"Mas agora falando sério. Você acha que você e
o Nick vão "comer sobremesa" depois do jantar? ".
Narrado por Josh
Los Angeles, Califórnia 11:30 AM
(Horário Local) Set de filmagem.
Essa semana, as últimas e mais importantes cenas do filme estavam sendo
gravadas. Todos estavam correndo de um lado pro outro no set, tentando apressar
as coisas, pois com as festas de fim de ano chegando, os atores sairão de
férias, então era preciso adiantar o máximo de cenas que pudéssemos.
Quanto ao Nick, bom, só digamos que se descontarmos a tarde que ele
simplesmente resolveu se dar uma folguinha bem no meio da semana, o resto
estava tudo dentro dos conformes. Pelo menos ele estava vindo trabalhar de muito
bom humor todos esses dias, e embora eu ache isso tudo muito esquisito, já que
ele costuma ser um limão azedo sempre que possível, eu é que não vou reclamar
por ele parecer que viu um passarinho verde a cada novo dia... Melhor pra mim!
De repente o diretor mandou parar a cena que estavam gravando, conversou
com os atores e depois mandou repetirem tudo. Nessa cena o personagem do
Nicholas briga com o amigo que tenta abusar da personagem interpretada pela
Delta.
- Ação! - A cena foi bem forte. O diretor pediu mais veracidade na briga
e os atores tiveram que ter mais contato físico do que o planejado
inicialmente. A cena ficou muito boa, mas o Nick acabou se machucando de
verdade.
Nada grave, apenas um pequeno corte perto da sobrancelha.
- E corta! – O diretor parou a cena quando enfim estava totalmente
satisfeito – Tudo bem aí, Jonas? – Ele perguntou e o Nick assentiu. Delta
parecendo mais preocupada do que o necessário correu para cima do Nick tentando
ver o que tinha acontecido enquanto ele insistia que estava tudo bem.
Eu chamei a equipe de primeiros socorros para fazerem o curativo e o
Nick iria sobreviver.
Ele veio em minha direção parecendo bastante cansado de um dia cheio.
Joguei uma toalha pra ele.
- Não ficou tão ruim! – Falei me referindo ao curativo e o Nicholas me
deu um sorrisinho amarelo. Pegou seu celular e parecia bastante focado em
checar suas mensagens. O que ele também fazia muito ultimamente. – Eu pedi o
seu almoço e você tem cinquenta minutos de descanso antes da próxima gravação.
Vai querer mais alguma coisa?
O Nick me encarou por um segundo e depois voltou para os seus próprios
pensamentos. Ok. Ele está esquisito. Mas eu não tenho tempo pra isso, eu também
tenho a minha vida.
- Aí, se não precisa de mais nada eu to indo almoçar. Tô cheio de fome!
– Disse – Você vai ficar bem?
Ele demorou uns dez segundos ou mais pra responder.
- Vou, eu to legal. – Ele disse rapidamente – Você pediu bife, né?
- Éh, com fritas e suco de abacaxi, como sempre. – Repeti o pedido que sempre
faço pra ele num tom de obviedade. – Tem certeza que você tá bem?
Mais dez segundos...
- Tenho. – Fez uma pausa - Ah e, valeu! – Agradeceu e então me ignorou
completamente antes de seguir pro seu camarim ainda com a atenção voltada para
o telefone.
Bom, agora eu não tinha tempo pra lidar com as esquisitices e
anormalidades do Nicholas. Tinha uma lasanha bolonhesa esperando pra ser
devorada por mim.
(...)
- Nick, cinco minutos! – Disse parado na porta do camarim dele e ele
berrou um ok de volta de dentro do banheiro.
Sem ter muito o que fazer eu entrei e peguei um refrigerante no
frigobar. Enquanto dava uma olhada ao redor dei de cara com a tela do notebook
do Nick expondo o e-mail dele aberto. Normalmente eu não fazia o tipo enxerido,
mas ao ler o nome de um dos produtores mais influentes de Los Angeles no corpo
do e-mail eu tive que dar uma olhadinha.
“Caro Nick Jonas
Eu com certeza estou interessado
na sua proposta, mas não tenho como te dar uma resposta definitiva antes de
conversarmos pessoalmente. Só posso garantir que se tiverem alguma coisa nova
eu com certeza quero ser o primeiro a ouvir. E olha, se precisar também posso
te indicar um bom agente, vocês vão precisar de um pra dar inicio a essa nova
fase.
Att.
Steve Adam”
O Steve Adam era praticamente uma lenda do ramo
musical. Ele era o cara por trás das maiores bandas, dos melhores shows. Se
algum cantor estava no topo das paradas podia ter certeza que ele tinha alguma
coisa a ver com isso.
E pelo visto ele e o Nicholas estavam conversando sobre
algum projeto. Só que eu não fazia nem ideia do que poderia ser, porque o Nick
me deixou de fora dessa!
Eu fiquei com um nó na garganta ao reler o e-mail e
me dar conta da parte final. Um novo agente. O Steve estava aconselhando o Nick
a conseguir um outro agente! Provavelmente um que cobra o triplo do meu salário
e usa sapatos de legítimo couro italiano.
Deve ser por isso que o Nicholas está agindo assim
tão esquisito. Ele deve estar tentando achar uma forma de me demitir!
- E aí Josh, vamos? – Nick parou em frente ao
espelho e eu ainda estava sentado na cadeira de frente para o notebook
totalmente chocado. – Eu pedi pras maquiadoras disfarçarem o corte, você acha
que dá pra notar? – Ele perguntou e eu continuei calado. – Josh?
- Por que você não me disse antes? – Murmurei alto
só o suficiente pra ele ouvir
- Não disse o quê? – Ele perguntou como que
inocentemente.
- Como o quê?! – Levantei-me e o encarei. Nicholas
continuava com cara de quem não está entendendo nada – Que estava com um novo
projeto envolvendo Steve Adam?! Ou mais importante, por que não me disse que
está procurando um novo agente?!
- Espera! Josh, você não entendeu...
- Ah eu entendi muito bem! Eu sou totalmente
descartável pra você! – Apontei o dedo na cara dele – Olha, pra mim você não
era só um cliente. Você era um amigo. Eu cuidava da sua carreira como se fosse
a minha própria e eu esperava pelo menos um pouco mais de consideração da sua
parte, mas acho que isso era pedir demais, não é?
- Josh...
- Não, tudo bem. Eu vou embora. Amanhã peço pra
alguém entrar em contato pra gente tratar da parte burocrática o quanto antes.
– O Nick viu o computador e juntou as coisas bem rápido, ele é bom nisso.
Suspirou alto e eu ia sair pela porta, mas antes...
- Josh, isso não é sobre mim! – Retrucou
- Como assim?
- Esse e-mail que você leu, o tal “projeto” não é
meu! – Ele fez uma pausa acho que pensando se me contaria ou não – Eu só entrei
em contato com o Steve pra tentar ajudar uma amiga. Eu o conhecia da época em
que eu tinha uma banda com os meus irmãos e agora que o Kevin trabalha com ele
me arrumou esse contato. Sei da influência dele no ramo musical e como sabia
que ele estaria na festa do Mallone no sábado, achei que seria uma boa ideia
falar com ele e tentar ir adiantando o lado dela.
Eu fiquei quieto. O Nick não parecia estar
mentindo, até porque o Nick é um péssimo mentiroso e não era tão inteligente
pra inventar uma desculpa dessas tão rápido.
- Eu estava esperando pela resposta dele há dias e
ele só me respondeu agora e eu nem sei qual deve ser o próximo passo. –
Continuou essa parte um tanto frustrado – Eu estava animado achando que ele me
daria uma resposta definitiva. Agora eu não posso nem contar a ela e fazê-la
criar expectativas só pra depois frustrá-las caso não dê certo!
Ele parecia realmente preocupado. Preocupado demais. Tá legal, me dá um
crédito. Eu não sou tão idiota quanto pareço.
- Tá, e assim, só por curiosidade, essa sua amiga
de quem você tá falando pra ele, por acaso é a Miley Cyrus? – Eu fiz a pergunta
embora já tivesse certeza da resposta.
- É, é ela – Afirmou. Agora faz mais sentido! –
Mas, por favor, não comenta isso com ninguém!
- Tá, pode ficar tranquilo. – Concordei - Mas, só me
explica por que isso tem que ser um segredo de estado?
- Bom, não precisa ser um segredo, ou pelo menos não vai ser por muito
tempo se tudo der certo. Mas por enquanto eu não quero que ninguém saiba, acho
que é mais seguro assim. A Miley é extremamente orgulhosa. Eu não quero nem
pensar no que ela pode achar se souber que eu me meti nisso! – Fez uma pausa –
Há uns dias eu entrei em contato com o ex-agente dela e sabe o que ele me
disse? – Ele me olhou e eu neguei – Que ela vinha recusando por e-mail todos os
trabalhos que apareceram no último ano.
