas, - Sorriu - qualquer coisa, aparece! – Com “pequena
reuniãozinha” ela na verdade estava querendo dizer uma super festa, mas como
ela mesma esclareceu eu não estava em clima para festas, ainda mais aquele tipo
de festa, onde rola de tudo.
Lembrei-me rapidamente
de uma das ultimas festas da Anna para a qual eu fui convidada, foi um pouco
antes do casamento da Demi, foi numa das festas dela que eu experimentei drogas
pela primeira vez e foi nessa última que eu tive uma overdose.
Flash Back On
Eu estava muito
louca, tinha bebido pra caramba e tomado uns dois comprimidos de ecstasy e
estava pretendendo tomar o terceiro assim que Anna o trouxesse pra mim. Estava
dançando loucamente a beira da piscina da casa dela, já quase sem roupa, apenas
vestida com a minha curtíssima saia e o meu top porque eu sentia um calor
infernal invadindo o meu corpo, um dos efeitos dessa droga.
Algumas das pessoas
que estavam nessa área da festa já estavam completamente nuas e ficavam se
pegando ou mergulhando na piscina, eu não lembro direito de tudo, mas lembro
que estar drogada me trazia uma sensação esquisita de liberdade e uma visão distorcida
de mim, como se eu fosse capaz de tudo, na época eu achava isso um máximo.
– Abre a boquinha
vadia! – Anna, que também estava quase nua a não ser se contássemos pela
lingerie, sussurrou ao meu ouvido e eu fiz imediatamente o que ela mandou.
Ela colocou uma das
pílulas em minha boca e eu engoli, nós duas rimos feito duas loucas.
– Ei, e você? –
Perguntei
– To afim de outra
coisa agora! – Ela falou me encarando
– De que? – Ela se
aproximou e sussurrou ao meu ouvido
– Cocaína! – Riu
– Também to afim! –
Falei rindo muito e ainda dançando.
– O Tom disse que
vai trazer! – Tom era o namorado da Anna na época (N/A: Lety, acho que você
conhece o Tom rsrsrsrsrsrs)
– Ok!
Ficamos dançando
mais, eu me sentia leve, só queria dançar e dançar mais, cada vez mais rápido, eu
sentia cada batida da música em meu coração, era uma sensação esquisita. Eu
ainda estava dançando quando me vieram à mente várias cenas, e justamente as cenas
que eu queria esquecer... Algo que eu tinha lido em alguma revista relacionado
ao Nick ter voltado a sair com a Gomez. Qual é, tá que eles tinham tido um
romancinho meia boca há um tempo, mas nunca achei que ele fosse voltar pra ela.
As luzes fortes da
festa só me faziam ter mais vontade de me soltar e mover meu corpo no rítimo
alucinante da musica que tocava muito alto. Eu estava vendo tudo meio
embaralhado, hora via a Anna e a galera da festa, todo mundo dançando
loucamente, hora via as imagens que eu vi na revista de Nick e Selena juntos em
Dallas, era confuso, eu não sabia mais o que era real ou não. Foi quando o Tom
chegou trazendo o que Anna havia lhe pedido.
Ele entregou pra
mim e pra ela pequenos papaizinhos com um pozinho, disse que era só a gente
aspirar com o nariz. Ele e Anna fizeram isso, mas eu, bom, eu não consegui
chegar a fazer...
– Galera, - Levei a
minha mão ao peito, sentia uma pontada forte em meu coração. A primeira coisa
que Tom fez foi tirar o papelote de minha mão e guardar enquanto Anna me
ajudava a ficar em pé.
– Miley, você ta
bem?
– Meu, meu peito...Tá
doendo...
– Miley, Miles fala
comigo! – Eu já não conseguia mais, o meu corpo inteiro tremia e o meu coração
estava batendo acelerado, mas tão acelerado que eu achei que ele iria rasgar o
meu peito – Caralho Tom, ela tá tendo uma overdose! – Foi a ultima coisa que
ouvi ela dizer antes de apagar completamente.
