TINHA UM CARA DORMINDO NA MINHA CAMA!
Narrado por Joe
Jersey City, New Jersey, 07: 13 AM (Horário Local) Uma rua no
subúrbio da cidade.
Eu descia com meu com meu carro por algumas ruelas de um bairro
fedido no subúrbio da cidade. Estava sozinho, Demi ainda estava em nosso hotel,
dormindo provavelmente.
E depois ela não sabe por que todo mundo lá em casa diz que ela
é dorminhoca!
De qualquer forma, o sono em demasia da Demi foi até algo útil
essa manhã, já que eu não poderia trazê-la comigo e queria evitar as perguntas
do tipo: “Onde você vai?” ou “O que vai fazer?”, sempre detestei ter que mentir
para a minha esposa, e não que eu ache omitir tão melhor assim, mas já diz o
ditado: O que os olhos não veem o coração não sente! E espero que não sinta
mesmo, já que ela não pensaria duas vezes em me matar se soubesse o que eu
estou fazendo.
Av. Portland, 153 cruzamento com a Tonnelle.
A própria dona Diana, mãe da Demi, tinha me dado esse endereço,
embora tenha insistido muito pra que eu não viesse até aqui.
– Então é aqui... – Falei pra mim mesmo parando o carro em
frente a um casebre. Achava até meio inacreditável que alguém realmente morasse
nesse lugar fedido – Espero que ele esteja em casa! – Retruquei ao descer do
carro.
Caminhei até a porta, bati algumas vezes até que alguém viesse
abri-la.
– Já vai! – Alguém berrou lá de dentro - Um homem trabalhador
não pode nem descansar logo cedo pela manhã! - O pai de Demi veio abrir a porta.
O estado dele era deplorável; ressaqueado, a barba por fazer e sem camisa ainda
por cima. Pude confirmar que a Demi tinha puxado a genética apenas da parte de
dona Diana.
– Ah, er...Oi, eu não sei se o senhor lembra de mim. Eu sou
Joseph Jonas, marido da... – Ele me interrompeu.
– Eu sei bem quem você é, é o marido daquela minha filha
ingrata! – Ele disse um pouco raivoso eu diria – O que veio fazer aqui?!
– Eu vim pra conversarmos, - Disse firme, já tinha vindo até
aqui, não iria desistir tão facilmente – Posso entrar?! – Pedi
O homem me olhou da cabeça aos pés, mas depois de soltar um
resmungo qualquer, abriu espaço pra que eu pudesse passar.
A casa não era muito diferente por dentro do que era por fora.
Os móveis eram bem velhos e surrados e fazia pelo menos uns dez anos que
ninguém fazia uma faxina. Juro que acho que até vi um rato dentro de uma caixa
velha de pizza.
– Não vou te oferecer nada porque acho que a minha comida
mataria um mauricinho todo engomadinho como você! – Pedro me olhou de esguelha
e soltou uma risada debochada que eu fiz questão de ignorar – Mas pode ficar a
vontade, como vê não é grande coisa, mas eu pelo menos não tive que explorar a
minha filha pra conseguir, é minha! – Não sei por que, mas achei o comentário
meio que uma alfinetada em dona Diana.
– Eu estou bem! – Disse mantendo-me em pé enquanto o homem já
tinha se esparramado em seu sofá – Além do mais não pretendo passar mais tempo
aqui do que o necessário. – Falei sinceramente.
– O que foi? Não gostou não é?! – Ele perguntou debochado e logo
depois tomou uma golada de alguma bebida. Eu deveria ter percebido só pelo
cheiro que esse homem já não estava sóbrio desde bem antes de eu chegar – Eu
também não gosto, mas o que eu posso fazer?! Não sou um desses riquinhos
metidos a besta que nem você! – Ele me olhou – Não tenho pra onde ir então o
jeito é ficar por aqui mesmo! – Riu bebadamente.
– Olha, eu vou direto ao ponto. Vim até aqui somente pra pedir
que, bem, que evite se aproximar da Demi novamente! – O encarei – Sei que você
é pai dela, mas ela te rejeita e vê-lo a deixa num estado de nervos alterado.
Eu não sei se você sabe, mas há algum tempo atrás a Demi teve alguns problemas
e passou por sérios tratamentos, foi um longo tempo até ela estar completamente
recuperada e... – Ele me interrompeu
– Problemas?! E ela acha que tem problemas?! Vive num casarão
daquele, come do bom e do melhor, vive sendo paparicada pela Diana que eu sei e
aí você vem me dizer que ela teve problemas?! Haha, isso tudo aí, pra mim foi
drama! – Retrucou e isso me deixou um pouco revoltado, afinal era da filha dele
que estávamos falando – Eu sim tenho problemas, eu sim tenho motivos pra
enlouquecer! Minha mulher me abandonou, minhas filhas me rejeitam e eu vivo
jogado aqui nesse muquifo esperando até que um dia eu caia doente e morra! – E
começou o drama, eu sabia que a historia não era bem essa, porque até onde eu
sei foi ele mesmo quem abandonou a família por causa do vicio, mas ele era um
ator dos bons, já estava até com os olhos marejados. – Nem a minha neta, eu
tenho direito de conhecer! – Fungou um pouco depois dessa frase. Eu revirei os
olhos.
Tirei de dentro da minha carteira uma foto da Mell, que eu
sempre levo comigo, estendi-a para ele.
– Isso é o máximo que posso fazer por você! – Disse entregando a
foto em suas mãos – O nome dela é Mellody, Mellody Lovato Jonas, mas nós a
chamamos de Mell, ela acabou de completar seis meses.
– Ela é linda! – Ele disse parecendo hipnotizado com a foto –
Parece um pouco com a Demétria quando ela nasceu! – Falou como se lembrasse. Eu
não vou dizer aqui que o pai da Demi era a minha pessoa favorita no mundo
porque tá bem longe disso, mas eu não achava ele um cara de um todo mau, só
meio perdido na vida sabe, ele cometeu erros e agora está tendo que lhe dar com
as consequências, eu sinto até um pouco de pena.
– E então, posso ficar tranquilo?! Você não vai mais chegar
perto da minha mulher?! – O encarei.
– Er, bem... pode ser... Mas teremos que conversar melhor sobre
isso! – Ele fez um sinal com os dedos me fazendo entender que ele iria querer
dinheiro em troca do que eu pedi.
Ok, retiro tudo que eu disse, dona Diana e a Demi tem razão,
esse cara não presta!
Tirei algumas notas da minha carteira, por sorte eu tinha
trazido algum dinheiro comigo, já que geralmente só uso cartão e eu não
pretendia voltar aqui nunca mais.
Com cara de poucos amigos dei o dinheiro a ele.
– Entendeu bem né?! Fica. Longe. Dela! – Encarei-o mostrando que
eu não estava pra brincadeiras, ainda mais se tratando do bem estar da Demi, eu
jamais brincaria com isso.