- Éh, ela tava morando fora e queria dar um tempo na carreira dela. –
Repeti o que todo mundo sabia a respeito do desaparecimento da Miley dos
holofotes.
- É aí que está o problema. A Miley não queria dar uma pausa na
carreira. Ela acha que não recebeu proposta nenhuma no último ano, você
entende? – Ele continuou seu raciocínio – Tem alguma coisa muito errada nessa
história. Por isso eu pedi ao Steve pra também me indicar um bom agente pra ela
e foi essa parte que assustou você!
- Desculpe! Eu achei que estava sendo substituído e fiquei chateado. –
Admiti - Mas você tem razão, isso é muito estranho mesmo. Ela dizer que não
recebeu nenhuma proposta após ter recusado todas elas... – Eu estava tentando
entender, mas não fazia nenhum sentido pra mim - Bom, de qualquer forma a Miley
não tem um contrato continuado com a Holywood Records? Pelo menos quanto a isso
ela não tem que se preocupar, pertence ao hall de uma das gravadoras mais
importantes do mundo e o Mallone nunca iria abrir mão dela. Ela é praticamente
uma das galinhas dos ovos de ouro dele!
- Só que ele já fez isso! – Nick retrucou
- O que? Não. – Custei a acreditar - Você só pode estar brincando, ele
não faria isso. Seria burrice!
- Pois pode acreditar. – Ele andou de um lado pro outro do camarim - Eu
também ainda não consegui entender, a Miley é uma das melhores artistas dos
últimos tempos! Sempre esteve nos topos das paradas e tirando o último ano que
foi o único que ela não lançou nada, ela com certeza dava muito lucro pra gravadora
do Mallone. Por que ele iria querer perdê-la?
- Eu não faço à menor ideia. Se pararmos pra pensar não faz sentido.
Nada disso faz... – Murmurei - A não ser que alguém quisesse ela fora! – Falei
um pensamento que me veio à mente – E alguém poderoso, pra fazer o Mallone
desistir assim dela e ainda conseguir driblar o agente.
Nick ficou quieto, pensativo. Talvez ele tivesse algum suspeito, mas se
tinha, não quis dividir comigo.
- Nicholas... – Ouvimos uma batida e quando nos viramos Delta estava
parada na porta – Estamos só aguardando você pra recomeçar! – Ela sorriu
- Eu já to indo, obrigada. – Ele disse e ela saiu. O Nick também se
encaminhou até a saída – Josh, se você estiver mesmo certo, tem só uma pessoa
que pode nos confirmar isso: o próprio Mallone.
- E você acha que ele te diria?
- Eu não sei, mas eu te garanto que ele me dizendo ou não eu vou
descobrir! – Ele falou com total convicção antes de ir gravar mais uma cena.
(...)
Enquanto o Nicholas trabalhava, eu também estava trabalhando pra ver se
conseguia mais alguma pista sobre o caso Miley Cyrus.
E eu acabei achando uma coisa.
O Nick mal passou pela porta do camarim dele no fim do dia e eu já fui
falando.
- Nick, vem cá, olha só isso! – Falei e ele veio olhar a tela do
notebook - Você tinha dito que a Miley encerrou o contrato com a Holywood
Records, certo? – Perguntei e ele assentiu – Mas se entrarmos no site deles
as músicas dela ainda estão disponíveis pra download. Isso é porque se o
contrato dela é semelhante ao seu, eles ainda tem direitos sobre as músicas
regravadas por eles, mesmo após a quebra do contrato.
- O que quer dizer que mesmo ela estando fora eles ainda podem lucrar
nas costas dela! – Ele entendeu rápido.
- Exatamente! É dano zero pra eles. Mas isso nem é o pior. Como ela
ainda aparece aqui como se pertencesse ao hall de músicos deles e não foi
divulgada nenhuma nota sobre a quebra de contrato dela, as coisas ficam ainda
mais complicadas. Provavelmente nenhuma gravadora sabe que a Miley está
disponível e é por isso que ela não recebe propostas de ninguém. É como se eles
quisessem que ela nunca fosse contratada por outra gravadora!
- Eu sabia! – Ele vociferou – Não tinha como a Miley simplesmente não
receber um convite de outra gravadora... ela é a Miley Cyrus! Eu sabia que
tinha mais coisa nisso.
- Bom, nós conhecemos o estilo do Mallone, ele não é a minha pessoa
preferida no mundo, mas se ele quisesse destruir mesmo a carreira da Miley ele
teria meios pra fazer isso. Meios sujos claro, mas ele faria. Acontece que pelo
que eu to vendo aqui a intenção dele não é realmente prejudicá-la, só colocá-la
na geladeira um pouco, entende? Provavelmente levá-la ao esquecimento, algo
mais sutil, que definitivamente não tem a cara do Mallone.
- É claro que ele quer prejudicá-la Josh! Talvez não estampando ela nas
capas de revista com publicidade ruim, mas o que ele está fazendo no fim das
contas dá praticamente no mesmo! – Nick retrucou irritado.
- É, mas eu já vi o Mallone acabar com a carreira de alguns artistas e
nunca foi algo tão pacífico. É como se ele a tivesse demitido e quisesse não
fazer barulho nenhum sobre isso. E pelo visto nem a Miley, já que a primeira
coisa que ela deveria ter feito era divulgar uma nota sobre não ter renovado
contrato com eles...
- A Miley tá sem agente e ela provavelmente nem se deu conta disso. Ela
tá passando por uma fase bem ruim com o divorcio dos pais e mais um monte de
coisas, e agora mais isso... Eu nem sei como vou contar pra ela. – Nick baixou
os olhos como que imaginando como seria ter que dizer essas coisas a ela.
- Não, é melhor não falar nada pra ela, isso só a deixaria mais pra
baixo. – Disse – Além do mais, eu posso cuidar disso. Vou tratar de divulgar a
nota oficial da disponibilidade dela e tenho alguns bons contatos de donos de
gravadoras que com certeza vão ter interesse na sua “amiga”.
- Você tá mesmo falando sério?! – Ele sorriu ainda um pouco incrédulo.
- É claro que estou. Ela é a Miley Cyrus. – Frisei - E se eu fosse você
também não descartava o Steve Adam. No e-mail ele estava sendo cuidadoso com as
palavras, provavelmente por motivos óbvios, mas ele está interessado. Se não
estivesse nem te responderia.
- Éh, acho que você tem razão! – Nick concordou e parecia bastante
satisfeito agora.
- É claro que eu tenho razão! – Repeti com obviedade - E sabe de uma
coisa, até que pra quem não sabe nada sobre agenciar uma carreira você até que
se saiu bem. – Murmurei e ele me olhou de esguelha.
- Valeu Josh! – Ironizou, mas logo o seu sorriso voltou - Agora eu
só preciso fazer com que ela esteja no lugar certo, na hora certa. – Ele disse
e eu juntei dois mais dois.
- Ah, então é ela que você vai levar na festa do Mallone? Não sei por
que não pensei nisso antes... - Falei
- Qual é, Josh, dessa vez o meu convite foi totalmente profissional!–
Defendeu-se e eu só achei graça. Ele achava mesmo que eu iria acreditar nisso?!
Fez uma pausa e sorriu com aquela típica cara de bocó, provavelmente pensando
nela – E se eu tiver sorte e essa coisa toda funcionar, quem sabe ela vai ter
um bom motivo pra ficar.
- Ficar aqui ou com você? – Questionei e ele alargou o sorriso.
- Por mim poderia ser os dois! – Respondeu prontamente – Eh... Os dois
ia ser perfeito!
Narrado por Demi
Los Angeles, Califórnia, 19:25 PM
(Horário Local) Apartamento do Nicholas.
- AMOR, O BANHO DA MELL JÁ TÁ PRONTO, MAS EU NÃO CONSIGO ACHAR O PATINHO
DE BORRACHA, VOCÊ VIU? – Joe berrou lá de dentro do banheiro. – DEMI! –
Continuou – O XAMPU PRA USAR É O ANTICASPA OU O REPARAÇÃO PÓS-QUÍMICA?!
Eu e Miley nos entreolhamos. Ela tinha acabado de chegar e eu estava me
dividindo entre fazer o jantar e recolher a bagunça de três crianças. Quatro,
se contarmos o Joe.
- Deixa que eu termino aqui, vai lá ver do que ele precisa – Ela disse –
antes que ele deixe a sua filha careca.
- Se a Mell chegar aos cinco anos com um pai como o Joseph, eu juro que
vou escrever ela no largados e pelados quando fizer seis. – A Miley riu do que
eu disse, mas não era brincadeira. - Se ela sobreviver tanto tempo ao Joe é por
que aguenta qualquer coisa!
- DEMI! ELA NÃO QUER ENTRAR NA BANHEIRA, ACHO QUE ELA QUER O PATINHO! –
Joe berrou de novo e a Miley tomou de mim o esmagador de batatas pra continuar
o que eu estava fazendo, não que faltasse muito, já que eu estava amassando as
batatas imaginando que era a cara do Joe.