Quando acordei eu
já estava em um hospital, mamãe me contou que nenhum dos meus supostos amigos
me ajudou e que tudo que a Anna fez por mim foi ligar pra ela ir me pegar na
festa. Acho que não preciso explicar por que minha mãe me proibiu
terminantemente de voltar a falar com qualquer um deles né?!
O médico também me
explicou que no meu caso já que eu já tinha taquicardia eu era muito mais
propicia a uma overdose do que uma pessoa comum e que como eu já vinha me drogando
há algumas semanas eu tinha sorte por não ter me acontecido nada de pior. E
ainda falando de “sorte”, na época em que isso aconteceu meu pai estava no
Tenesse com a Noah e a minha avó, então a minha mãe decidiu não contar a ele
com tanto que eu prometesse nunca mais me envolver com aquilo outra vez. Ainda
bem que ela cumpriu com sua palavra, papai teria me matado se descobrisse que
eu tinha feito uma burrice dessas.
Flash Back Of
Depois disso eu passei um bom tempo da minha vida tentando me manter longe
daquela merda, eu mesma não queria voltar a usar aquilo outra vez e desde então nunca mais tinha
falado com a Anna, até tínhamos nos encontrado algumas vezes, ocasionalmente,
mas não trocamos mais do que duas palavras, bom, pelo menos até hoje.
Caminhei até uma
área do hospital onde era permitido fumar, uma espécie de salinha, por sorte
estava vazia, eu queria ficar sozinha...
Mas parece que isso
era pedir demais!
– O que você quer
aqui? – Revirei os olhos encarando-o parado a minha frente – Você não vai me
deixar em paz mesmo não?! – Acendi meu cigarro e me levantei do pequeno sofá
onde eu tinha sentado, fui até o canto da sala e fiquei meio que virada para a
parede.
Nick suspirou alto.
– Vi você
conversando com a Anna Oliver... Miley, você sabe bem que aquela garota não é
boa companhia, deve lembrar-se do que aconteceu com Joe! – Eu lembrava, quando
o Joe tinha 18 anos se envolveu com drogas, aconteceu com ele quase o mesmo que
comigo só que em proporções bem maiores, digamos assim. Anna era namorada de
Joe na época, ela foi quem ofereceu drogas pra ele pela primeira vez.
–Ok, você já fez a
sua boa ação do dia, Nicholas. Já deu uma de bom moço que veio aqui me avisar
sobre o perigo iminente – Revirei os olhos – Obrigada! Mas agora se já disse
tudo o que tinha pra dizer pode ir emb... – Ele me interrompeu.
– Até quando?! – Me
olhou fixamente e eu senti um arrepio e mesmo havendo alguns metros seguros de
distancia entre nós dois eu perdi a fala por alguns segundos.
– ... – Virei meu
rosto para não encará-lo – Até quando o quê?
– Até quando você
vai ficar me tratando desse jeito, fazendo eu me sentir mais insignificante do
que um nada pra você?!
Não respondi, eu
nem sabia como responder, a verdade era que no fundo eu não queria ter que
trata-lo desse jeito, mas era muito mais seguro pra mim e muito mais fácil
deixar as coisas do jeito que elas estão agora.
Nick estava meio
inquieto, eu podia sentir isso, via no jeito como seu rosto não transparecia
aquela leveza de sempre e também no seu olhar que parecia ainda mais profundo
do que das outras vezes. Ele tirou a jaqueta e jogou-a sobre o sofá, logo
deixou seu corpo pesar sobre o estofamento enquanto encarava o nada a sua
frente com um olhar frustrado.
– Eu ainda estou
tentando entender tudo isso! – Ele disse passando a mão pelo cabelo bagunçando
um pouco.