– Pode deixar meu genrinho querido! – Ele ironizou enquanto
contava as notas – Sabe, você não é o tipo de marido que eu escolheria pra
minha Demi, mas, até que eu gostei de “conversar” com você!
– Sério?! – Eu também estava sendo irônico – gostou de conversar
comigo ou com o meu dinheiro?! – Falei e ele deu uma risada – Cadê a foto da
Mell?! – Estendi a mão pedindo a foto de volta.
– Ei, ei, ei a foto fica comigo! – Ele disse autoritário – É o
mínimo que eu mereço já que não vou conhecê-la nunca de qualquer forma! – Eu
bufei, mas logo depois me acalmei, era só uma foto, quem sabe isso e mais o
dinheiro não o mantém longe por um bom tempo, tipo pra sempre!
– Que seja... – Concordei meio contra a minha vontade, já me
dirigindo até a porta.
– Espera, deixa que eu levo você até a porta, pra que você possa
voltar... – Ele falou com a maior cara de pau e eu nem respondi, saí dali antes
que o meu estomago embrulhasse.
Narrado por Miley
Los Angeles, Califórnia, 08:45 AM (Horário Local) Apartamento do
Nicholas.
Luz...
Mas que merda! Por que está tão claro se ainda é de madrugada?!
Abri meus olhos preguiçosamente, mesmo ainda estando
parcialmente adormecida.
– hum... – Gemi, eu estava com uma puta dor de cabeça. Meu corpo
parecia que tinha sido jogado num triturador e tudo girava. Apertei meus olhos
novamente, a claridade me fazia querer quase gritar de dor. Com muito esforço,
meu cérebro conseguiu ordenar ao meu corpo que reagisse e eu, lentamente, abri
os olhos mais uma vez.
A primeira coisa que captei foi um mar de seda. Olhei para o
lado e vi algumas coisas, eu acho que eram móveis, mas tudo parecia apenas
borrões de tinta pra mim. Levantei meu corpo parcialmente e pude constatar aos
poucos que o “mar de seda” era na verdade um edredom. Eu estava em uma cama, ao
meu redor móveis finos e uma decoração um pouco despojada, só que clássica. Era
engraçado como esse lugar me parecia tão familiar, mas eu não conseguia me
lembrar por que. Apenas de uma coisa eu tinha certeza, esse não era o meu quarto.
Ou será que era?
Cansada de pensar joguei meu corpo novamente contra o colchão.
Ele era tão macio e eu estava tão cansada, tanto que poderia dormir o dia
inteiro. Levando em consideração que eu nem sabia que horas do dia eram, mas
isso tanto faz. Aconcheguei-me num travesseiro fofinho e tentei voltar a fechar
os olhos. Pisquei algumas vezes. Uma luzinha chata invadia as frestas da
veneziana da janela e dava bem em cima do meu olho esquerdo. Virei-me para o
outro lado da cama, de uma forma brusca, tentando evitar a luzinha irritante,
mas assim que o fiz me arrependi.
TINHA UM CARA DORMINDO NA MINHA CAMA!
Ele estava virado de bruços, com a cara enfiada no travesseiro e
aparentemente nu, ou pelo menos sem camisa já que o edredom acinzentado o
cobria até a altura dos quadris mais ou menos.
Eu não vou negar que fiquei bastante assustada e um tanto quanto
curiosa, mas o desespero só me invadiu mesmo quando eu me toquei que estava
nua. Pois é, eu estava nua, um fato no mínimo preocupante.
– Não, eu não acredito que... – Levei minha mão até a minha
testa em sinal de desespero. Forcei minha mente a tentar lembrar do que me
aconteceu durante a madrugada mas... Nada. Era como se alguém tivesse apagado
completamente a minha memória.
Calma, tudo bem. Nessas horas o melhor é manter a calma. Vai ver
não era nada do que eu estava pensando, afinal eu não viria para o apartamento
de um cara que eu mal conheço e transaria com ele, eu não sou esse tipo de
garota e nem estúpida a esse ponto! Inocentemente pensei.
Um pouco mais confiante levei uma de minhas mãos até a barra do
lençol e fui puxando aos poucos... Vi que ele também estava nu.
Ótimo, eu era sim uma estúpida!
– O que eu fui fazer?! – lamuriei pra mim mesma. Eu ainda estava
tentando entender, o pior é que eu nem ao menos lembrava. Forcei a memória um
pouco mais; lembrei-me da festa da Anna Oliver, bom, não de tudo, só de algumas
coisas; de mim bebendo com ela e alguns amigos nossos, ficando com uns carinhas
lá, do Tom... É, foi depois daquela hora na piscina com o Tom que eu não
consigo mais lembrar de nada...
Mas o que será que aconteceu?!
Bom, mesmo não sabendo exatamente como eu vim parar aqui, ou
aonde exatamente é aqui, eu não preciso ser um gênio pra saber no que terminou
dando isso.
Sacudi a cabeça, me sentindo uma completa imbecil. É o que dá fazer
as coisas na hora da raiva! Olhei para o corpo desacordado ao meu lado
novamente, com um pouquinho mais de atenção dessa vez. Sabe, deixando um pouco
de lado a burrada que eu fiz, e não é querendo me gabar não, mas até mesmo
bêbada eu tenho bom gosto porque esse cara, seja lá quem for, é o maior
gostoso!
Ele tem um corpão; sarado, bonito, em forma e ele tem uma bunda
que... NOSSA! Papai do céu foi generoso com esse aqui. Eu devo ter aproveitado
bastante ontem, pena que não consigo me lembrar...
O dono do corpo completamente gostoso ao meu lado começou a se
mexer e aos poucos ele virou-se na cama, tirando finalmente a cara daquele
travesseiro. Eu estava ansiosa pra ver seu rosto, quem sabe assim eu lembro...
Sem falar que sendo ele o dono de um corpaço desse nível acho que o mínimo que
eu podia esperar é um rosto de... AI MEU DEUS DO CÉU!!
– O QUE???... – Eu sentei na cama. Tinha que sentar em algum
lugar pois eu estava completamente estática. Numa vida passada eu devo ter sido
uma pessoa bem ruim, pra merecer uma dessas agora – NICK?! – Meu coração batia
descompassadamente. Eu não estava entendendo nada, então olhei em volta
tentando me localizar.
Por isso o lugar me pareceu tão familiar, eu já tinha estado
aqui outras vezes, aliás, várias outras vezes. Esse é o quarto dele.
Ótimo. Se estar nua numa cama alheia já era um fato preocupante,
estar nua e na cama dele era um fato totalmente desesperador!
Eu não acredito que dormi com ele ontem, como eu pude ser tão
estúpida?! Aliás eu elevei a estupidez a um nível estratosférico!
