Sinopse

"- ...Só que aí você volta, e te amar é tão mais fácil...."

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Eu amo a Miley Cyrus - Capítulo 22


Fique bem!
Narrado por Tish
Los Angeles, Califórnia, 10:11 AM (Horario Local) Hospital no centro da cidade.
Estava em um dos quartos do hospital, apenas terminando de arrumar as coisas do Billy. Ainda estava me perguntando como eu fui deixar a situação chegar a esse ponto, Billy não iria voltar pra casa e nem muito menos me perdoar, isso estava claro agora.
Pra ser sincera, no começo eu até achei que esse acidente fosse ser a solução de tudo, digo, quanto a nossa separação. Não que eu gostasse da situação, mas isso obrigaria o Billy a ficar do meu lado por pelo menos mais um tempo, e se nesse tempo eu conseguisse provar pra ele que o que eu fiz não significou nada, que estou arrependida. Sei que estou sendo otimista demais pensando desse jeito, sei que tão orgulhoso como Billy é as coisas jamais voltariam a ser como eram antes entre nós, mas pelo menos, nessa situação, ele precisaria de mim ao seu lado e essa necessidade o impediria de me deixar...
Ouvi a porta do quarto se abrindo, olhei de relance e vi Miley passando por ela um pouco abatida, a verdade é que isso tudo não estava sendo fácil pra nenhum de nós.
– Ah filha, que bom que você me esperou, eu estava terminando de arrumar algumas coisas do seu pai... – Forcei um sorriso, a última coisa que eu queria nesse momento é sorrir, mas eu só não podia ficar assim com essa cara na frente da Miley - Acho que ele pode precisar lá na casa do Nick. Eu preferia que ele voltasse pra casa é claro, mas orgulhoso do jeito que ele é isso não vai acontecer! – Disse e de repente me veio à mente o porquê ele não voltaria, me senti horrível. Certamente se arrependimento matasse, eu já estaria a sete palmos debaixo da terra a um bom tempo.
Miley deu alguns passos em minha direção, chegando mais perto. Não a encarei, apenas continuei dobrando as peças de roupa e colocando-as na mala, tentando ao máximo sufocar a culpa e a tristeza que eu sentia.
– O que houve filha, algum problema?! – Perguntei desinteressadamente. Não que eu não me importasse com os problemas da minha filha, eu apenas não estava focada em outra coisa que não fosse à minha própria dor agora, mas seria melhor ouvi-la falar do que continuar me torturando mentalmente.
– Mãe, que historia é essa que você traiu o meu pai?! - A voz de Miley saiu acusadora e ao mesmo tempo confusa. Quando eu finalmente interpretei o que ela disse perdi o ar por um instante. Até então eu não estava preparada para responder essa pergunta, muito menos vinda dela, virei-me para encarar minha filha e vi seus grandes olhos azuis fincados em mim, cobrando-me uma resposta como os donos de cassinos que cobram dívidas de jogo.
Nervosa e atordoada eu apenas abri a boca na intenção de uma resposta, mas nada saiu dela.
 – Anda mãe, diz alguma coisa! Me responde, isso é verdade? – Ela quase gritou.
- Q- quem te disse isso, foi o seu pai?! - Eu até tentei formular uma frase mais coerente e menos confirmadora da minha culpa, mas eu simplesmente não estava preparada para esse momento. Jamais achei que o Billy contaria isso a ela, não era do feitio dele usar uma das filhas contra mim. – Como ele teve coragem de fazer isso?! - Murmurei
- Como VOCÊ teve coragem! – Ela berrou apontando o dedo pra mim e então depois de alguns segundos suspirou pesadamente balançando a cabeça um pouco imprecisa e arrependida - Olha, eu acho que quem me contou não vem ao caso agora, mas não foi o papai. - Ela tentou se acalmar um pouco – E-eu só quero entender, então isso é mesmo verdade?!  – Ela começou a andar de um lado para o outro do quarto – Eu preciso ouvir de você!
 De todos os meus filhos a Miley é a que mais se parece com o Billy. Tem um grande senso de justiça e é uma pessoa extremamente leal, que preza acima de qualquer coisa a família, e é exatamente por isso que ter que explicar as coisas a ela e contar toda a verdade seria tão difícil e doloroso quanto foi contar a ele.
– Mãe...?! – Me encarou como se pedisse pra eu me apressar a falar.
- ... – Um nó tinha se formado em minha garganta, mas eu sabia que tinha chegado a hora de contar toda a verdade a ela e por mais difícil que fosse eu teria que fazê-lo – Bem, é, é verdade...
- COMO VOCÊ PODE?! – Ela me interrompeu com um berro. Seus olhos já estavam cheios de lágrimas e eu já estava até chorando – Como foi capaz de fazer isso com alguém como o meu pai?! – Continuou indignada - Ele, ele idolatrava você, ele te amava! – Ela cuspiu as palavras de uma forma tão feroz que só me fez sentir ainda pior.
- EU SEI!! – Gritei em meio aos gemidos e soluços abafados do choro - Eu sei... Eu sei! Eu queria que as coisas não tivessem sido desse jeito, mas aconteceu!
- E como, por que você deixou acontecer?! Voce não amava mais o meu pai, é isso?!
- É claro que eu amava...  – Fiz uma curta pausa – Ainda o amo! Mas tem momentos na vida que não agimos com a razão, filha... Seguimos nossos impulsos e cometemos erros, coisas insignificantes e repugnantes que acabam destruindo tudo que um dia nós achamos que tínhamos!
- Achava que tinham não, vocês tinham! Voce e o papai tinham um relacionamento estável, um casamento feliz, filhos... Vocês se amavam! – Ela alegou, mas eu neguei veementemente.
- Não mais! – Murmurei – Há muito tempo seu pai e eu não tínhamos mais um casamento feliz, – Sentei-me na cama apoiando as mãos nos joelhos e de cabeça baixa – brigávamos demais e ele estava sempre fora de casa. Eu não acho que foi falta de amor, na verdade foi mais pra negligencia nossa mesmo, mas eu estava machucada e me sentindo mal amada, achei que eu poderia, até mesmo que eu deveria, me dar uma chance com outro alguém!
- Então por que não conversou com o meu pai, por que não disse isso a ele?! Sei lá, na pior das hipóteses vocês se divorciavam logo de uma vez, qualquer coisa, você só não tinha que traí-lo! – Miley argumentou, parecendo ainda inconformada com o que eu havia feito e eu não esperava menos.
- Quando você está do lado de fora tudo parece mais fácil! – Disse pausadamente – Miley entenda, eu achei que não tinha mais nada o que perder; meu casamento estava por um fio, meus filhos tinham todos seguido o seu próprio rumo – Suspirei – bom, nem todos, mas a Noah é uma menina esperta e ficaria bem, foi o que eu pensei... Na verdade eu nem sei se eu pensei! – Voltei a chorar – Eu estava me sentindo um trapo e derrepente apareceu alguém me dizendo coisas que o seu pai já não dizia mais e eu, eu me iludi, achei que estava apaixonada novamente, que esse sentimento era maior que qualquer outra coisa e acabei perdendo tudo que realmente tinha valor pra mim!
- Mãe, você tem quarenta anos e não quinze, sempre foi a pessoa mais sensata na nossa família, então não me pede pra acreditar nessa historinha aí de “Ai, eu fui iludida!” porque não vai rolar. Quem foi o cara?! – A pergunta que eu mais temia apareceu mais cedo do que eu esperava.
- Que?!
- O cara, quer dizer, se você traiu o meu pai teve que fazer isso com alguém não é?! Quem foi?! – Miley cruzou os braços, parada de pé a minha frente.
- Miley, foi algo totalmente sem importância pra mim, poderia ter sido qualquer um, eu me sentiria do mesmo jeito, por que eu amo o seu pai! – Tentei desconversar, mas a Miley parecia bem interessada no assunto.
- Ta bem, - Suspirou pesadamente - não quer falar não fala, mas você sabe que eu vou acabar descobrindo de um jeito ou de outro! – Miley foi em direção à porta do quarto, ela iria sair, mas eu a impedi.
- Miley, espera! Filha, me promete, – Puxei-a pra que ela me encarasse – me promete por tudo que você mais ama que você não vai mais remexer nessa historia, Miley. Voce já sabe tudo o que tinha que saber e essa história já deu tudo o que tinha que dar, até me separou do seu pai. Promete pra mim filha, promete que não vai tentar descobrir mais nada!
- Se não quer que eu tente descobrir é só me contar! – Ela falou seriamente.
- E pra quê?! Que diferença faz com quem foi?! – Suspirei – Filha, isso só vai abrir mais feridas e, e você talvez nem entenda e me ache ainda pior!
- Mãe, você traiu o meu pai. – Encarou-me - Não tem como eu te achar pior que isso! – Deixei algumas lágrimas rolarem no meu rosto quando ouvi essa frase.
Miley deixou um molho de chaves sobre uma mesinha que havia no quarto e se dirigiu a porta novamente.
- Não diga nada disso a sua irmã. – Pedi quando ela abriu a porta, ela parou por alguns segundos e olhou em minha direção – Por favor, eu não quero que ela pense que...
- Eu não vou contar. Não por você, por ela! – Ela saiu e fechou a porta. Eu chorei mais. Deixei meu corpo praticamente desabar sobre a cama, eu já não conseguiria mais encarar a minha própria filha. Céus, quando esse tormento iria terminar?!
Bom, pelo menos agora que ela já sabe de tudo eu tirei um peso da consciência, não aguentava mais ter que esconder isso da Miley. Meu único medo é a Noah, eu não quero que ela saiba nada disso, ela é só uma criança, jamais entenderia, acharia que eu sou um monstro e escolheria ficar com o Billy. Eu já perdi o meu casamento, não suportaria que esse erro estupido ainda arrancasse de mim a minha filha.
Narrado por Noah
Los Angeles, Califórnia, 17:23 PM (Horário Local) Apartamento do Nicholas.
- Pronto papai, terminamos! – Disse olhando em volta, foi aí que reparei uma coisa fora do lugar – Espera, acho que esse vai ficar melhor aqui – Estava me referindo a um porta-retrato que coloquei sobre o criado mudo. Nós estávamos arrumando o resto das coisas do papai de volta no quarto de hospedes da casa do Nick, já que agora ele ficaria por aqui definitivamente.
- Ficou ótimo, – Ele sorriu bagunçando um pouco o meu cabelo – gosto dessa foto!
- Eu sei por isso eu coloquei aqui, pra quando você sentir saudades!  - Na foto estávamos eu e ele no último verão que passamos todos juntos na fazenda.
- Já que é assim, prometo que vou olhar pra ela todas as noites antes de dormir, está bem?! – Ele disse e eu assenti. Depois que o papai saiu de casa eu sempre senti medo que ele se esquecesse de mim, a maioria dos pais divorciados acaba deixando os filhos de escanteio e eu não queria que isso acontecesse comigo.
Fiquei pensativa.
Eu o ajudei a sair da cadeira de rodas e deitar na cama.
- Papai, posso perguntar uma coisa?
- Claro amor, o que é? – Ele me olhou
- Mesmo que você nunca volte pra casa ou pra mamãe, isso não significa que você vai esquecer de nós, não é? – O encarei. Ele segurou a minha mão bem forte e me puxou pra sentar na cama, perto dele.