Era ruim ver o Nick
desse jeito, tão frustrado, e embora eu o quisesse longe de mim eu não queria
que ele sofresse, pelo contrario. Acho que por estarmos os dois na mesma barca
furada, e digo isso literalmente, eu baixei um pouco a guarda. Senti que
deveria fazer isso não só por ele, mas também por mim.
– Somos dois então!
– Sentei-me em uma poltrona que ficava em diagonal com o sofá onde ele estava,
ficamos em silencio por alguns instantes, mas não aquele silêncio ruim e
perturbador, um silencio leve, digamos, um silencio bom.
– Eu... Eu queria
poder fazer alguma coisa, sei lá, dar um jeito... Quero que ele fique bem! –
Ele me olhou de um jeito terno, pude ver que ele estava dizendo a verdade. Ele
estava mesmo desesperado, tive um alivio por isso, pelo menos agora eu tinha
certeza que se o meu pai realmente levou um golpe na cabeça não foi o Nick,
definitivamente não.
Mais silencio...
– Eu também quero
isso... Só que nem eu, nem você, nem a minha mãe e nem ninguém pode fazer
alguma coisa por ele agora, não tem como dar um jeito nisso... Acho que estamos
à mercê do destino, da sorte... Seja o que for! – Eu falei olhando para ele, mas
sem realmente encará-lo.
– É, acho que
estamos mesmo! – Ele me olhou por alguns segundos, mas logo desviou o olhar.
Pegou sua jaqueta e levantou-se – Pensei que estivesse tentando parar... – Ele
falou se referindo ao cigarro em minhas mãos, não pude evitar desviar os olhos
dele para o chão sentindo um desconforto com o comentário.
– Nick! – Era Josh
que estava parado a porta da pequena salinha, ele rolou os olhos através da
sala, mas fixou-os sobre Nick, parecia bem nervoso.
– O que houve Josh,
alguma coisa com o Billy?! – Fiquei esperando pela resposta também.
– Não, - Fez uma
pausa – É que o médico deu o diagnostico do Billy como não acidental e então
vão começar a investigar o caso, já até foram a sua casa pra ver o carro e o
muro, vão fazer a perícia no local. O seu advogado disse que já que você diz
não ter nada haver com a tal pancada na cabeça que o Billy levou é melhor ir
logo a delegacia prestar depoimento e se colocar a disposição da polícia, assim
eles já vão subentender que você pretende colaborar com toda a investigação.
Nick pareceu meio
desnorteado com aquilo tudo, mas mesmo assim assentiu e deu alguns passos
seguindo o Josh, antes de passar pela porta e sair ele virou-se e refez os seus
passos voltando pra perto de mim outra vez.
- Miley, eu, eu não sei o que tá acontecendo, mas eu não fiz isso com o seu pai! – Ele disse num sussurro.
- Eu sei que não. – Respondi de imediato – Acredito em você!
Quando ele
assimilou o que eu disse, abriu um sorriso em resposta e então se virou
novamente e ele e o Josh se foram.
Passei, mas algum
tempo sozinha naquela sala imaginando o que realmente teria acontecido com o
meu pai até que decidi voltar para junto da minha mãe, onde passamos mais algum
tempo esperando.
Já era de tarde,
acho que por volta das duas horas, quando o médico disse que meu pai já não
corria mais risco algum de vida, eles o trocaram de quarto e nesse nós podíamos
ficar com ele. Agora ele já não estava mais ligado aos aparelhos, apenas tomava
soro na veia e havia um que media o rítimo dos batimentos cardíacos, apenas
isso.
Eu estava de pé ao
lado da cama do meu pai, passei cada segundo da tarde ali, só olhando para ele
enquanto minha mãe descansava um pouco deitada no pequeno sofá que havia ali
dentro do quarto, não acho que ela estava dormindo, até por que deveria estar
preocupada demais para isso, mas mantinha os olhos fechados e o terço
permanecia sempre entre seus dedos.
Em certo momento da
tarde tudo foi como em câmera lenta, eu estava distraída olhando para o rosto
do meu pai, quando derrepente vi seus acinzentados se abrirem.