– Hum... – Balbuciou sonolento – Miles, você já acordou? - Ele
cocou os olhos um pouco. – Espera, Miley, você já acordou! – Arregalou os
olhos, despertando bem mais rapidamente. Ele não pareceu muito surpreso por eu
estar aqui, o que me leva a crer que ele já esperava por isso, mas acho que ele
demorou alguns segundos pra assimilar que eu estava mesmo acordada e sentada ao
seu lado na cama.
Não, isso não era um sonho. Eu sei. Eu me belisquei.
No começo eu fiquei meio
que paralisada, não conseguia mover um só músculo do meu corpo ou abrir a boca
pra dizer qualquer coisa que fosse, e quando, em fim, eu recuperei a fala o que
saiu foi:
- E-então quer dizer que... eu e você... que nós... – gesticulei e o Nick apenas
respirou fundo entregando os pontos - MAS QUE MERDA!! – Exclamei sem pensar
muito.
Nick atravessou a cama num sobressalto e veio imediatamente pra
cima de mim, ele tapou minha boca com a mão.
- Shhiiu! Fica quieta! – Ele disse com a mão sobre os meus
lábios – As crianças estão aqui no quarto ao lado! – Avisou. Eu o olhei nos
olhos e ele estava ali, a poucos centímetros de mim e a minha respiração
começou a ficar descompassada, eu comecei a ficar nervosa demais com ele tão
perto. Eu o encarei com uma expressão de raiva – Olha só, eu sei que você deve
estar confusa, pensando um monte de coisa agora, mas isso aqui não é exatamente
o que parece... – Nick começou. Eu não era nenhuma idiota, tava na cara o que
tinha rolado aqui, entre a gente. – E eu posso explicar, mas antes eu quero que
me prometa que vai ficar calma. – Ele também me encarou. Eu assenti, e então
ele destapou minha boca.
- O-Onde estão minhas roupas? – Perguntei. Tudo que eu queria
fazer agora era sair correndo daqui, mas nua não dá né?!
Nick varreu o quarto com o olhar rapidamente. Logo ele saiu da
cama e se encaminhou até um pedacinho de pano próximo dali que constatou ser
sua cueca e vestiu, em seguida, também vestiu sua calça que estava caída do
outro lado do quarto. Se por algum acaso isso despertou a sua curiosidade, sim,
eu fiquei acompanhando a trajetória toda dele se vestindo com os olhos, não sou
de ferro!
Já devidamente vestido, ele se aproximou, eu apertei o lençol da
cama ainda mais contra o meu corpo. O olhar do Nick sobre mim me fazia sentir
totalmente exposta.
– Acho que o resto está lá no quarto de hospedes, - Ele comentou
me estendendo apenas uma pequena peça rendada preta, era a minha calcinha. Eu
quase morri de tanta vergonha. Eu não sabia se estava com mais raiva ou
vergonha dele. Puxei a pequena peça das mãos dele imediatamente, ruborizada. -
Err, eu vou buscar o resto das suas roupas. Você espera aqui. – Ele disse e
saiu do quarto.
Eu permaneci sentada na cama, completamente aturdida.
Eu não conseguia acreditar, a fixa ainda não tinha caído pra
mim. Com pelo menos dois milhões de homens heterossexuais em Los Angeles como
eu fui acabar vindo parar no quarto dele, na cama dele... Justo a dele, por
quê?!
Suspirei frustrada.
De relance, olhei para o meu dedo anelar da mão direita que
costumava carregar o meu anel de noivado. Ele não estava ali, mas disso eu
lembrava bem. Depois de ter descoberto que o safado do meu ex-noivo me traía
com aquela vadiazinha de quinta, eu me livrei dele. Soltei uma risadinha nada
contente, se isso não fosse trágico seria, no mínimo, cômico. Ele me traía com
aquela vagabunda a sabe-se-lá Deus quanto tempo!
Cretino!
Aliás, mais um... Acho que ser um cretino com as mulheres está
no D.N.A de todos os homens, só pode!
Nunca fui de torcer pela desgraça alheia, mas eu bem que
gostaria que um dia alguém o enganasse da mesma maneira que ele fez comigo, de
preferência a própria vadia...
Não que eu ache que eu fui lá à namorada mais correta desse
mundo, pelo contrário, eu cometi meus erros e admito isso, mas eu nunca fiz com
a intenção de traí-lo. Daquela vez antes do casamento da Demi, com o Nick, eu
agi por um impulso e quebrei a cara; mas contei a ele, abri meu coração e fui
sincera, eu quis até poupa-lo, já ele fez bem diferente comigo. Ele me traiu
com aquela vaca e ainda tentou mentir pra mim como se eu fosse uma idiota!
Em pensar que eu iria me casar com ele... aquele FDP!
De qualquer maneira, eu sabia que acabaria sentindo a falta
dele, fazer o que, acho que com o passar do tempo acabei gostando demais dele e
acho que apesar de tudo... Ainda gosto.
Eu me senti um pouco vulnerável com esse pensamento, senti meus
olhos ficarem marejados. Eu não era o tipo de pessoa que lhe dá tão bem com o
fim de um relacionamento e eu é que não queria ficar chorando pelos cantos,
feito uma imbecil.
Eu iria dar um jeito de esquecê-lo. Tinha que dar!
Quando o Nick voltou ao quarto ele trouxe consigo uma pequena
pilha de roupas, as minhas, que ele deixou sobre o colchão da cama.
– Pronto, está tudo aqui, – Ele disse isso enquanto deixava o
meu par de botas recostadas a cama – pelo menos eu acho! – Dei uma olhada
rapidamente e assenti com a cabeça.
– Obrigada. – Eu estava me sentindo bem estranha com o Nick
depois de... Bem, depois de tudo.
Voltei meu olhar para o chão do quarto, eu estava tentando
evitar encara-lo. Percebi quando Nick foi até o banheiro, ele não demorou muito
lá e depois foi até o closet, pegou uma camisa e saiu do quarto, acho que pra
me deixar mais a vontade pra me trocar. Foi o que eu fiz, dentro de alguns
minutos eu já estava vestida novamente, quer dizer, se é que dá pra chamar isso
de vestida... A minha saia é tão curta, mais tão curta, que eu acho que ainda
ficaria curta se fosse a Noah que estivesse vestindo. E eu prefiro nem comentar
sobre o top... Não acredito que tive mesmo coragem de sair de casa vestida
desse jeito!
Fui até o banheiro do quarto e lavei o rosto. Me olhei no
espelho, eu estava uma droga, isso era um fato inegável. Eu bem que poderia
sair correndo daqui agora, mas eu ainda nem tinha as forças necessárias para
fazê-lo. O meu estomago estava embrulhado e a dor de cabeça só parecia aumentar
à medida que eu me mexia.
Saí do quarto e percorri um pequeno corredor até a sala, não
havia ninguém nesse cômodo, mas eu ouvi uns barulhos vindos da cozinha e fui
até lá.