- Filha, eu jamais esqueceria de vocês! – Ele colocou uma mecha do meu cabelo pra trás da orelha – Nem de você e nem de nenhum dos seus irmãos, vocês são tudo pra mim!
- É que eu achei que como você não ama mais a minha mãe, você talvez não fosse mais amar a gente... – Confessei temerosa, olhando para as minhas mãos.
- Filha, claro que não! De onde você tirou isso?! – Ele segurou minhas mãos entre as dele – Eu sempre vou amar você, todos vocês! – Beijou minha testa e me abraçou – E não é que eu não ame mais a sua mãe, – Suspirou – é só que nós não podemos mais ficar juntos.
- E por que não podem? – Ergui-me um pouco em seu peito para encarar seus olhos – Eu queria que vocês ficassem juntos e que você voltasse pra casa!
- Eu também queria poder voltar princesa, mas... não dá, eu não consigo, desculpe-me mas não tenho forcas o suficiente, querida! – Ele me abraçou novamente, mais apertado dessa vez.
(...)
Nós estávamos no início do mês de dezembro. As madrugadas durante essa temporada eram as mais frias do ano. Papai já estava deitado e depois que ele tomasse os remédios iria dormir, eu achei melhor pegar uns cobertores extras pra ele.
Fui até o quarto do Nick ver onde ele guardava a roupa de cama. Eu até tinha passado na lavanderia da casa antes, mas não tinha nada por lá. Abri o guarda roupa atrás dos cobertores, mas eles estavam lá no alto... Nem pro Frankie estar aqui, ele que gosta de ficar se pendurando nas coisas feito um macaco!
Quando eu estava escalando o guarda roupa, sem querer deixei uma coisa cair no chão.
- Droga! – Murmurei pra mim mesma e peguei os cobertores, então desci – Espero que não tenha quebrado nada! – Pedi mentalmente. Por sorte, o que caiu foi só uma caixa com um monte de papeis dentro então tudo que eu precisaria fazer era recolher as folhas e organizá-las dentro da caixa de novo.
Comecei a catar as folhas de papel espalhadas pelo chão do quarto e coloca-las em ordem, não havia prestado muita atenção a principio, mas vi que na verdade aqueles papeis todos eram cartas...
- Olha só essa letra, parece um pouco com a da Miles - Olhei mais de perto e vi que no cantinho estava escrito “ XOXO Miley” – Ok, isso definitivamente é dela! – Na verdade todas eram dela.
Tinha umas fotos também, e postais, até letras de músicas. Umas das cartas eram bem antigas da época quando ela ainda pingava o i com coracão. Ri disso.
A julgar pela quantidade de cartas, dava pra ver que o Nick tinha guardado todas, ou pelo menos a maioria, desde o inicio do namoro deles. Não pude evitar a curiosidade de ler alguma delas.
– Vamos ver, essa aqui! – Peguei uma pra ler
“ Querido Nick
Oie, e então, como vai? Espero que esteja bem... Parece que esse vai ser mais um aniversário que vamos passar sem poder nos ver, então eu escrevi isso. Sei que não é a mesma coisa e que deve ser tao difícil pra você quanto é pra mim, mas dizem que não há barreiras quando o amor é verdadeiro. Eu quero muito acreditar que isso é verdade!
Eu tenho sentido muito a sua falta ultimamente, mas eu sei que os sacrifícios que estamos fazendo agora são necessários. Ontem eu estava indo de carro com o meu pai para Chicago e quando a sua música tocou na rádio, nossa, eu senti tanto orgulho, acho que até mais do que quando escutei a minha própria música na rádio pela primeira vez! Eu pensei: Ei, esse é o meu namorado, a voz dele é incrível! haha Ok, Acho que você não precisava saber desse detalhe...
Nós estamos conseguindo, não é?! Aos poucos estamos chegando onde sempre quisemos e nem parece que já passou tanto tempo. Já faz dois anos, desde que nos conhecemos naquela festa na casa do Zac. Sabe que se eu fechar os olhos ainda consigo visualizar tudo... Eu estava ali um pouco deslocada, apenas fingindo me divertir então eu me virei e vi você chegar. Você estava do outro lado do salão com os seus amigos, rindo de alguma palhaçada do Joe, eu acho. Lembro-me de ter comentado com uma amiga sobre você e eu quase não acreditei quando você atravessou o salão só pra vir falar comigo... E desde então você meio que está gravado dentro de mim, é engraçado porque tudo de repente se tornou sobre você e sempre que eu penso em ‘alguém’ eu só penso em você.  
É triste passar uma data especial como essa longe de você. Eu estava olhando o céu lá fora mais cedo pensando sobre isso e acabei percebendo uma coisa: Nós vamos nos deitar sob estrelas diferentes essa noite, eu estou onde estou e você está onde precisa estar, mas sabe, onde quer que você esteja e não importa a distancia, ainda é o mesmo céu sobre nós e a única razão pela qual eu ainda estou acordada é que eu precisava escrever isso, hoje, só pra te dizer como me sinto e me fazer presente em sua vida de alguma forma... Eu nunca achei que chegaríamos tao longe, mas estou feliz por termos chegado e bem, eu te amo, não importa o quão longe estamos ou quanto tempo vamos ter que permanecer assim, os meus sentimentos sempre serão os mesmos, como o céu sobre nós!
Você é o único que tem o meu coração, você sabe.
Miley”
-Uou! – Exclamei correndo meus olhos pelas ultimas linhas – Isso é o que eu chamo de estar apaixonada! – Sorri – Quem diria que a Miley era tão romântica assim com quinze aninhos?! Ainda mais se compararmos com o jeito marrento dela de hoje em dia... – Eu dobrei a folha e a coloquei de volta no envelope. Eu até iria ler outra, mas eu ouvi um barulho na porta da frente.
Mais que depressa eu peguei a caixa das cartas e devolvi pro guarda-roupa, eu sei que poderia ser qualquer um na porta, mas e se fosse o Nick?! Eu é que não queria que ele me pegasse no flagra mexendo nas coisas dele, ainda mais em coisas tão pessoais, tenho certeza que ele não ia gostar nem um pouco.
Peguei o cobertor pro papai e já ia dar o fora quando vi que esqueci a porcaria da carta que eu tava lendo em cima da cama. Tá vendo, na pressa a gente só faz besteira! Eu até queria devolve-la pro lugar, junto com as outras cartas, mas eu estava com medo demais de alguém entrar no quarto e me pegar com a boca na botija, então eu apenas guardei a carta comigo no bolso da minha calça jeans. Amanhã eu daria um jeito de devolvê-la ao devido lugar.
Saí do quarto devagar e com calma, tentei evitar qualquer barulho só que...
- Noah? – Jenny estava entrando no quarto do Frankie, que era no mesmo corredor do quarto do Nick – O que você tava fazendo no quarto do tio Nick? – Ela me olhou desconfiada.
- Ah, eu, eu só vim pegar um cobertor extra pro meu pai. – Mostrei o cobertor pra ela – Só isso!
- Uhum... Sei – Ela ainda me pareceu um pouco desconfiada, mas pelo menos não disse mais nada, só entrou no outro quarto e eu suspirei aliviada.
Frankie e Mandy estavam na sala da casa, a Mell também estava com eles.
- Oi gente! – Cumprimentei e já fui seguindo pro outro corredor que levaria ao quarto que meu pai estava.
- Ei Noah, espera! – Frankie veio até mim correndo – Se eu fosse você não entrava aí agora, a sua mãe tá aí!
- A minha mãe?! – Fiquei um pouco surpresa, da outra vez que o meu pai veio pra cá ela não veio aqui nem uma vez...
- É, quando a gente chegou ela estava lá na porta da frente esperando pelo Nick, ela tava parecendo um pouco nervosa, a Mandy a deixou entrar pra falar com o seu pai.
- Hum...Eu vou lá! – Disse e segui
- Tem certeza? Eles podem estar conversando – Frankie argumentou
- Se estiverem eu não vou atrapalhar em nada! – Teimei e fui pra porta, fiz sinal para o Frankie voltar pra sala antes de abri-la bem devagar.
- Voce não tinha o direito de ter contado a ela Billy, não assim de qualquer jeito, não sem ter falado comigo antes!  - Mamãe dizia ríspida – Voce deveria ter preparado ela e não pego uma bomba dessas e jogado nela assim de uma hora pra outra!
- Não faz drama Tish, a Miley não é mais nem uma criancinha que não é capaz de compreender as coisas! – Papai retrucou num tom um pouco arrogante – E eu já disse que não contei nada a ela, mas nós dois sabíamos que mais cedo ou mais tarde ela acabaria sabendo. – Ele revirou os olhos. Eu não estava entendendo muito do que eles estavam falando, só sabia que tinha haver com a Miley e com algo que a mamãe não queria que ela soubesse, mas que parece que ela acabou descobrindo.
- Você só fala assim porque não viu o jeito como ela me tratou lá no hospital! – Ela deu alguns passos em direção à cama e sentou-se na beirada – E eu fiquei totalmente perdida, não soube nem o que dizer a ela, provavelmente ela acha que eu sou uma vadia! – Mamãe começou a chorar. Mas por que a Miley acharia que a nossa mãe é uma vadia?!
Papai pareceu ficar um pouco sem jeito ao ver a mamãe chorar
- Tish, a Miley não é assim, ela não deve estar pensando nada disso... – Ele tentou consola-la.
- Eu não sei, eu acho que nunca mais vou conseguir encarar a minha filha! – Lamuriou um pouco. Eles ficaram um tempinho em silencio, mamãe ainda estava soluçando – Eu não quero que a Noah saiba, por favor, eu sei que um dia teremos que explicar as coisas pra ela, mas eu não tenho condições pra isso agora! – Ela encarou meu pai. Meu coração de repente acelerou.
O que eles não queriam que eu soubesse afinal?!
- Eu não vou contar e tenho certeza que a Miley também não, até por que quem tem que fazer isso é você! – Mamãe ficou pensativa. Eu até esperei pra ver se eles iam dizer mais alguma coisa, mas mamãe levantou-se da cama e foi pegar a bolsa, ela com certeza já iria embora.
Voltei pra sala quase correndo e me sentei no sofá ao lado do Frankie que olhou estranhando o meu jeito um pouco estabanado. Na verdade aquela conversa estava martelando na minha cabeça, o que é que eles estão escondendo de mim?
Logo em seguida mamãe veio em direção à sala e eu fui até ela.
- Oi mãe! – A abracei
- Oi filha, não sabia que você estava aqui, pensei que estivesse em casa, com a Mandy!
- É que a Mandy tá tomando conta da Mell da Jenny e do Frankie também, o Nick pediu. - Expliquei
- Ei, de mim não, já sou homem! – Frankie se meteu e eu revirei os olhos
Nessa hora o Nick e a Miles chegaram em casa juntos, como estávamos na sala eles deram de cara com a gente.
- Mãe? – Miley encarou a mamãe. Ela não estava agora, mas percebi que tinha chorado e muito – O que ta fazendo aqui?
- Eu? – Mamãe ficou meio errada – Eu nada, filha, só vim buscar a Noah, só isso! – Mamãe segurou a minha mão.
- Hum...