– Pai! – Eu levei
minhas mãos para o seu rosto, meus olhos já estavam cheios de lágrimas – pai,
você acordou!
– Smile! – Sua voz
saiu falhada, mas ele sorriu pra mim, também levando suas mãos com algum
esforço, a me tocarem.
– Mamãe, - Berrei
sem desviar os olhos do meu pai – mamãe, o papai, ele acordou! – Acho que ainda
deixei rolarem pelo meu rosto algumas lágrimas, mas elas não eram de tristeza,
muito pelo contrario, eu estava feliz, ele finalmente estava bem.
Mamãe veio até a
cama do meu pai com cautela, ela também estava com os olhos marejados. Tomou
uma das mãos dele entre as suas, depositando um beijo singelo.
Meu pai com algum
receio recolheu o braço, fiquei aflita.
– V-voce está bem,
pai? – Perguntei e ele assentiu tentando erguer-se na cama, mas sem sucesso. Ajudei-o
enquanto minha mãe continuava estática, parada no mesmo lugar – O senhor tá
fraco ainda, é melhor não fazer esforço! – Eu disse, mas meu pai estava com uma
cara de desesperado.
– Não to sentindo
as minhas pernas, não consigo movê-las, não sinto absolutamente nada! – Ele
apalpava as pernas assustado – O que está acontecendo, por que não consigo me
move-las?! – Sua voz soava cada vez mais desesperada ao meu lado, eu também
estava entrando em pânico.
– Vou chamar o
doutor, fique aqui com ele, Miles! – Mamãe disse isso e correu para a porta.
– Miles, filha, o
que tá acontecendo comigo?! – Ele me olhou aflito e eu não sabia o que dizer,
não sabia se deveria contar do acidente, não sabia nada a minha única vontade
era chorar.
– Papai, vai ficar
tudo bem, tenha calma! – Foi tudo que deu tempo para eu dizer antes do médico
entrar no quarto.
– Senhorita, por
favor, eu quero conversar com o seu pai a sós, você e a sua mãe aguardem lá
fora. – Eu assenti com a cabeça e dei um beijo na bochecha do meu pai que
revezava olhares confusos entre mim e o médico.
Eu sabia que para o
meu pai receber a notícia que ele ficaria sem os movimentos das pernas por um
tempo seria muito duro, na verdade eu estava torcendo que fosse apenas por um
tempo mesmo, porque se aquilo fosse irreversível seria pior do que a própria
morte para ele.
(...)
Depois de longos
minutos de espera o médico saiu da sala e antes de vir falar conosco foi direto
falar com uma enfermeira, deu algumas instruções a ela e ela entrou no quarto
do meu pai.
– O que está
acontecendo com o meu pai, doutor?! Ele está bem, e se não está ele vai ficar?
Ele vai recuperar o movimento das pernas? – Eu fazia as perguntas, muito aflita,
e acho que rápido demais para que o médico pudesse assimilá-las.
– Primeiro, tenha
calma e segundo sim, ele está bem e vai permanecer assim! – Ele sorriu, senti
uma espécie de alívio com isso. Mamãe já estava de pé ao meu lado – Eu
conversei com ele e pelo que pude ver ele reagiu bem a cirurgia, não está tendo
mais dificuldades na respiração e os batimentos estão em ordem, se continuar
assim darei alta pra ele amanhã mesmo!
– Mas e quanto...
bom, o senhor sabe, quanto ao movimento das pernas dele, doutor, quando vão
voltar? – Mamãe foi quem fez essa pergunta.
– Bom, isso já é um
pouco mais complicado senhora Cyrus, é como eu expliquei antes, as pernas e a
coluna não sofreram nenhum dano, estão perfeitas e deveriam funcionar bem, o
problema é que a região da cabeça onde ele sofreu o golpe era a responsável por
controlar esses movimentos. Eu não acredito que seja algo irreversível, mas
essa é minha opinião pessoal, acho que é meio como se ele tivesse desaprendido
a andar, perdido a lembrança de como enviar ordens para os músculos das pernas,
uma espécie de dormência mas não no membro, no próprio cérebro dele e isso
torna o caso mais difícil, não sei dizer ao certo quanto tempo isso pode
demorar nem se de fato é reversível ou não...