– AI, DROGA! – Cobri meu rosto com os braços tentando evitar a
forte luz que rompeu de frente comigo assim que entrei na cozinha. Ela vinha da
janela que ficava quase que de frente com a porta e eu ainda não estava
preparada para um jato de luz solar bem no meio da minha cara. Não esqueça que
luz do sol para ressaqueados tem o mesmo efeito que para os vampiros... Queima!
Nick desceu as venezianas daquela janela, melhorando bastante a
“iluminação” do local. Ficou bem mais escuro, mas como era dia ainda podíamos
enxergar sem precisar ligar uma lâmpada. Sentei-me em um dos banquinhos do
balcão, com a mão na testa por causa da dor de cabeça.
– Toma isso aqui, é aspirina – Nick colocou um comprimido em
cima do balcão – Tem água na geladeira – Ele disse e eu me encaminhei até lá. Resmunguei
porque até a porra da geladeira tinha uma luz dentro.
Peguei um copo de água, sentei-me novamente no balcão e enquanto
tomava o comprimido, fiquei observando o Nick. Ele tinha colocado água pra
ferver em uma cafeteira e agora estava jogando o pó de café. Bem simples,
aliás, nada mais simples do que fazer café numa cafeteira elétrica...
Por que tudo na vida da gente não pode ser simples assim?!
Ele não demorou muito pra terminar, e depois disso colocou uma
caneca a minha frente, preenchendo-a com café.
– Toma um pouco, vai se sentir melhor! – Ele falou. Peguei a
caneca e soprei antes de tomar, assim que coloquei na boca quase cuspi tudo.
– Isso... tá... horrível! – Falei em meio a uma tosse de
engasgo. Esse cara tava querendo o que? Me matar engasgada com esse café
amargo?!
– É café puro, serve pra curar a ressaca. Bebe mais um pouco,
vai ajudar a dor de cabeça a passar e também corta as náuseas do estomago – Ele
mandou e eu bem contra gosto obedeci. Até que ele tinha razão já na metade da
caneca eu senti alguma melhora – Então, talvez agora seja uma boa hora pra
conversarmos. – Ele murmurou depois de um tempo, recostando-se no balcão.
Eu engoli o café em minha boca com uma golada só. Eu não queria
conversar, não sobre o provável assunto que ele queria.
- Eu acho que a gente não tem nada pra conversar! – Retruquei.
- Miley, a gente vai acabar tendo que falar disso alguma hora,
então por que não fazemos isso agora?! – “Por que eu não to a fim!” Seria uma
ótima resposta. Mas ao invés de dizer isso eu apenas dei de ombros, fazendo-o
entender que ele poderia começar a falar se quisesse. – Bom, - suspirou - antes
de tudo eu quero que saiba que ontem à noite foi...
– Um erro! – Me meti – Ontem a noite foi isso. Olha só, eu
estava bêbada, e bom, eu não consigo me lembrar de tudo exatamente, eu não sei
o que eu fiz, eu não sei o que eu te disse, mas eu sei que quando estou bêbada
eu só faço merda! – Fiz uma curta pausa. Eu estava tentando agir como se tudo
isso fosse à coisa mais natural do mundo, tentando manter a classe e a
compostura. Apoiei a caneca de café sobre o balcão de mármore a minha frente. –
E é claro que você não iria desperdiçar uma chance dessas, não é?! Quer dizer,
estava fácil demais...
– Espera aí. Como é que é?! – Nick se fez de desentendido. Mantive
o meu olhar superior.
- Eu não preciso entrar em detalhes aqui, você sabe muito bem do
que eu to falando. E eu também não vou ficar dando uma de coitadinha, mas você
sabe que foi um inconsequente transando comigo quando eu estava num quase coma
alcoólico! – Não precisei gritar para dar o tom de conotação que eu queria a essas
palavras – Ou achou mesmo que eu iria pra cama com você se eu tivesse o mínimo
de consciência?... – Ele me olhou como se não estivesse acreditando que eu
estava tendo coragem de dizer o que eu estava dizendo e eu, mesmo assim,
continuei - Você sabe muito bem que o que fez comigo foi praticamente abuso
sexual! – Ele me interrompeu
– Ei, ei, ei pode ir parando! Ta achando o quê?! Que eu te
peguei e te arrastei pra minha cama contra a sua vontade?! – Me encarou – Olha,
pro seu governo eu bem que tentei te dizer “não”, mas a “pureza em pessoa” aí
veio se atirando toda pra cima de mim! – Ele apontou pra mim e minha boca se
abriu em um perfeito O, agora eu estava indignada.
– Tá, então agora a culpa é minha? Vai dizer o que?! Que fui eu
que entrei no seu quarto ontem à noite e fiquei me oferecendo pra você,
insistindo pra você transar comigo? – Revirei os olhos
- Éh, por que foi exatamente isso que aconteceu! – Ele vociferou
– E você nem tava tão bêbada assim Miley, - Ele rolou os olhos tediosamente. –
além do mais você me atiçou até das maneiras mais imagináveis! Estava esperando
o que? Que eu bancasse o monge puritano cumprindo um voto de castidade? – O
Nick estava mesmo ficando frustrado com essa nossa “conversa”. Já eu, não pude
evitar me imaginar atiçando-o... Será que foi assim tão bom?!
– Olha, quer saber agora tanto faz! – Falei sacudindo a cabeça
para espantar esses pensamentos – E nós dois sabemos que você nunca levou os
votos de castidade muito a sério, de qualquer forma... O que rolou entre nós ontem
já aconteceu e não tem mais o que fazer, não importa de quem foi à culpa,
apenas não deveríamos ter feito e fizemos então o melhor a se fazer agora é
esquecer tudo isso e seguir nossas vidas normalmente, como se nada disso
tivesse acontecido! – Falei num fôlego só, já me levantando para sair daquela
cozinha, mas o Nick me segurou pelo braço.
– E se eu te dissesse que não quero esquecer?! – Em um rápido
movimento ele me puxou para si, agarrando a minha cintura com sua mão livre e
me fazendo ficar muito próxima a ele – E se eu te dissesse que quero repetir
ontem à noite, com você, todas as noites, pelo resto da minha vida? – Murmurou
– Nick, para! – Pedi afastando-o um pouco.
– Não, isso é sério, Miley. Ontem não foi de caso pensado, eu
juro, - Fez uma pequena pausa – mas também não estou nem um pouco arrependido.
E eu sei que não posso simplesmente fingir agora que nada aconteceu! – Me
encarou
– Também não estou arrependida, ta bom?! – Afirmei – Já foi e é
passado! – Joguei a cabeça para o lado soltando um suspiro abafado e voltei a
encara-lo em seguida - Nick, a gente não tem mais nada haver. Quer dizer, ontem
aconteceu, e foi bom, eu acho, mas não vai mais se repetir! – Disse essa parte
com mais veemência - Além do mais não significou nada nem pra mim e nem pra
você, foi só sexo! – Me soltei dele e caminhei rapidamente para a sala, ele me
seguiu.