- Só vai lá, rápido! – Ela disse.
- Ah, pode deixar, eu vou lá! – Comecei - E quando eu achar o patinho
vou dar com ele bem no meio da cabeça de vento do Joe! – Avisei e Miley me
olhou de forma repreensiva – Que foi? Ele está com sorte que eu não vou enfiar
naquele lugar!
- Demi! – Ela ralhou e eu rolei os olhos. O Joe me estressa às vezes!
Ele chegou aqui tem menos de duas horas e juro que o meu nome já foi repetido
sendo berrado pela casa mais de cinquenta vezes pelos motivos mais idiotas que
se possa imaginar.
E sabe naquele um minuto de loucura que todo mundo tem todo dia? Bom, no
meu minuto de loucura eu me imaginei mudando de identidade e indo morar na
Eslovênia!
- DEMI! - Joe
Quanto será que custa uma passagem pra Eslovênia?
Eu marchei até o banheiro enumerando todas as babaquices do Joe que eu
tive que consertar nessa casa só hoje e juro que tive vontade de pedir o
divórcio! Mas quando eu abri a porta do banheiro, deparei-me com uma das cenas
mais fofas que eu já vi na vida.
A minha princesinha numa banheira de espuma mordendo seu patinho de
borracha favorito enquanto o maluco do pai dela fazia alguma coisa no cabelo
dela. Joe passou o xampu e arrumou todo o cabelinho da Mell pra cima como que
formando um estilo moicano e ela ficou uma gracinha.
- Olha só amor, um bebê roqueiro! – Ele contou animado – Vamos lá minha
filha, toca sua guitarra pro papai, toca! – Joe fingiu tocar uma guitarra
invisível esperando que a Mellzinha repetisse o gesto, o que obviamente não aconteceu
já que ela é só um bebê. Mas ela se animou e ficou toda sorridente. – Viu só?
Ela adora rock! Essa é minha filha! – O Joe pegou a mãozinha da Mell e fez o
símbolo de adoração ao rock com os dedinhos minúsculos e gordinhos da nossa
filha.
Eu queria tirar uma foto pra que esse fosse o nosso cartão de natal
desse ano.
Sorri ficando um pouco mais relaxada. Embora na maior parte do tempo eu
realmente quisesse matar o Joe, algumas vezes, raras vezes, mas elas de vez em
quando aconteciam, eu o achava o melhor pai do mundo.
A sensação de relaxamento durou apenas um minuto.
- Espera, qual dos xampus você usou? – Lembrei
- Sem lágrimas – Ele respondeu pegando o frasco pra mim, ele tinha usado
o xampu certo.
Admito, fiquei chocada.
- E como é que você sabia que era esse? – Perguntei
- É que tinha um bebê no rotulo, então eu deduzi que devia ser esse! –
Ele falou tranquilamente enquanto terminava o banho e levava a Mell pra trocar.
(...)
Narrado por Miley
Los Angeles, Califórnia, 19: 40
PM (Horário Local) Apartamento do Nicholas.
- Amor, eu não sei por que é que você está brava comigo! – Joe seguia a
Demi de volta pra sala com uma Mell toda arrumadinha e cheirosinha nos braços.
- Bom, além dos outros zilhões de motivos, você não sabe nem qual é o xampu
da sua filha! – Demi retrucou – E olha que ela é a sua única filha, Joseph!
- Mas bombom, todo mundo olha a foto no rótulo pra ver essas coisas! – O
Joe se defendeu – por exemplo, comida de cachorro. Você saberia identificar se
era mesmo comida de cachorro se não viesse um cachorro estampado na embalagem?
– Até que ele tem razão.
- Ótimo, agora estamos comparando a minha filhinha a um cachorro! – Demi
dramatizou e virou-se pra mim – Miley, diz alguma coisa!
- Prefiro ficar fora dessa! – Aleguei
- Eu tô com o Joe nessa! – Frankie falou – Todo mundo vai pelo rótulo,
sério. Uma vez o Nick e eu colocamos comida de cachorro numa lata escrito
almôndegas e o Kevin e o Joe comeram tudo.
Todos encaramos o Joe.
- Tá vendo só, amor?! Eu disse que... – Ele parou. Acho que finalmente
raciocinou sobre o que o Frankie disse – Espera, aquilo era comida de cachorro?
– Questionou o irmão, irritado. – Droga! Por isso que eu comprei diversas vezes
a mesma marca de almôndegas e elas nunca tinham o sabor daquelas! – Ele pareceu
realmente decepcionado.
- Que panaca! – Jenny exclamou balançando a cabeça e todos permanecemos
encarando o Joe.
- Tá bom, eu desisto! – Demi – Eu não tenho mais condições psicológicas
pra fazer o jantar então vamos todos sair e comer alguma coisa. – As crianças
se animaram – Mas nem pensem em pedir almôndegas ou eu juro que vou estrangular
alguém! – Ela avisou
O Joe e as crianças foram na frente, a Noah me pediu permissão pra ir
junto e eu deixei. A Demi apenas se jogou no sofá suspirando profundamente. Acho
que ela precisava de um segundo. Sentei-me ao lado dela.
- Se quer um conselho compre o maior número de coisas com um bebê no
rótulo que você conseguir. – Falei e ela sorriu
- Só consigo pensar que depois de hoje eu nunca mais vou poder comprar
aquele papel higiênico macio que tem um bebê na embalagem. – Suspirou - Vou
ficar com medo do Joe confundir com as fraudas dela... – Comentou e eu tive que
rir – Mas e aí, você vem com a gente?
- Ahn, acho que não. Eu vou dar uma olhadinha no papai e depois vou pra
casa, estou meio cansada. – Me queixei e o Joe tocou a buzina chamando a Demi.
Ela levantou pra ir, mas antes me olhou.
- O Nick deve estar pra chegar... – Ela disse assim como quem não quer
nada.
Eu sorri.
- Ok. E daí? – Me fiz de desentendida
- Bom, e daí que eu acho que nós vamos demorar bastaaaante a
voltar! – Ela pegou sua bolsa e piscou pra mim antes de sair.
Essa Demi era sutilmente terrível.
Eu suspirei.
Eu até pensei em deixar pra ver o papai amanhã de manhã, no horário em
que eu tenho absoluta certeza que o Nicholas estará no trabalho, e assim
evitaria um embaraçoso reencontro com ele, dado as nossas atuais
“circunstâncias”. Mas a verdade é que eu tinha vindo até aqui hoje pois tinha
um assunto pendente e nem um pouco agradável pra conversar com o meu pai.
E
como o que eu tinha pra falar com ele não ia ficar menos complicado com o
passar do tempo, era melhor eu fazer isso logo de uma vez.
Caminhei para o quarto dele e bati na porta de leve.
- Pai, posso entrar? – Perguntei colocando só a cabeça pra dentro.
- Claro, querida. – Ele levantou os olhos pra me olhar, estava sentado
na cama lendo. Assim que eu entrei e me sentei na ponta da cama deixando um
suspiro escapar, papai deixou o livro de lado e me encarou – Algum problema,
filha? – Pensei bem, eu não sabia como contar a ele, mas era melhor dizer de uma
vez, tudo bem que não seria menos dolorido pra ele, mas eu acho que seria bem
mais simples de dizer.
Tomei todo o ar que eu conseguia comportar dentro dos meus pulmões e
depois soltei tudo de uma vez só.
- Eu não vim antes por que eu não sabia como te contar isso. – Fiz uma
pausa e então só continuei - Mamãe foi embora de casa e eu acho que ela saiu da
cidade também. – Falei rápido e tentei ao máximo não encará-lo, papai não
pareceu surpreso embora eu tivesse sentido as minhas palavras o abalarem um pouco.
- Eu já sabia, filha. – Ele disse e eu esperei que ele me dissesse quem
tinha contado – A Noah me contou tudo que aconteceu naquela noite – Acho que
com “tudo” ele estava se referindo a minha estadia no hospital também. Ele
suspirou antes de continuar – Você está melhor? – Perguntou-me
- Eu tô bem. – Eu disse sem a menor convicção de que realmente estava.
Ele apenas assentiu.
- Então, ela foi mesmo embora não é? - Sua voz soou calma, mas eu sabia
que ele não estava. – E você sabe pra onde? – Apenas neguei com a cabeça.
Ficamos um tempo em silencio – Eu não entendo, eu saí de casa justamente pra
ela não precisar sair, eu nunca pedi a ela que... – Interrompi
- Eu sei disso pai, – Murmurei – ela saiu porque quis, acho que foi mais
encargo de consciência do que qualquer outra coisa! – Disse firme e amargurada,
eu sei que não deveria falar assim, mas essa ida dela ainda estava entalada na
minha garganta. Nada me tirava da cabeça que ela só podia ter ido viver com o
amante.
