Sinopse

"- ...Só que aí você volta, e te amar é tão mais fácil...."

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Eu amo a Miley Cyrus - Capítulo 27


Eu amo a Miley Cyrus – Capítulo 27


"Eu só queria o aqui e o agora, onde, de algum jeito, acabamos ficando juntos outra vez". 



Narrado por Nicholas
Los Angeles, Califórnia, 22:30 PM (horário local) Apartamento do Nicholas.

Nunca achei, nem em um milhão de anos, que iríamos terminar a noite desse jeito...

Sentia os lábios quentes dela nos meus, e sua língua de sabor doce invadindo minha boca e se enroscando na minha irresistivelmente, superando qualquer expectativa irreal que eu pudesse ter fantasiado de um beijo nosso.

A realidade era infinitamente melhor!

O beijo dela era ainda mais gostoso do que eu conseguia lembrar, e beijá-la era tão arrebatador quanto libertador. Eu a beijava como se tivesse esperado a vida inteira pra fazer isso, e se fosse pra beijar essa boca de novo, eu esperaria mesmo, até por mais tempo que isso se fosse preciso!


Não havia mais dúvidas em minha mente: Ela me queria tanto quanto eu a ela, e eu não precisava de muito mais do que isso, só que esse era o ponto.

Estávamos nos beijando, mas não estamos juntos. E eu não vou mentir, não era bem isso que eu queria...

Hoje, eu coloquei todas as cartas na mesa. Não havia mais nada que eu pudesse fazer ou dizer, eu já tinha dito tudo, tentei deixar tudo bem claro. Disse que ainda a amava como sempre amei,tentei fazê-la entender o quanto ela significa pra mim, porque no fim das contas o que mais me levaria a aceitar uma resposta que não era nem um sim e nem um não, era simplesmente um... “talvez” ?! Mas eu achava que ela, que nós, valíamos a pena. E tudo bem, eu não sou mais nenhuma criança, sei que um “talvez” significa que não tem nada firmado entre nós e que não é só porque ela acha que o meu beijo é bom que isso significa que ela está apaixonada e pronta pra mergulhar de cabeça nisso, eu sei que não, mas também sei que eu ainda mexo com ela e não vou agir como se isso não representasse nada, afinal, foi ela mesma quem disse que não quer que eu me afaste.

Quebramos o beijo um tanto sôfregos e eu encarei seus olhos.

Eu não vou me afastar dela, não mesmo!

Eu vou dar tempo ao tempo. 

Vou deixá-la livre pra que se decida sobre nós.

E vou esperar, pelo tempo que for, pra ficarmos juntos!

Por hora, forcei-me a esquecer de tudo, do resto do mundo e apenas a beijei novamente com tudo de mim. Talvez isso a fizesse entender de uma vez por todas que não havia nada mais certo do que isso.

Ainda de olhos fechados, emaranhei meus dedos nos fios de seus cabelos, aprofundando nosso beijo. Deixei que minha língua explorasse cada pedacinho de sua boca, aproveitando ao máximo aquele gosto que me era tão familiar. Suas mãos derraparam para minhas costas, que ela alisou, por dentro da minha camisa. Minha pele reagiu imediatamente ao seu toque, arrepiando-se levemente. Tive um abrupto desejo de ter seu corpo macio e quente sob o meu e então seguindo apenas o meu instinto, deixei que meu corpo pendesse sobre o dela jogando-nos, meio que deitados, no meu sofá.


Senti seus seios roçando em meu peito mesmo sob o tecido de nossas roupas. Nossas pernas estavam enroscadas uma na outra por causa das nossas posições e eu acho que ela percebeu que apenas isso já era o suficiente pra ir me deixando um pouco mais “animado”, já que notei aquele sorrisinho maldoso e atrevido se formando em sua boca por entre os beijos. Afastei-me só o suficiente para olhá-la e confirmar minhas suspeitas.Ela mordeu os próprios lábios só pra me provocar mais. Desci meu olhar aos poucos por seu corpo absurdamente sexy e fiquei me perguntando o que aquela mulher tinha afinal? Ela estava de jeans e camiseta, e eu não conseguiria pensar em nenhuma outra mulher com quem eu já tivesse ficado que mesmo vestindo lingeries ousados ou até nua mesmo, fosse capaz de causar em mim alguma reação que chegasse pelo menos perto do estrago que ela fazia comigo mesmo estando ainda vestida.


E como se soubesse exatamente o que eu estava pensando ela sorriu, com aquele sorriso travesso e tão cheio de segundas intenções que me faz sentir vontade de mordê-lo. Beijei seu pescoço e suguei sua pele de leve, só pra deixar a minha marca nela. Uma de suas mãos puxou meu cabelo um pouco, antes de me levar de volta, de encontro a sua boca.


Era de tirar o fôlego! O beijo dela...

Minhas mãos que contornavam sua cintura desceram para seus quadris. Entre o cós da calça e o começo da blusa dela eu podia tocar sua pele e senti-la arrepiar-se por completo. Ainda acariciando-a levei uma de minhas mãos por dentro de sua blusa até sua cintura e a outra deslizou para a sua coxa, sem nunca terminar de beijá-la. Ela fechou as pernas ao redor do meu quadril, correspondendo o beijo com ainda mais paixão.

Isso estava tão bom quanto jamais imaginei que “bom” pudesse ser....

Eu podia sentir o seu coração pulsando contra o meu peito, tão acelerado como o meu. Nossas respirações descompassadas e aquela vontade louca de ir mais além explodindo dentro de mim. Era uma sensação indefinível e ilógica, impossível de descrever exatamente. Era amor, paixão, carinho, saudade, desejo e tesão, tudo junto. Tudo ao mesmo tempo. Tudo misturado. 

E isso sem falar em todo o resto, sem falar na felicidade...

É, porque eu estava feliz como há tempos não me sentia... Feliz mesmo, feliz pra caramba! 

Feliz por ter finalmente dito “tudo” pra ela.

Feliz por ela ter aberto uma brecha e deixado eu me aproximar.

Feliz por ela ter me pedido pra não me afastar mais dela.

E ainda mais feliz por ela me querer por perto.

Feliz por estarmos aqui,assim.... Juntos!

Tudo isso era bom demais pra ser verdade!

E talvez estivesse sendo rápido demais também...

A minha mente ficava me relembrando isso a cada segundo, que eu não deveria ir tão rápido. Só que ao mesmo tempo tudo que o meu corpo dizia é que eu tinha necessidade disso... Necessidade dela!

O silencio neste cômodo só era quebrado por nossos gemidos baixos e nossas respirações pesadas que se multiplicavam cada nova carícia. Não pensávamos em mais nada, pelo eu não pensava, a não ser no quanto eu queria que as roupas dela sumissem como num passe de mágica. Sei que a essa altura a Miley já conseguia sentir perfeitamente o volume extra nas minhas calças e me torturava por isso, arqueando o corpo um pouco e lançando o quadril de encontro ao meu, num interminável e delicioso roçar de nossos corpos. Suas mãos, enquanto isso, acariciavam a minha nuca e bagunçavam o meu cabelo a seu gosto, até que uma delas desceu para o meu abdome e começou a brincar com o cós da minha calça. Eu arfei em meio ao beijo ao sentir suas unhas me arranhando naquela região. Beijei seu pescoço mais uma vez antes de sussurrar em seu ouvido:


- Amor, se você continuar assim, eu acho que não vou conseguir ficar só nos beijos... – Aquilo simplesmente saiu da minha boca por si só, era apenas o meu corpo falando.

- Que bom, porque eu to a fim de fazer bem mais que só te beijar! – Ela murmurou contra os meus lábios, rindo.


Ela tinha mesmo que dizer isso? E ainda por cima desse jeito?! 

Toda a minha sanidade foi pro espaço no mesmo instante!

 Meus lábios atacaram os seus quando ela nem bem tinha terminado de dizer aquilo. Minhas mãos alisaram seu corpo sem qualquer compostura. Ela também não ficou parada, suas mãos lutavam para arrancar minha camisa. Minha boca sedenta foi para a sua mandíbula e depois para o seu pescoço que eu mordi e suguei levemente. Uma de minhas mãos apertou sua bunda e a outra a acariciou por dentro da blusa. Eu estava em busca do fecho do sutiã dela para soltá-lo, mas ela estava sem a peça, o que quase me fez explodir de tanto desejo. Acariciei um de seus seios entre os meus dedos e então o apertei, fazendo com que ela gemesse o meu nome baixinho.

Não conseguia pensar em nada que me excitasse mais do que isso: Ela gemendo meu nome.

Deixei que ela arrancasse a minha camisa. Na boa, eu até ajudei pra ser mais rápido. Depois de ter se livrado da primeira peça, as mãos de Miley desceram para o zíper da minha calça, porém eu não permiti que ela continuasse o que havia começado. Tirei sua mão dali e a levei de volta a minha nuca, assim como a minha voltou a ficar emaranhada com seus cabelos. Encarei-a por alguns milésimos de segundos antes de colar nossos lábios com voracidade.

No mesmo instante em que nossos lábios se tocaram pude senti-la correspondendo na mesma intensidade com a qual eu a beijava. Envolvi sua cintura e acho que acabei pressionando seu corpo ainda mais contra o meu e também contra o sofá. Ela passou os braços ao redor do meu pescoço e agarrou-se ao meu cabelo, me colando ainda mais a ela, como se isso fosse possível. Deslizei meus lábios por seu pescoço, ela manteve seus olhos fechados. Sua respiração estava entrecortada, a minha também estava. Suas mãos voltaram a buscar o cós da minha calça, tentando tirá-la. Parei de beijar seu pescoço apenas para gemer em seu ouvido, fazendo-a suspirar.

Eu queria que aquilo nunca tivesse que terminar. Queria ficar assim com ela pro resto da minha vida se não fosse pedir demais. 

Só que como tudo que é bom dura pouco...


As luzes da sala se acenderam e nós fomos surpreendidos por ninguém menos do que o PAI dela.
Isso mesmo, você não leu errado. Billy Ray Cyrus nos flagrou com a boca na botija, ou melhor, com a boca na boca um do outro. 

- MILEY? – Ele vociferou em um tom que eu diria que até foi razoável se comparado a sua cara de espanto.

- PAI?! – A Miley me empurrou de cima dela com tanta força e tão rápido que eu só não caí do sofá porque isso aqui não é um episódio qualquer de alguma série de comédia.

- Mas que diabos está acontecendo aqui?! – Ele questionou

E o pior de tudo é que eu só fui me dar conta da real situação na qual fomos pegos – Eu e ela num sofá, comigo sem camisa e com o zíper das calças aberto por cima dela, que é a filha dele, e ela com as roupas bem desalinhadas, lábios avermelhados, marcas de chupões... Enfim, vocês já sacaram - quando notei seus olhos arregalados e furiosos em minha direção.


- Billy Ray, senhor, e-eu posso explicar!  - Na verdade eu não teria que explicar muita coisa, era tudo bastante deduzível. Como dizem: uma imagem vale mais que mil palavras.

- Vista sua camisa, rapaz! – Billy me lançou um olhar mortal, que virou um olhar totalmente homicida quando ele notou o meu zíper aberto.

Merda!

Eu tive que me desdobrar e tentar fechar meu zíper ao mesmo tempo em que tentava localizar geograficamente em que lugar daquela sala a minha camisa teria ido parar. E antes que seu pai me matasse com as próprias mãos, a Miley se meteu entre nós dois.


- Tá legal... Ninguém vai dar explicação nenhuma aqui, sobre nada! – Ela segurou a cadeira de rodas na qual o pai estava – Vem pai, vamos pro seu quarto. A gente tem que conversar... – O pai a encarou e depois a mim. Bufou e virou a cara enquanto a Miley girava sua cadeira na direção contrária, de volta para o quarto.

Miley ia guiá-lo, mas não sem antes sussurrar um “Fica aqui. Eu já volto!” pra mim.

Meu coração estava a mais de mil. Era adrenalina demais pra uma noite: Eu me declarei e fui rejeitado, depois fui mais ou menos aceito e quase avancei o sinal antes de ser pego pelo pai da menina pra quem eu me declarei...


Se alguém me contasse alguma coisa parecida com isso, que tivesse acontecido com alguém de mais de 14 anos de idade eu não iria acreditar... Mas aconteceu com a gente, era verdade.


TUDO era verdade.

E eu nunca me senti tão feliz e tão ferrado em toda minha vida!

Narrado por Miley


Los Angeles, Califórnia, 22:45 PM (horário local) Apartamento do Nicholas.


Papai estava furioso. Eu podia saber só pelo jeito como sua respiração estava fazendo com que seu peito subisse e descesse bem mais rápido que o normal. Isso sem contar os bufões e as murmurações pelo caminho. Eu sabia que ia ouvir um monte, mas pelo amor, como que eu iria imaginar que de todas as pessoas existentes nesse mundo de meu Deus, justo o meu PAI iria aparecer naquela sala logo quando eu e o Nick estávamos quase... Ah, esquece!

Tá, tudo bem que ele mora aqui, mas nem me passou pela cabeça que ele nos pegar no flagra era uma possibilidade. Quais seriam as chances? Uma em cem?

Ta aí a merda da margem de erro da probabilidade estatística! 

Sem falar em mais uma prova irrefutável de que a lei de Murphy é pra valer... 

Valeu mesmo Murphy!

Entramos e eu bati a porta do quarto. Papai virou a cadeira pra ficar de frente comigo.

- Muito bem, vamos conversar... Que sem-vergonhice foi aquela que eu vi lá naquela sala, Destiny?! – Agora era definitivo. Ele estava mesmo zangado comigo, até me chamou pelo nome de batismo. – Eu não criei filha minha pra ficar se amassando em um sofá com qualquer um! – Aumentou o tom repreensivo e o tom caipira, o que nunca era um bom sinal! – Se fosse em outros tempos eu ia ter que lavar sua honra no sangue de um desgraçado desses!

Os sermões do meu pai eram sempre assim. Ele buscava solução pra tudo na época de Mil novecentos e nenhum de nós tinha nem nascido ainda...

- Ai meu Deus! – Eu tinha que pedir paciência dos céus, porque a minha não dava conta de um pai desses –Lavar que honra, pai? Eu já não sou mais moça faz um tempão! – Vocês tinham que ver a cara do meu pai quando eu disse isso. – Além do mais, não foi nada demais, foi só um beijo!

Se tivesse sido registrada, a cara do meu pai nessa hora com certeza viraria um MEMI.

- Um beijo? – Indagou indignado – É isso que vocês chamam de beijo hoje em dia?! Porque na minha época isso tinha outro nome! – Continuou – A propósito, a senhorita nasceu de um beijo desses, sabia?

- Pai! – Reclamei


Ele meneou a cabeça como se ponderasse sobre o que ia dizer e continuou:

- Olha minha filha, eu não vou nem lhe dizer o que me veio à mente quando eu presenciei aquela pouca vergonha! – Desconjurou o ato e eu rolei os olhos – Aquilo que eu vi lá não é comportamento adequado pra uma moça de família decente, mesmo que não seja mais uma donzela! – Minhas bochechas coraram com o palavreado tão amplo e cultural do meu pai – Além de que, como que você fica se engraçando com esse infeliz se está noiva de outro? – Questionou – Eu não vou admitir que você fique brincando com os sentimentos das pessoas desse jeito! Esse não foi o tipo de criação que eu te dei!

Eu queria gritar! Além de estar sendo apontada pelo meu pai como sem vergonha e sem honra agora eu também ia ser chamada de vagabunda?! 

Eu mereço...

- Eu não estou mais noiva, pai! – Não sei por que achei tão difícil de dizer isso, ou berrar isso, tanto faz.Sentei-me na cama do meu pai, ficando mais perto dele.– Bom, sei que isso não justifica o que o senhor viu lá na sala ainda pouco, mas... Eu acho que o meu ex noivo não liga muito pra esse negócio de brincar com os sentimentos dos outros, já que foi ele quem me traiu pra começo de conversa. – Eu queria bater em mim mesma por estar com vontade de chorar. Por que diabos essas lágrimas estavam se formando em meus olhos? Eu não iria chorar na frente do meu pai por causa daquele cafajeste, definitivamente não.

Limpei os meus olhos o mais rápido que consegui. A feição do meu pai havia mudado, estava mais suave embora ele ainda estivesse com raiva, só que a raiva dele agora estava sendo direcionada a outra pessoa...

- Aquele australiano desgraçado! – Bufou – Como ele se atreveu a te enganar? Como foi capaz de fazer uma coisa dessas?O que ele estava pensando... magoar a minha garotinha?! Ah, mas se eu colocar as minhas mãos nele eu vou...

- Não pai! – Interrompi a “ameaça” do meu pai – Fica calmo. Você não tem que se preocupar com isso, eu já coloquei aquele imbecil no lugar dele e acho que ele não vai mais aparecer nas nossas vidas, então... Esquece isso! – Respirei um pouco mais fundo – Além do mais, eu já superei.

Papai me olhou nos olhos.