– Então ele pode
mover as pernas, só não sabe como fazer, é isso?! – Eu encarei o doutor.
– Sim, talvez seja
isso, e eu já desconfiava que isso aconteceria desde quando o Billy foi trazido
pra cá. A principio quando eu achava que ele tinha sido atropelado, acreditava
que ele poderia ter quebrado algum osso ou algo do tipo em consequência do
acidente, mas depois que o avaliamos e operamos, eu vi que a única parte
afetada foi a cabeça, nada mais.
– E isso que está
acontecendo pode piorar, sei lá, ele pode ter alguma outra sequela além dessa?
– Eu fiquei
preocupado com perda de memória, mas isso não aconteceu, a primeira vista ele
lembra de tudo, só tem algumas partes da noite de ontem que ele não lembra, mas
isso é aceitável já que ele pode ter desmaiado várias vezes por causa da dor
aguda na cabeça, quanto ao resto ele lembra de tudo, desde a manhã que ele
passou com as filhas, a tarde que ele disse que esteve no estúdio da Hollywood
Records e até a noite do jantar que teve com o genro, Liam... Ele diz lembrar
de tudo perfeitamente até aí, e que depois disso algumas lembranças estão
faltando e ele só lembra de pedaços desconexos...
O médico ainda
falava, mas o meu raciocínio tinha parado aí... Um jantar com o Liam?! Eu nem
mesmo sabia que o Liam estava na cidade. Ele não me ligou, não me procurou, mas
por quê? Tinha alguma coisa de muito errada nessa história toda.
– ...Bom, como eu
disse Billy está melhor, mas não está totalmente recuperado, eu pedi para que a
enfermeira desse remédios sedativos para ele, por causa da dor na cabeça, que
poderia voltar forte com o frio da noite. Ele vai dormir tranquilamente até
amanhã e para não corrermos nenhum risco ele ainda vai passar mais essa noite
aqui, lamentavelmente. Como ele já está em um leito só uma das duas pode passar
a noite aqui com ele, peço que decidam e me avisem tão logo quanto possível.
Mamãe assentiu e o
médico seguiu pelo corredor, ela me olhou.
– Eu fico aqui com
ele! – Eu disse aflita, mamãe negou com a cabeça.
– Não filha, eu vou
ficar, - Ela deu um sorriso murcho – Ele vai acordar amanhã e querer ver alguém
que ele realmente ame por aqui e você precisa estar descansada pra cuidar dele
durante o dia, essa noite ele nem ao menos vai acordar, não vai nem saber que
fui eu quem ficou aqui, é bem melhor fazermos assim! – Ela disse tristemente.
– Mamãe, não fale
assim, o papai tá sofrendo muito, isso tudo que tem acontecido nos últimos
tempos deve tá sendo o fim do mundo pra ele, mas ele ama você, sei disso! –
Toquei seu rosto.
Mamãe ficou calada
por um tempinho.
– Filha, quando
você chegar em casa, tente manter a Noah calma tá bem?! Eu sei que ela precisa
saber disso, mas não quero que ela sofra mais do que já está sofrendo! – Minha
mãe me olhou e eu apenas assenti.
Depois disso peguei
meu carro e voltei para casa, eu estava acabada, precisando mesmo dormir, tinha
tido um dos dias mais difíceis de toda a minha vida hoje. Cheguei em frente a
porta e toquei a campainha, quem veio atender a porta foi a Noah, ela estava
carregando um bebezinho no colo.
– Miles! – Ela
sorriu ao me ver – Finalmente você chegou, espera cadê a mamãe?