Papai não disse nada, sei que ele provavelmente pensou na mesma
possibilidade que eu, mas ele não comentaria comigo, ele não era do tipo que
falaria mal da mãe pros filhos.
Além do que seria demais pedir pra que alguém
tão orgulhoso quanto ele comentasse a respeito de ter sido deixado de vez.
Depois disso o orgulho dele devia estar muito ferido.
Joguei-me na cama ao lado dele, deitando minha cabeça em seu colo,
deixei que ele percorresse seus dedos levemente por entre os fios do meu
cabelo.
- Sabe o que eu acho?! – Falei depois de algum tempo – Acho que ela é
maluca por ter deixado você!
Papai suspirou.
- É filha, talvez eu também seja, por ter deixado ela ir. – Confessou
Eu não queria realmente entrar nesse assunto. Sabia que o papai ainda a
amava e o quanto isso provavelmente o estava despedaçando por dentro, então
decidi falar de outra coisa.
- Estive pensando na nossa viagem pra fazenda durante o feriado. Acho
que poderíamos ir um pouco antes pra aproveitar mais lá, o que acha?!
- Mas o feriado é só no próximo fim de semana, Miley. Ainda temos tempo.
– Ele disse.
- Eu sei pai, mas eu acho que a gente ta precisando disso. – Aleguei.
Achei que eu estivesse com os olhos marejados por isso limpei discretamente. –
E qual é, você nunca recusava uma viagem de férias em família pra fazenda, o
que está havendo com você? – Papai apenas sorriu. Não era um sorriso de
felicidade, era só uma espécie de alivio. Isso era tudo o que tínhamos.
- Olha, pra falar a verdade eu acho essa uma ótima ideia! – Aprovou.-
Vou falar com a sua irmã e nós iremos quando vocês quiserem!
(...)
Eu saí do quarto dele um pouco depois. Tinha sido uma conversa com o
inicio tenso e pesado, mas que acabou ficando bastante leve no fim.
Eu só
esperava ter conseguido não demonstrar pro meu pai o quanto a ida da mamãe
tinha me deixado desconfortável, quer dizer, ele já tinha tantos problemas, eu
não iria contar a ele sobre as minhas desconfianças sendo que eu nem tenho
certeza de nada.
Por mais que uma parte de mim quisesse falar, eu não poderia.
Nunca conseguiria dizer algo que pudesse magoá-lo desse jeito.
Quando eu voltei pra sala apenas peguei o meu casaco pra vesti-lo e
depois ir pra casa, conforme o planejado. Só que antes que eu pudesse seguir
pro meu destino o Elvis pulou em mim e me lambeu, pedindo um pouco de atenção e
era absolutamente impossível negar qualquer coisa pra aqueles grandes e
expressivos olhos caninos.
Eu brinquei um pouco com ele, mas eu acho que ele queria mesmo era ser
levado pra passear. Os sinais estavam ficando cada vez mais claros, desde
arranhar a porta da frente até me trazer a guia da coleira entre os dentes.
Acariciei o seu focinho, ele era um cachorro muito esperto e era uma graça o
jeito dengoso como ele se enrolava pra receber carinho na barriga.
E outra vez os grandes e expressivos olhos em minha direção. Ele cheirou
e lambeu a minha mão que estava segurando a guia como se pudesse dizer “coloca
logo isso em mim, vamos passear!” e ele era bom nisso, deve ter puxado essa
lábia do dono.
- Tá bom, você venceu! – Sentei no sofá e comecei a tentar prender a
guia em sua coleira – Vamos passear!
Narrado por Nick
Eu cheguei em casa como em qualquer outro dia. Entrei, deixei minhas
coisas em cima de um móvel no corredor e caminhei até a sala. Antes de
entrar no cômodo eu dei de cara com a Miley sentada no meu sofá, afagando o meu
cachorro.
Ela alisava pelo dele de maneira carinhosa e ele se rendia todo
derretido as suas carícias. Ok, eu não era lá a melhor pessoa pra julgá-lo
quanto a isso, de qualquer jeito. Fez com que ele subisse em seu colo pra poder
mexer na coleira e ele lambeu a bochecha dela, fazendo-a rir.
- Elvis, vê se fica quieto! Senta! – Ela tentava controlá-lo sem sucesso
e em meio a mais lambidas e fungadas do meu cachorro, ela ria mais. O som da
sua gargalhada era tão gostoso de ouvir, dava vontade de rir junto.
É, acho que eu poderia me acostumar com isso, com ela fazendo parte do
meu cotidiano.
Eu fiquei só ali parado vislumbrando aquela cena e lembrando o quanto eu
amava esse som, o som da risada dela. Nunca saberia explicar exatamente por que
isso me fez imaginar como seria chegar em casa e ter isso, essa mesma cena,
todos os dias.
Me imaginei em um mundo onde eu voltaria pra casa e ela estaria ali. A
mulher que eu amo rindo e brincando com o meu cachorro no meu sofá. Só que no
meu mundo, ela estaria fazendo isso enquanto me esperava voltar. E depois que
eu chegasse, abriria a porta e ouviria a sua risada ecoando pela casa e
correria pra sala feliz, a tomaria em meus braços e ela me receberia com um
beijo apaixonado. Então iríamos sorrir um pro outro e falar qualquer coisa
sobre como foi o dia, daí sair pra jantar talvez, ou só ficar em casa mesmo, vendo
um filme e depois fazer amor ali naquele sofá. Não importava muito o contexto,
contanto que fosse com ela. Não conseguiria pensar em mais nada que me
parecesse tão perfeito quanto isso... Tão perfeito quanto ela na minha vida.
Eu sabia que deveria entrar, mas eu não queria estragar o momento, então
permaneci parado ali por mais alguns segundos, só o tempo necessário pra gravar
aquela imagem dela sorrindo na minha memória.
A Miley finalmente conseguiu colocar a guia na coleira do Elvis e então
veio com ele em minha direção, ou melhor em direção a porta de entrada.
-Oi! – Falei finalmente anunciando a minha chegada.
- Oi! – Ela me cumprimentou e o meu cachorro pulou em minhas pernas pra
me receber, mas ele era um cachorro esperto e depois de me dar as devidas boas
vindas, tratou de voltar pro lado da Miley. – Eu não vi você aí. Faz
tempo que chegou?
- Não! Não, eu acabei de chegar. – Falei olhando sua carinha tímida ao
dar de cara comigo.
– Achei que você ainda ia demorar um pouco pra chegar. – Falou um tanto
incerta – Eu tinha vindo ver o meu pai e acabei ficando um pouco mais, com ele.
– Apontou pro Elvis – Ia levá-lo pra passear, você não se importa né?
- Não, de jeito nenhum. – Eu me agachei e fiz um carinho no Elvis – Eu
não tenho tido muito tempo pra ele ultimamente. O pobrezinho deve estar mesmo
carente! – Disse e ela sorriu. Eu cheguei mais perto e deixei o meu cachorro me
lamber – Você deve estar louco pra sair daqui, né amigão?! – Ele latiu
como se pudesse me responder e eu acariciei seu focinho, então olhei pra Miley
– Tudo bem se eu for junto?
- ahn... Claro. Sem problemas. – Ela concordou e nós saímos.
(...)
Nós descemos o quarteirão, com um Elvis eufórico.
Ao passar em frente da
casa dos Morris, a senhora Morris nos cumprimentou com um enorme sorriso. Ela
era nossa vizinha há anos e acho que ficou empolgada por ver a Miley e eu
saindo juntos depois de tanto tempo.
O nosso bairro era residencial, nada das
festas badaladas e nem o transito louco do centro de Los Angeles. Não tinha
nada disso por aqui, era tudo sempre igual, quieto e monótono. A maioria dos
residentes de uns quinze anos atrás ainda estava por aqui. Na verdade, acho que
se eu fechar os olhos tudo aqui ainda é exatamente igual ao que eu consigo me
lembrar de quando era um adolescente.
Eu olhei pra Miley e ela me olhou de volta. Isso era uma outra coisa que
continuava igual: Eu ainda era vizinho da garota mais bonita da rua. E ainda
era completamente apaixonado por ela também, diga-se de passagem.
Ainda lembro de olhar pela minha janela e vê-la andando de bicicleta ou
conversando com suas amigas. A Miley era a típica abelha rainha e estava sempre
rodeada de gente. Não era só bonita, era famosa e talentosa, a estrela pop
número um da América, pelo menos era isso que eu tinha lido sobre ela em algum
lugar. Eu sabia que não deveria chegar nem perto, ela definitivamente não era
pra mim. Mas como qualquer moleque desavisado eu continuei olhando pra ela.