- Eu percebi. Aliás, superou bem depressa... – Fez uma pausa. Eu sabia que ele estava se referindo ao Nicholas – E então?!

- Então o que? – Fiz-me de desentendida.

- Você e o Jonas. Estão namorando? Estão juntos outra vez? – Ótimo. Ele tinha que perguntar isso?

Longa pausa.

Cri cricri...

- Não, a gente não tá namorando e nem tá junto. – Respondi logo

- Então estão o que?! – Encarou-me e esperou pela minha resposta, que não veio, porque eu não tinha uma – Eu não acredito nisso! –Exclamou – E esse outro pilantra tá achando que você é o que? Mas eu vou ter uma conversinha com esse infeliz, ah se vou! Eu ele e a minha espingarda! – Meu pai estava irredutível. Acho que era demais pro coraçãozinho dele.... Me pegar quase fazendo “aquilo” e ainda por cima saber que dois caras estavam bancando os babacas comigo, tudo isso em uma única noite.

Eu apenas sorri do que ele disse. Era bom saber que eu tinha alguém com uma espingarda pra me proteger dos cafajestes pela vida a fora.

- Acho que não vai ser preciso, pai...

- Como assim não vai ser preciso? Claro que vai ser preciso! – Insistiu – Eu não vou deixar nenhum infeliz brincar com os seus sentimentos!

- Bom, nesse caso especificamente a infeliz sou eu! – Retruquei. Meu pai me encarou sem compreender muito bem. Suspirei antes de começar- Na verdade, pai, o Nick até quer algo sério. Eu é que acho que não estou pronta pra outra, não agora. – Antes que o meu pai me viesse com um sermão de duas horas dizendo que isso não era a atitude correta pra uma moça decente, eu continuei – É que eu estou muito confusa ainda e não sei direito o que eu quero. Ainda pouco, lá na sala, eu queria beijá-lo, então eu o beijei e pronto. Não sei se foi uma decisão muito inteligente da minha parte, mas era o que eu queria fazer então eu só... fiz. 

Ok, acho que eu estou esquecendo de com quem estou conversando. É o meu pai, e ele é o cara mais conservador que eu conheço.  É claro que ele nunca vai entender como me sinto. Ele vive dizendo que eu sou a sua garotinha. Talvez ele ainda me veja como uma criança...

E pra minha completa e absoluta surpresa, o papai ficou calado. Eu nunca havia conversado esse tipo de coisas com ele, essas conversas eu tinha só com a minha mãe, então não fazia ideia do que ele poderia estar pensando agora.

- Bem, eu não posso dizer que gosto disso e nem que concordo com isso, mas... Você já é uma mulher adulta, filha, e tem o direito de decidir o que fazer da sua vida e o que é melhor pra você. – Fez uma pausa, escolhendo as palavras - Nessas horas, nós pais só podemos rezar pra tê-los orientado bem enquanto isso ainda cabia a nós, e bem, eu acho que fiz direito a minha parte, pois tenho uma filha com bastante personalidade. Isso e também com coragem, não é qualquer um que enfrenta o mundo com a garra que você tem, Miles.– O olhar que ele me lançou era de admiração, de certa forma. Sei que ele não estava lá tão orgulhoso de mim pelo que havia visto há pouco, mas ele ainda era o meu pai e eu ainda era a sua garotinha. Ele me amava e sempre amaria do mesmo jeito, não importava o que eu fizesse - E quanto ao episódio de hoje, pro seu bem e daquele rapaz eu vou deitar agora e tentar fingir que tudo não passou de um pesadelo. – Meu pai me abraçou de lado e nós dois rimos juntos de seu último comentário - Filha, eu só não quero que deixe que um homem te trate como um objeto, ou te ofereça menos do que você merece. – Ele me olhou nos olhos enquanto disse isso e suas palavras pareceram penetrar em mim de um jeito que não sei explicar. Acho que nós finalmente estávamos tendo “a conversa” – E olha que eu até gosto do Jonas, acho que ele é um bom rapaz. Não quero precisar atirar nele com a minha espingarda!

Tivemos um daqueles raros momentos entre pai e filha em que você acha que deveria sempre contar tudo a ele, pois ele te compreenderia e apoiaria em todos os momentos...

Éh, pena que não dê pra contar tudo... Acho que por essa noite já deu. Embora tivesse coisas das quais eu não teria como escapar, ia ter que contar pra ele mais cedo ou mais tarde.

- Valeu pai! – Disse olhando-o nos olhos

- Disponha! – Eu levantei-me para sair e assim que cheguei na porta ouvi um pigarro pra chamar a minha atenção – Daqui vá direto pra casa, ouviu mocinha?! – Orientou

- Sim senhor! – Respondi e saí

Voltei para a sala, mas o Nick não estava lá. Ao ouvir baixinho o choro da Mell soube imediatamente pra onde ele tinha ido.

- Xiiiu...Calminha, princesa, não precisa chorar, o titio está aqui... Não chora! – Era ele quem estava quase chorando junto.

- Você não aprende mesmo, né? – Apareci na porta. Nicholas virou-se pra me olhar, estava com a Mell no colo, tentando niná-la.

- Acho que toda aquela confusão lá na sala acabou acordando ela! - Disse

Caminhei até ele e peguei a minha afilhada no colo. Nick ficou só olhando enquanto eu dava a mamadeira pra ela. 

- Já faz pelo menos umas duas horas da última vez que ela comeu, - Expliquei – é natural que ela esteja com fome outra vez.

Ele me olhou.

Não acredito que ele já tinha esquecido!

- Duas horas? – Ele fez as contas – Então “isso” – o choro da Mell - vai rolar a noite inteira? – Questionou

- Bom, pelo menos mais umas duas vezes. Isso se você tiver sorte, pois se levarmos em conta que ainda nem bem é uma da madrugada.... - Ri da cara de desanimo completo do Nicholas - Qual é, assim você vai adquirindo experiência. – Falei – Aí, quando você tiver os seus filhos, já vai saber o trabalho que dá. – O Olhei. Entreguei-lhe a Mell que já estava quase adormecendo novamente, pra que ele pelo menos a fizesse arrotar antes de colocá-la no berço.

- Eu mal posso esperar... – Ele resmungou quando pegou a neném no colo.Eu não sabia se ria ou se chorava da sua total falta de jeito, mas era bom pelo menos vê-lo tentar.

Não dava pra dizer que ele não estava se esforçando. 

Ele massageou as costinhas dela devagar e então ela finalmente arrotou, deixando um pouquinho de vomito de neném na camisa dele.

Eu tive que rir.

- Tá vendo só? Sua sobrinha te adora, Nick!

- Eu percebi! – Retrucou. Pegou a frauda que estava comigo e colocou a Mell no berço pra poder se limpar.

Por sorte, ela já estava quase adormecendo novamente. Só precisei fazer um pouco de carinho nela e cobrir com o cobertor e logo seus olhinhos se fecharam.

- Essa definitivamente não é a minha noite... – Comentou. Eu me virei para olhá-lo – E eu que não acreditava naquela parada de azar no jogo e sorte no amor.

- E agora você acredita? – Questionei cruzando os braços sobre o meu peito.

Nick passou as mãos em minha cintura, me puxando para si.

- Eu acredito em sorte no amor... – Sorriu antes de me beijar – E azar em todo o resto!

Nós dois rimos.

- Bom, você ainda pode escolher o contrário. – Falei, levando uma de minhas mãos a acariciar sua nuca. – Sabe, azar no amor e sorte em todo o resto, me parece uma troca justa!

Eu não estava olhando diretamente em seus olhos e por isso ele segurou meu queixo levemente, fazendo-me encará-lo.

- Pois eu prefiro morrer azarado! – Disse firmemente e me roubou mais um beijo. Eu ri em meio ao beijo – É sério, vou até quebrar um espelho mais tarde, só pra garantir, ou passar por debaixo de uma escada, ou arrumar um gato preto...

Dei um tapa em seu braço, ainda rindo. Ele me puxou e subitamente me beijou mais uma vez, mais intensamente dessa vez.

- E como foi lá com o seu pai? – Perguntou assim que quebramos o beijo – Ele deve ter ficado muito puto, né? Disse mais alguma coisa sobre nós estarmos quase... – Ele não completou a frase, mas eu sabia o que ele queria dizer –Ficou muito bravo com você? – Ele fazia perguntas demais em tão pouco tempo.

- Não e graças a Deus não. E ele não está bravo comigo. – Falei e ele suspirou aliviado – Só odeia você. – Sim, eu fiz de propósito – Disse que você é um cretino, mau-caráter, que só estava tentando se aproveitar da minha honra e que vai atirar em você com a espingarda dele. – Eu estava tentando lembrar se não tinha esquecido de nada. 

Tudo bem, talvez eu tivesse exagerado um pouco, mas a carinha de “tô ferrado” do Nick foi impagável!
Eu não consegui segurar e ri entregando o jogo.

- Calma, eu estou só brincando!

- Caralho, Miley! – Retrucou e eu fiz sinal pra ele falar mais baixo por causa do bebê – Eu achei que fosse pra valer! Tava até achando que ia ter que sumir por uns tempos da minha própria casa!

- Na verdade, você deveria mesmo sumir por uns tempos, nunca se sabe, meu pai pode acordar mal humorado qualquer dia desses! – Avisei

- Ah é? Se isso acontecer eu vou me esconder lá na sua casa, no seu quarto! – Rebateu enlaçando ainda mais minha cintura

- Essa não é uma decisão nem um pouquinho inteligente! – Constatei – Nem vou te contar a merda que deu uma vez que o meu pai pegou um cara no quarto da Brandi. – Tirei suas mãos da minha cintura – Isso que aconteceu aqui na sua sala foi fichinha... Então, acho que pro seu próprio bem, é melhor você ficar bem longe da filha do cowboy! 

- Obrigado pelo aviso, mas eu vou correr o risco! – Ele sorriu voltando a enlaçar a minha cintura e vindo me beijar.

- Bom, você que sabe! – O beijei – Depois não diga que eu não avisei! – Pisquei pra ele e então me afastei um pouco –Mas brincadeiras à parte, você não tem com o que se preocupar. O meu pai não vai ficar no seu pé, ele sabe que já sou bem grandinha e que quem manda na minha vida sou eu.

- Nossa! – Exclamou em um tom brincalhão – Mas eu não tô preocupado com isso. Eu não tenho problema nenhum em pedir a sua mão pro “cowboy” – O chamou do mesmo jeito que eu.

- É, mas eu tenho! – Rebati – Não quero que ele fique achando que a gente tá junto ou qualquer coisa do tipo, até porque não estamos! – Fiz questão de frisar - Agora eu tenho mesmo que ir, sério! – Disse  me desvencilhando dele antes que me roubasse mais algum beijo.

- Não vai não, por favor! – Pediu, segurando-me pela mão.

- Eu preciso ir. Eu tenho casa sabia? – Disse pegando o meu casaco

– Mas você bem que podia ficar e.... – Ele entrelaçou nossos dedos. Aproximou minha mão de seus lábios dando um beijinho leve - Dormir aqui comigo. – Olhou-me com aquele olhar sedutor que faz com que milhões de garotas ao redor do mundo suspirem apaixonadas e façam qualquer coisa que ele quiser.

Sem falar que essa era, de fato, uma proposta tentadora. Mas aí a ficha caiu e eu me dei conta de que talvez estivéssemos indo rápido demais.

- Acho melhor não. – Foi só o que eu disse, mas o jeito como eu disse deve tê-lo feito perceber que precisava pegar mais leve.

- Tá bom. – Suspirou frustrado - E quando eu vou te ver de novo?

- Nick, eu nem fui ainda – Disse vestindo o meu casaco

Muito solícito, Nick veio me ajudar com os botões. A cara de safado dele enquanto colocava os botões dentro das casas deixava bem claro que ele preferia bem mais estar fazendo exatamente o contrário, tirando a minha roupa.

- Mas é que eu já estou morrendo de saudade! – Com apenas um movimento, ele enlaçou minha cintura e me beijou de um jeito que... Ok, eu confesso... Ele é bom nisso. Na verdade, ele é bem melhor que bom...
É precisoter muito autocontrole pra conseguir quebrar um beijo desses.

- A gente combina alguma coisa – Disse tentando recuperar o fôlego.

Ele sorriu. 

- Você está me devendo um jantar.

- Ok. Então a gente pode jantar qualquer dia desses...- Concordei - Nick, - Chamei-o – “Isso” – Nós dois – vai ser do meu jeito. E com isso eu quero dizer que eu decido quando e onde. – O olhei, queria ter certeza de estar me fazendo entender – Jogamos pelas minhas regras, ok?!

O Nick riu e passou a mão pelos cabelos, em um dos seus gestos mais familiares pra mim: Ele estava sem saber o que dizer.

- Tudo bem, então seguiremos as suas regras. – Falou decidido – Eu disse que te queria de qualquer jeito, não disse?! – Encarou-me – E eu quero. Vai ser do jeito que você quiser!

Eu fiquei imóvel por um instante, apenas absorvendo o que ele tinha acabado de dizer.

- Ótimo. Eu só queria ter certeza de que nós dois estamos... – Procurei a melhor palavra pra se encaixar no contexto – cientes do que “isso” – Nós dois – significa. Não quero que acabe ficando mais sério do que precisa ser.

Ele ficou calado, eu também. Não tinha muito o que falar depois disso.

- Ok. Eu posso pelo menos te acompanhar até sua casa? - Perguntou

- Não precisa disso.A minha casa fica do outro lado da rua. – Falei – Além do mais é melhor você ficar aqui com a Mell.

Ele não disse nada, mas o jeito como suspirou pesado, como quem está cansado de tentar provar alguma coisa pra alguém, me fez saber o que ele estava achando disso tudo.

- A gente se vê! – Falei só pra não parecer tão rude.

- Tá bom...Você diz quando e onde, né?! – Colocou as mãos nos bolsos, não sei se pra conseguir me deixar ir ou se pra disfarçar sua falta de jeito em lidar com situações como essas.

- É... - Ele não me questionou nem nada, mas estava na cara que não estava nenhum pouco satisfeito. Eu me fiz de desentendida e lhe dei um beijo rápido e um tanto desajeitado, como uma forma de despedida, e saí sem nem se quer olhar pra trás.

O Nick tinha esse talento em especial; o talento de me deixar completamente confusa e sem rumo. Eu não queria ir com ele muito além de onde estamos agora. Eu não queria a amizade dele, eu nem acho que preciso dela, e eu também não quero o amor de ninguém agora. Então, só digamos que eu não sei bem por que eu fiz o que fiz hoje à noite.

Tudo bem, de certa forma, ele, o Nick, é tudo que eu tenho “de bom” na minha vida agora. Ele parece ser a única coisa segura nesse momento, sendo que não é nada certo. Como uma espécie de tábua de salvação, que não é a real salvação, é apenas uma chance de você ser salvo, uma possibilidade. A outra possibilidade é você ficar naufrago e à deriva pra sempre. Nick é exatamente isso. Quando eu olho pra trás ele é a única pessoa que sempre esteve lá. Pelo menos a única que teve um real significado pra mim, mas ao mesmo tempo, ele também foi a única pessoa com quem eu tive que travar uma batalha interna inigualável pra tentar superar e agora que eu consegui ele simplesmente... Volta...

E agora, o que eu faço?

O que eu faço com você, Nicholas?!

Você me expulsa da sua vida. Eu saio, sofro, mas te esqueço. Levo um tempão pra juntar todos os pedaços do meu coração... E aí você volta... E.... E te amar é tão mais fácil!

Por que?!

Por que você precisa ser um babaca apaixonante?! Com todo o seu charme sedutor e irresistível e os seus beijos que até me fazem esquecer do quanto é patético e perigoso isso que eu sinto por você!

Cheguei em casa. Tranquei a porta da frente e joguei a chave de qualquer jeito junto com meu casaco em cima de algum móvel pelo caminho. Subi os degraus até o meu quarto, pois eu precisava mesmo dormir.

Narrado por Demi

Jersey City, New Jersey, 03:30 AM (Horário Local) Aeroporto de Jersey.

- Até logo, mãe! – Sorri dando um último abraço de despedida em minha mãe. Ela tinha dado uma carona pra gente até o aeroporto. – Vou sentir saudades! – Disse olhando-a com carinho. Ela também abraçou o Joe, que um pouco sem jeito, abraçou-a de volta tentando não se desequilibrar por causa das malas que carregava.

- E quanto a você rapaz, cuide bem da minha Demétria! – Ela lançou um olhar cúmplice ao meu marido e cochichou algo pra ele, o que despertou um pouco a minha curiosidade, mas isso teria que ficar pra depois, já que pelos horários descritos em nossos bilhetes, nosso voo seria o próximo.
Dei um beijinho rápido no rosto de minha mãe e puxei o Joe para corrermos para a fila do check-in, que por puro azar nosso estava quilométrica. 

(...)

- Eu fico no assento ao lado da janela! – Decidi antes que o meu marido dissesse qualquer coisa contra isso. Joe rolou os olhos e apenas me ignorou guardando a nossa bagagem de mão. Eu me acomodei no meu lugar e em seguida o Joe sentou ao meu lado. Eu não estava exatamente num bom momento pra uma conversa.