– Você não pode falar por mim! – Vociferou – Você não sabe o que
significou pra mim.
- É claro que eu sei. Nada, não significou nada por que não
rolou sentimento. – Afirmei seguramente.
- Então fala só por você. – Ele me encarou – Diz que você não
sentiu nada, que pra você não foi nada, mas não coloca palavras na minha boca!
- Para com isso! – Teimei - Você sabe que também não significou
nada pra você. Estávamos jogando com o prazer, nós dois, sei que foi só isso! -
Insisti
- Então me desculpe desaponta-la, por que pra mim não foi só um
maldito jogo! - Retrucou
- Nick...
- É, eu não tava jogando com você. Eu não tava tentando te
seduzir, e nem tentando provar nada! – Suspirou irritado, deixando o ar
finalmente sair de dentro de seus pulmões – Eu também não to tentando fazer
isso agora. A única coisa que eu to tentando fazer é achar o jeito certo de te
dizer que eu estou apaixonado por você. E eu que eu percebi isso ontem – Me
encarou - Que eu ainda sou completamente apaixonado por você, Miley.
- Nick, qual é a sua heim?! Por que você tá fazendo isso, por
que tá me dizendo isso agora?! – Questionei – Quer dizer, espera mesmo que eu
acredite que você tipo, simplesmente se deu conta que está apaixonado por mim só
por que eu bebi demais e transamos noite passada?!
- Não. Espero que acredite por que é verdade! – Ele veio
chegando cada vez mais perto e eu senti as minhas pernas ficarem bambas. Seus
olhos estavam nos meus e eu detestava esse jeito dele de me olhar, me fazia
sentir tão fraca, tão vulnerável, tão... Apaixonada. Dei ainda uns dois passos
pra trás, mas suas mãos mais uma vez enlaçaram minha cintura, acariciando
minhas costas de leve – Alguém me disse uma vez que nós não temos que complicar
coisas que são simples. Eu já disse que to apaixonado e você bem que podia
facilitar as coisas e admitir logo de uma vez que também me quer do mesmo jeito
que eu te quero! – Suas mãos vieram para o meu rosto, segurando-o
delicadamente, então ele aproximou seu rosto do meu e, inevitavelmente, eu
apenas fechei os olhos. A nossa proximidade e um leve arrepio me fez saber que
ele me beijaria, mas...
– Miles?!... Nick?! O que vocês estão fazendo?! – Noah perguntou
curiosa parada na porta do quarto.
Nick e eu nos afastamos imediatamente.
– Ah, er...NADA! Nós estávamos só, er conversando! – Falei sem
jeito, ela apenas me lançou um olhar de esguelha, estilo desconfiado.
– Ei Noah, cadê o Frankie?! – Nick perguntou – Chama ele pra
tomar café.
- O que tem pro café? – O garoto surgiu sei lá de onde e veio
andando até a gente – Ainda sobrou mais daquelas panquecas que a Mandy fez
ontem?
- Na geladeira.
O garoto foi correndo para a cozinha
– Ah moleque! – Ele berrou de lá – Vem logo Noah, é panqueca de
maçã! – Noah até ia, mas eu a barrei.
– Quem sabe uma outra hora, agora Noah e eu precisamos ir pra
casa! – Eu disse alto o suficiente para que Frankie também escutasse.
– Ah Miles, mas eu to com fome! – Ela reclamou
– Noah, a nossa casa é aqui pertinho, você não vai morrer de
fome até lá! – Disse pra ela com um sorrisinho forçado.
– Miley, deixa a garota tomar um suco pelo menos! – Nick se
intrometeu
– Não, não precisa! A gente já ta de saída, e pode deixar que eu
sei o caminho, tchauzinho! – Disse já arrastando a minha irmã comigo pra fora
do apartamento do Nick.
– Eita! Precisava mesmo sair correndo desse jeito, parece até
que você roubou alguma coisa! – Noah disse revirando os olhos.
Eu a ignorei. Só eu sabia o quanto o meu coração estava batendo
forte dentro do meu peito. Fechei meus olhos e lembrei do rosto do Nick cada
vez mais próximo do meu... Eu só posso ser maluca. Eu ia deixar ele me beijar,
assim na boa, e o pior é que eu acho que até queria...
É, eu sou mesmo louca!
Chegamos em casa e eu abri a porta, Noah entrou primeiro. Na
sala, Mandy estava dando mamadeira para a Mell sentada no sofá enquanto Jenny brincava
numa espécie de karaokê.
Espera, por que ela ta usando uma peruca loira?!
– O que aconteceu com vocês, porque não voltaram pra casa
ontem?! – Jenny perguntou a Noah que se atirou no sofá da sala.
– Vai por mim, é uma historia longa e chata, - Ela suspirou –
Mas e aí, como foi o acampamento?
– A chuva estragou, acabamos dormindo aqui dentro de casa mesmo!
– A garota revirou os olhos – Não quero nem saber, mas o tio Nick vai ter que
dar um jeito pra eu me divertir nessas férias, se não... – Até eu fiquei um
pouco assustada com a cara que a Jenny fez. Acho tão incompatível ela ser filha
do Kevin, ele é tão tranquilo. Espevitada desse jeito ela deveria é ser filha
do Joe.
– Mas e aí, ta fazendo o que de bom?! – Noah perguntou se
aproximando da TV onde Jenny estava brincando.
– To brincando com meu novo karaokê da Hannah Montana, papai
comprou pra mim antes de me obrigar a passar as férias com o panaca do tio Joe,
- Revirou os olhos – Pelo menos isso ele fez de bom né?! Eu amo a Hannah!
– Sério?! – Noah pareceu tão surpresa quanto eu também fiquei. Quem
diria que a Jenny era minha fã, ou melhor, da Hannah.
– Uhum, vem, vamos cantar uma música juntas! – Ela selecionou
uma das músicas e deu um outro microfone para a Noah, claro que o
personalizado, cheio de brilho e glitter ficou com ela.
Agora eu entendi o porquê da peruca.
Perdi alguns segundos observando a arrumação daquelas duas, elas
resolveram cantar Just Like You, um dos meus maiores sucessos da época de
Hannah Montana. A Jenny sabia a letra direitinho e todos os passos da
coreografia, e a voz dela era muito boa, até que ela levava jeito pra cantora.
Já a Noah, bom, vamos dizer apenas que ela tem a desculpa de que ainda era
muito criança quando eu lancei essa música... Ela conseguiu errar a letra
inteira e é melhor nem comentarmos sobre a coreografia.
Sorri e subi as escadas apressadamente, sem dizer nada a
ninguém. Eu ainda estava cansada, mas tudo que iria fazer era tomar um banho e
sair correndo para ir até o hospital ver o meu pai.
(...)
Estava trocando de roupa dentro do meu closet quando meu celular
chamou, era a minha mãe.