É um erro bem comum na verdade, se apaixonar por quem não deveria. Todo
mundo comete. Eu sempre soube que eu não era exatamente o “tipo” dela, mas no
fim das contas naquela primeira festa em que ela disse que odiava a minha
camisa, mas que ainda assim queria me conhecer melhor, eu não pude evitar me
apaixonar completamente por ela. E eu nem sei por que ela me escolheu, a única
coisa que eu sei é que desde quando ela me olhou pela primeira vez eu soube que
onde quer que eu tenha me metido não tinha mais volta...
Acho que eu fiquei olhando por tempo demais. A Miley chegou mais perto e
o meu coração disparou. Nós não tínhamos mais nos visto desde a última vez que
saímos então eu queria muito saber em que ponto estávamos a partir daí, porque
se tratando da gente nunca dá pra realmente saber...
Ela tocou meu rosto e com as pontas dos dedos contornou o local do
curativo.
- Você está bem? – Perguntou analisando-me – O que foi isso?
- Ah, isso? – Apontei – Não se preocupa, não foi nada. É só uma
lembrancinha de uma cena de ação que gravei hoje. – Respondi um pouco inquieto
com a nossa proximidade, pois com ela perto assim ficava bem difícil controlar
a vontade que eu estava de beijá-la. – Mas eu tô bem, juro! – Sorri
- Você devia tomar mais cuidado. Essas cenas podem ser perigosas, você
poderia ter se machucado pra valer! – Ela disse com o rosto ainda muito próximo
do meu e sua demonstração de preocupação, confesso que me deixou bem feliz.
- Eu sei e foi só um arranhão, sério! – Garanti e aproveitei para
acariciar seu rostinho preocupado e lindo. – Mas se eu soubesse que você se
preocuparia assim comigo, eu até poderia ter arrumado um machucado mais
grave... – Sorri dizendo isso e ela me deu um tapa no braço.
- Idiota! – Me estapeou de novo - Eu aqui preocupada com você e você
fazendo piadinha com a minha cara! – Ela rolou os olhos e ia se afastar, mas eu
a puxei pra perto novamente.
- Não é piada. – Afirmei – Você sabe que não é! E também sabe exatamente o que
eu quero! - disse um pouco mais baixo, abusando do que eu julgo ser a minha voz
sedutora e tentei beijá-la, mas ela não deixou.
- Só vê se toma mais cuidado. Porque o que eu não quero é que se
machuque! – Ela falou e voltou a se afastar, quebrando o nosso contato visual.
Eu fiquei um pouco perdido, parecia que eu nunca sabia o que dizer e nem
o jeito certo de agir quando se tratava da Miley. Quer dizer, eu estava
esperando ela me dar algum tipo de sinal verde, sei lá, algum espaço pra poder
agir, mas desde a última vez que saímos eu tenho a impressão de que ela está
tentando me evitar. Não me procura, não responde as minhas mensagens, é como se
tudo estivesse exatamente como era antes da gente tentar “isso”. E, cara,
eu não sei se sou o tipo de cara que sabe como lidar com essa situação.
Quer dizer, eu sei que quero ficar com ela, mas parece que toda vez que damos
um passo pra frente logo em seguida damos mais dois pra trás.
Eu respirei fundo.
- Me desculpa, eu não quis ser... inconveniente. – Tentei achar a
palavra que se encaixava mais a situação.
- Tudo bem, não foi! – Ela respondeu ríspidamente e nós continuamos
descendo o quarteirão.
Eu precisava manter a cabeça no lugar se quisesse realmente conseguir
reconquistá-la.
A Miley nunca foi fácil, e é claro que se tratando da gente ela
ia ser mais teimosa do que nunca, pois pra ela qualquer coisa entre nós é
terminantemente impossível de dar certo devido aos nossos erros do passado.
- Ei! Tem um parque bem próximo daqui. Pensei na gente dar uma passada
lá pro Elvis correr um pouco. Topa? – A Miley me olhou incerta, provavelmente
estava pensando se sair comigo “em público” era uma boa ideia. - Lá é bem
tranquilo em dia de semana. – Fiz questão de acrescentar.
- Pode ser... – Ela disse sem parecer se importar muito e nós fomos.
(...)
Iniciei um jogo de pegar com o Elvis, só pra deixá-lo correr livre pelo
gramado.
A Miley estava ali próxima, apenas nos observando. Eu joguei a bolinha
vermelha pra ela, pra que ela também pudesse participar da nossa brincadeira. E
como ela sempre fora apaixonada por animais e levava o maior jeito com todos
eles, não demorou muito pra que o meu próprio cachorro preferisse brincar
apenas com ela e me deixasse de escanteio.
Era a quinta vez e contando que eu atirava a bolinha, o Elvis buscava e
ao invés de trazer de volta pra mim ele levava pra Miley...
- É, leva a bola pra ela mesmo! É ela quem te alimenta e leva pra
passear, é ela quem limpa a sua sujeira... Traidor! – Esbravejei e a Miley
gargalhou afagando o pelo de um Elvis que latia e abanava o rabo todo feliz,
não me dando à mínima.
- Parece que seu cachorro gosta mais de mim do que de você, Jonas! –
Tirou sarro, apostos pra atirar a bolinha pra que um Elvis todo obediente fosse
imediatamente buscá-la.
O sorriso dela era mesmo contagiante. Eu me sentia feliz
instantaneamente, só de olhar.
Fui até ela.
- É claro que ele gosta. – Disse me aproximando e ela ainda ria – É
fácil gostar de você. Quer dizer, olha só pra você. - Eu estava olhando em seus
olhos. Estávamos perto, só a uns dois passos um do outro – Se fosse ele eu
também te escolheria!
O Elvis latiu avisando que já estava de volta com sua bolinha. Miley se
agachou a pegou da sua boca, ia atirá-la de novo, mas eu não deixei. Ao
invés disso eu mesmo lancei a bola o mais longe que consegui, acho que ela foi
parar do outro lado do parque e o meu cachorro se botou a correr atrás de um
vulto vermelho que era a bolinha que eu havia lançado.
A Miley me olhou ainda
sem entender e eu cheguei ainda mais perto, passando minhas mãos por sua
cintura a trazendo pra mim.
- Não se preocupe, ele vai trazer de volta! – Sorri e ela me olhou
repreensiva – O que foi? Eu só quero um minuto a sós com você. – Apertei
meus braços em volta da sua cintura e ela passou seus braços ao redor do meu
pescoço.
-Está com ciúmes do seu cachorro? – Ela perguntou divertida.
- Estou! – Rebati – Queria que você me tratasse só um pouquinho com o
mesmo carinho que trata ele.
- Não seja tão dramático, Jonas. – Fez pouco caso – Isso não combina com
você!
- Só estou dizendo a verdade! – Defendi-me enquanto acariciava a sua
cintura com a ponta dos meus dedos. Isso era tão bom! Tê-la assim perto. –
Quero um pouco de atenção só pra mim, agora. – Ela balançou a cabeça
desaprovando totalmente a minha atitude, mas sem se mover um milímetro se quer
pra se afastar de mim - Estou com saudade! – Confessei em um sussurro - Já faz
tempo desde a última vez que a gente se beijou e você nem faz ideia do quanto
eu estou morrendo de saudades dessa sua boca. – Ergui uma mão até o seu rosto e
acariciei sua bochecha de leve.
Deixei que meu simples toque deslizasse em seu
rosto e contornei seu lábio com o meu polegar, pude senti-la respirar fundo em
expectativa. Aproximei meu rosto do seu até finalmente tocar minha testa na
sua. Emaranhei meus dedos em seus cabelos e segurei em sua nuca arrastando-a
pra mim, deslizei meu nariz devagar sobre o dela em uma carícia.
- Nem faz tanto tempo!- Ela acariciou minha nuca devagar. Estava me
provocando, com seus lábios há poucos centímetros dos meus. E eu estava
morrendo de vontade de beijar aquela boca de novo.
- Pois pra mim está parecendo que foi uma eternidade! - Estávamos tão
próximos que tudo que eu conseguia sentir agora era o calor de sua respiração
entrecortada. Encostei minha boca na dela devagar, mas ela se adiantou e me
beijou primeiro, cedendo-me espaço ela deixou que nossas línguas se tocassem.
Apertei sua cintura, trazendo-a ainda mais pra perto e intensificando o nosso beijo.
Ela nem precisa dizer nada, tinha alguma coisa no jeito como ela me
toca, me olha e me beija que me deixa saber que ela me quer, mesmo que seja uma
atitude inconsciente dela.
E tudo bem, não era a situação mais perfeita de
todas, essa que a gente está vivendo, me incomodava um pouco essa resistência
dela quanto a gente ser de novo um casal, mas quando ela me beija eu penso “e
daí?” Se ela for minha, por mim tudo poderia continuar bem assim e eu nem
ligaria. Eu não precisava de um “rótulo” pra saber o que ela significa pra mim.
Cada novo toque meu era correspondido quase que instantaneamente. Uma de
suas mãos ficou espalmada em meu peito e a outra passou por sobre os meus
ombros e se agarrava ao meu cabelo e a minha nuca, tornando a experiência desse
beijo ainda melhor.