Durante o check-in eu e ele acabamos discutindo por algo bobo e insignificante, eu nem lembro mais como foi que começou...  Só sei que ele ter me repreendido daquele jeito na frente do maldito gerente de embarque fez meu sangue ferver na hora.E como a “miss impulsiva” – apelidinho carinhoso atribuído a minha pessoa por ninguém mais, ninguém menos que o Joseph - que de fato eu sou, acabei descontando no Joe toda raiva que eu estava daquele funcionariozinho de empresa aérea incompetente e também de mim mesma, por não ter conseguido contar a verdade sobre o que eu fiz essa tarde...

Levantamos voo. 

Senti um frio no estômago e por impulso agarrei a mão dele. Eu tinha um certo medo de decolagens e embora já tivesse viajado de avião diversas vezes na vida, essa sensação desconfortável, quando o avião dá a partida e percorre a pista pra finalmente alçar voo, nunca mudava.

Olhei para o lado esperando encontrar os olhos do Joe, como de costume, mas dessa vez ele estava imóvel, com o olhar fixo em um ponto qualquer à sua frente, que não era eu.

O voo atingiu sua estabilidade e eu soltei sua mão. Cobri-me por inteiro até o pescoço com um cobertor e virei-me para a janela.

Tinha tantas coisas em minha mente: Estava preocupada com as crianças, que estavam aos cuidados do irmão mais novo do Joe, que não era lá muito mais inteligente que ele. Também começava a ficar preocupada com a minha mãe que ficou pra trás em Jersey, tomando conta sozinha do meu padrasto em recuperação. Preocupava-me com meu trabalho, com a nossa casa em Dallas e dentre outras coisas não tão importantes, preocupava-me também com ele, com o meu pai.

Flash Back On

Eu tinha ido vê-lo ontem tarde. Toda aquela baboseira que o Joe me disse antes, sobre pelo menos tentar perdoa-lo, pareceu mesmo causar algum efeito em mim. 

Ok, eu admito! Sou uma boba sentimental...

Então eu fui até a casa dele. 

O estado dele quando cheguei ali não era muito melhor do que de tantas outras vezes que eu o encontrei bêbado e decadente pelas ruas de Jersey na minha infância: Roupas sujas e surradas, o rosto abatido e cansado. Eu não estaria exagerando muito se o comparasse a um dos mendigos que pedem esmolas no Central Park. E dessa vez ele parecia ter exagerado um pouco mais no dia anterior, só pra ter o motivo específico de me irritar por estar de ressaca. 

Juro que pensei em ir embora dali no mesmo instante, mas por algum motivo que desconheço completamente, decidi ficar e bater na porta. Ele teve lucidez o suficiente pra abrir a porta pra mim e pra pedir que eu me acomodasse em seu “sofá” – se é que posso chamar aquele amontoado de estofa velha e plástico assim – mas não teve para manter uma conversa decente. Trocamos umas duas ou três frases no máximo, antes que ele simplesmente saísse correndo pro banheiro quase que colocando os bofes pra fora. 
Engraçado, uma das únicas coisas que ele me disse foi: “Filha, eu sabia que você viria! Eu sabia que você não me abandonaria como todos os outros!”.

Mas na verdade eu já tinha feito isso. Já o tinha abandonado há tempos. Tinha o excluído completamente da minha vida e dos meus pensamentos!

Eu quis ir embora dali. Quis mesmo, até me levantei, mas não consegui ir.

Quando cheguei até a porta ouvi os ruídos de vômito vindos do banheiro. Era um som perturbador e doloroso, que eu não queria ter ouvido nunca na vida. Coloquei a mão na maçaneta, mas não consegui girá-la e então dei meia volta tentando entender o que havia de errado comigo.

Depois de passar alguns segundos tentando organizar meus pensamentos que na verdade não conseguiam encontrar coerência alguma enquanto aquele barulho nojento ecoava pela casa, eu finalmente tomei coragem e olhei ao meu redor. Não pude evitar me sentir um pouco culpada pela maneira deplorável como ele estava vivendo. Quer dizer, eu era rica. Eu era podre de rica e o meu PAI vivia num chiqueiro...

Que tipo de pessoa eu havia me tornado?!

Abri minha bolsa num impulso, peguei todo o dinheiro que consegui encontrar. Coloquei as notas sobre uma mesinha de madeira ali perto de qualquer jeito, com pressa e sem a mínima organização. Sabia que aquilo não me redimiria como filha, mas ele também não tinha sido o melhor dos pais então estávamos quites!
Os barulhos soavam cada vez mais fortes e aquilo tudo estava embrulhando o meu estômago. Ouvi sua tosse seca e imaginei se ele poderia de repente estar engasgando, mas afastei esse pensamento logo em seguida. Esperava não ter razão.

Amontoei o pequeno bolo de notas da melhor forma que pude devido às minhas mãos tremulas por conta do nervosismo. Corri pra saída e assim que a atravessei, bati a porta, decidida a nunca mais voltar ali de novo.

Fiquei pensando que talvez eu até devesse ajuda-lo. Comprar uma casa nova, móveis luxuosos e dar pra ele uma vida confortável. Isso era o mínimo que uma filha podia fazer pelo pai, não é?!

E quando eu coloquei a chave na ignição e dei a partida, deixando aquele lugar, isso soou como um estalo: É, isso era o mínimo

Eu estava fazendo o mínimo, ou até menos que isso.

Tá certo que ele não tinha sido o melhor pai, que ele me decepcionou de todas formas imagináveis e que eu provavelmente nunca mais iria olhá-lo com a mesma veneração que eu tive por ele quando criança, mas a questão não era essa...

Isso não era sobre ele. Não era sobre quem ele era, ou é. Isso é sobre quem eu sou!

E eu não quero ser essa pessoa!

Essa pessoa que dá as costas pra quem ama só por que é o caminho mais fácil. Essa pessoa que desiste, só porque acha que não é forte o suficiente pra conseguir lutar contra... Eu não queria ser como ele. 

Eu não iria ser!

Dei a volta imediatamente.

Quando retornei, não bati, apenas entrei.  Ainda podia ouvir os ruídos de vomito e a tosse seca. Fui até o banheiro e entrei. Fiquei olhando pra ele durante um ou dois segundos, em seguida me agachei e o auxiliei da maneira que pude. Massageei suas costas e esperei que ele colocasse pra fora todos os vestígios do álcool que havia consumido anteriormente.

(...)

- Toma esse remédio. Vai se sentir melhor! – Disse oferecendo a ele um copo de água e uma pílula. Não havia um remédio pra curar ressaca especificamente, ainda mais no caso dele que provavelmente já até desenvolveu uma cirrose de tanto beber, mas esse remédio pelo menos faria a enxaqueca passar.
Meu pai tomou sem pestanejar. Eu notei que ele estava evitando me olhar, provavelmente estava envergonhado pelo que eu havia presenciado aqui.

Eu não sabia se estava pronta pra perdoá-lo e esquecer tudo, mas eu queria ajuda-lo de alguma forma.
Sentei-me na beirada da cama, perto dele. Ele ficou imóvel, como se temesse se quer encostar em mim.
Depois de ficar um tempo em silencio, escolhendo as palavras, eu comecei:

- Olha, eu só quero que saiba que...ahm... que eu, de certa forma, ainda estou aqui. – Suspirei. Foi mais difícil do que imaginei – Você não é a minha pessoa favorita no mundo, mas você ainda é o meu pai. – Tentei expressar exatamente o que eu sentia.

E era isso. Eu não sentia o mesmo carinho e ternura que tinha por ele quando criança, mas eu também não poderia deixa-lo, vendo-o naquele estado, sabendo que ele precisava de ajuda.

E tudo bem precisar de ajuda. Tudo bem pedir ajuda. Afinal, todo mundo precisa de ajuda um dia. Eu também passei por uma fase difícil na reabilitação e também tive ajuda. Tive pessoas que me amavam e que não desistiram de mim mesmo quando eu mesma já tinha desistido...Claro que tudo isso era pessoal demais pra que eu conseguisse compartilhar com ele, mas eu esperava que algum dia ele soubesse como eu me senti em meio aquilo tudo. Talvez ele se sinta do mesmo jeito...

- Demi, - não ousou me chamar de filha – obrigado! – Eu o olhei, ele não me encarou, mas sorriu – Por, de certa forma, ainda estar aqui.

Parece que nós dois não levávamos o menor jeito com as palavras, a julgar que ele repetiu exatamente o que eu disse. 

Vai ver puxei isso dele! 

Eu achei que era hora de ir e ele me acompanhou até a porta. Fiz questão de dizer que o dinheiro que eu havia deixado era um presente e não alguma espécie de caridade ou por desencargo de consciência. No início foi, mas agora não era mais.

Não disse a ele ainda, mas estava nos meus planos falar com a minha mãe e pedir que ela comprasse uma casa e o ajudasse a se instalar. Também conversaria direitinho com ela sobre as possibilidades de colocarmos o meu pai em uma clínica de reabilitação pra alcoólatras. Provavelmente ele recusaria no início, mas se insistíssemos, ele terminaria por aceitar.

-Tem mesmo que ir, Demi? - Perguntou

- Tenho. Já demorei bem mais do que pretendia e mamãe e Joseph nem fazem ideia de onde estou.

- Tudo bem, obrigada por vir, então.

- De nada.

Ele me abraçou. Foi um abraço estranho de início, mas logo foi ficando reconfortante.

- Filha, acha que um dia será capaz de me perdoar? – Perguntou num sussurro.

- Eu não sei, mas a gente pode tentar. –Respondi sinceramente.

Flash Back Of

Acordei do meu pequeno devaneio de memórias quando a aeromoça passou distribuindo uns aperitivos para os passageiros.Eu não quero parecer esnobe, mas nenhuma das opções dela parecia realmente atrativa, exceto pelo pudim que era de chocolate.

Devorei o meu potinho de pudim em apenas alguns segundos.

Olhei para a bandeja do Joe, que estava intacta.

- Quer trocar o seu pudim, por um saquinho de jujubas? – Perguntei

Ele me olhou de esguelha e então rolou os olhos me entregando o seu potinho de pudim.

- Pode ficar. – Respondeu seco.

Dei a primeira colherada no pudim, não querendo muito dar o braço a torcer.

- Joe, me desculpe.

- Tá tudo bem. – Respondeu do mesmo jeito.

- Até quando você vai ficar bravo comigo? - Questionei

- Não sei. Até quando você vai ficar bancando a doida neurótica?! – Rebateu 

- Mas aquele cara, ele me ofendeu. Eu sou a cliente. A cliente sempre tem razão...

- Não importa! – Me interrompeu – Essa nem é a pior parte. Não é por isso que estou bravo. – Me encarou – Até quando você vai achar que precisa esconder as coisas de mim?!

Fiquei em silencio por alguns segundos.

-Mas eu não acho isso!

Joe respirou fundo

- Tá, então por que não me contou que foi ver o seu pai hoje à tarde?

Eu gelei.

- Como é que você sabe?

- Eu perguntei primeiro. – Insistiu.

- Tá bom. Eu não te contei porquê... Bom, porque nem eu mesma sabia que eu iria mesmo lá. Eu fiquei dando voltas e mais voltas com o carro pra poder criar coragem de ir lá bater na porta, e quase desisti...

- Mas não desistiu! – Ele completou

- É, não desisti. – Concordei – E sabe de uma coisa? Acho que foi decisão certa!

Ele sorriu

- É, eu também acho. – Joe tocou meu rosto delicadamente e se aproximou como que pra me beijar – Sei que você deve ter tido um monte de dúvidas e medo, mas tenho certeza que enfrentar foi a melhor decisão que você poderia ter tomado! – Sussurrou antes de, de fato, me beijar.

Aquele beijo me fez saber que tudo tinha voltado a ser como era antes e que nós estávamos bem. Mas mais do que isso, me fez saber que nós sempre ficaríamos bem, que eu estava segura e era amada. E eu também o amava, muito. O que me deixava com um pouco de medo as vezes, não acho que pode ser seguro amar alguém tanto assim....

- Certo. Agora você tem que me contar como soube que eu fui ver meu pai hoje à tarde. – Eu encarei o Joe com os olhos semicerrados – Não me diga que o senhor anda me seguindo por aí, Joe!

Vi meu querido maridinho começar a suar.

- Claro que não, amor! – Riu com descaso – Imagina!

- Então como?

- Amor, eu to cansado. Deixa eu dormir um pouco antes de chegarmos em Los Angeles... – Ele apagou a sua luzinha de bordo e ajeitou sua cadeira para ficar mais confortável.

- Ok. Mas assim que nós chegarmos em Los Angeles o senhor vai me explicar direitinho essa história! – Avisei fazendo o mesmo que ele.

Narrado por Nicholas

Los Angeles, Califórnia, 04:00 AM (horário local) Apartamento do Nicholas.

Eu tinha acabado de fechar os olhos, sério. Não tinha nem cinco minutos e a Mell já estava chorando outra vez. A Miley não estava de brincadeira quando disse que iria ser a noite inteira.

Levantei-me e fui até o berço pra checar qual era o problema dessa vez. 

Frauda suja.

Beleza!

Com os movimentos mais lentos e desajeitados do que o normal por causa do sono, tateei na bancada próxima ao berço em busca dos objetos que precisaria para dar conta da situação.

(...)

Com a Mell limpinha e cheirosinha achei que ela iria dormir e que assim eu também voltaria a tentar dormir um pouco, mas a julgar pelo choro incessante, parece que a minha gulosa sobrinha estava com fome ainda por cima...

- Você é igualzinha o seu pai, sabia? – Encarei-a – Uma draguinha! Imagina só quando crescer! Vai faltar leite no mundo! – Resmunguei indo com ela até a cozinha pra preparar a mamadeira.

Deve ter sido por conta do sono, meu raciocínio estava lento demais, por isso resolvi dar a mamadeira para a bebê lá na cozinha mesmo. E depois disso, enquanto tentava faze-la arrotar voltei para a sala.

Por mais com sono que eu estivesse, foi impossível não arregalar os olhos ao ver o Billy Ray lá parado feito um dois de paus na minha sala, sentado em sua cadeira e provavelmente esperando por mim.

- Jonas, preciso acertar umas coisas com você. – Ele disse com seu tom autoritário. O mesmo de quando eu pedi a Miley em namoro pela primeira vez.

- Tudo bem, eu só preciso de um minuto. Vou colocar a Mell pra dormir e já venho. – Falei
- Seja rápido. Eu não tenho a noite inteira! 

Dito isto, eu corri com a Mellzinha pro quarto e coloquei-a no berço, rezando pra que ela agisse como sempre e demorasse pelo menos um século pra pegar no sono. Quem sabe assim eu iria me livrar da “conversa” com o pai cowboy furioso da minha “não namorada”.

Só que como todo o cosmos do universo resolveu conspirar contra mim essa noite, a minha gracinha de sobrinha apagou quase que instantaneamente ao ser colocada em seu berço.

Eu queria xingar alto! Só não fiz isso porque não queria encarar mais meia hora de berreiro. Eu não tinha mais saco pra isso.

Juro que não sei como gente casada aguenta essa vida, sério!

Muito contra a minha própria vontade eu voltei pra sala pra encarar o pai da Miley.

Eu não sabia se deveria dizer alguma coisa a respeito do que aconteceu, mas pra evitar acabar falando alguma bobagem eu esperei o Billy Ray começar aquela conversa, assim eu saberia qual rumo o assunto iria tomar. Sentei-me no sofá da sala ficando de frente com ele.

- Bom, estou aqui... - Falei

- Muito bem, vou ser direto, rapaz. – Encarou-me – Eu não gostei nada de ver você se amassando com a minha filha. Infelizmente ela já é adulta e ela é quem decide os caras com quem ela sai ou deixa de sair. Isso não é assunto meu. – Fez uma pausa. Eu até ia falar, mas antes que eu tivesse chance ele continuou – Mas o seu caso é outra história. A Miley já sofreu muito por sua causa há um tempo e a julgar pelo que eu vi aqui hoje as suas intenções com ela não devem ser das melhores... – Eu ia interromper novamente, o Billy prosseguiu sem se importar - E como pai dela é meu dever protege-la de qualquer miserável que tente brincar com os sentimentos dela. Você entende isso, não entende, rapaz?!

- Com todo respeito, Billy... - Comecei

- Quero você bem longe da Miley! – Interrompeu-me – Fui claro o bastante?

Billy Ray encarou-me. Minhas mãos estavam frias e o meu coração acelerado. Nunca achei que teria uma experiência como essa novamente. A última vez que eu o confrontei numa situação desse tipo, eu era apenas um garoto. 

Lembro-me do quão nervoso eu estava quando fui pedir a Miley em namoro. Ela era a filha favorita de um típico pai sulista, tão tradicional e conservador quanto manda o figurino. 

Achei que ele me receberia com uma espingarda nas mãos. Por sorte, naquele dia a espingarda estava só pendurada na parede de seu escritório na mansão dos Cyrus.