- Nós estamos indo pra casa jantar, você não vem com a gente, querida?! – Mamãe perguntou a Miley toda carinhosa, mas ela mostrou indiferença.
- Eu vou sim, só vou dar um beijo no papai e encontro vocês lá! – Ela disse e mamãe e eu viemos pra casa.
(...)
Durante o jantar a Miley e a mamãe estavam muito estranhas, elas mal se falaram e pra ser sincera tava um clima meio pesado entre as duas. Eu não tenho certeza, mas acho que tem haver com aquela coisa que a Miley descobriu sobre a mamãe e que eles não querem que eu saiba.
- Miles! – Chamei entrando no seu quarto, eu já estava de pijama.
- Oi – Ela respondeu de dentro do closet
- É que eu não to conseguindo dormir, posso ficar um pouco aqui com você? – Pedi me atirando na cama dela.
- E eu tenho escolha?! – Ela disse erguendo uma das sobrancelhas quando me viu já deitada na cama. Fiz biquinho – Claro que pode! – Ela também se atirou na cama ao meu lado.
No inicio conversamos sobre coisas bobas, eu queria perguntar da Miley sobre esse segredo da mamãe, mas eu sabia que ela não me diria nada. Arrancar informações da Miley é uma missão quase impossível... Quase.
- Miles, você está chateada com a mamãe? – Perguntei tentando parecer sutil.
- Não. Por que a pergunta? – Ela me encarou.
Resposta direta é praticamente uma confirmação se tratando da Miles!
- Não, por nada, é só que eu achei vocês um pouco esquisitas uma com a outra na hora do jantar, só isso! – Disse simplesmente. Eu sabia que a Miley estava mentindo, ela estava brava sim, a própria mamãe admitiu isso na conversa com o papai, mas eu precisava ser cuidadosa com as palavras.
- Isso é coisa da sua cabeça Noah! – Ela cortou o assunto e ficou calada. Ótimo! Agora eu vou ter que deixar isso pra uma próxima vez, se não ela pode ficar desconfiada que eu sei de alguma coisa. Mas isso não me impediria de tentar saber sobre uma outra coisa que estava despertando muito a minha curiosidade ultimamente.
- Ei My, você lembra de quando conheceu o Nick? – Perguntei assim como quem não quer nada. Na verdade eu queria saber como ela se sentia em relação a ele, se ainda se sentia do mesmo jeito como quando ela escreveu aquela carta.
Desde que a Miley voltou da Austrália que ela está diferente, bem mudada, mas eu não sei por que, sempre que o Nick está por perto ela parece voltar a ser a Miley de antes.
- Ah, foi numa festa na casa de um amigo meu, eu tinha mais ou menos a sua idade. Nick e os amigos dele também foram convidados e bem, todos nos conhecemos lá... Mas isso já faz tanto tempo, - Ela tentou demonstrar desinteresse, mas eu vi o jeito como ela pareceu ainda lembrar-se de tudo perfeitamente – por que está me perguntando sobre isso agora, Noah?
- Nada demais é que você e o Nick são amigos desde que eu me entendo por gente e de repente eu lembrei que nunca tinha te perguntado isso antes... – Fiz minha melhor carinha de inocente.
- Sei... E por que todo esse interesse repentino nisso hã, justo hoje? – Ela me olhou desafiadora.
Tem certas coisas que parece que a Miley tem um faro, mano!
- Por nada horas, eu só tive curiosidade. Eu achava vocês tão fofos naquela época! – Pisquei os olhos meigamente. A Miley rolou os olhos tentando parecer entediada – Voce parecia gostar tanto dele... Eu lembro que você vivia escrevendo cartinhas e mais cartinhas pra ele, toda apaixonadinha! – Fiz uma voz melosa nas palavras diminutivas. A Miley ficou um pouco envergonhada e irritada.
- Eu não vivia não! – Negou. Miles, Miles desse jeito o seu narizinho vai crescer, meu bem! – E nem era toda “apaixonadinha” por ele! – Ela tentou imitar o mesmo jeito que falei – Ele foi meu primeiro namorado, alguém especial pra mim e eu gostava de escrever na época, só isso! – Defendeu-se, mas acho que sem querer acabou soltando algo bem confidencial – Agora vamos dormir, tá bem?! Já tá tarde e eu to cansada! – Ela saiu da cama e foi pra dentro do closet. É, acho que deu de tentar bancar a detetive, pelo menos por hoje.
Fui pro meu quarto e até tentei dormir, de verdade, mas eu ficava rolando na cama angustiada, sem conseguir.
Tudo que eu tava vivendo era tão desesperador, quase que como um pesadelo real. Às vezes eu até queria acreditar que era, sabe, um pesadelo e que uma hora eu iria acordar e tudo estaria bem de novo... Mas eu sabia que não, que eu teria que começar a aceitar o fato de que as coisas do jeito que eu conheço logo não serão mais as mesmas. Isso fazia o meu coracao ficar apertado, eu não queria que nada tivesse que mudar, nunca!
Meio atordoada por pensamentos tristes eu desci as escadas da minha casa devagar, fui até a porta da frente e sem fazer nenhum ruído abri e saí. Agradeci mentalmente pela casa do Nick ser tão próxima, já pensou ter que ficar andando de pijama por aí?!
Corri até lá e bati na porta, o próprio Nick abriu pra mim. Eu estava confusa e com medo e quando eu me sentia assim só tinha uma pessoa que conseguia me fazer esquecer de tudo e pegar no sono...
O meu pai!
- Papai! – Chamei baixinho entrando no quarto dele. Ele estava na cama, dedilhando as cordas do violão lentamente, produzindo uma melodia doce e delicada.
Ele me olhou terno, não disse nada e nem precisava, não eram as palavras dele que estavam me fazendo falta e sim sua presença, eu não queria ficar longe dele. Fui até ele, subi na cama depressa e o abracei, eu nem sabia por que, mas tinha algumas lágrimas em meus olhos.
- Me deixa ficar aqui com você, pai! – Implorei escondendo meu rosto em seu peito, papai acariciou meus cabelos e me deu um beijo singelo na testa. Ficou apenas correndo seus dedos pelos meus cabelos durante um tempo.
(N/A: Tem uma versão dessa música cantada pela Adele também, mas procurem ouvir a do Ronan, por favor, ela é mais acústica e é bem mais facil pra imaginar o Billy Ray cantando)
- Quando você era só um bebezinho, tinha uma música que eu costumava cantar pra você dormir... – Ele comentou. Eu me endireitei em seus braços e ele continuou - Você não gostava das tempestades sabe, e chorava com medo dos trovões que ecoavam alto demais na fazenda, isso era a única coisa que fazia você se acalmar! – Então ele começou a tocar lentamente, a melodia me era mesmo familiar, mas eu não conhecia tão bem, também, deveria fazer séculos que não ouvia.
“Quando a chuva está soprando no seu rosto
E o mundo todo depende de você
Eu poderia te oferecer um abraço caloroso
Para fazer você sentir o meu amor”
Papai tinha razão, assim que ele começou a tocar, a música me acalmou. Eu não sei, acho que é ele que me acalma na verdade. Quando ele está por perto eu sempre tenho certeza que tudo vai ficar bem, não importa o que aconteça e nem o quanto seja difícil porque ele sempre estará pronto pra me proteger. Acho que ele é uma espécie de refugio, ou como um porto seguro pra mim.
Aconcheguei-me em seu peito ouvindo a canção, honestamente eu gostaria de poder ficar assim pra sempre.
Narrado por Nick
Los Angeles, Califórnia, 11:17 AM (Horário Local) Apartamento do Nicholas.
Estava em meu quarto, tinha acabado de colocar os garotos na cama e vim me preparar pra dormir, ou pelo tentar. Eu estava tão preocupado, a Miley tava passando por tanta coisa e tava sofrendo pra caramba. Hoje, depois da conversa que ela teve com a mãe ela tava arrasada e com motivos, pra ela foi um choque saber o real motivo do divorcio dos pais.
“Quando as sombras da noite e as estrelas aparecerem
E não houver ninguém lá para secar suas lágrimas
Eu poderia segurar você por um milhão de anos
Para fazer você sentir o meu amor”
Enquanto eu vestia uma camisa, de relance eu olhei pela janela e vi a luz do quarto da Miley acesa. Cheguei mais perto da janela e a vi, ela estava na varanda, debruçada na mureta absorta em seus próprios pensamentos. Parecia triste e isso me fazia sentir horrível, eu queria poder fazer alguma coisa por ela, faria qualquer coisa pra não ter que vê-la derramar nenhuma lágrima e nem nunca sentir dor.
“Eu sei que você não se decidiu ainda
Mas eu nunca te faria nada de errado
Eu já sei que desde o momento que nos conhecemos
Não há dúvida na minha mente de onde você pertence”
Flash Back On
Depois da merda que eu fiz contando pra Miley sobre o que aconteceu entre os pais dela eu acabei não conseguindo impedi-la de ir atrás da Tish tomar satisfação. Tá certo que eu não tive a intenção, na verdade eu achei que a ela já soubesse de tudo, mas mesmo assim eu me senti culpado então fiquei esperando por ela do lado de fora do quarto, no corredor.
O tempo parecia não querer passar, a cada vez que eu olhava no relógio o ponteiro parecia nem ter se movido do lugar e nem sinal da Miley. Uns quinze minutos depois, os mais longos da minha vida, eu me recostei na parede um pouco entediado pela demora dessa conversa dela com a mãe... Do nada, vi a porta do quarto em que antes o Billy Ray estava hospitalizado se abrindo e a Miley sair por ela parecendo desolada.
- Miley?! – Chamei, mas ela não ouviu, ou só ignorou mesmo. Saiu correndo feito uma louca pelo corredor, assim que consegui enviar o comando ao meu cérebro eu saí correndo atrás dela – Miley espera! – Por sorte eu consegui alcançá-la no fim de um outro corredor num andar mais a baixo, ela sentou-se no pé de uma escadaria.
Fui me aproximando devagar, não queria que ela saísse correndo outra vez.
- Tá tudo bem? – Perguntei assim que cheguei mais perto dela.
- Não, - Ela negou com a cabeça, as lágrimas estavam começando a cair de seus olhos – Não tem nada bem! – Ela baixou os olhos e um pouco do seu cabelo caiu sobre o seu rosto, impossibilitando que eu a visse chorar. Na hora eu não consegui pensar em nada a não ser em ficar perto dela, em protegê-la, conforta-la de algum jeito. Fui até ela e me sentei ao seu lado, me ajeitando no pequeno espaço restante no degrau. Coloquei a mecha rebelde do seu cabelo de volta no lugar e a fiz me encarar, pude ver seus olhos vermelhos e sua bochecha molhada pelas lágrimas. Eu não disse nada, não havia nada que pudesse ser dito pra fazê-la se sentir melhor ou a dor ir embora, mas entre todas as coisas que eu poderia ter feito naquele momento, eu optei por passar meus braços em torno dela e abraçá-la, trazendo-a pra mais perto enquanto ela se aninhava em meu peito, o fiz da maneira mais terna e calorosa que consegui. Acariciei seus cabelos e ela apertou mais seu rosto contra o meu peito, tentando abafar os gemidos e os soluços.