Eu tinha a mais absoluta certeza que não tinha nada no mundo melhor do
que o beijo dela. Nunca em toda a minha vida eu curti tanto beijar alguém
assim, não desse jeito. Com a maioria das garotas a expectativa maior é pelo
que vem depois do beijo e com ela eu não conseguia nem me concentrar em nada
que não fosse a boca dela colada na minha e no quanto eu queria isso de novo e
de novo.
Era tão bom!
Suas mãos passeando pelo meu corpo, me acariciando em todos os lugares
certos e esse calor que a sua pele emana quando entra em contato com a minha...
Os latidos do meu cachorro nos trouxeram de volta pra realidade rápido
demais. Ele estava de volta e com a bolinha entre os dentes pronto pra mais uma
rodada, mas acho que eu e a Miley estávamos ocupados demais pra isso agora.
- Acho que gente não devia se beijar assim, não aqui!– Ela sussurrou em
meio a ultimo selinho deixando meus lábios. Eu só queria que ela ficasse quieta
e me beijasse mais, então sem me importar a beijei de novo, com ainda mais
intensidade dessa vez. – Alguém pode passar e ver a gente... – Insistiu e eu
não dei a mínima pra isso – É melhor a gente ir... – Ela sorriu tentando
completar a frase com os lábios nos meus -...Pra minha casa!
Parei de beijá-la um instante.
- Espera, você tá me chamando pra sua casa? – repeti tentando saber se
eu tinha entendido direito e a Miley riu vindo me beijar mais uma vez.
- Aham. – Assentiu – Estou, algum problema? – Disse baixo, mordendo de leve
os próprios lábios. Ela sabia perfeitamente o quanto isso me enlouquecia.
- Não! De jeito nenhum. – Respondi imediatamente deixando que minhas
mãos deslizassem em sua cintura – Eu só queria ter certeza que não ouvi errado.
- Você ouviu direitinho! – Continuou abusando daquele tom de sussurro
que eu adoro – Eu também estou com saudade e... - segurou meu rosto entre suas
mãos antes de admitir de uma vez – Quero ficar com você!
Aquilo me fez paralisar por um segundo e sorrir feito um idiota.
Encostei minha testa na sua e sussurrei:
- Eu sou todo seu!
(...)
Narrado por Miley.
Ambos estávamos ansiosos demais pra chegar na minha casa, então
praticamente fizemos todo o percurso até lá o mais depressa que nossos pés
permitiram.
Mal atravessamos o meu gramado e o Nick me puxou pela cintura me
beijando ferozmente. Retribui da mesma forma, sentindo meu lábio quase formigar
com o toque do dele. Entreabri meus lábios e imediatamente sua língua invadiu
minha boca. Bem nessa hora os esguichadores do jardim ativaram-se e nós
tentamos correr e chegar secos até a porta de entrada, ou alguma coisa próxima
disso, já que os esguichadores estavam espalhados por todo o jardim e havia
água pra todo lado.
Quando finalmente chegamos ao pátio o Nick me beijou de
novo e eu arrisquei inutilmente pegar as chaves no bolso do meu casaco e abrir
a porta da frente às cegas, sem separar nossos lábios, mas foi impraticável.
- Preciso de um segundo! – Segurei sua nuca, quebrando o nosso beijo.
Ele estava um gato com aqueles lábios borrados do o meu batom, o casaco
molhado e o cabelo todo bagunçado por mim.
Ele assentiu.
Eu finalmente consegui girar a chave e abrir a porta, mas graças ao
Nick, nós entramos quase que ao mesmo tempo, com nossos corpos e lábios colados
um no outro. Por um minuto, quase me esqueci da presença do Elvis e nem
lembraria, se os latidos não me despertassem do transe em que os lábios do Nick
nos meus costumavam sempre me colocar.
- Acho que o Elvis quer ir pra casa dele agora... – Murmurei contra sua
boca, só de brincadeira. Não o deixaria ir por nada nesse mundo.
- Que nada! Ele está dizendo que adorou aqui e que quer voltar mais
vezes! – Eu só pude rir do que o “Elvis” disse e o Nick cobriu meu riso com um
beijo.
Eu não sei por que não conseguia parar de pensar nele sussurrando pra
mim que estava com saudade.
Foi tão bom ouvi-lo dizer, acho que
inconscientemente me fez perceber que, de certa forma, eu também estava. Me fez
perceber o quanto eu não queria mais voltar sozinha pra uma casa vazia e deitar
na minha cama pra dormir sem pelo menos um beijo dele. Sem tocá-lo, sem
senti-lo corresponder...
Puxei-o pela gola da camisa, pra mim, e ele me beijou mais. Foi me
empurrando em direção a um móvel no corredor enquanto minhas mãos se ocupavam
em livrar-se do seu casaco úmido. As mãos dele também foram diretamente de
encontro ao meu casaco pra arrancá-lo de mim. Depois de livres dessas peças,
ele me segurou pela cintura e me ergueu um pouco, pra me colocar sentada no
móvel.
Derrubamos entre outras coisas o vaso de flores favorito da minha mãe
com a nossa falta de zelo, não que esse tenha sido um fato realmente relevante.
Arranhei suas costas ouvindo-o murmurar qualquer coisa sobre eu estar
tentando deixá-lo louco, o que de fato eu pretendia fazer.
Prendi minhas pernas
ao redor de seu corpo enquanto as mãos dele desciam apertando minhas coxas e
seus lábios deixavam marcas sutis entre meu colo e pescoço. Ele apertou um dos
meus seios, assim mesmo, por cima da blusa e eu gemi fincando minhas unhas em
seus ombros.
Antes que eu tivesse tempo de sequer raciocinar, Nick colou nossas
bocas novamente, com muito mais voracidade, apertando meu corpo com força como
se apenas o máximo contato entre nossos corpos fosse capaz de saciar seu
desejo.
Meu coração acelerou rapidamente, e eu apertei minhas mãos com força em
seu peito, praticamente cravando minhas unhas ali e ele gemeu contra os meus
lábios.
Precisei de toda a minha concentração para realizar o simples ato de
empurrá-lo pra trás. Depois de um segundo ao som de nossas respirações entrecortadas
eu desci do móvel e o puxei comigo pela mão pra sala, mais especificamente pro
meu sofá.
Antes de terminar o trajeto eu o senti abraçando-me por trás.
Ele
afastou o meu cabelo e cheirou meu pescoço, beijou meu ombro de uma forma
carinhosa e então quando chegamos ao meio da sala ele me fez virar de frente
pra ele, apoiando suas mãos nos meus quadris gentilmente.
Suas mãos quentes
desenharam a lateral do meu corpo com delicadeza e eu toquei seu queixo
encarando seus serenos olhos castanhos.
Havia claramente desejo contido neles, mas não era só isso, não pra ele.
E eu ainda estava tentando descobrir como um cara podia ser assim e agir tão
“romanticamente” numa hora dessas, mas o Nick era sempre tão gentil fazendo
qualquer coisa que parecia ainda mais improvável que fosse ser de outro jeito
com ele, e eu nem queria que fosse.
Pode até parecer bobagem, mas eu também não queria que fosse só sexo,
não essa noite, não com ele.
Eu sabia que isso que eu estava me permitindo era
arriscado, pois eu gostava dele mais do que era racionalmente inteligente
gostar de alguém e esses sentimentos eram tão incertos, me jogavam diretamente
pra fora da minha zona de conforto, direto pra onde eu nunca tenho o controle
da situação.
Nick passou a mão no meu cabelo e mordeu o lábio inferior, ainda olhando
dentro dos meus olhos. Aposto que tentava decidir-se entre me beijar de novo ou
tirar a minha roupa toda e me jogar de uma vez naquele sofá.
Só pra ajudá-lo com a decisão, eu toquei sua mão que estava no meu
cabelo e a guiei, deixei que essa mesma mão deslizasse do meu pescoço até o meu
decote em uma insinuação sutil. Também mordi o lábio demonstrando a ele todo o
meu desejo e em resposta a isso ele me puxou pela nuca e me beijou, apertando
minha cintura e prendendo nossos corpos um no outro com força.
Talvez isso tudo entre nós estivesse acontecendo rápido demais, mas eu
não ligava, não agora.
Eu queria isso tanto quanto ele dessa vez. Queria que
fosse intenso, melhor do que qualquer outra vez já tenha sido pra nós dois.
O mais engraçado é que a ideia de fazer amor com alguém nunca me pareceu
tão atrativa quanto o sexo, mas com ele era. Com ele eu queria o carinho, as
carícias, as preliminares que sempre me pareceram tão dispensáveis com os
outros caras.
E ele não teve pressa, capturou meus lábios entre os seus e me beijou
calmamente como que desfrutando cada pedacinho da minha boca e eu fiz o mesmo,
me deliciando com seu gosto.