Hoje a situação não era muito diferente, só que eu sou. Eu não sou mais um garoto assustado que não sabe nada sobre realmente estar apaixonado.

- Desculpe senhor, mas não posso fazer isso... – Comecei – Eu amo a Miley! – O encarei - E não estou dizendo isso por causa do que o senhor viu e nem nada disso. Inclusive eu peço desculpas, pela situação constrangedora. Eu jamais iria querer expor a Miley desse jeito e por isso estou me desculpando, por causa dela.  – Billy Ray cruzou os braços sobre o peito, como quem diz que eu tenho que fazer mais pra merecer sua atenção – Também peço desculpas pelas minhas atitudes do passado e por ter feito ela sofrer. Eu nunca quis isso... – Suspirei - Eu demorei pra perceber o quanto eu amo a sua filha e como eu preciso dela na minha vida. Mas agora eu sei. E nada nesse mundo vai me fazer desistir de conseguir provar isso pra ela, então... Eu não vou me afastar dela!

Ele ficou calado, só me encarando durante alguns segundos, como que estudando até a minha respiração.

- Uma coisa eu tenho que admitir. Tem que ser muito homem pra peitar um pai e dizer que não vai se afastar da filha dele, quando ele mandou ficar longe. – Encarou-me – Isso só pode querer dizer duas coisas: Ou que as suas intenções são boas ou que você não tem medo das consequências. E pro seu próprio bem, Jonas, eu espero que seja a primeira opção!

Ele me deixou um aviso prévio. Eu não estava com medo pois se a Miley quisesse eu me casaria com ela amanhã mesmo. Não quero mais perder tempo e nem correr o risco de perdê-la outra vez. 

Uma pena que a filha é ainda mais difícil de convencer do que o pai.

- Bom, eu já falai o que eu tinha pra falar! Você está avisado. Se eu sonhar que você está tentando brincar com os sentimentos da minha filha, ou se você fizer ela chorar por algum motivo, não importa o motivo, eu acabo com a sua raça, Jonas! - Terminou

- Eu não vou! – Garanti. Billy Ray iria me dar as costas, mas antes eu fiquei de pé a sua frente, chamando sua atenção – E senhor, eu gostaria de aproveitar a oportunidade pra pedir, formalmente, a mão da sua filha em namoro.

Billy Ray ergueu uma das sobrancelhas encarando-me e em seguida deu risada.

- O meu trabalho por aqui já tá feito. Boa noite, rapaz. – Ele ia deixar a sala.

- Espera! O senhor não me deu uma resposta. – Questionei.

- Você está de brincadeira comigo, não é? – Olhou-me de esguelha

- Não! – Mantive a postura – Eu estou falando muito sério. Gostaria de ter a sua permissão pra namorar a sua filha.

- Tá certo. Eu te darei minha permissão. – Ele disse de maneira séria, até parou sua rota – Quando você conseguir a dela... Ah, e boa sorte pra isso. Você vai precisar! -  Concluiu zombeteiro, seguindo seu rumo para o seu próprio quarto

Pior é que ele tem razão.

E enquanto eu tentava me recuperar do enfrentamento ao meu possível futuro sogro, e me preparar psicologicamente para enfrentar a filha dele amanhã, advinha quem resolveu acordar novamente pra fazer mais uma boquinha?

Eu mereço...

(...)

Narrado por Joe

Los Angeles, Califórnia, 04:45 AM (horário local) Apartamento do Nicholas.

- Finalmente nós chegamos! – Demi disse quando descemos do táxi em frente à casa do Nick – É por isso que eu odeio essas viagens ás pressas! Mas ainda bem que já estamos aqui pois eu estava morrendo de saudades da minha princesinha fofuchinha!

- Eu também. – Concordei - E mal posso esperar pra devolver o Frankie e a monstrenga pros pais deles! – E me livrar de toda a responsabilidade sobre as minhas costas.

- Ai Joe, já vai começar?! – Ela reclamou. Eu estava abrindo a porta da frente enquanto tentava equilibrar aquele bando de malas que a Demi insiste em levar em todas as nossas viagens. – Não sei por que você encrenca tanto com a Jenny, ela é uma garota ótima! – Rolei os olhos - Só espero que as crianças estejam bem, porque aos cuidados do Nick já dá até pra imaginar... Aposto que passaram o tempo inteiro comendo porcaria e jogando videogame!

Eu não discordava dela, mas não falei nada. Entramos em casa e eu deixei nossas malas no corredor mesmo. As luzes estavam todas apagadas, também, era muito cedo ainda, provavelmente não tinha ninguém acordado em casa.

Seguimos até o quarto do Frankie, ele e Noah estavam dormindo. Frankie jogado no sofá com o controle do videogame nas mãos e a Noah esparramada na cama dele. No quarto seguinte encontramos a monstrenga dormindo feito um bebezinho. Aproveitei pra tirar uma foto e guardar pra chantageá-la em ocasiões futuras. O próximo quarto era o do Nick e estava vazio. A Demi quase que imediatamente disparou-se a falar... Chamou-o de irresponsável e todo aquele blá bláblá que vocês já conhecem, mas dessa vez eu tinha que concordar, não que eu discordasse antes, mas só que dessa vez ele exagerou. Saiu e deixou as crianças em casa sozinhas...Ele é maluco?!

- ...Eu juro pra você que quando eu encontrar o seu irmão eu vou ... – Demi e eu chegamos ao último quarto que restava na casa. Eu sabia que um dos quartos de hóspede estava ocupado por Billy Ray Cyrus, provavelmente o maior, o que fazia com que só restasse esse.

Assim que abri a porta demos de cara com um Nick esparramado de qualquer jeito numa poltrona próxima ao bercinho da Mell e com uma mamadeira nas mãos.

Vocês precisavam ter visto a cara de espanto da Demi, eu queria ter tirado uma foto disso.

- Nunca em toda a minha vida eu achei que iria ver uma cena dessas – Falei rindo – Vou tirar uma foto pra zoar com ele. Isso tem que ficar registrado para as gerações futuras!

- Xiiiu! Fica quieto, Joe! – Demi ralhou – Você vai acordar o meu anjinho.

Depois de checar a Mell a Demi veio até o Nick.

- Nick! – chamou baixo, mexendo em seu ombro – Nicholas, nós já chegamos! – Insistiu, mas meu irmão nem sequer se mexeu – Nick, acorda! ... Nicholas! – Ela o chacoalhou com tanta força que ele quase caiu da poltrona.

- O que...O que foi?! Cadê a Mell? – Nick levantou num pulo e foi até o berço, ignorando-nos completamente – Espera... O que vocês estão fazendo aqui?!

- Ué... Nós já chegamos!  - Demi respondeu

- Sério? – Ele perguntou como que aliviado

- É. Eu te liguei avisando, não tá lembrado? – Questionei

- Eu sei, mas eu achei que vocês só fossem chegar no final de semana. – Explicou – Mas graças a Deus já estão aqui! – Ele abraçou a Demi e me cumprimentou com o nosso tradicional toque de mãos, entregando-me a mamadeira.

 - Espera onde você vai? 

- Pro meu quarto, tenho que dormir um pouco! Graças a filha de vocês eu não consegui nem se quer pregar os olhos a noite inteira e eu tenho que ir gravar amanhã bem cedo. – Justificou-se

- Com amanhã bem cedo você quis dizer daqui a pouco, né. São 05:30 da manhã. - Avisei

- Eu não acredito... P*** merda! – Xingou

- Ei! – Demi – Olha o que você fala na frente da minha filha! Não quero que ela aprenda esse tipo de palavreado chulo!

 - Desculpa, foi mal! - Nick

- Foi mesmo! – Ela o encarou - Da próxima vez vou lavar sua boca com sabão! – Demi avisou.

(...)

- Vamos lá cara, se anima. Eu te dou uma carona até o trabalho – Falei e meu irmão riu

- É, no meu carro! – Retrucou.

- É que vou ter que ficar com ele. Vou precisar resolver umas coisas aqui em L.A agora pela manhã. Você não se importa, né? – Perguntei

- E eu tenho escolha? – Rebateu

Saímos de casa no Ford Mustang do meu irmãozinho. Eu sabia que o Nick tinha um ciúme danado daquele carro, mas já que o outro carro dele ainda está apreendido na delegacia devido ao acidente com o Billy Ray Cyrus, era esse mesmo que eu iria usar.

- Eu já te disse o quanto eu adoro sair nesse carro? - Ajeitei o retrovisor enquanto o Nicholas sentava no banco do carona – Ele atrai as melhores gatinhas! – Ri

- Deixa só a tua mulher te escutar falando isso – Ele também riu – Ela vai é lavar a tua boca com sabão!
Rimos

 - Vai te catar!

No caminho até a gravadora paramos rapidamente num Starbucks pra tomar café. Nenhum de nós teve tempo de comer antes de sair de casa.

- ... Eu to te falando cara, a melhor parte de ser casado é o sexo que é de graça. – Bebi um gole do meu café, pensando. - Tá, não chega a ser de graça, ainda mais se levarmos em conta as faturas do cartão de crédito delas, mas é mais barato que prostitutas! – Continuei, estávamos numa daquelas conversas típicas de homem. 

- Cara, o que você sabe sobre prostitutas?! – Nick riu 

- Qual é? Tá me zoando?! Você sabe muito bem que eu sou cara vivido, um cara experiente... Sei de tudo um pouco. – Me gabei. Nick ergueu uma sobrancelha me encarando – Menos disso aí que você tá pensando! Eu sou muito macho! – Bati no peito.

- Tô sabendo...

- Não, mas agora é sério, casamento é difícil ás vezes, mas tem seu lado bom também. Ainda mais quando você casa com uma pessoa que realmente gosta.

- Que nem você gosta da Demi... – Completou

- Que nem eu amo a Demi! – Corrigi imediatamente e ele riu da minha cara – É, eu disse que amo ela!
- Para cara, assim você vai me fazer chorar! – Ele jogou um guardanapo em mim, rindo.

- Eu não to brincando. Eu sou completamente apaixonado pela minha mulher e sabe como eu sei disso? – O encarei - Porque ela é doida!

- Ela é doida?! – Ele gargalhou – Deve ser mesmo, casou contigo!

- É sério, ela doida, completamente pirada e me deixa maluco quase sempre, mas, ainda assim, eu sinto vontade de voltar correndo pra casa depois do trabalho todos os dias, com saudade dela. – O Nick estava rindo, mas aí do nada ele parou e ficou quieto. – O que foi cara?

 – Nada é que... Eu também to apaixonado, cara! – Ele disse de uma forma que eu descreveria até como um tanto constrangido, mas é do Nick que estamos falando. É claro que ele tá tirando uma com a minha cara.

- Fala sério... – Ri – Você apaixonado? Tá bom. Quem é a garota de sorte essa semana?!

- Não, não é nada disso. Eu to mesmo falando sério. Eu até conversei com o pai dela ontem...

- Espera aí. Você foi falar com o pai dela?! – Perguntei

- Fui. E eu não só falei com ele como pedi permissão e tudo.

Fiquei calado, estava tentando descobrir se ele estava ou não falando sério.

- Então o negócio é sério mesmo? - Perguntei

- É claro que é sério. Mas o problema não é isso, é que eu não consigo parar de pensar nela nem por um segundo e eu não me sinto desse jeito em relação a alguém desde que eu era só um moleque! – Respirou fundo - Já to achando que eu to fincando maluco!

- É isso mesmo. – Dei um tapinha nas costas do meu irmão caçula - É disso que eu tava falando. A gente sabe que é mesmo pra valer quando começa a achar que está ficando maluco.

Falei e ele sorriu.

- Mas e aí, quem é a garota? – O Nick me olhou

- Eu vou lá pagar a conta.

- Ah qual é cara?! Você não vai mesmo me contar?! Eu sou teu irmão! – Ele me ignorou completamente e foi pagar a conta.

(...)

Chegamos ao set e eu ainda estava perplexo pelo Nick não querer me dizer quem é a namoradinha misteriosa dele. Eu sou um cara curioso, agora quem vai ficar pensando nisso o tempo inteiro sou eu!

Josh, o empresário do Nick, estava esperando por ele bem em frente ao portão de entrada dos atores.

- Olha só quem resolveu chegar na hora! – Resmungou se aproximando do carro - Só espero que não comece a chover canivetes.

- Bom dia, Josh! – Nick cumprimentou sorridente – Hoje nem o seu péssimo senso de humor vai conseguir estragar meu dia!

- Feliz é? - Questionou

- Muito! – Nick respondeu

- Beleza! Adoro gente feliz! – Josh exclamou – Gente feliz não enche o saco! Agora vai logo pro figurino e maquiagem que a gente tem um monte de cenas suas pra gravar. – O Nick desceu do carro, mas antes dele se afastar, Josh o chamou novamente - Ah, e eu já ia esquecendo, seu convite pro jantar de aniversário da sua gravadora chegou e eu já confirmei a sua presença. Nem preciso dizer o quanto é importante que você apareça nesse evento, não é?! Todos os grandes nomes do ramo da música aqui da Califórnia vão estar lá. Ouvi dizer que até a Byoncé vai marcar presença.

- Ah minha nossa, a Byoncé! – Nick fez uma vozinha fina como que imitando uma garota e gargalhou – Foi mal, eu sei que você é dela. – Ele tocou o ombro do Josh - E é por isso que eu faço essas coisas! – Continuo rindo - Não esquenta, eu vou aparecer. – Nick confirmou – Ah, só uma coisa Josh, eu recebi um convite pra uma acompanhante também, não é?

- Claro. Eu ia até sugerir que você levasse a Delta. Você sabe, pra publicidade do filme. – Josh com tom de obviedade enquanto checava o celular.

- Obrigada pela sugestão, mas eu já tenho uma outra pessoa em mente. – Nick cortou-o

- Como assim outra pessoa? – Josh questionou – Que outra pessoa? 

O Nick apenas sorriu. Deu um tapinha no ombro do Josh e um aceno rápido com cabeça pra mim como forma de despedida e sem dizer mais nada adentrou o set.

Josh ficou lá parado, perplexo.

- Outra pessoa em mente, essa é boa. – Resmungou e me olhou – Você por acaso sabe quem é essa outra pessoa que ele vai levar?

- Não. Desculpe, eu e você estamos no mesmo barco, amigo. – falei e dei a partida, deixando o local.

Narrado por Miley

Los Angeles, Califórnia, 09:17 AM (horário local) Mansão dos Cyrus.

Acordei com o som da campainha ecoando pela casa. Eu estava morrendo de preguiça de me levantar da cama, mas a pessoa apertando o botão lá em baixo, seja lá quem for, era insistente.

- Já vai! – Berrei descendo as escadas depressa. Eu só tinha colocado um roupão pra esconder o meu pijama e jogado uma água no meu rosto, tudo isso ao doce som da minha campainha tocando sem parar. – Já vai! Já to indo!

Abri a porta e dei de cara com....
 




-AHHHHHHHHHHH! – Berrei e quase que imediatamente ela me acompanhou – Eu não acredito! – Abracei a Demi – O seu cabelo tá um arraso! – Tive que comentar.

- Obrigada! – Ela jogou os cabelos como uma DIVA – Você tá mais ou menos perdoada agora!

- Achei que ainda estivesse lá em Jersey. Mas o que é que você tá fazendo aqui?! – Perguntei

- O que mais? – Ela me olhou – Vim te ver, por que se dependesse de ti a gente não ia se ver nunca mais, né?! – Colocou as mãos sobre a cintura – Garota, o que foi isso?! Um ano fora do continente sem nem quase dar notícias... Que tipo de amiga é você?! 

- Das piores, eu acho. – Falei - Desculpa amore, mas se serve de consolo eu também estava morrendo de saudades!

- Tá, vou fingir que acredito! – Ela rolou os olhos, como que fazendo pouco caso – Mas e aí quais são as novidades? – Ela me olhou e eu sorri – Menina, eu estou a mais de um ano sem conversar direito contigo, então eu sei que você deve ter um monte de coisa pra me contar!

- Tenho sim – falei

- Ótimo! – Ela riu – Porque eu não tenho nada melhor pra fazer.

(...)

A Demi estava tomando conta das crianças pois o Nick foi gravar e o Joe tinha que resolver alguns negócios dele aqui na cidade. Então achamos por bem levar as crianças pro shopping, pra irem ao cinema e nós ficamos conversando na praça de alimentação.

Nossa conversa passeou desde o divórcio dos meus pais, a fuga da minha mãe até o pedido de casamento e término do meu noivado.Como a pessoa abelhuda e curiosa que a minha amiga sempre foi, ela me perguntou sobre tudo e exigiu que eu lhe contasse cada trechinho dos últimos acontecimentos com detalhes.

(...)

- Eu não acredito que o loirão fez isso contigo! – Suspirou frustrada – Por isso que dizem que quem vê cara não vê coração, porque ele parecia tão apaixonado por você! Só faltava ele beijar o chão que você pisava!