 Aos poucos as lágrimas foram cessando e sua respiracão foi voltando ao normal, ela continuou com o rosto escondido em meu peito, embora já não chorasse. Não fiz nenhuma questão de solta-la, eu queria era poder prendê-la, desse jeito, em meus braços até tudo isso passar. Apenas ficamos assim durante um longo tempo...
Flash Back Of
“Eu passaria fome, eu ficaria triste e deprimido
Eu iria me arrastando avenida a baixo
Não, não há nada que eu não faria...
Para fazer você sentir o meu amor”
Fiquei olhando pra ela durante algum tempo, não havia dúvidas em minha mente. Eu sabia que não havia nada que eu não faria por ela.
Dei uns dois passos em direção a minha varanda e fiquei recostado na porta. Não demorou muito pra ela me ver parado ali, observando-a.
As tempestades estão violentas sobre o mar revolto
E sobre o caminho do arrependimento
Embora ventos de mudança estejam trazendo entusiasmo e liberdade
Você ainda não viu nada como eu”
Ela desencostou-se da mureta devagar e então me olhou, mostrou-me um sorriso breve. Não era bem o que eu queria, mas já era alguma coisa. Depois de um longo suspiro ela ia virar-se para entrar em seu quarto outra vez.
- Fique bem! – Silabei, sei que ela conseguiu ler os meus lábios.
- Eu vou ficar! – Ela silabou em resposta, também li os seus. E então ela entrou.
As luzes do quarto dela se apagaram e então foi a minha vez de soltar um longo suspiro.
“Eu poderia fazer você feliz, fazer os seus sonhos se tornarem reais
Não há nada que eu não faria
Vou ao fim do mundo por você
Para fazer você sentir o meu amor”
Narrado por Billy Ray
Los Angeles, Califórnia 11:21 PM (horário local) Apartamento do Nicholas.
Quando a canção terminou, Noah já tinha pegado no sono. Suas pálpebras pequenas tremiam um pouco porque ela estava sonhando. Por um momento pensei que seria maravilhoso se ela pudesse continuar assim pra sempre, seria tão mais simples. Eu jamais deixaria que alguém a machucasse ou que quebrasse seu coração, ela sempre seria a minha garotinha e essa ligação especial que temos jamais teria que acabar. Tenho me dado conta de que ela logo vai crescer e que um dia irá embora, de certa forma eu irei perdê-la, assim como aconteceu com cada um dos meus filhos, até com a Smile.
Só que dessa vez eu não terei a Tish, eu vou ficar sozinho...
Esse pensamento ecoou em minha mente, era tão assustador mesmo pra um homem da minha idade pensar assim. Tentei ajeita-la na cama da melhor maneira que pude, tentei não acorda-la, mas ela despertou um pouco.
- Hum... Ah, boa noite pai! – Ela murmurou e logo dormiu outra vez, eu desliguei o abajur e me deitei ao seu lado, passando um dos meus braços em volta dela.
- Boa noite, anjo, durma bem! – Eu fechei os olhos e tentei dormir, mas os pensamentos que rondavam a minha mente me fizeram ficar acordado durante a noite.

Continua...
N/A: PARABÉNS LETY!! Espero que você tenha gostado do seu presente... Capítulo INÉDITO só pra você. 
Bom gente, esse capítulo só seria postado em fevereiro mas como dia 28 foi niver da Lety eu abri uma pequena exceção. Agradeçam a ela por uma proeza dessas de eu postar 2 capítulos de uma vez.
Espero que todo mundo goste! E vou ficar aguardando os comentários nos dois capítulos
Bjsssss!



Eu amo a Miley Cyrus - Capítulo 21

TINHA UM CARA DORMINDO NA MINHA CAMA!


Narrado por Joe
Jersey City, New Jersey, 07: 13 AM (Horário Local) Uma rua no subúrbio da cidade.
Eu descia com meu com meu carro por algumas ruelas de um bairro fedido no subúrbio da cidade. Estava sozinho, Demi ainda estava em nosso hotel, dormindo provavelmente.
E depois ela não sabe por que todo mundo lá em casa diz que ela é dorminhoca!
De qualquer forma, o sono em demasia da Demi foi até algo útil essa manhã, já que eu não poderia trazê-la comigo e queria evitar as perguntas do tipo: “Onde você vai?” ou “O que vai fazer?”, sempre detestei ter que mentir para a minha esposa, e não que eu ache omitir tão melhor assim, mas já diz o ditado: O que os olhos não veem o coração não sente! E espero que não sinta mesmo, já que ela não pensaria duas vezes em me matar se soubesse o que eu estou fazendo.
Av. Portland, 153 cruzamento com a Tonnelle.
A própria dona Diana, mãe da Demi, tinha me dado esse endereço, embora tenha insistido muito pra que eu não viesse até aqui.
– Então é aqui... – Falei pra mim mesmo parando o carro em frente a um casebre. Achava até meio inacreditável que alguém realmente morasse nesse lugar fedido – Espero que ele esteja em casa! – Retruquei ao descer do carro.
Caminhei até a porta, bati algumas vezes até que alguém viesse abri-la.
– Já vai! – Alguém berrou lá de dentro - Um homem trabalhador não pode nem descansar logo cedo pela manhã! - O pai de Demi veio abrir a porta. O estado dele era deplorável; ressaqueado, a barba por fazer e sem camisa ainda por cima. Pude confirmar que a Demi tinha puxado a genética apenas da parte de dona Diana.
– Ah, er...Oi, eu não sei se o senhor lembra de mim. Eu sou Joseph Jonas, marido da... – Ele me interrompeu.
– Eu sei bem quem você é, é o marido daquela minha filha ingrata! – Ele disse um pouco raivoso eu diria – O que veio fazer aqui?!
– Eu vim pra conversarmos, - Disse firme, já tinha vindo até aqui, não iria desistir tão facilmente – Posso entrar?! – Pedi
O homem me olhou da cabeça aos pés, mas depois de soltar um resmungo qualquer, abriu espaço pra que eu pudesse passar.
A casa não era muito diferente por dentro do que era por fora. Os móveis eram bem velhos e surrados e fazia pelo menos uns dez anos que ninguém fazia uma faxina. Juro que acho que até vi um rato dentro de uma caixa velha de pizza.
– Não vou te oferecer nada porque acho que a minha comida mataria um mauricinho todo engomadinho como você! – Pedro me olhou de esguelha e soltou uma risada debochada que eu fiz questão de ignorar – Mas pode ficar a vontade, como vê não é grande coisa, mas eu pelo menos não tive que explorar a minha filha pra conseguir, é minha! – Não sei por que, mas achei o comentário meio que uma alfinetada em dona Diana.
– Eu estou bem! – Disse mantendo-me em pé enquanto o homem já tinha se esparramado em seu sofá – Além do mais não pretendo passar mais tempo aqui do que o necessário. – Falei sinceramente.
– O que foi? Não gostou não é?! – Ele perguntou debochado e logo depois tomou uma golada de alguma bebida. Eu deveria ter percebido só pelo cheiro que esse homem já não estava sóbrio desde bem antes de eu chegar – Eu também não gosto, mas o que eu posso fazer?! Não sou um desses riquinhos metidos a besta que nem você! – Ele me olhou – Não tenho pra onde ir então o jeito é ficar por aqui mesmo! – Riu bebadamente.
– Olha, eu vou direto ao ponto. Vim até aqui somente pra pedir que, bem, que evite se aproximar da Demi novamente! – O encarei – Sei que você é pai dela, mas ela te rejeita e vê-lo a deixa num estado de nervos alterado. Eu não sei se você sabe, mas há algum tempo atrás a Demi teve alguns problemas e passou por sérios tratamentos, foi um longo tempo até ela estar completamente recuperada e... – Ele me interrompeu
– Problemas?! E ela acha que tem problemas?! Vive num casarão daquele, come do bom e do melhor, vive sendo paparicada pela Diana que eu sei e aí você vem me dizer que ela teve problemas?! Haha, isso tudo aí, pra mim foi drama! – Retrucou e isso me deixou um pouco revoltado, afinal era da filha dele que estávamos falando – Eu sim tenho problemas, eu sim tenho motivos pra enlouquecer! Minha mulher me abandonou, minhas filhas me rejeitam e eu vivo jogado aqui nesse muquifo esperando até que um dia eu caia doente e morra! – E começou o drama, eu sabia que a historia não era bem essa, porque até onde eu sei foi ele mesmo quem abandonou a família por causa do vicio, mas ele era um ator dos bons, já estava até com os olhos marejados. – Nem a minha neta, eu tenho direito de conhecer! – Fungou um pouco depois dessa frase. Eu revirei os olhos.
Tirei de dentro da minha carteira uma foto da Mell, que eu sempre levo comigo, estendi-a para ele.
– Isso é o máximo que posso fazer por você! – Disse entregando a foto em suas mãos – O nome dela é Mellody, Mellody Lovato Jonas, mas nós a chamamos de Mell, ela acabou de completar seis meses.
– Ela é linda! – Ele disse parecendo hipnotizado com a foto – Parece um pouco com a Demétria quando ela nasceu! – Falou como se lembrasse. Eu não vou dizer aqui que o pai da Demi era a minha pessoa favorita no mundo porque tá bem longe disso, mas eu não achava ele um cara de um todo mau, só meio perdido na vida sabe, ele cometeu erros e agora está tendo que lhe dar com as consequências, eu sinto até um pouco de pena.
– E então, posso ficar tranquilo?! Você não vai mais chegar perto da minha mulher?! – O encarei.
– Er, bem... pode ser... Mas teremos que conversar melhor sobre isso! – Ele fez um sinal com os dedos me fazendo entender que ele iria querer dinheiro em troca do que eu pedi.
Ok, retiro tudo que eu disse, dona Diana e a Demi tem razão, esse cara não presta!
Tirei algumas notas da minha carteira, por sorte eu tinha trazido algum dinheiro comigo, já que geralmente só uso cartão e eu não pretendia voltar aqui nunca mais.
Com cara de poucos amigos dei o dinheiro a ele.
– Entendeu bem né?! Fica. Longe. Dela! – Encarei-o mostrando que eu não estava pra brincadeiras, ainda mais se tratando do bem estar da Demi, eu jamais brincaria com isso.
– Pode deixar meu genrinho querido! – Ele ironizou enquanto contava as notas – Sabe, você não é o tipo de marido que eu escolheria pra minha Demi, mas, até que eu gostei de “conversar” com você!
– Sério?! – Eu também estava sendo irônico – gostou de conversar comigo ou com o meu dinheiro?! – Falei e ele deu uma risada – Cadê a foto da Mell?! – Estendi a mão pedindo a foto de volta.
– Ei, ei, ei a foto fica comigo! – Ele disse autoritário – É o mínimo que eu mereço já que não vou conhecê-la nunca de qualquer forma! – Eu bufei, mas logo depois me acalmei, era só uma foto, quem sabe isso e mais o dinheiro não o mantém longe por um bom tempo, tipo pra sempre!
– Que seja... – Concordei meio contra a minha vontade, já me dirigindo até a porta.
– Espera, deixa que eu levo você até a porta, pra que você possa voltar... – Ele falou com a maior cara de pau e eu nem respondi, saí dali antes que o meu estomago embrulhasse.
Narrado por Miley
Los Angeles, Califórnia, 08:45 AM (Horário Local) Apartamento do Nicholas.