Estávamos já quase perdendo o fôlego, mas Nick
decidiu que precisava da minha boca mais do que de oxigênio e eu apenas
concordei com sua decisão.
Seus dedos deslizavam suavemente em minha cintura
desenhando pequenos padrões, tão delicado como se estivéssemos dançando uma
música lenta. Só que a cada segundo o meu corpo parecia ansiar por mais do dele,
eu queria explorar cada ínfimo pedacinho do seu corpo com o meu próprio corpo.
E quando eu puxei seu lábio inferior com os meus dentes, sei que ele entendeu o
recado.
Ao invés de seguir com seu toque gentil, Nick passou a mão
descaradamente onde não devia, mas eu tinha pedido por isso. Suas mãos
contornaram a minha bunda e quadris até subirem pela minha cintura e seio,
levando consigo a minha camiseta, deixando a mostra o meu sutiã bege simples.
É
claro que eu teria caprichado mais se soubesse que isso iria acontecer, mas a
minha peça confortável e prática não pareceu incomodar nenhum pouquinho o Nick,
que apenas sorriu me puxando ainda mais pra si a fim de conseguir beijar o meu
decote.
Eu arfei ao sentir seus beijos molhados e seus dentes arranharem de leve
a pele sensível daquela região, de um jeito absurdamente bom.
Estava extasiada e minhas mãos já não me obedeciam mais,
espalhavam-se pelo corpo dele sem qualquer controle. Eu queria tocá-lo, sentir
as linhas rijas da sua musculatura contra a minha pele.
Senti seu corpo reagir
quando encostei no seu tórax e desci a mão até cós de sua calça, tentando abrir
o zíper e me dar mais liberdade de movimentos ali.
Nick meneou a cabeça e tirou
minha mão de lá, colocando-a em volta do seu pescoço. Em seguida voltou pra
minha boca, pra me beijar mais um pouco. Eu apertei sua nuca intensificando o
nosso beijo e então depois desci a outra mão de volta para o volume em suas
calças, dessa vez massageando por cima do jeans, só pra poder vê-lo jogar a
cabeça pra trás, completamente louco de desejo.
Abri o zíper devagar e ia
continuar o que estava fazendo, até que de repente o Nick segurou minha mão com
forca e me parou. Tirou a própria camisa mais rápido do que eu consegui
assimilar o que ele estava fazendo.
Confesso que fiquei bastante distraída com
o seu tanquinho completamente sarado e gostoso e ele segurou-me pelos pulsos e
me puxou junto consigo para o sofá, encaixada no seu colo.
Fez-me colocar uma perna de cada lado do seu corpo e tinha uma mão
espalmada, enlaçando minha cintura. Pude sentir exatamente “o quanto” ele me
queria e isso só me deixou com ainda mais vontade.
Beijamo-nos mais e ainda
mais intenso. As mãos dele no meu seio e minha coxa já não acariciavam, só
amassavam e apertavam sem qualquer pudor. Não partíamos o beijo, ainda que mal
conseguíssemos respirar.
Nick só parou de me beijar pra começar a me torturar
mordiscando e chupando o meu pescoço. Mordi o dele também assim que tive uma
oportunidade, com certa dificuldade, já que ele não parava e ele era inacreditavelmente
bom no que fazia. Acabei deixando sem querer que alguns gemidos escapassem, o
que o fez sorrir convencido, eu nem precisava vê-lo pra saber disso.
Passei a arranhar toda a extensão do seu peito e o abdome, deixei que
minhas unhas deslizassem e roçassem no cós da sua calça. Nick suspirava
pesadamente, enquanto meus arranhões marcavam a sua pele.
Desci alguns beijos
do seu pescoço até onde minhas unhas haviam passado por seu peito e ombros
então segui com minhas mãos apressadas abrindo o botão do seu jeans.
Depois
seria a vez de cuidar da boxer, e um por um iria me livrar dos obstáculos até
tê-lo inteiro em minhas mãos. Só que antes que eu pudesse seguir com os meus
planos, ele parou e sentou direito no sofá, me fez sentar direito também de frente
com ele no seu colo.
Ele balançou a cabeça como que tentando recobrar a sanidade, então
respirou fundo e sorriu pra mim, aquele sorriso bonito e cativante.
Ajeitou uma
mecha do meu cabelo, colocando-a pra trás da orelha e ficou admirando o meu
corpo. Puxou-me pra mais perto e sugou meu aroma da curva do meu pescoço.
- Você é muito linda, sabia? – Sussurrou com seus lábios em minha pele,
depois riu como quem divaga em um pensamento bobo qualquer e beijou meu ombro
de um jeito carinhoso, como fez antes. – É, acho que ia ser impossível... –
murmurou baixinho contra minha pele, mas eu ouvi.
- O que? – Perguntei mexendo no seu cabelo e acariciando sua nuca.
Ele voltou a encarar meus olhos e eu os seus.
- Não ficar completamente louco, apaixonado por você. – Ele acariciou a
minha bochecha e o meu sorriso se abriu junto com o seu.
E sem dizer mais nada, o Nick me beijou, mas de todas às vezes essa
noite, essa foi a mais intensa. Seus lábios macios se entreabriram forçando os
meus a fazer o mesmo, sua língua invadiu a minha boca de maneira fugaz e
sedenta, mas pude ouvi-lo suspirar contra os meus lábios quando a suguei.
Eu
podia senti-lo por completo, sua boca, sua língua, seu toque, sua respiração...
O meu coração disparou sem o meu consentimento. Tão forte que eu podia sentir
suas pulsações uma após a outra quase rasgando o meu peito.
- Faz amor comigo, Nick. Agora! – Não sei exatamente se essa frase soou
como um pedido ou uma ordem, mas de qualquer forma ele obedeceu.
Ele apertou uma mão em minha cintura e a outra deslizou até a minha
bunda, que ele segurou com força. Só soube o que ele realmente estava fazendo
quando ele ficou de pé e prendeu minhas pernas ao redor do seu quadril.
Levou-me até a escada e começou a subir os degraus me carregando sem nunca
descolar os lábios dos meus. Meus braços estavam envoltos em seu pescoço
enquanto nos beijávamos de novo e de novo.
Começou a procurar pelo fecho do meu sutiã como um louco, e depois de
conseguir abrir, ele arrancou a peça, que simplesmente foi abandonada pelo
caminho, enquanto Nick subia comigo o restante dos degraus o mais habilmente
que conseguia ao mesmo tempo em que acariciava um de meus seios e beijava a
minha boca.
Eu apenas era capaz de gemer contra seus lábios, não tinha
condições de pensar em mais nada, a não ser o quanto eu o queria e tinha que
ser logo.
Chegamos ao meu quarto e eu juro que não sei como ele conseguiu abrir a
porta. Entramos e Nick me empurrou contra a porta para fechá-la de novo.
Precisei morder os lábios reprimindo um gemido pelo jeito como ele tocou meus
seios e colou os lábios em meu pescoço, soltando seu hálito quente contra mim a
cada novo centímetro de pele que sua boca tocava.
Senti cada milímetro do meu
corpo estremecer só com isso, e quando ele começou a distribuir pequenos
chupões de leve ali, finquei minhas unhas em sua nuca, fechando os olhos e
deixando a cabeça pender pra trás.
Soltei as minhas pernas dele pra conseguir
voltar a ficar de pé por mim mesma. Ele imediatamente pôs-se a tentar se livrar
das minhas calças jeans.
Assim que conseguiu, foi a minha vez de imitá-lo.
Empurrei-o contra a porta com um pouco de força demais, até fez barulho o seu
corpo se chocando contra a porta, mas ele pareceu não se importar. Coloquei
minhas mãos sobre o cós já aberto de seu jeans e empurrei pra baixo, quando as
calças caíram em seus pés, ele apenas as chutou pro lado de qualquer jeito.
Aproveitei sua pequena distração e me afastei, comecei a me mover
andando de costas devagar, ainda de frente com ele, rumando pra minha cama.
Nick mordeu o lábio, enquanto olhava diretamente pro meu corpo e eu o chamei:
- Vem!
Ele veio. Praticamente correu o espaço que eu criei entre nós e me
agarrou com força, beijando minha boca e apertando minha bunda com vontade.
Minhas mãos alcançaram seus ombros e ele me colocou na cama.
Colocou-se sobre mim ainda me beijando, mas logo desceu os beijos pelo
meu pescoço, seios, cintura e os meus quadris. Mordiscou e chupou cada polegada
de pele alcançada me enlouquecendo aos poucos.
Puxei-o pelo cabelo, pra que sua
boca encontrasse a minha de volta em mais um beijo que terminou cedo demais.
Ele mordiscou meu queixo e então abocanhou um dos meus seios, enquanto com as
mãos acariciava toda a extensão do meu corpo. Segurou um de meus joelhos
fazendo com que eu abrisse um pouco mais as pernas e então deslizou sobre mim e
passou a beijar o interior da minha coxa, obrigando-me a agarrar um travesseiro
e morder meus próprios lábios reprimindo um gemido mais alto.