- É, mas eu desconfiei dele algumas vezes antes quando a gente estava junto lá na Austrália, mas aí eu sempre acabava me convencendo que era só coisa da minha cabeça, que ele não faria isso comigo... Esse é tipo de coisa que quando a gente desconfia, não quer estar certa. Bom, eu estava.
- Babaca! Eu odeio principalmente esses homens que ficam se fingindo de santinhos e que no fim das contas são uns pilantras de marca maior! Antes demonstrar logo de uma vez que é um cafajeste! – Ela resmungou – Mas assim, só por curiosidade, ele nem tentou te convencer a perdoá-lo, nem nada? – Minha amiga perguntou

- Tentar ele até tentou, eu que não dei brecha. – Suspirei - Eu gostava do Liam, não nego, mas não ia deixar ele achar que podia fazer o que bem quisesse e só se desculpar depois que ficaria tudo bem...

- Entendo. Perdoar essas coisas deve ser complicado mesmo. Eu sei que eu não perdoaria! – Disse decidida – E ai do Joe que me apronte uma dessas, que eu não perdoo e ainda arranco o brinquedinho dele fora!

Eu ri.

- Você ainda foi boazinha, só deu um pitizinho básico e terminou tudo, foi até gentil, eu diria. Mas eu... HUM! Eu ia tocar fogo na bagaça! – ela até bateu na mesa pra enfatizar.

- Sabe... No fim de tudo, eu tava indo embora, ele disse que me amava. – Sorri, mas foi um riso triste - Eu queria matar ele e ele disse que me amava, e de todas as vezes que ele me disse isso, essa foi a única que eu acreditei. E eu não consegui perdoar ele, eu não consegui por que se era verdade mesmo, e se ele realmente me amava, então só o amor não era o suficiente, entende?

- Eu sei, o que te magoou não foi só a traição, mas o tipo de amor que ele demonstrou. Você achou que era muito pouco. – Ela entendia. Eu sabia que ela entenderia, talvez fosse por isso que eu sempre esperava o tempo que fosse pra me abrir com ela.

- Éh, é isso.

- Ok. Já chega de falar de sentimentalismo. Eu quero falar de superação! – Animou-se – Agora me diga, o que vamos fazer com seu anel de noivado? É, porque a gente precisa se livrar dele imediatamente! O anel é como se fosse um vínculo eterno, enquanto você não se livra dele de forma apropriada ele fica assombrando a sua vida.

Eu senti vontade de rir e gargalhei, pois eu já havia me livrado do meu anel fantasma.

- O que foi? – Ela questionou enquanto eu ria – Não vai me dizer que você já se livrou dele. – Eu balancei a cabeça afirmando – Mentira! E como foi?

- Troquei com o dono de um bar por 20 dólares e uma cerveja, eu acho. – Tentei lembrar.
Demi ficou de boca aberta. Se eu consegui surpreende-la, então acho que me livrei dele de forma bastante apropriada. 

- Garota, você tem que começar a dar aulas de superação! – Ela disse rindo – Aquele livrinho chinfrim de autoajuda que eu li só dava sugestões babacas perto dessa sua...A-DO-REI! – Pelo visto ela estava tentando imaginar a cena – Imagina só trocar um anel que custou o que? Um milhão? Sei que o loirão é exagerado, deve ter custado algo perto disso. Agora imagina vender um anel desses por vinte dólares... Ele iria infartar se soubesse!

- Iria mesmo, e na verdade custou um pouco mais que isso. Exagero é o nome do meio do Liam! 

(...)

Nós decidimos dar algumas voltas pelas lojas do shopping. As crianças já tinham voltado do cinema e pediram pra irem ao playground, a Demi e eu ficamos bancando as peruas indo bisbilhotar um monte de lojas de grife só com a Mellzinha a tira colo.

- ... Cara, ainda não consigo acreditar que você trocou seu carro, detalhe: um Mercedes, por uma Harley. Você só pode ser louca! – Ela falava do lado de fora do provador. – Só você pra achar que esse poderia ser um bom negócio.

- Ah, nem vem, o Joe também ia achar um bom negócio! – Berrei de volta. Eu estava experimentando um conjunto preto maravilhoso, não tinha intenção nenhuma de comprar, mas ficou bem bonito em mim.

- Ah tá, e você acha que a opinião do Joe pode ser usada como referência pra qualquer coisa que seja?! – Eu saí do provador. A Demi me olhou dos pés à cabeça com um sorriso.

- Eu sei, tô completamente arrependida! – Falei – Mas dá um desconto, vai! Eu estava bêbada e triste, não dava pra pensar direito...

- Por favor, me diz que você vai levar esse! – Ela exclamou – Você ficou maravilhosa! Gatéeerrema! E... Gostosa! – Eu ri do jeito como ela falou.

- Você acha? – Olhei-me no espelho mais uma vez. Eu estava mesmo linda, mas eu não tinha nada planejado onde precisasse um look chique desses e pelo preço que custava e minhas atuais condições não dava pra comprar só por comprar e ficar parado no armário. – Eu acho que não vou levar, não gostei tanto assim....

- Você tá de brincadeira, né?! - Ela questionou

- Mas eu não tenho nem onde usar isso! – Aleguei

- Minha filha, uma roupa dessas atrai a ocasião, vai por mim! – Ela piscou.

(...)

Saí da loja com a sacola contendo o conjunto preto chique que experimentei. A Demi saiu com umas cinco ou seis sacolas e assim nós prosseguimos com nosso tour pelas lojas do shopping.

- ...Eu acho que só tive coragem porque estava bêbada! Juro! – Eu estava terminando de contar a história da Harley pra Demi – Eu estava tão alta que não conseguia nem se quer dar a partida! Não sei como eu não acabei morrendo – Contei rindo

- Ai nem fala isso, sua louca! – Demi também estava rindo – Agora eu tenho certeza absoluta de que você não tem um pingo de juízo nessa cabeça! – Retrucou – Sair em disparada numa moto dessas e ainda por cima bêbada... Foi uma insanidade!

- Eu dirijo bem, você sabe! – Fiz pouco caso - E essa nem foi a maior loucura que eu fiz naquela noite. – Decidi de supetão contar logo tudo pra ela de uma vez.

- E o que mais você fez, roubou um banco? – Ela me olhou – Porque pelo que me contou até agora, não dá pra esperar muito menos que isso.

- Não, mas eu fui numa festa da Anna Oliver – A Demi me fuzilou com o olhar. Ela detestava a Anna Oliver por motivos óbvios – E eu fiz um monte de besteira, bebi pra caramba e fiquei com quase todos os caras da festa - A Demi riu, como se não estivesse acreditando que eu estava dando tanta importância a algo tão insignificante. Até por que isso não era tão diferente de como eu costumava me divertir quando éramos mais novas. Só que eu ainda não tinha terminado – E depois da festa eu voltei pra casa com o Nick... – Eu deixei em aberto, na esperança que ela sacasse tudo logo de cara e eu não precisasse contar.

- Tá, e daí?! Você encheu a cara e saiu pegando todo mundo, normal. Você sempre faz isso... – Ela não ligou as coisas imediatamente, mas foi rápida – Não, espera...AH MEU DEUS! Você voltou pra casa com o Nick! Por favor, me diz que você não ficou com ele! – Ela quase berrou e eu arregalei os olhos fazendo-a perceber isso.

- Eu não fiquei com ele. – Disse e por um segundo a minha amiga sentiu-se aliviada, só por um segundo – Eu fui pra cama com ele! – Especifiquei em um tom mais baixo, quase um sussurro – Não me lembro de absolutamente nada, a não ser acordar nua na cama dele com ele do mesmo jeito ao meu lado, mas o que aconteceu antes disso é bastante deduzível!

- Totalmente deduzível! – Concordou – Vocês dois heim, vou te contar! São rápidos! Bom, mas pelo menos, como você mesma disse, você estava bêbada! Um erro desses qualquer um cometeria... – Ela tentou me animar.

- É, e não significou nada. Nem antes e nem agora. –Falei meio que sem pensar e a Demi me encarou.
- Como assim "agora"? – Questionou – Você está indo pra cama com o Nick regularmente? E ainda por cima Sóbria?!

- Claro que não! – Retruquei imediatamente e a Demi ficou aguardando uma explicação - Eu não fui pra cama com ele, ta?! Só dei uns amassos. – Fiz cara de diva, que não tá nem aí e pega geral - E sim, eu estava sóbria, mas foi só uma vez.

Demi colocou a mão na testa em sinal de decepção.

- Eu não acredito. Você ainda gosta dele! – Afirmou 

- Não! – Aleguei – Eu só estava, sei lá, carente. Não foi nada demais, sério.

- Sério? – Ela me olhou – E quando foi isso?

- Ontem... – Confessei totalmente sem jeito e antes que a Demi pudesse dizer qualquer coisa o meu celular apitou. 

Era uma mensagem dele. Acho que eu não soube disfarçar...

- Quem é? – Ela tentou pegar o celular, mas eu não soltei. Ela puxou mais forte – Deixa eu ver! – Soltei e ela pegou e viu a mensagem. Na verdade, ela viu, abriu e leu a mensagem antes de mim... É muito enxerida essa menina, viu!- Ele tá te chamando pra almoçar... – Contou. Eu imediatamente peguei o celular de suas mãos e li o torpedo que Nick enviara.

De: Nick
Para: Miles

Se não for pedir demais, eu quero te ver. Topa um almoço?
Nick J.


- E aí, topa? – Ela perguntou com seu típico ar de zombeteira. – É, parece que é um pouquinho mais sério do que alguém pensava...

- Eu não vou almoçar com ele! – Disse firmemente jogando celular dentro da bolsa, ignorando completamente a mensagem.

- E por que não? Se não é nada sério então não vai ter nada demais em aceitar o convite dele. – Ela me olhou de rabo de olho – É só um almoço, não é um pedido de casamento, Miley.

- Olha aqui não começa! – Retruquei – Você tá do lado de quem afinal?

- Do seu ora! – Exclamou – E é exatamente por isso que eu to dizendo que acho que você deveria ir.

- Ah é? E por quê? - Questionei

- Porque você quer ir. – Ela parou de caminhar, me encarando.

- Quem disse que eu quero ir? – Rebati - Eu nunca disse que queria ir! 

- Então você não quer ir? –Ela perguntou, eu hesitei - Ou você só quer que eu pense que você não quer ir, porque se for só isso então é melhor você ir.

A Demi me olhou exatamente daquele jeito que eu detesto. O jeito de senhora sabe tudo dela. Dá raiva disso às vezes!

Ela se aproximou de mim.

- Se quer saber a minha opinião sobre você sair com o Nick, bom, eu acho que é um erro! – Ela começou e eu ia falar alguma coisa pra tentar me justificar, mas ela continuou – Mas sabe de uma coisa? Na vida a gente comete um monte de erros! – Encarou-me – Com uns a gente aprende alguma coisa, com outros não aprende absolutamente nada... – Riu – Faz parte de viver. Então se quer o meu conselho de amiga lá vai: Aceita o convite, almoça com ele, conversa bastante e... beija bastante. Se diverte! E se, de repente, você achar que isso não é o que você quer agora, tudo bem, por que como você mesma disse, não é nada sério! – Ela piscou pra mim.

- Eu odeio você! – Eu disse e ela riu – Eu te odeio muito!

- Você me adora que eu sei! – Ela me abraçou – Que outra amiga sua apoiaria você nessas suas maluquices?

E foi nessa hora que o meu celular chamou.

- Será que é ele?

- E você acha que é quem, o seu dentista? – Ela retrucou. No visor o nome do Nick piscava, eu ia atender, mas a Demi segurou minha mão – Deixa chamar... Ele vai ficar louco com isso! – Rimos

Deixamos cair na caixa postal e ele ligou de novo.

- Garoto insistente, é assim que eu gosto! – A Demi riu. Novamente eu ia atender, mas ela foi mais rápida e apertou a tela de forma pra rejeitar a chamada.

- Que você tá fazendo?! – Questionei

- Só confirmando o quanto ele está a fim de sair com você. – Ela disse simplesmente - Ai, eu queria ser só uma mosquinha pra ver a cara do Nick agora!  - Ela gargalhou - Ele deve estar subindo pelas paredes!
 E como ela esperava, ele ligou de novo.

- E agora?

- Agora atende. Acho que já maltratamos ele o bastante! – Eu atendi com o coração pulsando forte. A nossa brincadeirinha fez isso comigo.

Ligação On

- Alô.

- Você não vai mesmo aceitar o meu convite? – Ele falou do outro lado da linha – Olha que você vai se arrepender... – Eu ri e a Demi junto comigo, mas bem quietinha pra ele não saber que ela estava ouvindo toda a nossa conversa.

- Sabe o que é, você fez um pedido direto e eu entendo, você é um cara bem direto naquilo que quer, mas diferente de você eu não sou uma pessoa assim tão direta nas minhas respostas, então eu tenho que pensar... - Respondi

- Ok! Tem que pensar né... Beleza. Olha só, você pode ter o tempo que quiser pra pensar, contanto que diga sim! – Eu sorri imaginando ele me dizendo isso.

- Não crie tantas expectativas, ainda estou analisando prós e contras. – Fingi descaso

- Então deixa eu te ajudar com os prós: O dia tá lindo, o clima aqui em Los Angeles tá mais ensolarado do que nunca, perfeito pra sair pra almoçar. Você já tem a companhia, então não falta mais nada... Ah, e eu vou te levar num restaurante italiano incrível que abriu esses tempos, sei que você adora comida italiana.

- Tá bom, até que eu gostei dos prós, você foi convincente. Agora me ajuda com os contras. 

- Os contras? – repetiu – Deixa eu ver... Não tem nenhum! – Riu – Ajudei?

- Muito.

- E qual é a sua resposta? 

Pensei brevemente. A Demi estava roendo as unhas esperando ansiosa e eu decidi arriscar.

- Me passa o endereço por mensagem que eu vou te encontrar lá. – Eu consegui saber que ele sorriu do outro lado da linha.

- Ok.

- Ok.

Ligação Off

Desliguei e guardei o celular de volta na bolsa.

- Se você pudesse ver o tamanho desse seu sorriso... – Mal eu desliguei e a Demi já começou me xavecando – E esse final de ligação copiado de “a culpa é das estrelas?!” Ok! Ok! – Ela imitou o que seria o meu ok e o ok do Nick, eu tive que rir – Mas fala, você tá feliz, né? – Perguntou - A verdade!

- Eu sei lá... Acho que estou.

- Que bom! É só isso que importa!



(...)

Do shopping eu já vim direto pro restaurante onde eu deveria encontrar o Nicholas. Como eu tinha saído com a Demi essa manhã até que eu estava mais ou menos arrumada, ou pelo menos decente pra aceitar um convite de um cara pra almoçar.





O restaurante era um bistrô bem ao estilo italiano mesmo. As mesas eram feitas pra parecerem barris de vinho e estavam cobertas por toalhas quadriculadas de vermelho e branco. Garrafas de vinho vazias eram usadas como castiçais e havia um lírio do campo em um vasinho simples em cada mesa. Assim que entrei avistei o Nick, ele estava sentado em uma mesa de canto estrategicamente posicionada para que qualquer pessoa que passasse pela porta pudesse ver. Ele estava usando uma roupa casual e boné de beisebol, talvez fosse por isso que eu achei que ele estava parecendo um menino.





Ele abriu aquele sorriso absolutamente perfeito que eu adoro quando me viu e eu me permiti ficar secretamente feliz por causa disso. Levantou-se para me cumprimentar com um beijo que deveria ter sido na bochecha, mas que foi mais no canto da boca. Deixei passar.

- To feliz que você veio! – Sussurrou afastando-se uns dois passos

- Eu disse que você foi convincente. – Falei tomando o meu lugar bem a sua frente.

O Nick já tinha feito nossos pedidos, por isso nossos pratos foram servidos assim que eu cheguei. Ele também tinha pedido um vinho pra gente. A comida daqui era ótima e a sobremesa então, nem se fala. 
Conversamos muito, sobre um monte de coisas e sobre nada realmente relevante, mas estava sendo bom. Não havia um clima tenso como eu imaginei que haveria entre nós e eu estava de fato me divertindo. 

E como sempre a Demi tinha razão...

O Nick estava me contando sobre as gravações do seu filme, eu que tinha perguntado, só pra puxar um assunto, mas ele não parecia tão empolgado quanto eu achei que ele estivesse com esse projeto.

- Mas e como está sendo pra você esse corre-corre de ter que voltar a ir ao set todos dias pra gravar?

- Pra ser bem sincero com você eu to achando um saco! Odeio ter que levantar cedo todos os dias e chova ou faça sol ter que estar lá... Cara, eu fiquei em turnê durante seis meses esse ano, então eu estava voltando pra casa agora e eu achava que eu deveria dar um tempo e descansar, mas o meu agente achava outra coisa... – Ele contou

- Ah, mas você se deu bem no fim das contas. Até onde eu sei tinha um monte de outros atores querendo esse papel.