Luz...
Mas que merda! Por que está tão claro se ainda é de madrugada?!
Abri meus olhos preguiçosamente, mesmo ainda estando parcialmente adormecida.
– hum... – Gemi, eu estava com uma puta dor de cabeça. Meu corpo parecia que tinha sido jogado num triturador e tudo girava. Apertei meus olhos novamente, a claridade me fazia querer quase gritar de dor. Com muito esforço, meu cérebro conseguiu ordenar ao meu corpo que reagisse e eu, lentamente, abri os olhos mais uma vez.
A primeira coisa que captei foi um mar de seda. Olhei para o lado e vi algumas coisas, eu acho que eram móveis, mas tudo parecia apenas borrões de tinta pra mim. Levantei meu corpo parcialmente e pude constatar aos poucos que o “mar de seda” era na verdade um edredom. Eu estava em uma cama, ao meu redor móveis finos e uma decoração um pouco despojada, só que clássica. Era engraçado como esse lugar me parecia tão familiar, mas eu não conseguia me lembrar por que. Apenas de uma coisa eu tinha certeza, esse não era o meu quarto.
Ou será que era?
Cansada de pensar joguei meu corpo novamente contra o colchão. Ele era tão macio e eu estava tão cansada, tanto que poderia dormir o dia inteiro. Levando em consideração que eu nem sabia que horas do dia eram, mas isso tanto faz. Aconcheguei-me num travesseiro fofinho e tentei voltar a fechar os olhos. Pisquei algumas vezes. Uma luzinha chata invadia as frestas da veneziana da janela e dava bem em cima do meu olho esquerdo. Virei-me para o outro lado da cama, de uma forma brusca, tentando evitar a luzinha irritante, mas assim que o fiz me arrependi.
TINHA UM CARA DORMINDO NA MINHA CAMA!
Ele estava virado de bruços, com a cara enfiada no travesseiro e aparentemente nu, ou pelo menos sem camisa já que o edredom acinzentado o cobria até a altura dos quadris mais ou menos.
Eu não vou negar que fiquei bastante assustada e um tanto quanto curiosa, mas o desespero só me invadiu mesmo quando eu me toquei que estava nua. Pois é, eu estava nua, um fato no mínimo preocupante.
– Não, eu não acredito que... – Levei minha mão até a minha testa em sinal de desespero. Forcei minha mente a tentar lembrar do que me aconteceu durante a madrugada mas... Nada. Era como se alguém tivesse apagado completamente a minha memória.
Calma, tudo bem. Nessas horas o melhor é manter a calma. Vai ver não era nada do que eu estava pensando, afinal eu não viria para o apartamento de um cara que eu mal conheço e transaria com ele, eu não sou esse tipo de garota e nem estúpida a esse ponto! Inocentemente pensei.
Um pouco mais confiante levei uma de minhas mãos até a barra do lençol e fui puxando aos poucos... Vi que ele também estava nu.
Ótimo, eu era sim uma estúpida!
– O que eu fui fazer?! – lamuriei pra mim mesma. Eu ainda estava tentando entender, o pior é que eu nem ao menos lembrava. Forcei a memória um pouco mais; lembrei-me da festa da Anna Oliver, bom, não de tudo, só de algumas coisas; de mim bebendo com ela e alguns amigos nossos, ficando com uns carinhas lá, do Tom... É, foi depois daquela hora na piscina com o Tom que eu não consigo mais lembrar de nada...
Mas o que será que aconteceu?!
Bom, mesmo não sabendo exatamente como eu vim parar aqui, ou aonde exatamente é aqui, eu não preciso ser um gênio pra saber no que terminou dando isso.
Sacudi a cabeça, me sentindo uma completa imbecil. É o que dá fazer as coisas na hora da raiva! Olhei para o corpo desacordado ao meu lado novamente, com um pouquinho mais de atenção dessa vez. Sabe, deixando um pouco de lado a burrada que eu fiz, e não é querendo me gabar não, mas até mesmo bêbada eu tenho bom gosto porque esse cara, seja lá quem for, é o maior gostoso!
Ele tem um corpão; sarado, bonito, em forma e ele tem uma bunda que... NOSSA! Papai do céu foi generoso com esse aqui. Eu devo ter aproveitado bastante ontem, pena que não consigo me lembrar...
O dono do corpo completamente gostoso ao meu lado começou a se mexer e aos poucos ele virou-se na cama, tirando finalmente a cara daquele travesseiro. Eu estava ansiosa pra ver seu rosto, quem sabe assim eu lembro... Sem falar que sendo ele o dono de um corpaço desse nível acho que o mínimo que eu podia esperar é um rosto de... AI MEU DEUS DO CÉU!!
– O QUE???... – Eu sentei na cama. Tinha que sentar em algum lugar pois eu estava completamente estática. Numa vida passada eu devo ter sido uma pessoa bem ruim, pra merecer uma dessas agora – NICK?! – Meu coração batia descompassadamente. Eu não estava entendendo nada, então olhei em volta tentando me localizar.
Por isso o lugar me pareceu tão familiar, eu já tinha estado aqui outras vezes, aliás, várias outras vezes. Esse é o quarto dele.
Ótimo. Se estar nua numa cama alheia já era um fato preocupante, estar nua e na cama dele era um fato totalmente desesperador!
Eu não acredito que dormi com ele ontem, como eu pude ser tão estúpida?! Aliás eu elevei a estupidez a um nível estratosférico!
– Hum... – Balbuciou sonolento – Miles, você já acordou? - Ele cocou os olhos um pouco. – Espera, Miley, você já acordou! – Arregalou os olhos, despertando bem mais rapidamente. Ele não pareceu muito surpreso por eu estar aqui, o que me leva a crer que ele já esperava por isso, mas acho que ele demorou alguns segundos pra assimilar que eu estava mesmo acordada e sentada ao seu lado na cama.
Não, isso não era um sonho. Eu sei. Eu me belisquei.
 No começo eu fiquei meio que paralisada, não conseguia mover um só músculo do meu corpo ou abrir a boca pra dizer qualquer coisa que fosse, e quando, em fim, eu recuperei a fala o que saiu foi:
- E-então quer dizer que... eu e você...  que nós... – gesticulei e o Nick apenas respirou fundo entregando os pontos - MAS QUE MERDA!! – Exclamei sem pensar muito.
Nick atravessou a cama num sobressalto e veio imediatamente pra cima de mim, ele tapou minha boca com a mão.
- Shhiiu! Fica quieta! – Ele disse com a mão sobre os meus lábios – As crianças estão aqui no quarto ao lado! – Avisou. Eu o olhei nos olhos e ele estava ali, a poucos centímetros de mim e a minha respiração começou a ficar descompassada, eu comecei a ficar nervosa demais com ele tão perto. Eu o encarei com uma expressão de raiva – Olha só, eu sei que você deve estar confusa, pensando um monte de coisa agora, mas isso aqui não é exatamente o que parece... – Nick começou. Eu não era nenhuma idiota, tava na cara o que tinha rolado aqui, entre a gente. – E eu posso explicar, mas antes eu quero que me prometa que vai ficar calma. – Ele também me encarou. Eu assenti, e então ele destapou minha boca.
- O-Onde estão minhas roupas? – Perguntei. Tudo que eu queria fazer agora era sair correndo daqui, mas nua não dá né?!
Nick varreu o quarto com o olhar rapidamente. Logo ele saiu da cama e se encaminhou até um pedacinho de pano próximo dali que constatou ser sua cueca e vestiu, em seguida, também vestiu sua calça que estava caída do outro lado do quarto. Se por algum acaso isso despertou a sua curiosidade, sim, eu fiquei acompanhando a trajetória toda dele se vestindo com os olhos, não sou de ferro!
Já devidamente vestido, ele se aproximou, eu apertei o lençol da cama ainda mais contra o meu corpo. O olhar do Nick sobre mim me fazia sentir totalmente exposta.
– Acho que o resto está lá no quarto de hospedes, - Ele comentou me estendendo apenas uma pequena peça rendada preta, era a minha calcinha. Eu quase morri de tanta vergonha. Eu não sabia se estava com mais raiva ou vergonha dele. Puxei a pequena peça das mãos dele imediatamente, ruborizada. - Err, eu vou buscar o resto das suas roupas. Você espera aqui. – Ele disse e saiu do quarto.
Eu permaneci sentada na cama, completamente aturdida.
Eu não conseguia acreditar, a fixa ainda não tinha caído pra mim. Com pelo menos dois milhões de homens heterossexuais em Los Angeles como eu fui acabar vindo parar no quarto dele, na cama dele... Justo a dele, por quê?!
Suspirei frustrada.
De relance, olhei para o meu dedo anelar da mão direita que costumava carregar o meu anel de noivado. Ele não estava ali, mas disso eu lembrava bem. Depois de ter descoberto que o safado do meu ex-noivo me traía com aquela vadiazinha de quinta, eu me livrei dele. Soltei uma risadinha nada contente, se isso não fosse trágico seria, no mínimo, cômico. Ele me traía com aquela vagabunda a sabe-se-lá Deus quanto tempo!
Cretino!
Aliás, mais um... Acho que ser um cretino com as mulheres está no D.N.A de todos os homens, só pode!
Nunca fui de torcer pela desgraça alheia, mas eu bem que gostaria que um dia alguém o enganasse da mesma maneira que ele fez comigo, de preferência a própria vadia...
Não que eu ache que eu fui lá à namorada mais correta desse mundo, pelo contrário, eu cometi meus erros e admito isso, mas eu nunca fiz com a intenção de traí-lo. Daquela vez antes do casamento da Demi, com o Nick, eu agi por um impulso e quebrei a cara; mas contei a ele, abri meu coração e fui sincera, eu quis até poupa-lo, já ele fez bem diferente comigo. Ele me traiu com aquela vaca e ainda tentou mentir pra mim como se eu fosse uma idiota!
Em pensar que eu iria me casar com ele... aquele FDP!
De qualquer maneira, eu sabia que acabaria sentindo a falta dele, fazer o que, acho que com o passar do tempo acabei gostando demais dele e acho que apesar de tudo... Ainda gosto.
Eu me senti um pouco vulnerável com esse pensamento, senti meus olhos ficarem marejados. Eu não era o tipo de pessoa que lhe dá tão bem com o fim de um relacionamento e eu é que não queria ficar chorando pelos cantos, feito uma imbecil.
Eu iria dar um jeito de esquecê-lo. Tinha que dar!
Quando o Nick voltou ao quarto ele trouxe consigo uma pequena pilha de roupas, as minhas, que ele deixou sobre o colchão da cama.
– Pronto, está tudo aqui, – Ele disse isso enquanto deixava o meu par de botas recostadas a cama – pelo menos eu acho! – Dei uma olhada rapidamente e assenti com a cabeça.
– Obrigada. – Eu estava me sentindo bem estranha com o Nick depois de... Bem, depois de tudo.
Voltei meu olhar para o chão do quarto, eu estava tentando evitar encara-lo. Percebi quando Nick foi até o banheiro, ele não demorou muito lá e depois foi até o closet, pegou uma camisa e saiu do quarto, acho que pra me deixar mais a vontade pra me trocar. Foi o que eu fiz, dentro de alguns minutos eu já estava vestida novamente, quer dizer, se é que dá pra chamar isso de vestida... A minha saia é tão curta, mais tão curta, que eu acho que ainda ficaria curta se fosse a Noah que estivesse vestindo. E eu prefiro nem comentar sobre o top... Não acredito que tive mesmo coragem de sair de casa vestida desse jeito!