Ligação On
– Alo, mãe?! – Atendi.
– Oi filha, eu só liguei pra avisar que seu pai já vai ter alta
– Eu sorri com a notícia – Ele já está se sentindo bem melhor e insistiu com o
médico pra ir pra casa, você sabe como ele é... Um caipira teimoso!
– Sei
– Bom, pois é. Eu achei que você deveria trazer a Noah quando
viesse dessa vez, teremos que contar pra ela mais cedo ou mais tarde e acho que
seria bem menos impactante se ela soubesse logo de uma vez! – Avaliei um pouco
o que minha mãe disse e terminei por concordar.
– A senhora tem toda razão, eu vou leva-la sim, pode deixar!
– Ok, então, a que horas você vem, filha?
– Já vou sair de casa, é apenas o tempo de trocar de roupa e
comer alguma coisa.
– Ta bem, tchau!
– Tchau! – Desliguei
Ligação Of
Já vestida desci as escadas sorridente. Papai teria alta e
voltaria pra casa, com um pouco mais de sorte a recuperação dele seria bem
rápida e ele voltaria a andar logo, talvez não fosse ser otimista demais achar
que a reconciliação dele e mamãe também pudesse acontecer. Eu percebi com esse
acidente que ela ainda o ama demais, vai ver ele também percebeu isso e esquece
de uma vez essa bobagem de divorcio.
– Caramba, Mandy, você sabe toda a coreografia e essa é a mais
difícil depois de Zig-Zag! – Jenny
– Pois é, acho que a Miles nem sabe mais... – Noah
Olhei em direção a sala, dei de cara com a Mandy dançando no tal
tapete de coreografia do Karaokê, a música dessa vez era Nobody’s Perfect.
– É que eu tenho boa memória! – Ela riu – Mas preciso admitir
que foi bem difícil aprender essa coreografia. A Miley então, nossa, ela era um
desastre! – Riu mais - Demorava pelo menos um século pra ela aprender uma
coreografia. Lembro que a gente dormia no mesmo quarto às vezes durante a
turnê, nós éramos muito amigas na época, aí a gente ficava ensaiando as mais
difíceis, era bem divertido.
– Você bem que podia ensinar essa pra gente né Mandy?! – Jenny
pediu
– Ensino sim! – Ela assentiu toda sorridente.
– Noah, você já tomou café da manhã?! – Cheguei na sala com cara
de poucos amigos, e perguntei isso enquanto arrumava algumas coisas em minha
bolsa.
– Já sim, por quê? – Ela quis saber
– Porque vamos sair! – Respondi rapidamente e caminhei em
direção a porta, antes de sair dei uma olhada para Mandy – Imagino que você vai
levar as crianças de volta pra casa do Nick, então assim que sair avise a
empregada! – Foi tudo que falei – Noah anda logo, to te esperando no carro.
Caminhei até a garagem e só então me lembrei que eu estava sem
carro. Lembrei também do péssimo negocio que tinha feito na noite anterior e
xinguei a mim mesma. Bom, por sorte o carro da minha mãe estava na garagem e
foi ele que eu usei.
Tirei o veiculo da garagem e parei em frente de casa, buzinei
para que Noah viesse logo. Quando ela saiu pela porta, Jenny e Mandy também
saíram, a Mandy carregava a Mell no colo. Elas se despediram de Noah e ela veio
para o carro finalmente.
– Ué, cadê teu carro?! – Ela perguntou assim que entrou
– Ah... Ta na revisão – Inventei.
Dei a partida no carro e então segui para o hospital, como
sempre a Noah não fechou a matraca durante um só segundo da viagem.
– ... Pois é, ai a Mandy falou que vai ensinar a gente! – Ela
contava toda contente.
– Que ótimo! – Falei irônica, estava cansada de ficar escutando
sobre Mandy, danças bobas e mais Mandy.
Noah ficou em silencio durante alguns segundos, mas durou bem
pouco.
– Você não vai me contar por que saiu de casa daquele jeito
ontem? – Ela me perguntou sem me olhar – Eu fiquei preocupada. Você e a mamãe
não param mais em casa e você saiu que nem uma louca, por sorte o Nick topou ir
atrás de você sabe-se-lá Deus por onde... – Ela rolou os olhos.
– Olha Noah, eu já estou bem grandinha e posso cuidar de mim
mesma. Você não precisa se preocupar a cada vez que eu saio, eu sei bem o que
faço da minha vida! – Disse séria – Agora se tanto te interessa, eu fui a uma
festa, na casa de uma amiga, só isso, e você não tinha nada que ter colocado o
Nick pra ir atrás de mim. – A repreendi – O que deu na sua cabeça?!
– Ah eu sei lá, eu te vi chorando antes e achei que... – Ela
estava falando normalmente ate que começou a olhar em direção das minhas mãos
assustada - Miles, cadê o teu anel de noivado?! – Minha irmãzinha parecia
apavorada ao dar pela falta do meu anel – Não vai me dizer que você perdeu! –
Me encarou
– Er... é, pois é, eu perdi...acho que deve ter caído por aí! –
Falei um pouco sem jeito.
– Miley, quanta irresponsabilidade! – Ela falou como se fosse
uma adulta, ou responsável, igualzinho a minha mãe – E agora o que você vai
fazer?! O Liam vai pirar quando souber... – Interrompi
– Noah, não vamos mais falar no Liam, ta bem?! – Eu fechei os
olhos tentando me controlar, eu estava começando a ficar irritada.
– Por que, vocês brigaram?! Terminaram?! Me conta o que
aconteceu! – Ela implorou – Vai ver era por isso que você estava chorando e...
– Noah! - Esbravejei
– Ok, ta bem eu não falo mais nele... – Fez carinha de inocente
- Mas Miles, me diz uma coisa; você e o Nick iam se beijar hoje lá na sala da
casa dele não é?! – Ela sorriu – Eu já sei, ele soube que você terminou com o
Liam e te pediu em namoro outra vez não é?! Você aceitou?
– Noah... Claro que não! – Disse pasmada – Como você consegue
imaginar tanta besteira em tão pouco tempo heim garotinha?! – Encarei-a e ela
deu ombros – Olha só, eu terminei com o Liam sim e não adianta perguntar o
motivo porque eu não vou te contar, não é assunto pra sua idade, e quanto ao
Nick pode esquecer, mesmo que ele tivesse me pedido em namoro e eu não disse
que ele pediu, - Adverti - eu não iria aceitar, não tem nada rolando entre a
gente e no que depender de mim, nunca mais vai ter! – Por sorte chegamos ao
hospital depressa.
– Ta né... Se você diz! – Ela revirou os olhos e desceu do carro
– Mas só pra constar eu ia achar ótimo se você e o Nick voltassem. Eu adoro ele
e você fica bem menos chata quando tá com ele!