- Não, nisso você tem razão. Sem dúvida é um grande papel que vai beneficiar muito a minha carreira, mas você sabe, eu não sou mesmo um ator. Eu sou músico, é que eu sei fazer e é o que eu gosto de fazer. – Ele disse e me pareceu bem sincero. – Mas e você? O que andou fazendo lá pela Austrália? Sei que você não consegue ficar longe do trabalho, é uma Workaholic.

- Na verdade, dessa vez eu consegui. – Disse e sorri – Dei um tempo de uns três ou quatro meses – Ele me olhou tipo quem diz “tudo isso!” de maneira sarcástica, é claro – Depois eu comecei a trabalhar em algumas músicas, tentei elaborar um álbum, não deu lá muito certo. Como você já sabe. – Fiz uma pausa curta - Ah, e eu fiz aulas de fotografia.

- Legal! Eu lembro que você adorava isso.

- É e foi realmente muito bom! – Por estarmos tocando nesse assunto eu acabei me lembrando do Drew, o meu professor de fotografia, que havia sido assassinado um pouco antes de eu voltar pra cá. 

- Miley, você tá bem? – Me perguntou – ficou calada de repente.

- Estou. Eu só lembrei de uma coisa importante que eu tinha esquecido, só isso.

O Nick pediu a conta e nós deixamos o restaurante.

- Você vai ter que me dar uma carona pra casa. Como o Joe pegou meu carro eu tive que vir de táxi pra cá. – O Nick explicou enquanto saíamos pela porta da frente do restaurante.

- Tudo bem, mas eu também não estou de carro. – Contei. Nick olhou-me sem entender, até que fui até a minha Harley estacionada bem em frente ao restaurante. – E aí, vamos nessa?! – Perguntei já montada nela e colocando o meu capacete.

O Nick veio caminhando até mim.

- Não tinha como eu me dar melhor nessa... Uma carona de uma gata numa Harley. Vou ter que contar isso pros meus netos! – Disse risonho antes de montar na minha garupa.

O comentário do Nick poderia ter me deixado constrangida, mas foi o contrário, eu me senti mais confiante. Me senti desejada!

Dei a partida. Nick aproveitou-se para agarrar em minha cintura

- Ei, o que acha de ir fazer alguma coisa comigo? – Falou ao meu ouvido.

- Fazer alguma coisa? – Questionei – Você bem que poderia ser um pouquinho mais especifico.

- Ah... Alguma coisa. É Los Angeles, a cidade do entretenimento, deve ter alguma coisa legal pra gente fazer juntos.

- Você não deveria voltar para o trabalho agora?

- Deveria, mas eu decidi me dar à tarde de folga hoje. – Ele disse

- Então você mesmo se deu folga?

- Isso mesmo! – Respondeu risonho – É tão bom ser o meu próprio chefe!

- Ah é, eu iria adorar ser a minha própria chefe também! – Concordei

- E então, topa ir comigo queimar um pouco de asfalto nessa moto irada? – Perguntou-me

- É, acho que eu também mereço uma tardezinha de folga. – Falei e sorri

 (...)

Combinamos que daríamos umas voltas pela cidade pra ver se achávamos alguma coisa boa pra fazer. Quando passamos por uma quadra de beisebol onde estava havendo uma final de campeonato intercolegial o Nick decidiu que queria assistir ao jogo.






Era a liga amadora e o estádio de beisebol era bem simples, só com algumas arquibancadas lotadas de pais e alunos. Ainda assim era muita gente e eu fiquei com receio de sermos reconhecidos.

- Não esquenta com isso, é só agir feito gente normal. – Nick instruía-me enquanto descíamos da moto - E caso alguém te pergunte “Você é a Miley Cyrus?” – Não sei por que ele fez uma vozinha fina e irritante nessa parte - Aí você diz: Não, todo mundo fala que eu me pareço com ela, mas eu não acho. Ela é muito mais bonita do que eu! – Imitou o que seria a minha voz, só um pouquinho menos irritante que a voz anterior - Aí a pessoa vai desencanar de você...

- É isso que você faz?

- É, e te garanto que funciona!

Sentamos na arquibancada do colégio com uniforme azul, isso era tudo que eu sabia. Mas precisavam ver o jeito do Nick assistindo o jogo, parecia que ele estava assistindo a final do campeonato mais importante pro time favorito dele.

Ele vibrava a cada lance e também esperneava a cada erro dos garotos em campo, eu estava vendo à hora dele xingar a mãe de alguém... Sério, nem os pais eram assim tão obcecados!

- Vou ali comprar um cachorro quente! – Falei após uns vinte minutos de jugo.

- Uhum. – Foi o que ele respondeu, mas acho que nem percebeu que eu saí do seu lado.

(...)
- Onde você tava? – Perguntou quando eu voltei.

- Ah então você notou a minha ausência? Achei que nem iria perceber... – Resmunguei – Eu fui ali naquele trailer comprar um cachorro quente e refri. E advinha só, o dono do trailer achou que eu era a Miley Cyrus! – Contei e ele riu – Eu disse pra ele que não tenho nada haver com ela porque ela é demais! Mas ele me deu o cachorro quente de cortesia ainda assim.

- Você também é demais! – Ele disse só pra me zoar. E ainda por cima deu uma mordida no meu cachorrinho quente. Eu fiquei indignada, mas antes que eu pudesse reclamar um dos garotos da escola pra qual nós estávamos torcendo rebateu e fez um home-run. Todo mundo comemorou e o Nick todo alegrinho me puxou pela cintura, girando-me no ar.

Eu olhei em seus olhos e pude ter certeza, ele estava mesmo feliz.

 (...)

O jogo seguiu e agora o Nick estava me explicando algumas coisas pra que eu pudesse entender as jogadas. Enquanto ele falava, eu devorava o meu cachorro quente.

- ...Então aquele ali com a “armadura” é o tal do Pitcher? – Perguntei

- Não, aquele lá é o Catcher (Aparador). O trabalho dele é aparar as bolas que o Pitcher arremessa. – Explicou - Pode-se dizer que a figura de destaque na defesa é o Pitcher (Arremessador). Sua função é arremessar a bola para o catcher, que realiza as recepções. O objetivo do arremesso é atingir a “zona de strike”, uma área imaginária, determinada pelo Umpire principal, que é aquele árbitro ali, – apontou - logo atrás do catcher. Essa área da qual eu estou falando se localiza entre os ombros e os joelhos do rebatedor – Apontou para um estudante que estava se preparando para rebater.

E como toda pessoa que não entendeu nada eu apenas balancei a cabeça em concordância...

Então, de repente o Nick estava me olhando fixamente e eu não sabia por que. Imaginei se ele tinha percebido que eu não prestei muita atenção nas coisas que ele falou, mas também, quando é que eu vou usar conhecimento de beisebol na vida?

Ele continuava me olhando e então se aproximou, um de seus dedos tocou meus lábios e eu achei que ele iria me beijar na frente dessa gente toda e eu praticamente petrifiquei, mas não estava entendendo nada. 

No fim das contas ele só esfregou o polegar na parte superior da minha boca, como que limpando aquela região.

- É que aqui estava sujo de mostarda. – Explicou logo após o seu movimento e eu queria me enterrar porque o meu coração tinha disparado e eu com certeza estava vermelha feito um pimentão.
Ainda bem que um dos jogadores fez alguma besteira e isso distraiu os espectadores e o Nick, dando-me algum tempo para me recompor.

(...)

O jogo acabou sem grandes surpresas. Nick era mesmo pé quente, já que a escola pra qual estávamos torcendo ganhou com um placar de 8-6. Até que tinha sido legal assistir a um jogo de beisebol ao vivo. Não sei se eu iria querer repetir a dose tão cedo, mas admito que foi empolgante.

Descemos da arquibancada e o Nick quis ir cumprimentar os jogadores. Os meninos do time estavam deixando o campo felicitando o companheiro que havia feito o home-run.

- Aí, garoto! – Nick se aproximou dele cumprimentando-o por cima da grade que separava o campo das arquibancadas – Bom jogo!

- Obrigado! – Ele respondeu

- Parabéns! – Cumprimentei-o sorridente. O menino imediatamente desviou o olhar do Nick pra mim. Bom, mais especificamente pros meus peitos. Eu até me sentiria ofendida se fosse uma outra situação, mas ele era um só um garoto, devia ter a idade do Frankie mais ou menos.

- Uau! – Juro que o menino parecia embasbacado ali me olhando

- Ei moleque! – Nick chamou a atenção dele – Você estava olhando os peitos da minha namorada? – Questionou

O Nick saltou a grade. Fiquei preocupada dele querer bater no garoto.

- Não, eu não estava eu... eu – O menino tentava se explicar –Desculpe, eu não sabia que ela era sua namorada. É que ela é tão linda e eu só estava admirando ela... – Acho que ele também estava com medo de apanhar.

- É, ela é linda mesmo! – Nick repetiu - e os peitos são lindos também! – Ele encarava o moleque. Eu queria socá-lo – Eu também iria “admirar” se fosse você. – Era definitivo, eu iria socá-lo - Mas por que só ficar olhando se você pode ir além? – Como é que é?! – Olha só Brian, - O nome do menino era esse – Como eu sou um cara bacana eu proponho uma aposta... – Ele me olhou e piscou pra mim. Eu queria era entrar lá naquele campo e quebrar tudo aquilo que ele chama de cara! – Se você conseguir aparar pelo menos uma das minhas três rebatidas eu te deixo dar um beijo nela. – Apontou pra mim.

O garoto logo se empolgou, abriu um sorrisão, muito satisfeito. Eu encarei o Nicholas querendo fuzilá-lo enquanto ele se aproximava da grade.

- Ficou maluco? – Reclamei – Apostou um beijo meu com um garotinho?!

- Confia em mim! – Ele disse olhando nos meus olhos e me roubou um selinho rápido sem que eu pudesse negar – Pra dar sorte!

Eles correram cada um pras suas posições.

- Ei cara, eu não entendi muito bem essa aposta! – O menino gritou - Se eu ganhar, vou beijar a sua namorada, mas e se você ganhar? 

- Ganho o mesmo que você! – Nick respondeu me olhando diretamente. 
O garoto não deve ter entendido, mas eu entendi. 

Brian calçou a luva e se posicionou para o primeiro arremesso. Nick virou o boné pra trás e agarrou o taco com força.

No primeiro lance o Nick não rebateu com muita força, mas a bola tocou o chão logo, não dando tempo para que o garoto sequer se movesse para pegá-la.

- Strike 1! – Nick berrou

No segundo lance foi quase a mesma coisa, só que dessa vez o Brian correu para pegar a bola antes que ela tocasse o chão, e foi por pouco, quase ele conseguia pegar.

- Strike 2!

O meu coração estava acelerado por causa do ultimo lance. O Nick estava lá parado, sorrindo despreocupado, como quem está absolutamente certo da vitória.

É um palhaço mesmo!

Era o ultimo lance, Brian pareceu mandar a bola com toda a força que tinha. Eu acompanhei a cena como se ela estivesse passando em câmera lenta. O Nick rebateu e mandou pra fora do estádio.




- E foi Home-run! – Berrou feito um louco

O menino ainda correu pra tentar saltar a grade e o Nick também correu, só que ele correu em minha direção com um sorriso e os braços erguidos em comemoração. 

Saltou a grade num pulo e ficou frente a frente comigo.

 
- O que você pensa que está fazendo?

- Curtindo o meu home-run! – Disse como se fosse óbvio - e agora eu quero o meu prêmio! – Ele me beijou com tudo. 




Suas mãos envolveram meus quadris me arrastando pra perto e logo foram subindo pra minha cintura em uma carícia ardente. Seus lábios devoravam os meus afoitos e eu não consegui fazer outra coisa a não ser me entregar aquele beijo que foi um dos melhores da minha vida! 



– Eu senti falta da sua boca! – Sussurrou sôfrego pra mim enquanto tentávamos retomar o ar.

- E eu da sua! – Disse ofegante. Eu ainda queria beijá-lo, mas o Brian estava se aproximando da gente.
Ele estendeu a mão para cumprimentar o Nick.

- Foi um bom jogo cara! – O garoto falou

- Foi sim! – Nick concordou – Você é bom garoto, pena que eu sou o melhor! – Gabou-se e eu revirei os olhos.

O garoto ficou tímido quando eu me aproximei e lhe dei um beijinho na bochecha.

- Vou te contar um segredo – Sussurrei ao seu ouvido – Eu achei que você foi demais! – As bochechas dele coraram instantaneamente.

Ele sorriu e saiu correndo, envergonhado.

Depois que o menino se afastou Nick e eu nos olhamos.

- Não achei isso justo. – Ele reclamou – Por que você também deu um beijo nele?

- Porque eu quis – Encarei-o – Até onde eu sei, posso beijar quem me der vontade... – Coloquei uma mão na cintura para dar ainda mais ênfase ao que eu havia acabado de dizer.

Os olhos do Nick estavam focados em mim. Em um movimento rápido, as mãos dele me puxaram pela cintura e me lançaram contra a grade que separava o campo das arquibancadas. Seu corpo prendeu o meu e ficamos tão colados que as pontas de nossos narizes roçaram uma na outra.

- Eu sei que eu estou com vontade de te beijar! - Ele sussurrou. Uma de suas mãos deslizou por minha cintura até o meu quadril.

Ele até tentou me beijar, mas eu não deixei. Desviei e seus lábios apenas tocaram a minha bochecha. Eu sorri e ajeitei a gola da sua camisa.

- Que pena porque a sua aposta foi só um beijo e você já recebeu seu prêmio! – Eu disse sorrindo, o mantendo a uma distancia segura com uma de minhas mãos espalmadas em seu peito.

- Eu não sabia que você era assim tão mão de vaca! – Reclamou – Não vai me dar nem mais um beijinho de lambuja?!

- Não, não vou! – Falei rindo e empurrando-o pra trás

- Só um!

- Não!

- Qual é, unzinho só!

- Já disse que não.

Nick me encarou e então me soltou com muita facilidade. Estranhei por que ele saiu correndo na outra direção.

- Aonde você vai? - Perguntei

- Procurar o resto dos garotos do time. Pelo visto vou ter que apostar com eles também! – Disse e rimos de sua piadinha.

(...)

Já era de tardinha quando atravessamos a Pacifc Coast. Como era a minha vez de escolher a “alguma coisa” que faríamos agora, nós seguimos até a região de Malibu. O Nick que estava dirigindo dessa vez enquanto eu aproveitava o sol e o vento gostoso dessa região que é dividida em várias praias. Eu escolhi parar numa chamada El Matador Beach, que tem um visual incrível, com algumas formações rochosas que ficam lindas ao pôr do sol.




Deixamos a moto num estacionamento e descemos para a praia. O clima de fim de tarde em Los Angeles estava ameno e o vento soprava lentamente contra os nossos rostos, como que numa espécie de dança sensual.

Nick correu pra chegar mais perto da beira do mar.

- Você vem?! - Ele chamou e eu também fui

Caminhamos a passos lentos na beirada da praia. A maré vinha e batia em nossos pés descalços, misturando areia e água. O vento continuava soprando, carregado do cheiro e gosto do sal do mar. As ondas quebravam-se lentamente vindo de encontro ao litoral, era uma cena bonita e tranquilizante.

Parei de caminhar sem me importar se o Nick seguiria ou não sem mim. Fiquei só ali parada encarando o horizonte. Era impressionante como o mar me passava uma sensação de alívio quase que inexplicável e o vento soprando, agora um pouco mais forte, parecia levar todas as dores embora junto com ele.

Havia tantas coisas enclausuradas em minha mente que às vezes ficava até um pouco difícil de respirar. Mas eu não queria ter que pensar em nada disso agora, nem nos meus pais ou no fim do meu relacionamento, nem no trabalho ou em qualquer um dos outros problemas que eu sabia que tinha. Eu queria apenas olhar pro mar e esquecer, mesmo que por alguns instantes, era tudo que eu queria. 

Não tinha notado que o Nick permaneceu do meu lado até ouvi-lo suspirar pesadamente.

- Foi um ano complicado esse, né?! - Ele comentou encarando algum ponto imaginário no horizonte.

- Complicado é apelido. – Retruquei – Esse foi de longe o ano mais conturbado da minha vida! – Confessei e ele me olhou com um sorriso de lado.

- Não esquenta, já ta quase no fim! – Ele disse isso se referindo ao ano, pois já estávamos em dezembro e de fato o ano estava péssimo estava quase no fim. Eu sorri. Não sei dizer o porquê, mas o comentário bobo dele fez com que eu me sentisse um pouco mais leve.



Inevitavelmente pensei em nós de um jeito diferente, não como um casal de namorados ou seja lá o que for que somos agora, mas como amigos. E de certa forma, foi bom pensar nele desse jeito. Eu gostava de estar com ele, de te-lo por perto. Ele sabia me fazer sentir bem como ninguém mais conseguia, e essa era uma das coisas das quais eu senti mais falta...
Eu estava olhando distraidamente pra ele e como se tivesse algum tipo de atração magnética entre nós dois, ele também olhou em minha direção e os seus olhos encontraram os meus.