Fui até o banheiro do quarto e lavei o rosto. Me olhei no espelho, eu estava uma droga, isso era um fato inegável. Eu bem que poderia sair correndo daqui agora, mas eu ainda nem tinha as forças necessárias para fazê-lo. O meu estomago estava embrulhado e a dor de cabeça só parecia aumentar à medida que eu me mexia.
Saí do quarto e percorri um pequeno corredor até a sala, não havia ninguém nesse cômodo, mas eu ouvi uns barulhos vindos da cozinha e fui até lá.
– AI, DROGA! – Cobri meu rosto com os braços tentando evitar a forte luz que rompeu de frente comigo assim que entrei na cozinha. Ela vinha da janela que ficava quase que de frente com a porta e eu ainda não estava preparada para um jato de luz solar bem no meio da minha cara. Não esqueça que luz do sol para ressaqueados tem o mesmo efeito que para os vampiros... Queima!
Nick desceu as venezianas daquela janela, melhorando bastante a “iluminação” do local. Ficou bem mais escuro, mas como era dia ainda podíamos enxergar sem precisar ligar uma lâmpada. Sentei-me em um dos banquinhos do balcão, com a mão na testa por causa da dor de cabeça.
– Toma isso aqui, é aspirina – Nick colocou um comprimido em cima do balcão – Tem água na geladeira – Ele disse e eu me encaminhei até lá. Resmunguei porque até a porra da geladeira tinha uma luz dentro.
Peguei um copo de água, sentei-me novamente no balcão e enquanto tomava o comprimido, fiquei observando o Nick. Ele tinha colocado água pra ferver em uma cafeteira e agora estava jogando o pó de café. Bem simples, aliás, nada mais simples do que fazer café numa cafeteira elétrica...
Por que tudo na vida da gente não pode ser simples assim?!
Ele não demorou muito pra terminar, e depois disso colocou uma caneca a minha frente, preenchendo-a com café.
– Toma um pouco, vai se sentir melhor! – Ele falou. Peguei a caneca e soprei antes de tomar, assim que coloquei na boca quase cuspi tudo.
– Isso... tá... horrível! – Falei em meio a uma tosse de engasgo. Esse cara tava querendo o que? Me matar engasgada com esse café amargo?!
– É café puro, serve pra curar a ressaca. Bebe mais um pouco, vai ajudar a dor de cabeça a passar e também corta as náuseas do estomago – Ele mandou e eu bem contra gosto obedeci. Até que ele tinha razão já na metade da caneca eu senti alguma melhora – Então, talvez agora seja uma boa hora pra conversarmos. – Ele murmurou depois de um tempo, recostando-se no balcão.
Eu engoli o café em minha boca com uma golada só. Eu não queria conversar, não sobre o provável assunto que ele queria.
- Eu acho que a gente não tem nada pra conversar! – Retruquei.
- Miley, a gente vai acabar tendo que falar disso alguma hora, então por que não fazemos isso agora?! – “Por que eu não to a fim!” Seria uma ótima resposta. Mas ao invés de dizer isso eu apenas dei de ombros, fazendo-o entender que ele poderia começar a falar se quisesse. – Bom, - suspirou - antes de tudo eu quero que saiba que ontem à noite foi...
– Um erro! – Me meti – Ontem a noite foi isso. Olha só, eu estava bêbada, e bom, eu não consigo me lembrar de tudo exatamente, eu não sei o que eu fiz, eu não sei o que eu te disse, mas eu sei que quando estou bêbada eu só faço merda! – Fiz uma curta pausa. Eu estava tentando agir como se tudo isso fosse à coisa mais natural do mundo, tentando manter a classe e a compostura. Apoiei a caneca de café sobre o balcão de mármore a minha frente. – E é claro que você não iria desperdiçar uma chance dessas, não é?! Quer dizer, estava fácil demais...
– Espera aí. Como é que é?! – Nick se fez de desentendido. Mantive o meu olhar superior.
- Eu não preciso entrar em detalhes aqui, você sabe muito bem do que eu to falando. E eu também não vou ficar dando uma de coitadinha, mas você sabe que foi um inconsequente transando comigo quando eu estava num quase coma alcoólico! – Não precisei gritar para dar o tom de conotação que eu queria a essas palavras – Ou achou mesmo que eu iria pra cama com você se eu tivesse o mínimo de consciência?... – Ele me olhou como se não estivesse acreditando que eu estava tendo coragem de dizer o que eu estava dizendo e eu, mesmo assim, continuei - Você sabe muito bem que o que fez comigo foi praticamente abuso sexual! – Ele me interrompeu
– Ei, ei, ei pode ir parando! Ta achando o quê?! Que eu te peguei e te arrastei pra minha cama contra a sua vontade?! – Me encarou – Olha, pro seu governo eu bem que tentei te dizer “não”, mas a “pureza em pessoa” aí veio se atirando toda pra cima de mim! – Ele apontou pra mim e minha boca se abriu em um perfeito O, agora eu estava indignada.
– Tá, então agora a culpa é minha? Vai dizer o que?! Que fui eu que entrei no seu quarto ontem à noite e fiquei me oferecendo pra você, insistindo pra você transar comigo? – Revirei os olhos
- Éh, por que foi exatamente isso que aconteceu! – Ele vociferou – E você nem tava tão bêbada assim Miley, - Ele rolou os olhos tediosamente. – além do mais você me atiçou até das maneiras mais imagináveis! Estava esperando o que? Que eu bancasse o monge puritano cumprindo um voto de castidade? – O Nick estava mesmo ficando frustrado com essa nossa “conversa”. Já eu, não pude evitar me imaginar atiçando-o... Será que foi assim tão bom?!
– Olha, quer saber agora tanto faz! – Falei sacudindo a cabeça para espantar esses pensamentos – E nós dois sabemos que você nunca levou os votos de castidade muito a sério, de qualquer forma... O que rolou entre nós ontem já aconteceu e não tem mais o que fazer, não importa de quem foi à culpa, apenas não deveríamos ter feito e fizemos então o melhor a se fazer agora é esquecer tudo isso e seguir nossas vidas normalmente, como se nada disso tivesse acontecido! – Falei num fôlego só, já me levantando para sair daquela cozinha, mas o Nick me segurou pelo braço.
– E se eu te dissesse que não quero esquecer?! – Em um rápido movimento ele me puxou para si, agarrando a minha cintura com sua mão livre e me fazendo ficar muito próxima a ele – E se eu te dissesse que quero repetir ontem à noite, com você, todas as noites, pelo resto da minha vida? – Murmurou
– Nick, para! – Pedi afastando-o um pouco.
– Não, isso é sério, Miley. Ontem não foi de caso pensado, eu juro, - Fez uma pequena pausa – mas também não estou nem um pouco arrependido. E eu sei que não posso simplesmente fingir agora que nada aconteceu! – Me encarou
– Também não estou arrependida, ta bom?! – Afirmei – Já foi e é passado! – Joguei a cabeça para o lado soltando um suspiro abafado e voltei a encara-lo em seguida - Nick, a gente não tem mais nada haver. Quer dizer, ontem aconteceu, e foi bom, eu acho, mas não vai mais se repetir! – Disse essa parte com mais veemência - Além do mais não significou nada nem pra mim e nem pra você, foi só sexo! – Me soltei dele e caminhei rapidamente para a sala, ele me seguiu.
– Você não pode falar por mim! – Vociferou – Você não sabe o que significou pra mim.
- É claro que eu sei. Nada, não significou nada por que não rolou sentimento. – Afirmei seguramente.
- Então fala só por você. – Ele me encarou – Diz que você não sentiu nada, que pra você não foi nada, mas não coloca palavras na minha boca!
- Para com isso! – Teimei - Você sabe que também não significou nada pra você. Estávamos jogando com o prazer, nós dois, sei que foi só isso! - Insisti
- Então me desculpe desaponta-la, por que pra mim não foi só um maldito jogo! - Retrucou
- Nick...
- É, eu não tava jogando com você. Eu não tava tentando te seduzir, e nem tentando provar nada! – Suspirou irritado, deixando o ar finalmente sair de dentro de seus pulmões – Eu também não to tentando fazer isso agora. A única coisa que eu to tentando fazer é achar o jeito certo de te dizer que eu estou apaixonado por você. E eu que eu percebi isso ontem – Me encarou - Que eu ainda sou completamente apaixonado por você, Miley.
- Nick, qual é a sua heim?! Por que você tá fazendo isso, por que tá me dizendo isso agora?! – Questionei – Quer dizer, espera mesmo que eu acredite que você tipo, simplesmente se deu conta que está apaixonado por mim só por que eu bebi demais e transamos noite passada?!
- Não. Espero que acredite por que é verdade! – Ele veio chegando cada vez mais perto e eu senti as minhas pernas ficarem bambas. Seus olhos estavam nos meus e eu detestava esse jeito dele de me olhar, me fazia sentir tão fraca, tão vulnerável, tão... Apaixonada. Dei ainda uns dois passos pra trás, mas suas mãos mais uma vez enlaçaram minha cintura, acariciando minhas costas de leve – Alguém me disse uma vez que nós não temos que complicar coisas que são simples. Eu já disse que to apaixonado e você bem que podia facilitar as coisas e admitir logo de uma vez que também me quer do mesmo jeito que eu te quero! – Suas mãos vieram para o meu rosto, segurando-o delicadamente, então ele aproximou seu rosto do meu e, inevitavelmente, eu apenas fechei os olhos. A nossa proximidade e um leve arrepio me fez saber que ele me beijaria, mas...
– Miles?!... Nick?! O que vocês estão fazendo?! – Noah perguntou curiosa parada na porta do quarto.
Nick e eu nos afastamos imediatamente.
– Ah, er...NADA! Nós estávamos só, er conversando! – Falei sem jeito, ela apenas me lançou um olhar de esguelha, estilo desconfiado.
– Ei Noah, cadê o Frankie?! – Nick perguntou – Chama ele pra tomar café.
- O que tem pro café? – O garoto surgiu sei lá de onde e veio andando até a gente – Ainda sobrou mais daquelas panquecas que a Mandy fez ontem?
- Na geladeira.
O garoto foi correndo para a cozinha
– Ah moleque! – Ele berrou de lá – Vem logo Noah, é panqueca de maçã! – Noah até ia, mas eu a barrei.
– Quem sabe uma outra hora, agora Noah e eu precisamos ir pra casa! – Eu disse alto o suficiente para que Frankie também escutasse.
– Ah Miles, mas eu to com fome! – Ela reclamou
– Noah, a nossa casa é aqui pertinho, você não vai morrer de fome até lá! – Disse pra ela com um sorrisinho forçado.
– Miley, deixa a garota tomar um suco pelo menos! – Nick se intrometeu
– Não, não precisa! A gente já ta de saída, e pode deixar que eu sei o caminho, tchauzinho! – Disse já arrastando a minha irmã comigo pra fora do apartamento do Nick.
– Eita! Precisava mesmo sair correndo desse jeito, parece até que você roubou alguma coisa! – Noah disse revirando os olhos.