– Ok Noah, mas dessa vez eu vou dispensar a sua constatação! –
Revirei os olhos e bati a porta do carro.
– O que estamos fazendo em um hospital, Miles?! – Noah me
perguntou receosa assim que passamos pela porta. Bem, não havia um jeito fácil
de fazer isso, mas eu achei melhor conversar com ela antes, talvez isso
ajudasse em alguma coisa.
Suspirei e me agachei, pra ficar frente a frente com ela. Olhei
dentro de seus olhinhos azuis profundos e dei um sorriso, eu queria mantê-la
calma antes de qualquer coisa.
– Noah, você confia em mim não confia? – Segurei seu pequeno
rosto com uma das minhas mãos, ela apenas assentiu – Olha, eu vou precisar que
você seja muito forte agora, mais forte do que você já foi em qualquer outra
situação na sua vida!
– Miles, você ta me assustando! – Ela disse – O que ta
acontecendo? – Mordi os lábios, eu não sabia como contar isso a ela.
– O papai ele, ele sofreu um acidente, Noah e temporariamente
perdeu o movimento das pernas – Disse tudo de uma vez, achei que seria menos
doloroso se o impacto fosse todo de uma só vez.
As lágrimas começaram a escorrer pelo seu rostinho.
– Meu Deus! O meu pai! – Ela estava aflita - E-e quando foi
isso? – Perguntou-me aflita
– Faz dois dias, não te trouxemos para vê-lo antes porque ele
estava em coma e nem mesmo eu ou a mamãe podíamos ficar com ele – Suspirei –
Agora, Noah, por favor, não chore. Os médicos disseram que ele vai se recuperar
depressa e se você chorar quando a gente for ver ele isso vai deixa-lo triste.
– Ela tentava limpar as lágrimas dos olhos sem muito sucesso, pois elas
voltavam a cair a cada vez que ela enxugava.
Deixei-a sentadinha em um sofá enquanto pegava na recepção uma
permissão para Noah e eu podermos visita-lo, depois de alguns minutos consegui
o que queria e então voltei para busca-la.
– E então, vamos lá?! – Dei minha mão para ela segurar, fomos de
mãos dadas para o elevador.
– Ei Miles, você acha mesmo que o papai vai ficar bem?! – Ela me
perguntou enquanto pegávamos o elevador. Novamente me agachei para poder
encará-la.
– Vai, claro que vai! – Sorri, ela me abraçou – Não se preocupe,
vai dar tudo certo amor, eu prometo! – Sussurrei enquanto afagava seus cabelos.
Chegamos ao quarto onde papai estava em pouco tempo e Noah fez o
máximo de esforço para parecer tranquila. Por isso que eu adoro essa baixinha,
ela é bem mais dura na queda do que muita gente grande, inclusive eu mesma acho
que não tive uma reação tão madura quanto a dela.
Abri a porta do quarto e dei de cara com o papai já sentado em
uma cadeira de rodas, vestido e com seu inseparável chapéu de cowboy na cabeça.
Ele apertava tediosamente os botões do controle remoto enquanto mamãe do outro
lado do quarto falava ao telefone.
– PAPAI! – Noah berrou sorridente, já correndo de encontro a ele
que não demorou a envolvê-la em seus braços.
– Espoleta, que bom que veio filha, estava morrendo de saudades
suas! – Meu pai pareceu bem mais feliz ao ver a Noah.
– E de mim, não estava?! – Perguntei fazendo um biquinho, meu
pai sorriu.
– Claro que estava com saudades de você também, Smile! Venha cá!
– Ele me chamou para o abraço também. Nós todos sorrimos com isso.
Eu sabia que meu pai deveria estar bem triste por dentro, mas
ele jamais demonstraria isso pra nós, fazia parte do jeito de caipira turrão
não demonstrar sentimentos.
– Eu já falei com ele, Billy, ele disse que já está a caminho. –
Mamãe disse se aproximando de nós três – Tem mesmo certeza que quer sair do
hospital hoje Billy? Talvez seja melhor pra sua recuperação se ficar um pouco
mais!
– Se eu ficar mais tempo aqui aí sim que eu vou ficar doente de
vez! – Papai retrucou – Você sabe muito bem que eu detesto esse tipo de lugar,
Tish!
– Bom dia! – O médico entrou no quarto interrompendo a quase “discussão”
dos meus pais – Eu vim aqui para trazer a autorização de saída do senhor Billy
Ray. – O médico sorridente entregou o papel a minha mãe que o puxou para um
canto para conversarem, acho que ela queria perguntar mais coisas sobre as
chances de recuperação do meu pai e não queria que a Noah ouvisse.
– Que bom que você já vai voltar pra casa papai! – Noah disse
pra ele com um sorriso no rosto – Uma pena que agora a gente não vai mais poder
viajar para ir passar o feriado lá em Nashville, na casa da vovó Rubi, como a
gente tinha combinado.
– E quem disse que não?! – Papai a olhou devolvendo-lhe o
sorriso – Claro que nós vamos! Ninguém sabe cuidar melhor de mim do que a sua
avó, acredite!
– Obaa! – Noah comemorou – Papai tem uns amigos meus estão na
cidade, a Jenny, o Frankie e a Mellzita, quem sabe a gente podia levar eles
também né?! – Eu fiquei pensando, levar aqueles três significaria ter que levar
o Nick de contrapeso e isso era só o que me faltava!
– Vamos ver filha, precisamos falar com os pais deles primeiro!
– Papai desviou o olhar de Noah em minha direção por um instante – O que foi
Smile? Não parece mais tão animada com a ideia da nossa viagem. Aconteceu
alguma coisa?!
– Não, não é só que...
– Com licença, eu posso entrar?! – Nick perguntou assim que
abriu a porta. Quem tinha chamado ele aqui?!
– Claro que pode rapaz, entra! – Papai falou. Ele entrou e
cumprimentou minha mãe e o médico rapidamente, com um aceno de cabeça, então
veio até onde estávamos.
– E então, como o senhor está?! – Ele perguntou olhando para o
meu pai
– Agora que sei que vou sair dessa joça, bem melhor, aliás,
melhor impossível! – Meu pai falou um pouco mais alto para o médico poder
escutar.
O doutor apenas revirou os olhos.
– Papai! – Noah e eu o repreendemos ao mesmo tempo, Nick riu
disso.
– O que foi? Eu to falando a verdade, a comida aqui é uma droga,
é quase tão ruim quanto a da sua tia Mey! – Acho que o médico cansou de ouvir o
hospital dele ser insultado e saiu do quarto pouco tempo depois disso.
– Pronto. Você já conseguiu o que queria Billy Ray, aqui está o
papel da alta! – Mamãe disse um pouco brava. Eu sabia que ela não estava brava
de verdade, apenas não queria que o meu pai saísse do hospital assim de
qualquer jeito.