Amar pode doer
Amar pode doer às vezes
Mas é a única coisa que eu sei
Quando fica difícil
Você sabe que pode ficar difícil às vezes
É a única coisa que nos mantém vivos



Nick chegou bem pertinho de mim, se colocou exatamente do meu lado e como se pudesse adivinhar cada um dos meus os meus desejos mais ocultos, passou um de seus braços em minhas volta, abraçando-me de lado. Passei meus dois abraços ao redor de seu corpo também, abraçando-lhe o tronco e encostei minha cabeça em seu peito.





Senti-me tão quentinha e acolhida. Podia ouvir o seu coração pulsando e o cheiro dele misturava-se com o do oceano e era soprado contra mim de vez em quando, no ritmo lento do vento.
Finalmente eu senti um pouco de Paz!

Nós mantemos este amor numa fotografia
Nós fizemos estas memórias para nós mesmos
Onde nossos olhos nunca fecham
Nossos corações nunca estiveram partidos
E o tempo está congelado para sempre



Caminhamos mais um pouco e depois só ficamos ali parados diante do mar durante um longo tempo. Meus cabelos esvoaçavam levados pelo mesmo vento que empurrava as ondas de volta a beira da praia. O céu estava pintado nos tons amarelo-alaranjado e vermelho do entardecer, tão lindo que era de tirar o fôlego.
- A maré já ta subindo. O sol vai se pôr daqui a pouquinho. – Ele disse – Vem, vamos procurar um lugar pra gente assistir o espetáculo. – Tomou-me pela mão e procuramos um lugar num ponto um pouco mais alto da praia.

Então você pode me guardar no bolso
Do seu jeans rasgado
Me abraçando perto até nossos olhos se encontrarem
Você nunca estará sozinha
Espere por minha volta para casa.



Havia algumas pessoas espalhadas em vários pontos da praia. Algumas fazendo piquenique e outras só acomodadas esperando pra ver o sol se por. Como era um dia útil da semana não tinha muita gente e nós pudemos escolher nossos lugares bem à vontade.

Sentei-me na areia segurando minhas pernas envoltas em meus braços, eu estava usando uma blusa fininha e como estava ficando mais tarde e a maré estava subindo o frio logo me atingiu, mas não me importei muito. Fechei os olhos lentamente, aspirando um pouco o ar, e depois os abri novamente.

- Miley, - Senti um arrepio quando ele sentou ao meu lado e chamou meu nome. Eu me achava uma fraca sempre que percebia o que só o som da sua voz ou a sua proximidade era capaz de fazer comigo – Você está bem?! Está tão quieta. – Ele me olhou e eu fiquei meio que presa naqueles profundos olhos castanhos.

Não, eu não estou nada bem, definitivamente... 

- Estou bem, só que estou com frio! – Sorri timidamente, eu não queria demonstrar qualquer tipo de sentimento mais parecia inevitável sempre que ele estava perto.

Amar pode curar
Amar pode remendar sua alma
E é a única coisa que eu sei
Eu juro que fica mais fácil
Lembre-se disso em cada pedaço seu
E é a única coisa que levamos conosco quando morremos



Eu estava realmente sentindo um pouco de frio, mas o cheiro calmante da maré parecia compensar, sem falar na proximidade entre nós dois. 
Nick tirou seu próprio casaco e colocou sobre mim sem me deixar dizer uma palavra sequer. Quando fez isso, ele acariciou o meu ombro de leve de um jeito carinhoso. O seu cheiro estava totalmente impregnado naquele casaco e me fez lembrar o quanto eu gosto do perfume que ele usa.
Ele voltou a olhar pro mar.

 - É tão gostoso ficar aqui. – Falou - Parece um lugar bom pra pensar ou só pra parar e relaxar... Acho que de agora em diante quando eu quiser sumir eu venho pra cá! – Sorriu – É até mais fácil de respirar aqui! – Nem tanto, graças a ele eu não poderia concordar com isso...

Olhei para as ondas e demorei mais algum tempo olhando fixamente a maré, agora mais alta, levando parte da areia da praia a cada onda que batia com violência na beirada, pensando sobre como as coisas acontecem em nossas vidas, e por mais que tentemos, nós não temos o mínimo controle sobre nada. Nós somos como a areia e a vida é como as ondas.

Nós mantemos este amor numa fotografia
Nós fizemos estas memórias para nós mesmos
Onde nossos olhos nunca fecham
Nossos corações nunca estiveram partidos
E o tempo está congelado para sempre



- Não tem com o que se preocupar... – Nick tirou-me do transe, falando depois de algum tempo que passamos em silencio - Vai ficar tudo bem. No final tudo sempre dá certo! –Sua voz soou tão tranquilizadora quanto à de um velho amigo – Eu sei que você já deve ter escutado isso um monte de vezes, de um monte de gente, – Fez uma curta pausa – mas é verdade. Vai ficar. Parece difícil de acreditar nisso agora, quando se está passando por milhões de problemas, mas é sério, as coisas vão se resolver, no tempo certo. – Virou-se pra mim me olhando ternamente - Você só precisa ser forte o bastante pra esperar esse tempo chegar, e eu sei que você é! – Ele colocou uma mecha do meu cabelo rebelde para trás da minha orelha e sorriu pra mim. 

Então você pode me guardar no bolso
Do seu jeans rasgado
Me abraçando perto até nossos olhos se encontrarem
Você nunca estará sozinha
E se você me machucar, tudo bem querida
Apenas as palavras sangram
Dentro destas páginas, apenas me abrace
E eu nunca te deixarei ir
Espere por minha volta para casa.



Eu apenas assenti sem dizer nada, não era uma boa hora pra confiar na minha voz. Virei o rosto um pouco rápido demais e recuei desajeitada, ele me deixava assim. Com a cabeça baixa eu fechei os olhos tentando controlar a vontade de passar meus braços em volta do seu pescoço e beijá-lo. Então encarei o mar e sorri discretamente do meu próprio desejo bobo. Não foram só as coisas que ele disse, mas o jeito como ele disse que me fez sentir como se eu realmente fosse capaz de superar tudo isso e finalmente deixar o passado para trás, e eu não estava exatamente pensando nos meus problemas agora. 

Deitei minha cabeça em cabeça em seu ombro e imediatamente ele colocou o seu braço ao meu redor, me acolhendo. Esse era um bom meio termo. Não era um beijo, mas era tão bom quanto um. Acho que ainda não havia mencionado isso, mas Nick estava mais lindo do que nunca sob a pouca iluminação que o sol já se despedindo nos proporcionava.





Assistimos ao pôr do sol desse jeito. Juntos abraçados e sentados na areia.

Me espere para voltar pra casa



- A gente devia fazer isso mais vezes. – Ele disse isso e beijou o topo da minha cabeça.






- É, devíamos mesmo! – Concordei. 


Me espere para voltar pra casa



Aconcheguei-me ainda mais em seus braços, sentindo-me excepcionalmente em calma. Em resposta ao meu gesto ele me abraçou mais e eu senti como se seus braços fossem o melhor lugar do mundo. Tinha alguma coisa em estar assim junto dele que me passava essa sensação de tranquilidade e segurança, embora, algumas vezes, ficar perto dele também me faça sentir completamente constrangida e tímida, ao mesmo tempo, quando ele me abraça forte desse jeito, eu me sinto protegida.





Me espere para voltar pra casa




Abri os olhos lentamente e o olhei, Nick estava me olhando também, com um sorriso terno nos lábios.
Eu só consegui pensar que eu costumava amar esse sorriso. Inconscientemente, me fez querê-lo ainda mais.


Me espere para voltar pra casa



- Você é tão linda! – Ele disse simplesmente, como se estivesse me cumprimentando com um “oi!”, mas seus olhos pareciam fascinados, queimando com um brilho que eu não via há muito tempo. – Dá vontade de ficar aqui te olhando... – Ele mordeu um sorrisinho de constrangimento pelo que disse. 

- Só olhando?! – Murmurei impensadamente, apenas falei o que pensei.Sentia meu corpo inteiro formigando com a ideia da boca dele tão ao meu alcance. Meu coração também já havia se manifestado e agora estava batendo forte. Passei uma de minhas mãos por seus cabelos até a sua nuca, ele suspirou quando eu aproximei o meu rosto do seu.

- Não. – Sussurrou.

E você poderia me colocar
Dentro deste colar que você usou
Quando tinha 16 anos
Perto do seu coração onde deveria estar
Mantenha isso no fundo de sua alma




Eu o beijei. Acho que eu nunca quis beijar alguém tanto assim.







A familiar sensação estar em um beijo perfeito veio assim que nossos lábios se tocaram. Ele segurou meu rosto com cuidado, intensificando ainda mais essa sensação, como se quisesse deixar isso gravado em mim, através do gosto inesquecível que só o beijo dele tinha.

Nick tinha o seu próprio jeito de fazer com que tudo fosse, ao mesmo tempo,intenso e calmo, selvagem e delicado. Como se quisesse que pudéssemos capturar cada mínimo detalhe, cada gesto e gosto, cada sensação. Sua língua invadiu minha boca devagar vasculhando cada milímetro demoradamente, me fazendo desejar secretamente que esse beijo nunca tivesse que terminar.

Perduramos o beijo até nós dois ficarmos completamente sem ar.

E quando acabou eu tive medo...

E se você me machucar
Mas está tudo bem, querida
Apenas as palavras sangram
Dentro destas páginas, apenas me abrace
E eu nunca te deixarei ir


Tive medo pois estava me sentindo ligeiramente apaixonada por ele e essa era uma sensação estranhamente familiar, a qual eu já não estava mais acostumada: O meu coração estava batendo rápido demais e forte demais e também tinha aquela sensação de bem estar inesperado enchendo o meu peito como se fosse um balão de ar...


E eu quis sair correndo e fugir disso, mas minhas pernas não me obedeceram. Nick encostou a testa na minha e roçou levemente nossos narizes, fazendo carinho.

- Eu sei que estamos “indo devagar” agora, mas, algum dia, nós podíamos nos dar uma última chance. – Ele disse alto só o suficiente pra que eu pudesse ouvir, sem se mover um milímetro sequer, com o rosto ainda próximo ao meu.

Afastei-me um pouco, sacudindo a cabeça tentando pensar direito.

E você poderia me colocar
Dentro deste colar que você usou
Quando tinha 16 anos
Perto do seu coração onde deveria estar
Mantenha isso no fundo de sua alma



- Não acho que devemos! – Falei do mesmo jeito, angustiada, aquele sentimento no meu peito e as batidas do meu coração ainda estavam me fazendo sentir estranha ainda. – Na verdade, acho que devíamos desistir de insistir em nós.- Completei o mais rápido possível pra não fazer isso durar mais que o necessário.
Nick ficou quieto. Eu me encolhi voltando a abraçar minhas pernas, como antes. Ele também endireitou-se, voltando a ficar sentado na areia olhando adiante. 

E se você me machucar
Mas está tudo bem, querida
Apenas as palavras sangram
Dentro destas páginas, apenas me abrace
E eu nunca te deixarei ir




- Eu não vou desistir. – Disse simplesmente depois de uns segundos calados - Porque se eu desisto você me perde. – Ele fez uma curta pausa e eu o olhei. O vento estava soprando em seu rosto e ele tinha algo de tão intenso, mas eu não saberia explicar– e eu perco você! – Respirou fundo antes de continuar - E eu não vou te perder nunca mais! - Olhou-me e o meu coração foi começou a bater tão depressa que eu achei que ele iria explodir, mas quando o Nick sorriu pra mim tão terno ele foi desacelerando aos poucos.
E como um reflexo os “Eu te amos” de antes, tão significativos e coloridos pra mim, dançaram em minha mente, trazendo-me de volta aquelas recordações guardadas em minha memória há tanto tempo, que talvez nunca tivessem feito tanto sentido como quanto fazem agora.

Quando eu estiver longe
Me lembrarei de como você me beijava
Embaixo do poste de luz da 6º rua
Ouvindo você sussurrar pelo telefone
Espere por minha volta para casa



“- Eu te amo Miles!”



“ – Ninguém nunca vai conseguir te amar do jeito que eu te amo!”




“- Eu te amo, sempre amei e desde a primeira vez que eu olhei dentro desses seus olhos azuis incríveis eu soube que te amaria por toda a minha vida!”



“- Miley para, você sabe que eu te amo!”



“ – Eu...eu amo você!”



“- Eu ainda te amo, como antes... Até mais que antes! Com certeza mais!”



E ficava tão mais difícil fugir enquanto as lembranças dele me dizendo que me amava, passavam como que em câmera lenta diante dos meus olhos através daquele sorriso, atormentando-me como se eu estivesse presa a elas, a cada palavra. 

Eu acho que de certa forma eu estava...

Eu nunca realmente soube o caminho pra deixá-lo ir...

Narrado por Nicholas



Los Angeles, Califórnia, 18:40 AM (horário local) Praia de El Matador Beach em Malibu.





Que dia é hoje
E de que mês?
Esse relógio nunca pareceu tão vivo
Eu não consigo prosseguir e não consigo voltar
Tenho perdido tempo demais



Quando subimos para voltar para casa já estava escuro. Atravessamos o calçadão à beirada da praia. Havia um monte de gente fazendo as mais variadas coisas. Tinha um quiosque pra qualquer coisa que se pudesse imaginar e a Miley se animou em dar uma olhada por aí.
Eu não dava tanta atenção assim a nada daquilo, tudo que eu queria era estar com ela.

Porque somos eu e você e todas as outras pessoas
Com nada a fazer, nada a perder
E somos eu e você, e todas as outras pessoas e
Eu não sei porque não consigo tirar meus olhos de você



- Já fazia um tempão que eu não vinha dar uma voltinha por essas bandas. – Ela falou enquanto caminhávamos lado a lado.

- Eu também, às vezes nem parece que eu moro aqui em Los Angeles. – Falei

- Isso é verdade, - Sorriu - moramos num lugar tão incrível e nem podemos aproveitar direito. De vez em quando eu fico pensando sobre as pessoas que acham que as nossas vidas são “tão” perfeitas e fabulosas. – Ela comentou

- É por que elas não fazem a menor ideia! – Disse e ela sorriu

E ela ficava ainda mais linda sorrindo, perfeita!

Todas as coisas que quero dizer
Não estão saindo direito
Estou tropeçando nas palavras, você deixou minha mente girando
Eu não sei onde ir a partir daqui



- Olha só, que lindo! – Ela apontou uma pulseira simples feita de pequenas conchinhas do mar e couro que estava exposta em uma barraca pela qual passamos – Moço, eu posso ver essa aqui? – Ela pediu. Ele entregou a pulseira a ela, que a colocou cobre o pulso rapidamente – São de verdade as conchinhas?
- São sim. – O homem respondeu.





Porque somos eu e você e todas as outras pessoas
Com nada a fazer, nada a perder
E somos eu e você, e todas as outras pessoas e
Eu não sei porque não consigo tirar meus olhos de você



- Você gostou? – Perguntei e ela acenou positivamente. – Porque é a sua cara! - Peguei a pulseira de suas mãos e coloquei ao redor de seu pulso, fechando em seguida. Olhei-a nos olhos e ela também olhou nos meus.

Existe algo sobre você agora
Que não consigo compreender completamente
Tudo o que ela faz é bonito
Tudo o que ela faz é certo



– Ela vai ficar com essa! – Falei para o dono da barraca.
O homem assentiu sorridente e antes que a Miley dissesse qualquer coisa eu entreguei o dinheiro pra ele. A Miley olhou para a pulseira em seu pulso e depois pra mim, como que me repreendendo por ter pago.

Porque somos eu e você e todas as outras pessoas
Com nada a fazer, nada a perder
E somos eu e você, e todas as outras pessoas e
Eu não sei porque não consigo tirar meus olhos de você



- Eu tinha dinheiro aqui comigo. – Ela disse e eu não dei muita bola.

- Eu sei, mas eu nem tinha te dado nada no seu aniversário. Estava mesmo pensando em comprar alguma coisa. – Dei de ombros – Pelo menos posso ter certeza que você gostou do meu presente!

Porque somos eu e você e todas as outras pessoas
Com nada a fazer, nada a perder
E somos eu e você, e todas as outras pessoas e
Eu não sei porque não consigo tirar meus olhos de você



- Não precisava! – Ela rebateu e respirei fundo – Mas obrigada, eu adorei!  - Sorriu e me deu um beijinho na bochecha que eu adorei.

Que dia é hoje
E de que mês?
Esse relógio nunca pareceu tão vivo



Já quase chegando ao estacionamento, passamos por um cara tocando Ukulele e cantando Bruno Mars, pra faturar uma grana extra. E ele era bom. As pessoas aqui em Los Angeles fazem muito isso e eu acho demais, acho que é uma maneira bem legal de aprimorar o seu talento e ainda se divertir.