Eu a ignorei. Só eu sabia o quanto o meu coração estava batendo forte dentro do meu peito. Fechei meus olhos e lembrei do rosto do Nick cada vez mais próximo do meu... Eu só posso ser maluca. Eu ia deixar ele me beijar, assim na boa, e o pior é que eu acho que até queria...
É, eu sou mesmo louca!
Chegamos em casa e eu abri a porta, Noah entrou primeiro. Na sala, Mandy estava dando mamadeira para a Mell sentada no sofá enquanto Jenny brincava numa espécie de karaokê.
Espera, por que ela ta usando uma peruca loira?!
– O que aconteceu com vocês, porque não voltaram pra casa ontem?! – Jenny perguntou a Noah que se atirou no sofá da sala.
– Vai por mim, é uma historia longa e chata, - Ela suspirou – Mas e aí, como foi o acampamento?
– A chuva estragou, acabamos dormindo aqui dentro de casa mesmo! – A garota revirou os olhos – Não quero nem saber, mas o tio Nick vai ter que dar um jeito pra eu me divertir nessas férias, se não... – Até eu fiquei um pouco assustada com a cara que a Jenny fez. Acho tão incompatível ela ser filha do Kevin, ele é tão tranquilo. Espevitada desse jeito ela deveria é ser filha do Joe.
– Mas e aí, ta fazendo o que de bom?! – Noah perguntou se aproximando da TV onde Jenny estava brincando.
– To brincando com meu novo karaokê da Hannah Montana, papai comprou pra mim antes de me obrigar a passar as férias com o panaca do tio Joe, - Revirou os olhos – Pelo menos isso ele fez de bom né?! Eu amo a Hannah!
– Sério?! – Noah pareceu tão surpresa quanto eu também fiquei. Quem diria que a Jenny era minha fã, ou melhor, da Hannah.
– Uhum, vem, vamos cantar uma música juntas! – Ela selecionou uma das músicas e deu um outro microfone para a Noah, claro que o personalizado, cheio de brilho e glitter ficou com ela.
Agora eu entendi o porquê da peruca.
Perdi alguns segundos observando a arrumação daquelas duas, elas resolveram cantar Just Like You, um dos meus maiores sucessos da época de Hannah Montana. A Jenny sabia a letra direitinho e todos os passos da coreografia, e a voz dela era muito boa, até que ela levava jeito pra cantora. Já a Noah, bom, vamos dizer apenas que ela tem a desculpa de que ainda era muito criança quando eu lancei essa música... Ela conseguiu errar a letra inteira e é melhor nem comentarmos sobre a coreografia.
Sorri e subi as escadas apressadamente, sem dizer nada a ninguém. Eu ainda estava cansada, mas tudo que iria fazer era tomar um banho e sair correndo para ir até o hospital ver o meu pai.
(...)
Estava trocando de roupa dentro do meu closet quando meu celular chamou, era a minha mãe.
Ligação On
– Alo, mãe?! – Atendi.
– Oi filha, eu só liguei pra avisar que seu pai já vai ter alta – Eu sorri com a notícia – Ele já está se sentindo bem melhor e insistiu com o médico pra ir pra casa, você sabe como ele é... Um caipira teimoso!
– Sei
– Bom, pois é. Eu achei que você deveria trazer a Noah quando viesse dessa vez, teremos que contar pra ela mais cedo ou mais tarde e acho que seria bem menos impactante se ela soubesse logo de uma vez! – Avaliei um pouco o que minha mãe disse e terminei por concordar.
– A senhora tem toda razão, eu vou leva-la sim, pode deixar!
– Ok, então, a que horas você vem, filha?
– Já vou sair de casa, é apenas o tempo de trocar de roupa e comer alguma coisa.
– Ta bem, tchau!
– Tchau! – Desliguei
Ligação Of
Já vestida desci as escadas sorridente. Papai teria alta e voltaria pra casa, com um pouco mais de sorte a recuperação dele seria bem rápida e ele voltaria a andar logo, talvez não fosse ser otimista demais achar que a reconciliação dele e mamãe também pudesse acontecer. Eu percebi com esse acidente que ela ainda o ama demais, vai ver ele também percebeu isso e esquece de uma vez essa bobagem de divorcio.
– Caramba, Mandy, você sabe toda a coreografia e essa é a mais difícil depois de Zig-Zag! – Jenny
– Pois é, acho que a Miles nem sabe mais... – Noah
Olhei em direção a sala, dei de cara com a Mandy dançando no tal tapete de coreografia do Karaokê, a música dessa vez era Nobody’s Perfect.
– É que eu tenho boa memória! – Ela riu – Mas preciso admitir que foi bem difícil aprender essa coreografia. A Miley então, nossa, ela era um desastre! – Riu mais - Demorava pelo menos um século pra ela aprender uma coreografia. Lembro que a gente dormia no mesmo quarto às vezes durante a turnê, nós éramos muito amigas na época, aí a gente ficava ensaiando as mais difíceis, era bem divertido.
– Você bem que podia ensinar essa pra gente né Mandy?! – Jenny pediu
– Ensino sim! – Ela assentiu toda sorridente.
– Noah, você já tomou café da manhã?! – Cheguei na sala com cara de poucos amigos, e perguntei isso enquanto arrumava algumas coisas em minha bolsa.
– Já sim, por quê? – Ela quis saber
– Porque vamos sair! – Respondi rapidamente e caminhei em direção a porta, antes de sair dei uma olhada para Mandy – Imagino que você vai levar as crianças de volta pra casa do Nick, então assim que sair avise a empregada! – Foi tudo que falei – Noah anda logo, to te esperando no carro.
Caminhei até a garagem e só então me lembrei que eu estava sem carro. Lembrei também do péssimo negocio que tinha feito na noite anterior e xinguei a mim mesma. Bom, por sorte o carro da minha mãe estava na garagem e foi ele que eu usei.
Tirei o veiculo da garagem e parei em frente de casa, buzinei para que Noah viesse logo. Quando ela saiu pela porta, Jenny e Mandy também saíram, a Mandy carregava a Mell no colo. Elas se despediram de Noah e ela veio para o carro finalmente.
– Ué, cadê teu carro?! – Ela perguntou assim que entrou
– Ah... Ta na revisão – Inventei.
Dei a partida no carro e então segui para o hospital, como sempre a Noah não fechou a matraca durante um só segundo da viagem.
– ... Pois é, ai a Mandy falou que vai ensinar a gente! – Ela contava toda contente.
– Que ótimo! – Falei irônica, estava cansada de ficar escutando sobre Mandy, danças bobas e mais Mandy.
Noah ficou em silencio durante alguns segundos, mas durou bem pouco.
– Você não vai me contar por que saiu de casa daquele jeito ontem? – Ela me perguntou sem me olhar – Eu fiquei preocupada. Você e a mamãe não param mais em casa e você saiu que nem uma louca, por sorte o Nick topou ir atrás de você sabe-se-lá Deus por onde... – Ela rolou os olhos.
– Olha Noah, eu já estou bem grandinha e posso cuidar de mim mesma. Você não precisa se preocupar a cada vez que eu saio, eu sei bem o que faço da minha vida! – Disse séria – Agora se tanto te interessa, eu fui a uma festa, na casa de uma amiga, só isso, e você não tinha nada que ter colocado o Nick pra ir atrás de mim. – A repreendi – O que deu na sua cabeça?!
– Ah eu sei lá, eu te vi chorando antes e achei que... – Ela estava falando normalmente ate que começou a olhar em direção das minhas mãos assustada - Miles, cadê o teu anel de noivado?! – Minha irmãzinha parecia apavorada ao dar pela falta do meu anel – Não vai me dizer que você perdeu! – Me encarou
– Er... é, pois é, eu perdi...acho que deve ter caído por aí! – Falei um pouco sem jeito.
– Miley, quanta irresponsabilidade! – Ela falou como se fosse uma adulta, ou responsável, igualzinho a minha mãe – E agora o que você vai fazer?! O Liam vai pirar quando souber... – Interrompi
– Noah, não vamos mais falar no Liam, ta bem?! – Eu fechei os olhos tentando me controlar, eu estava começando a ficar irritada.
– Por que, vocês brigaram?! Terminaram?! Me conta o que aconteceu! – Ela implorou – Vai ver era por isso que você estava chorando e...
– Noah! - Esbravejei
– Ok, ta bem eu não falo mais nele... – Fez carinha de inocente - Mas Miles, me diz uma coisa; você e o Nick iam se beijar hoje lá na sala da casa dele não é?! – Ela sorriu – Eu já sei, ele soube que você terminou com o Liam e te pediu em namoro outra vez não é?! Você aceitou?
– Noah... Claro que não! – Disse pasmada – Como você consegue imaginar tanta besteira em tão pouco tempo heim garotinha?! – Encarei-a e ela deu ombros – Olha só, eu terminei com o Liam sim e não adianta perguntar o motivo porque eu não vou te contar, não é assunto pra sua idade, e quanto ao Nick pode esquecer, mesmo que ele tivesse me pedido em namoro e eu não disse que ele pediu, - Adverti - eu não iria aceitar, não tem nada rolando entre a gente e no que depender de mim, nunca mais vai ter! – Por sorte chegamos ao hospital depressa.
– Ta né... Se você diz! – Ela revirou os olhos e desceu do carro – Mas só pra constar eu ia achar ótimo se você e o Nick voltassem. Eu adoro ele e você fica bem menos chata quando tá com ele!
– Ok Noah, mas dessa vez eu vou dispensar a sua constatação! – Revirei os olhos e bati a porta do carro.
– O que estamos fazendo em um hospital, Miles?! – Noah me perguntou receosa assim que passamos pela porta. Bem, não havia um jeito fácil de fazer isso, mas eu achei melhor conversar com ela antes, talvez isso ajudasse em alguma coisa.
Suspirei e me agachei, pra ficar frente a frente com ela. Olhei dentro de seus olhinhos azuis profundos e dei um sorriso, eu queria mantê-la calma antes de qualquer coisa.
– Noah, você confia em mim não confia? – Segurei seu pequeno rosto com uma das minhas mãos, ela apenas assentiu – Olha, eu vou precisar que você seja muito forte agora, mais forte do que você já foi em qualquer outra situação na sua vida!
– Miles, você ta me assustando! – Ela disse – O que ta acontecendo? – Mordi os lábios, eu não sabia como contar isso a ela.
– O papai ele, ele sofreu um acidente, Noah e temporariamente perdeu o movimento das pernas – Disse tudo de uma vez, achei que seria menos doloroso se o impacto fosse todo de uma só vez.
As lágrimas começaram a escorrer pelo seu rostinho.
– Meu Deus! O meu pai! – Ela estava aflita - E-e quando foi isso? – Perguntou-me aflita
– Faz dois dias, não te trouxemos para vê-lo antes porque ele estava em coma e nem mesmo eu ou a mamãe podíamos ficar com ele – Suspirei – Agora, Noah, por favor, não chore. Os médicos disseram que ele vai se recuperar depressa e se você chorar quando a gente for ver ele isso vai deixa-lo triste. – Ela tentava limpar as lágrimas dos olhos sem muito sucesso, pois elas voltavam a cair a cada vez que ela enxugava.