– Ótimo! Maravilha! – Papai disse satisfeito – E então Nicholas,
algum problema em eu voltar lá pra sua casa?! – Ele perguntou encarando o Nick,
que pareceu bem surpreso.
– Bem, er, não... Claro que não, nenhum. O senhor pode voltar e ficar
lá o tempo que quiser! – Ele respondeu rapidamente. Mamãe e eu ficamos
atônitas, mas apenas eu tive coragem de me manifestar.
– Como assim o senhor vai voltar pra casa dele?! – Quase berrei
– O senhor não está bem, precisa de cuidados, o senhor tem é que parar com essa
birra estúpida com a mamãe e voltar pra casa! – O encarei
– Miley, eu não sei se você sabe filha, mas eu sou maior de idade
e responsável pelos meus atos. Eu já tinha dito antes que não voltaria pra
aquela casa então, não há nada que você possa fazer pra me convencer! – Ele
respondeu tranquilo. Percebi que o que ele disse deixou a mamãe um pouco
abalada e isso me irritou – Filha pode empurrar a minha cadeira até o carro? –
Ele pediu a Noah.
– Claro papai! – Ela fez o que ele pediu
– Ah... Me desculpem por isso. Eu prometo cuidar bem dele, podem
ficar tranquilas senhora Cyrus, Miley... – Nick disse antes de ir em direção a
saída do quarto. Vi algumas lágrimas escorrerem pelo rosto da minha mãe e isso
doeu em mim.
Em um ato desesperado, saí correndo do quarto, eu daria um jeito
nisso!
– NICK!! – Gritei antes que ele descesse as escadas, o elevador
provavelmente estava ocupado. Ele parou, eu cheguei mais perto – Nick, por
favor, eu to implorando pra você! Diz pro meu pai que ele não pode ficar na sua
casa, é o único jeito dele voltar pra casa... A mamãe ta sofrendo pra caramba e
ele precisa dela, mesmo que não reconheça isso!
– Olha Miley, eu até concordo com você, mas não posso fazer
nada! – Ele disse sério – Mesmo que eu diga que ele não pode ficar lá em casa
ele não iria voltar pra casa de vocês, iria pra um hotel ou qualquer outro
lugar e o motivo é justamente a sua mãe. Eu sei que ela deve estar sofrendo
muito agora, mas deveria ter pensado melhor antes de fazer o que fez com seu
pai! – Eu fiquei meio confusa com o que ele disse. Nick estendeu a mão e
colocou em meu ombro delicadamente – Não se preocupe, ele vai ficar bem lá em
casa e pelo menos você vai poder vê-lo sempre que quiser e até a sua mãe
também, isso é, se ele quiser vê-la, claro! – Ele sorriu – Agora eu preciso ir!
– Virou-se dando alguns passos nas escadas e eu o segui.
– Nick, o que você quis dizer com: “Ela deveria ter pensado
melhor antes de fazer o que fez com ele”, eu não entendi! – Falei segurando-o
– Ah Miley, você sabe como é difícil pra alguém perdoar uma
traição, ainda mais pra alguém como o seu pai. Olha, eu até sinto pena da sua
mãe, mas o Billy não deixa de ter suas razões, você deveria procurar entende-lo
também!
– Espera, você tá querendo me dizer que... A minha mãe traiu o
meu pai?! – Perguntei abismada, acho que até tinha lágrimas nos meus olhos por
causa do choque. Então a mulher que eu sempre achei que amava o meu pai mais do
que qualquer coisa nesse mundo o tinha traído?! Isso parecia surreal.
– Espera, então você não sabia?! – Nick pareceu surpreso – Puta
merda! – Ele passou a mão pelo rosto e pelo cabelo, visivelmente arrependido.
– Nick me explica essa história direito, agora! – Exigi
– Olha Miley, isso não é da minha conta, eu nem sei por que eu
fui falar disso com você, eu achei que você já soubesse...
– Nick, você tem que me contar! – Implorei – Como foi?! Quando
foi?! Com quem foi?!
– Miley, para! – Nick segurou-me nos ombros – Olha, eu não sei
nada disso e mesmo que soubesse não diz respeito a mim. Não sou eu que tenho
que te contar são os seus pais, isso é coisa deles. Só um deles pode te dizer o
que realmente aconteceu!
Ainda um pouco abismada com o mais recente fato eu me soltei das
mãos do Nick e subi os degraus da escada correndo.
– Miley, Miley aonde você vai?! – Nick veio atrás de mim – Você
não vai fazer nem uma besteira não é?! – Ele tentou me segurar, mas eu me
soltei. Nem dei atenção ao que ele dizia, apenas refiz o caminho de volta para
o quarto do meu pai, onde a minha mãe ainda deveria estar.
Entrei e como eu supunha ela estava lá, arrumando algumas
coisas.
– Ah filha, que bom que você me esperou, eu estava terminando de
arrumar algumas coisas do seu pai... Acho que ele pode precisar lá na casa do
Nick. Eu preferia que ele voltasse lá pra casa é claro, mas orgulhoso do jeito
que ele é, isso não vai acontecer! – Não sei se ela estava falando comigo ou
consigo mesma, mas agora tudo que eu queria era saber direitinho sobre essa
historia de traição.
Dei alguns passos em direção onde ela estava, parei a poucos
metros dela, encarando-a.
– O que houve filha, algum problema?! – Ela perguntou sem entender
minha atitude.
– Mãe, que historia é essa que você traiu o meu pai?!
Continua...
N/A: Olá pessoas que ainda tem paciência pra ler esse blog rsrs Bom, aqui está mais um capítulo e ele é totalmente dedicado a uma pessoa muito especial pra mim que fez aniversário essa semana, a minha amiga e autora favorita a Carol, ou como eu gosto de chama-la Lety. Parabéns amiga e que você tenha muitos e muitos anos de vida e que todos eles sejam cheios de alegria, amor e inspiração. Pessoas como você merecem o melhor lado da vida, você torna nossos dias muito mais animados com suas histórias, ainda lembro da primeira vez que li "O namorado de uma estrela" e foi amor a primeira vista, desde aí não larguei mais do seu pé.
Apesar de não conhece-la pessoalmente sua amizade é muito especial pra mim, adoro conversar com você e espero que sempre tenhamos essa conexão especial que temos agora... E bem, já deu pra perceber que eu não levo muito jeito com essas dedicatórias então eu vou fechar apenas pedindo pra que você continue sendo essa pessoa maravilhosa que você é e pra que você nunca deixe que nada nem ninguém venha impedi-la de realizar os seus sonhos, pois você será grande e um dia eu ainda terei o prazer de ler um livro seu.
Ah, e eu disse que tinha uma surpresa e ela está na próxima página...
Não acredito que ninguém comentou esse capítulo. ..
ResponderExcluirQue triste "(
acho que todos, assim como eu, leram esse e pularam logo para o proximo pq seus capitulos sao muuuuuuuito bons e dá vontade de ler sem para hhahahahaha by. le
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