“When I see your face
There's not a thing that I would change
'Cause you're amazing
Just the way you are
And when you smile
The whole world stops and stares for a while
'Cause girl you're amazing
Just the way you are”




Algumas pessoas que estavam ali paradas curtindo o som do cara aplaudiram, assim como a Miley e eu. Ele continuou tocando e me veio uma ideia louca na cabeça, mas que eu sabia que tinha que fazer, ou iria me arrepender disso pro resto da minha vida.

- Se eu pedir pra ele tocar a nossa música, você dança comigo? – Perguntei a Miley com um sussurro em seu ouvido. Pude sentir sua pele arrepiar-se levemente.

Não esperei por uma resposta dela, coloquei uma gorjeta na caixa do ukulele dele e pedi pra ele tocar uma música em especial...

Parei bem em frente a ela e o cara começou a tocar. Vocês tinham que ter visto a cara da Miley quando reconheceu o toque da música. Eu fiquei com vontade de rir, mas estendi a mão pra ela convidando-a pra dançar.

“I've got sunshine on a cloudy day
When it's cold outside



Parei bem em frente a ela e o cara começou a tocar. Vocês tinham que ter visto a cara da Miley quando reconheceu o toque da música. Eu fiquei com vontade de rir e a Miley sentiu a mesma vontade que eu pois teve uma crise de risos ao ouvir a música tocar.


When it's cold outside
I've got the month of May




Estendi a mão pra ela convidando-a pra dançar e ela balançou a cabeça dizendo que não. 
Agarrei-a mesmo assim.


I guess you'll say
What can make me feel this way
My girl (my girl, my girl)
Talking about my girl (my girl)









- Eu não acredito que você tá me fazendo fazer isso na frente dessa gente! – Riu – Eu to me sentindo ridícula!

- Eu to me sentindo feliz, - Falei - como nunca! – Sorri – E só um pouquinho ridículo. – Rimos

- Pelo menos não estamos sendo ridículos sozinhos... – Ela disse rindo

- É estamos fazendo isso juntos! – Eu ri do meu próprio comentário, sendo acompanhado por ela.



 Eu a fiz rodopiar e ela sorriu mais. Nunca vou esquecer de como estava serena a expressão de seu rosto quando a puxei de volta pra mim. Eu quis beijá-la, mas me segurei. Tinha um monte de gente ao nosso redor e ela poderia não gostar, ou achar que eu estava tentando me aproveitar da situação, coisas desse tipo.





Eu não queria estragar tudo.

Não sabia onde ir a partir daqui. Depois do que ela disse lá na praia, as coisas que eu queria dizer, pareciam que não soariam do jeito certo se eu as dissesse.

Miley chegou mais perto, como que abraçando-me enquanto movíamos nossos pés de um lado para o outro lentamente.




- Eu gostei de hoje. – Ela disse e eu já nem ouvia a música, pois meu coração pareceu muito mais alto aos meus ouvidos.

- Eu também gostei – Falei sentindo mais uma vez o doce aroma dos seus cabelos. Ela levantou os olhos e eu baixei os meus, foi aí que nossos olhares finalmente se encontraram – Muito! - Acrescentei

A Miley parou de se mover e só aí que eu percebi que o cara do ukulele já ia começar a tocar uma outra música, a pedido de outra pessoa.

Afastamo-nos desajeitados e ela colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, tentando parecer não tão envergonhada

Caminhamos em silencio até o estacionamento. Não entendi muita coisa quando ela segurou minha mão, mas não seria maluco de questioná-la, então apenas entrelacei nossos dedos.

- Me leva pra casa! – Ela pediu 

(...)

Ela me abraçou quando subimos na moto e viemos o caminho de volta inteiro desse jeito. O tempo passou depressa demais como sempre que estou com ela. Parei em frente a pomposa entrada de sua casa e ela desceu e tirou o capacete.

- Ahn... Então é isso, chegamos. – Sorriu ajeitando a mesma mecha rebelde se seu cabelo, colocando-a atrás da orelha – Obrigada pelo almoço. – Olhou-me, mordendo um pouco os lábios por ansiedade.


- Obrigado pela companhia! – Sorri olhando seus olhos –Tá vendo só? Eu disse que se você não aceitasse iria se arrepender, e eu tinha razão.

- Ok, você tinha razão! - Ela balançou a cabeça afirmando e eu desci da moto, também tirei o capacete.
- Eu com certeza quero dirigir essa Harley de novo! – Disse com um sorriso.

- Talvez eu deixe, vou pensar no seu caso... – Sorriu

- Vai listar os prós e contras de novo? – Perguntei – Sabe que eu posso ser bem convincente.

- Sei, mas dessa vez eu não pedir a sua opinião – Ela cruzou os braços sobre o peito.

- Que pena porque eu já sabia exatamente o que dizer pra te convencer. – Falei

- Ah é? E o que você ia me dizer? – Ela colocou as mãos na cintura – Vai, me convence!

- Eu ia dizer que você deveria me deixar dirigir a sua Harley – Cheguei mais perto dela - porque você acha que eu fico um gato e totalmente sexy nela. – Disse tentando ao máximo manter-me sério. As bochechas da Miley ficaram coradas e eu achei muito fofa a carinha de revolta dela.

- Ah tá, até parece – Disse tentando aparentar fazer pouco caso. Eu corri meu minhas mãos devagar por seus braços, por cima das mangas do meu próprio casaco, que ela ainda estava vestindo e pude senti-la estremecer. – Não me convenceu! – Ela tentou parecer mais firme do que realmente se sentia encarando os meus olhos.

- Não. É você que não me convence! 






 Falei e tomei seus lábios, beijando-a. Com a surpresa ela ficou imóvel por um segundo, mas logo ela se entregou ao beijo tanto quanto eu. Passou uma de suas mãos em torno do meu pescoço e a outra ela colocou no meu cabelo, enlouquecendo-me aos poucos com aquele jeito perfeito de acariciar a minha nuca, que só ela sabe.






A própria Miley aprofundou o beijo buscando por mais. Imediatamente correspondi suas expectativas invadindo sua boca com a minha língua sedenta, ao tempo que ela abriu passagem para que eu pudesse explorá-la em cada pedacinho. 

Eu não sabia bem como isso podia ser possível, mas cada beijo dela sempre parecia melhor do que o anterior.

- Quando eu vou te ver de novo? - Perguntei ofegando entre um selinho e outro.

- Não sei, talvez eu não queira mais ver você. – Ela disse mordendo um pouco os lábios, provocando-me só por puro capricho.

- E talvez você também não esteja morrendo de vontade de me beijar de novo. – Segui seu joguinho, afinal são as regras dela, não é? 

Ela sorriu e me beijou, confirmando que estava a fim. E como todas as vezes, esse beijo foi ainda melhor.



- Sábado à noite, às oito. - Disse ofegante

- Ham? – Eu ri da sua carinha de confusa, deve ter achado que eu sou louco.

- Quero que vá comigo a uma festa da gravadora. – E como eu já esperava a Miley ficou muito pouco à vontade com o meu pedido. Percebi isso pois ela se afastou - O Mallone quis comemorar em grande estilo esse ano, então quis fazer essa festa pra ...

- Nick, não! – Ela nem me deixou terminar – Sem chance, não tem como me convencer a ir a um evento desses com você!

- Eu imaginei que diria isso, e por isso vou logo te explicar por que eu te convidei e os motivos pelos quais você deveria ir. – Eu falei sério e ela se cruzou os braços, esperando que eu explicasse. – Muito bem, acima de tudo eu sei o talento que você tem e a grande artista que você é, e, sinceramente, eu não sei o que foi que deu na cabeça do imbecil do Mallone pra te demitir de uma hora pra outra e encerrar o seu contrato, mas de qualquer forma eu acho que essa festa dele é uma boa oportunidade pra você. Os maiores produtores musicais de Los Angeles e todos os figurões da música aqui da Califórnia vão estar lá, até alguns donos de outras gravadoras importantes. – Eu a encarei - Eu tenho absoluta certeza que assim que virem que você está de volta vão se interessar por você.

A Miley parecia estar ponderando sobre o que eu disse. Eu sabia que eu estava certo, só esperava que ela percebesse isso também e aceitasse o meu convite.

- Tudo bem, eu até concordo que essa seria uma boa oportunidade pra mim, mas não acho que seja “aceitável” que nós sejamos vistos indo juntos em um evento desses. Com certeza, isso geraria um monte de boatos e eu definitivamente não quero isso.

- Tá certo. – Não a questionei - Não precisamos ir juntos se você não quiser. – Eu achava que a Miley estava dramatizando demais as coisas, mas como não sou maluco, não iria dizer isso – Só quero que você me prometa que vai estar lá – Me aproximei – linda, com um vestido que provavelmente vai me deixar louco – Sussurrei ao seu ouvido.

Ela sorriu e timidamente e escondeu o rosto em meu ombro. Segurou meus braços com as mãos e apertou num gesto que eu não soube identificar imediatamente, até que ela passou os braços em volta do meu pescoço e me abraçou forte.

Eu passei os braços em torno de sua cintura abraçando-a de volta. Dei um beijo no topo da sua cabeça.




- Eu vou. – Ela disse – Não garanto nada sobre o vestido, mas eu vou sim! – Sorriu – E obrigada, Nick, sério, por isso tudo que você tem feito. Eu nem tenho como agradecer...

Levei uma de minhas mãos até o seu rosto acariciando-o delicadamente.

- Não tem que agradecer! – Interrompi – Eu só quero te ver feliz e o que eu puder fazer pra garantir isso, eu vou fazer.

Ela me olhou de um jeito que eu reconheci imediatamente, era exatamente o mesmo jeito que ela me olhava há alguns anos. E como eu senti falta dela me olhando desse jeito!



 Não consegui me segurar, tive que beijá-la.





- Eu ainda quero entender porque por mais que eu te beije essa vontade de te beijar mais nunca passa! – Murmurei e roubei-lhe mais um selinho. A Miley sorriu contra os meus lábios.






- Eu tenho que ir agora. – Ela disse e me deu um último beijo – Boa noite. – Me olhou – Vou sentir sua falta.
- E eu vou morrer de saudade! – Falei e trocamos mais dois ou três beijos até ela decidir se afastar, e foi melhor mesmo, pois se demorasse mais um pouco era capaz de eu não deixa-la mais ir pra casa.

Fiquei observando-a enquanto se afastava de mim e se aproximava da porta de entrada de sua casa.

Eu também segui o rumo até a minha própria casa.

Agora tinha certeza absoluta sobre duas coisas:

A primeira é que eu estou mesmo louco, pois eu estava com ela há menos de um segundo e eu já estou com saudades.

E a segunda é que eu a amo.

Sorri. E não é que o Joe tinha razão? A loucura é mesmo a melhor forma de se ter certeza sobre estar apaixonado.

E eu estava apaixonado. Eu estava apaixonado e qualquer outra coisa ridícula e clichê que se possa sentir por alguém, eu sentia por ela...

Às vezes, as coisas parece que são tão simples, como se tudo que precisássemos fazer na vida fosse viver um dia de cada vez e o próprio tempo ficasse encarregado de fazer as coisas tomarem um rumo certo...

A Miley e eu tivemos o tipo de amor que só se tem uma vez na vida. Do tipo que pode sobreviver a qualquer coisa e que dura uma eternidade. Do tipo que você sabe que é o certo sempre que olha nos olhos da outra pessoa, mas em algum momento nós nos perdemos, porque era mais do que esperávamos e nós éramos jovens e imaturos demais pra esse tipo de amor.

Mas talvez o mesmo tempo que estava contra nós antes, estivesse a nosso favor agora. Ela e eu não somos mais quem costumávamos ser, mas eu tenho certeza que ainda a quero do jeito que sempre quis. E eu sei que ela também me quer. E agora o passado podia ficar no passado. E o futuro, não importa, eu sei que vai ser bom se for do lado dela. Eu só queria o aqui e o agora, onde de algum jeito, acabamos ficando juntos outra vez.

(...)

 Continua...


N/A: Muito bem, aqui está mais um capítulo. Esse é gigante pra compensar a falta de postagem em fevereiro e março. E bem, eu amei esse capítulo e espero que vocês gostem tanto quanto eu!
Aproveitem e deixem comentários!
Bjsss



8 comentários:

  1. OMG... Esse capitulo foi tão *-*. Eu adorei esse capitulo. Esses dois são tão fofos quando estão juntos. Estou muito ansiosa pelo proximo capitulo. Não demora por favor Amy. Preciso de mais momentos Niley. Já q nao tem esses momentos Niley na vida real, tenho que ver nas fics mesmo.
    Miley, meu amor, dê uma chance pro Nick. Eu sei que ele fez uma burrada com você antes, mas dessa vez é pra valer rsrs.
    Poxa, eu pensei que ia rolar aquele momento HOT no começo do capítulo, mas o pai da Miley acabou com tudo. Eu ri muito com a cena. Se eles tivessem ido para o quarto não teria acontecido isso. Não sei porquê, mas eu tinha um pressentimento de que alguem iria aparecer e pegar os dois no flagra. Só não imaginei que fosse o tio Billy kkkk.
    Enfim... Como eu ja disse, eu adorei o capitulo como sempre. E quero mais capitulos novos.
    Você demorou um pouquinho. Ainda bem que foi só três meses e não um ano kkkkk. Não some pleses. POSTA LOGOOOOOOOOOOOOOOOOO.
    Bjos!!!

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    1. Jééll!
      Obrigada! Muito obrigada mesmo por sempre comentar! Principalmente por sempre dizer tudo que vc mais gostou no capítulo. Isso me ajuda demais!
      Sei que vc acompanha essa fic desde o início e peço desculpas por ser uma tartaruga, mas é que eu quero fazer o melhor possível pra que a história fic melhor a cada capítulo!
      Espero que não tenha desistido da fic!
      Obrigada pela paciência.
      Bjs

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  2. Ok... Carol respira, respira...
    Só queria dizer que estou morrendo de vontade de chorar por motivos de:
    -Eu quero o seu Nick pra mim. Amy, eu nunca te pedi nada
    -Os niley estão juntos e mais lindos e apaixonados do que nunca jenekdhdhr
    -a cena da Demi com pai foi muito linda
    -Não quero que essa fic acaba nunca
    -a sua escrita maravilhosa + músicas românticas massacraram os meus sentimentos
    Amy, sua lindaaa! Que capítulo maravilhoso foi esse??? Nossa, foi de longe o melhor capítulo da segunda temporada ♥♥♥♥ Eu tava morrendo de saudades de sentir o coração disparado toda vez que leio um capítulo dessa fic perfeita. *-* Super valeu a pena esperar!
    Cara, eu ri alto (alto mesmo) com a cena do tio Billy pegando os dois! Conversa dele com a Miley e o Nick foi ótima. Kkkkkkkkkkkkk Adorei!
    Foi maravilhoso! Por favor, não demore pra postar de novo. Por favorzinho.

    Obs: obrigada, Amy. Toda vez que leio sua fic me dá uma brain storm fora do comum. Prevejo que hoje vou escrever horrores por culpa sua hahaha

    Beijossss

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    1. Carol, minha autora de fics favorita!
      Sério, escrever com vc foi um dos meus maiores presentes esse ano, pois te acho super criativa e vc escreve de uma maneira tão envolvente, eu realmente amo!
      Espero que em 2018 a gente tenha mais tempo pra escrever, principalmente One more night rsrs
      Sei que eu sou uma tartaruga, mas espero que vc não desista de acompanhar a fic.
      Obrigada por toda a paciência comigo!
      Bjs

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  3. Mas gente... como assim, a esperança é realmente a última que morre. Depois de mais de 1 ano entro aqui e me deparo com esses capítulos MARAVIHLOSOSSS. Ammy, não me mata mais de emoção, menina.
    Eu li tudo sorrindo e chorando de tanta alegria. Kkkk realmente vale a pena esperar porque o que você escreve e posta aqui é sempre muito bem feito, sério. Gostaria que não demorasse pra postar mas, sinceramente, contanto que você não deixe de escrever eu não ligo de esperar tanto tempo. Nem vou comentar tudo o que eu gostei aqui porque senão vira um livro em forma de comentário hahaha. Mas enfim. AMEI MUITO, de verdade. Bye: l.e.

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    1. Oie!
      Espero que vc não tenha desistido de acompanhar essa fic!
      Eu sei que eu demoro uma eternidade pra postar, mas os comentários que eu leio aqui são meu maior incentivo quando a inspiração desaparece.
      Obrigada pelo carinho com a fic!
      Bjs

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  4. Oi Amy!!! Sou uma GRANDE fã dessa fic e acompanho desde antes do blog!!! Queria saber se vc abandonou ela, pois tem bastante tempo q vc nao posta, e se tiver abandonado, poxa, reconsidere voltar, pq essa fic é MARA e tem várias fãs!!! Pode ter ctz q eu acompanharia o desfecho!! Beijossss

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    1. Oie Miley Brazil!
      Não se preocupe, não abandonei. Só estou tendo muitos bloqueios pra essa história, pois como é provavelmente minha última fic, quero fazer algo realmente bem legal.
      Mas vou tentar finaliza-la agora em 2018!
      Obrigada por acompanhar a fic e pela paciência!
      Bjs

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