Deixei-a sentadinha em um sofá enquanto pegava na recepção uma permissão para Noah e eu podermos visita-lo, depois de alguns minutos consegui o que queria e então voltei para busca-la.
– E então, vamos lá?! – Dei minha mão para ela segurar, fomos de mãos dadas para o elevador.
– Ei Miles, você acha mesmo que o papai vai ficar bem?! – Ela me perguntou enquanto pegávamos o elevador. Novamente me agachei para poder encará-la.
– Vai, claro que vai! – Sorri, ela me abraçou – Não se preocupe, vai dar tudo certo amor, eu prometo! – Sussurrei enquanto afagava seus cabelos.
Chegamos ao quarto onde papai estava em pouco tempo e Noah fez o máximo de esforço para parecer tranquila. Por isso que eu adoro essa baixinha, ela é bem mais dura na queda do que muita gente grande, inclusive eu mesma acho que não tive uma reação tão madura quanto a dela.
Abri a porta do quarto e dei de cara com o papai já sentado em uma cadeira de rodas, vestido e com seu inseparável chapéu de cowboy na cabeça. Ele apertava tediosamente os botões do controle remoto enquanto mamãe do outro lado do quarto falava ao telefone.
– PAPAI! – Noah berrou sorridente, já correndo de encontro a ele que não demorou a envolvê-la em seus braços.
– Espoleta, que bom que veio filha, estava morrendo de saudades suas! – Meu pai pareceu bem mais feliz ao ver a Noah.
– E de mim, não estava?! – Perguntei fazendo um biquinho, meu pai sorriu.
– Claro que estava com saudades de você também, Smile! Venha cá! – Ele me chamou para o abraço também. Nós todos sorrimos com isso.
Eu sabia que meu pai deveria estar bem triste por dentro, mas ele jamais demonstraria isso pra nós, fazia parte do jeito de caipira turrão não demonstrar sentimentos.
– Eu já falei com ele, Billy, ele disse que já está a caminho. – Mamãe disse se aproximando de nós três – Tem mesmo certeza que quer sair do hospital hoje Billy? Talvez seja melhor pra sua recuperação se ficar um pouco mais!
– Se eu ficar mais tempo aqui aí sim que eu vou ficar doente de vez! – Papai retrucou – Você sabe muito bem que eu detesto esse tipo de lugar, Tish!
– Bom dia! – O médico entrou no quarto interrompendo a quase “discussão” dos meus pais – Eu vim aqui para trazer a autorização de saída do senhor Billy Ray. – O médico sorridente entregou o papel a minha mãe que o puxou para um canto para conversarem, acho que ela queria perguntar mais coisas sobre as chances de recuperação do meu pai e não queria que a Noah ouvisse.
– Que bom que você já vai voltar pra casa papai! – Noah disse pra ele com um sorriso no rosto – Uma pena que agora a gente não vai mais poder viajar para ir passar o feriado lá em Nashville, na casa da vovó Rubi, como a gente tinha combinado.
– E quem disse que não?! – Papai a olhou devolvendo-lhe o sorriso – Claro que nós vamos! Ninguém sabe cuidar melhor de mim do que a sua avó, acredite!
– Obaa! – Noah comemorou – Papai tem uns amigos meus estão na cidade, a Jenny, o Frankie e a Mellzita, quem sabe a gente podia levar eles também né?! – Eu fiquei pensando, levar aqueles três significaria ter que levar o Nick de contrapeso e isso era só o que me faltava!
– Vamos ver filha, precisamos falar com os pais deles primeiro! – Papai desviou o olhar de Noah em minha direção por um instante – O que foi Smile? Não parece mais tão animada com a ideia da nossa viagem. Aconteceu alguma coisa?!
– Não, não é só que...
– Com licença, eu posso entrar?! – Nick perguntou assim que abriu a porta. Quem tinha chamado ele aqui?!
– Claro que pode rapaz, entra! – Papai falou. Ele entrou e cumprimentou minha mãe e o médico rapidamente, com um aceno de cabeça, então veio até onde estávamos.
– E então, como o senhor está?! – Ele perguntou olhando para o meu pai
– Agora que sei que vou sair dessa joça, bem melhor, aliás, melhor impossível! – Meu pai falou um pouco mais alto para o médico poder escutar.
O doutor apenas revirou os olhos.
– Papai! – Noah e eu o repreendemos ao mesmo tempo, Nick riu disso.
– O que foi? Eu to falando a verdade, a comida aqui é uma droga, é quase tão ruim quanto a da sua tia Mey! – Acho que o médico cansou de ouvir o hospital dele ser insultado e saiu do quarto pouco tempo depois disso.
– Pronto. Você já conseguiu o que queria Billy Ray, aqui está o papel da alta! – Mamãe disse um pouco brava. Eu sabia que ela não estava brava de verdade, apenas não queria que o meu pai saísse do hospital assim de qualquer jeito.
– Ótimo! Maravilha! – Papai disse satisfeito – E então Nicholas, algum problema em eu voltar lá pra sua casa?! – Ele perguntou encarando o Nick, que pareceu bem surpreso.
– Bem, er, não... Claro que não, nenhum. O senhor pode voltar e ficar lá o tempo que quiser! – Ele respondeu rapidamente. Mamãe e eu ficamos atônitas, mas apenas eu tive coragem de me manifestar.
– Como assim o senhor vai voltar pra casa dele?! – Quase berrei – O senhor não está bem, precisa de cuidados, o senhor tem é que parar com essa birra estúpida com a mamãe e voltar pra casa! – O encarei
– Miley, eu não sei se você sabe filha, mas eu sou maior de idade e responsável pelos meus atos. Eu já tinha dito antes que não voltaria pra aquela casa então, não há nada que você possa fazer pra me convencer! – Ele respondeu tranquilo. Percebi que o que ele disse deixou a mamãe um pouco abalada e isso me irritou – Filha pode empurrar a minha cadeira até o carro? – Ele pediu a Noah.
– Claro papai! – Ela fez o que ele pediu
– Ah... Me desculpem por isso. Eu prometo cuidar bem dele, podem ficar tranquilas senhora Cyrus, Miley... – Nick disse antes de ir em direção a saída do quarto. Vi algumas lágrimas escorrerem pelo rosto da minha mãe e isso doeu em mim.
Em um ato desesperado, saí correndo do quarto, eu daria um jeito nisso!
– NICK!! – Gritei antes que ele descesse as escadas, o elevador provavelmente estava ocupado. Ele parou, eu cheguei mais perto – Nick, por favor, eu to implorando pra você! Diz pro meu pai que ele não pode ficar na sua casa, é o único jeito dele voltar pra casa... A mamãe ta sofrendo pra caramba e ele precisa dela, mesmo que não reconheça isso!
– Olha Miley, eu até concordo com você, mas não posso fazer nada! – Ele disse sério – Mesmo que eu diga que ele não pode ficar lá em casa ele não iria voltar pra casa de vocês, iria pra um hotel ou qualquer outro lugar e o motivo é justamente a sua mãe. Eu sei que ela deve estar sofrendo muito agora, mas deveria ter pensado melhor antes de fazer o que fez com seu pai! – Eu fiquei meio confusa com o que ele disse. Nick estendeu a mão e colocou em meu ombro delicadamente – Não se preocupe, ele vai ficar bem lá em casa e pelo menos você vai poder vê-lo sempre que quiser e até a sua mãe também, isso é, se ele quiser vê-la, claro! – Ele sorriu – Agora eu preciso ir! – Virou-se dando alguns passos nas escadas e eu o segui.
– Nick, o que você quis dizer com: “Ela deveria ter pensado melhor antes de fazer o que fez com ele”, eu não entendi! – Falei segurando-o
– Ah Miley, você sabe como é difícil pra alguém perdoar uma traição, ainda mais pra alguém como o seu pai. Olha, eu até sinto pena da sua mãe, mas o Billy não deixa de ter suas razões, você deveria procurar entende-lo também!
– Espera, você tá querendo me dizer que... A minha mãe traiu o meu pai?! – Perguntei abismada, acho que até tinha lágrimas nos meus olhos por causa do choque. Então a mulher que eu sempre achei que amava o meu pai mais do que qualquer coisa nesse mundo o tinha traído?! Isso parecia surreal.
– Espera, então você não sabia?! – Nick pareceu surpreso – Puta merda! – Ele passou a mão pelo rosto e pelo cabelo, visivelmente arrependido.
– Nick me explica essa história direito, agora! – Exigi
– Olha Miley, isso não é da minha conta, eu nem sei por que eu fui falar disso com você, eu achei que você já soubesse...
– Nick, você tem que me contar! – Implorei – Como foi?! Quando foi?! Com quem foi?!
– Miley, para! – Nick segurou-me nos ombros – Olha, eu não sei nada disso e mesmo que soubesse não diz respeito a mim. Não sou eu que tenho que te contar são os seus pais, isso é coisa deles. Só um deles pode te dizer o que realmente aconteceu!
Ainda um pouco abismada com o mais recente fato eu me soltei das mãos do Nick e subi os degraus da escada correndo.
– Miley, Miley aonde você vai?! – Nick veio atrás de mim – Você não vai fazer nem uma besteira não é?! – Ele tentou me segurar, mas eu me soltei. Nem dei atenção ao que ele dizia, apenas refiz o caminho de volta para o quarto do meu pai, onde a minha mãe ainda deveria estar.
Entrei e como eu supunha ela estava lá, arrumando algumas coisas.
– Ah filha, que bom que você me esperou, eu estava terminando de arrumar algumas coisas do seu pai... Acho que ele pode precisar lá na casa do Nick. Eu preferia que ele voltasse lá pra casa é claro, mas orgulhoso do jeito que ele é, isso não vai acontecer! – Não sei se ela estava falando comigo ou consigo mesma, mas agora tudo que eu queria era saber direitinho sobre essa historia de traição.
Dei alguns passos em direção onde ela estava, parei a poucos metros dela, encarando-a.
– O que houve filha, algum problema?! – Ela perguntou sem entender minha atitude.
– Mãe, que historia é essa que você traiu o meu pai?!

Continua...
N/A: Olá pessoas que ainda tem paciência pra ler esse blog rsrs Bom, aqui está mais um capítulo e ele é totalmente dedicado a uma pessoa muito especial pra mim que fez aniversário essa semana, a minha amiga e autora favorita a Carol, ou como eu gosto de chama-la Lety. Parabéns amiga e que você tenha muitos e muitos anos de vida e que todos eles sejam cheios de alegria, amor e inspiração. Pessoas como você merecem o melhor lado da vida, você torna nossos dias muito mais animados com suas histórias, ainda lembro da primeira vez que li "O namorado de uma estrela" e foi amor a primeira vista, desde aí não larguei mais do seu pé.
Apesar de não conhece-la pessoalmente sua amizade é muito especial pra mim, adoro conversar com você e espero que sempre tenhamos essa conexão especial que temos agora... E bem, já deu pra perceber que eu não levo muito jeito com essas dedicatórias então eu vou fechar apenas pedindo pra que você continue sendo essa pessoa maravilhosa que você é e pra que você nunca deixe que nada nem ninguém venha impedi-la de realizar os seus sonhos, pois você será grande e um dia eu ainda terei o prazer de ler um livro seu. 
Ah, e eu disse que tinha uma surpresa e ela está na próxima página...