– Ela... Ela ficou
conversando com umas amigas no shopping, acho que volta mais tarde! – Menti –
Que bebezinho é esse, Noah?
– Não é bebezinho,
é bebezinha, é a Mell, a filhinha do Joe e da Dems. Ela não é linda? – Peguei a
menina no colo da Noah e ela sorriu pra mim, ela tinha os olhinhos do Joe, mas
o queixo e o sorriso gigante ela tinha herdado da minha melhor amiga.
– Ela é, é uma
fofura! – Dei um beijinho nela – Mas por que ela está aqui?
– A Mandy tá
cuidando dela pro Nick! – Noah disse e eu revirei os olhos, já deveria saber
que ele não iria esperar pra chamá-la para ser babázinha pra ele.
– Tá, que seja, mas
por que ela está aqui e não na casa do Nick, por que a Mandy não foi pra lá?!
– Calma, eu já
explico tudo! Joe precisou viajar com a Demi e deixou o Frankie, a Jenny e a
Mell na casa do Nick, só que o Nick teve alguns imprevistos e precisou sair, aí
ele chamou a Mandy para ficar de babá, mas ela não podia porque já estava
tomando conta de mim, Nick insistiu e disse que era muito urgente e que se eu
quisesse podia ir pra lá pra casa dele pra brincar com o Frankie e com os
outros...
– Tá, até aí eu
entendi, só não entendi como você acabou voltando pra cá ainda por cima com a
Mell!
– Eu já estou
chegando nessa parte, quer ficar quieta e me escutar?! - Ela cruzou os braços
sobre o peito - Bom como eu estava dizendo eu fui brincar na casa do Nick, mas
lá é só um apartamento e não tem quintal. A Jenny queria brincar de acampar e
eu achei a ideia legal então convidei todos eles pra virem dormir aqui, aí a
gente acampa no quintal, não é legal?!
– Aham! – Foi tudo
que eu disse. A Mell era bastante agitada então mantê-la quieta em meus braços
era meio que um desafio.
– Noah vem ver, as
barracas já tão prontas! – Uma garotinha com cabelos castanhos e olhos meio que
esverdeados, semelhantes aos de Kevin, veio correndo até nós, quando me viu ela
parou e ficou me olhando. Eu ainda lembrava dela, essa era a Jenny, a filha do
Kevin e da Danni. Como ela estava crescida, da última vez que a vi ainda era um
pinguinho de gente – Oi... – Disse tímida
– Oi, Jenny! –
Cumprimentei.
– Ei vocês duas,
não vão arregar agora que conseguimos finalmente montar as barracas ou vão vir
acampar?! – Agora era Frankie que vinha até nós, seguido por Mandy - Miles! –
Frankie correu um pouco mais rápido e me abraçou. Esse menino sim estava um
gigante, da última vez que o vi era só um garotinho, agora já tinha quase a
minha altura, sua semelhança com Nick era impressionante.
– Nossa, o que sua
mãe tem te dado pra comer heim Frankie? – Ri me soltando de seus braços – Você
está muito bonito! – baguncei seus cabelos, eu sempre fazia isso nele, desde
quando ele ainda era pequeno.
– Que nada! – Ele
ficou vermelhinho, uma gracinha – Você que está a cada dia mais linda! – Mandy
ainda estava parada a uma certa distancia de mim, ela mantinha os olhos focados
em qualquer outra coisa.
– Vamos acampar
agora! – Jenny disse arrastando com ela Frankie e Noah.
– Ah, a Mell, eu
vou leva-la para tomar a mamadeira! – Mandy pediu a menina que estava em meu
colo, entreguei-lhe e subi as escadas.
Tomei um banho
rápido e ia colocar uma roupa qualquer para dormir um pouco, mas então
lembrei-me de que eu tinha que tirar uma historia a limpo. Vesti-me e apanhei
meu celular discando um número que eu sabia de cor, chamou umas três vezes até
ele atender.
Ligação On
– Pronto!
– Liam, é a Miley,
você ainda está aqui em Los Angeles? – Ele demorou um pouco a responder.
– Estou, por quê?
– Quero te ver –
Falei firme – Agora!
Continua...
N/A: Eu sei que vocês já devem estar cansados da minha demora pra postar e peço desculpas. Eu ainda ando muito ocupada e só tenho tempo de escrever/editar meus capítulos no domingo então eu peço que vocês continuem tendo paciencia comigo e que também continuem acompanhando a fic.
Estou sentindo falta de alguns comentários...Gente, por favor, comenta! É muito mais gratificante vir aqui e ver que um monte de gente leu o capítulo e disse se gostou ou não do que ficar imaginando a opinião porque os meus capítulos sempre tem muitas visualizações, mas poucos comentários e eu gostaria que isso mudasse.
E pra quem sempre comenta eu deixo um agradecimento todo especial. É por causa de vocês que eu ainda tenho animo pra continuar escrevendo, mesmo com uma vida tão corrida e complicada... Obrigada, de verdade.
Acho que é só isso...
Bjssssss
Nova seguidora!!
ResponderExcluirAmei o capitulo, posta logo!
Beijos
Seja bem vinda Lisa!
ExcluirJá postei mais um!
Bjssssssss
Será que a Miley vai descobrir a traição? Posta logo, Amy!
ResponderExcluirBeijo
Vai, pode crer que vai! E só digo uma coisa...Coitado do Liam!
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Bjssss
AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH QUE EMOÇÃO A ULTIMA PARTE POSTE LOGOS BEIJOCAS
ResponderExcluirQuase ultima...
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Bjssss
Está lindo posta logo por favor sei que é dificil mas estou muito curiosa porque está quase na parte em que voce parou no outro sait e eu nao sei o que vai acontecer depois;) esta lindooo, obg por fazer uma historia tão bonita!!
ResponderExcluirPode deixar, não vou parar! E obrigada pelos elogios *-*
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Bjsss
Uhhh, eu gostei do final...
ResponderExcluirEsperando anciosa para o próximo capitulo.
Entendo sua demora mas se podia meio que fazer um esforço e postar mais rápido. :p Beijoss
Gostou é?! Acho que do próximo vc não vai gostar tanto...
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Bjssss
Adorei o capitulo, achei fofo a parte que a Miley diz que acredita no Nick, awnn.
ResponderExcluirSó uma pergunta quantos capítulos tem essa fic? (Espero que tenha bastante, não quero que acabe!)
Posta logo!!!!! :)
Eu também achei fofa essa parte *-*
ExcluirA fic tem mais ou menos uns 50 capítulos amor
Postado!
Bjsss
Aaaaahhh meu deus amy. Enfim a história está começando a acontecer de verdade hahaha. Confusões chegando e momentos fofos tbm. Nao vejo a hora de ler a partir daquele ultimo capitulo do nyah. Tudo perfeito. Tenta postar mais rapidinho :).
ResponderExcluirBy: -l.e.
haha tá mais perto do que vc imagina agora!
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Bjssss
Será que a miley vai ser esperta dessa vez e descubrir o que está acontecendo!? Capitulo perfeito como sempre!!!!
ResponderExcluirPosta logo!!!
Obrigado pela parte do perfeito *-*
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Bjssss
Esta perfeito!! Finalmente esta chegando a parte q eu mais gosto. E graças a Deus s Miley ja esta perto de descobrir o q o Liam anda aprontando. E finalmente a parte q eu mais gosto depois disso rsrs.
ResponderExcluirQuando é q a Miley vai parar de tratar a Mandy tão friamente?
Poata logo!!
Bjos!!
O caso da Mandy é meio complicado Jééll, mais pra frente vc vai entender porquê....
ExcluirPostado!
Bjsss
sem problemas, desde que vc continue postando e escrevendo.
ResponderExcluirCom certeza!
ExcluirPostado!
Bjsss