Nick revezava os beijos e caricias entre minhas coxas e o meu quadril,
vez ou outra roçava os dedos nas bordas da minha calcinha e aquela
brincadeirinha dele estava me excitando ainda mais, de uma maneira absurda.
Em
algum momento ele pareceu finalmente decidir-se em puxar as laterais pra baixo
fazendo com que a peça deslizasse devagar contra minha pele arrepiada.
Senti
seu hálito contra minha pele e, sem nenhum pedido de permissão, ele beijou
minha intimidade me fazendo perder qualquer resquício de sanidade. Eu já estava
ficando completamente louca, meu corpo estremecia. Eu agarrei seus cabelos e me
contorci de prazer enquanto sua língua me invadia de um jeito muito, muito
gostoso.
Meu corpo inteiro estava eriçado desde o seu primeiro toque naquela
região, e eu já estava completamente encharcada em sua boca, mas pra ser
honesta, ainda queria mais. Só que Nick era expert nesse jogo, parecia saber
exatamente o que eu precisava sem eu nem ter que dizer. Foi mais fundo e me
chupou de um jeito que me fez gozar em um instante, na sua boca. Lambeu os
próprios lábios e limpou os cantos da boca com a costa da mão.
Ele voltou pra
vir me beijar na boca de novo eu quase explodi de tesão, sentindo o meu próprio
gosto nos lábios dele.
Enquanto nos beijávamos eu comecei a brincar com a barra de sua boxer,
empurrando-a pra baixo. Ele não apresentou oposição pra que eu finalmente me
livrasse da peça. Sorri maliciosa, e ele também sorriu. Cobriu minha boca com a
sua novamente enquanto suas mãos apertavam meu seio e a minha cintura e ele
deitava seu corpo por cima do meu.
Entrou em mim devagar, quase torturante.
Comecei a arranhar sua nuca insistentemente, percebendo que cada vez mais
aquela região ficaria arrepiada. Ele beijou meu pescoço e colo, martirizando-me
da forma mais lentamente deliciosa que se possa imaginar. Gemi, e ele sorriu,
antes de chupar um de meus seios de novo, e eu fechei os olhos, cravando minhas
unhas em suas costas.
Aos poucos ele ia aumentando o ritmo e eu mal conseguia raciocinar,
apenas lançava o meu quadril de encontro ao seu pra que ele me preenchesse
completamente. Eu já estava ofegando e gemendo baixinho e com o Nick
mordiscando o meu pescoço ficava bem difícil manter os olhos abertos. Eu o
sentia indo bem fundo e forte, mas nós não parávamos nem se quer por um segundo
de nos acariciar e nos beijar.
Eu deixava que minhas mãos percorressem por
todos os lugares, suas costas, seus ombros seu peito. Já ele parecia nunca se
cansar da minha boca, embora também oferecesse devida atenção às várias outras
partes do meu corpo.
O Nick apertou meu corpo contra o seu até que não houvesse mais espaço
algum entre nós. Mordeu meu seio e sugou o bico devagar, eu não consegui
reprimir um gemido com o seu nome. Isso pareceu excitá-lo mais e a cada nova
investida sua em mim ele buscava me fazer querer repetir. Cada novo movimento era
mais gostoso e mais intenso que o anterior e eu tive certeza que a qualquer
minuto ele me levaria ao orgasmo de novo.
Queria desesperadamente sua boca, mas
não conseguia me concentrar em mais nada, sabendo o que estava por vir. Suas
estocadas foram ficando mais rápidas e violentas e parecia que eu tinha
desaprendido a fazer qualquer outra coisa que não fosse gemer o nome dele.
Nick encostou a testa na minha e eu segurei fortemente seus ombros,
enquanto ele apertava a minha bunda e a minha coxa. Fechei os olhos, sentindo
meu corpo estremecer dos pés a cabeça e um último urro de prazer de Nick, me
fez sorrir satisfeita. Seu corpo suado caiu sobre o meu, e por vários minutos,
tudo o que conseguimos fazer foi tentar regularizar nossas respirações.
(...)
Narrado por Nick
Em momento algum desviamos o olhar...
Ficamos em silêncio por um bom tempo. Tudo o que se ouvia eram as nossas
respirações falhas voltando ao normal aos poucos, à medida que nossos corações
desaceleravam.
Estávamos nus deitados em sua cama, um de frete pro outro. Eu
apenas admirava a mulher mais linda que eu já vi na minha vida enquanto ela
também me olhava com aqueles olhos incrivelmente azuis.
Acho que eu nunca tinha
realmente olhado tão fundo nos olhos dela, não a ponto de enxergar esse tom
esverdeado do azul, que o tornava ainda mais intenso. Chegava a ser
hipnotizante ficar olhando pra eles, era como olhar pra uma obra de arte.
Ela sorriu mordendo os próprios lábios e seus olhos se fecharam pelo
sorriso.
Estendi minha mão até ela e mexi em seus cabelos, fazendo carinho.
Talvez essa estivesse sendo a melhor noite da minha vida em muito tempo.
Aqui,
com ela, mas dessa vez pra valer. Sem mágoa, sem bebedeira, sem compromissos
rompidos, fantasmas do passado ou arrependimentos. Dessa vez não havia qualquer
empecilho a nossa momentânea e inesperada felicidade...
Não hoje.
Hoje éramos só nós dois.
E ali diante daqueles olhos azuis que tanto me fascinam eu concluí que
embora tudo isso que estamos vivendo juntos seja uma completa bagunça, parecia
ser o certo de algum jeito. Tinha que ser!
Tinha que ser o certo porque eu a amo!
Miley estendeu sua mão e acariciou meu ombro e então tocou meu rosto e
eu beijei palma da sua mão. Ela continuou acariciando a minha bochecha.
- O seu carinho é tão bom, me faz não querer mais ir embora! - Confessei
- Então não vai! – Murmurou com sua voz doce – Fica! Dorme aqui comigo.
– Pediu simplesmente.
E era realmente simples, ela queria que eu ficasse e eu queria ficar.
Apenas assenti e deixei que ela continuasse me acariciando.
- Como você quiser.
Pousei minha mão em sua cintura e a puxei pra mim, beijando-a
ternamente. Não ia mais deixar ela sair dos meus braços, nunca mais.
Ficamos
assim, só aproveitando os corpos um do outro. Estávamos tão perto que nossos
narizes ficavam se tocando o tempo todo e pra mim só isso já estava muito bom.
Eu estava curtindo ela, tudo nela, e tinha o resto da noite pra continuar
fazendo isso. O sorriso estampado naquele rostinho lindo me dizia que ela
também estava me curtindo. Volta e meia eu a beijava de novo, pois era
simplesmente bom demais a sensação de poder beijá-la assim, só por beijar, sem
nenhuma razão.
A Miley alisava meu braço lentamente e o seu olhar em mim não me
deixava parar de sorrir.
Será que felicidade podia mesmo ser assim tão simples?
Ela arranhou meu peito, senti a musculatura do meu corpo todo ficar
tensa só com o contato de suas unhas em minha pele. A sensação daquilo era...
Surreal. Ela sorriu e fez o mesmo nos meus ombros, costas e quadril, como não
se sentiu totalmente satisfeita com sua tortura branda, aproveitou o passeio de
sua mão pelo meu corpo e apertou minha bunda.
Encarei-a e ela fez carinha de
inocente, mas não parou por aí. Sua mão pousou sobre o meu membro que ela
acariciou devagar. Puxou-me pela nuca pra me beijar e abafar meus gemidos
quando ela começou a me masturbar.
- Não faz assim! – supliquei em meio ao beijo – Fica bem difícil me
controlar quando você faz isso! – A minha voz saiu quase num fio enquanto ela
continuava com os movimentos certos pra me dar mais e mais prazer.
- Eu sei! – Murmurou contra a minha boca, com um meio sorriso – Gosto
quando você perde o controle... É a minha parte favorita! – Ela mordeu meu
queixo e a minha mandíbula e eu senti a respiração falhar.
Ela massageava da base até a ponta, com sua mão ao meu redor, me
apertando e puxando de um jeito bom demais. A Miley continuou com aquilo e ia
intensificando aos poucos, à medida que sentia vontade. Eu já não estava mais
aguentando me segurar, iria gozar ali mesmo em suas mãos, a qualquer momento.
Segurei seu pulso, impedindo-a de continuar e ela por pura provocação puxou
meus lábios com os dentes.
Ok. Isso foi demais pra mim!
Aquela garota conseguia me tirar do sério num grau incalculável pela
mente humana. Puxei-a para meu colo sem me importar com mais nada.
Ela apoiou
uma perna de cada lado do meu corpo e eu puxei seu pulso trazendo-a pra perto
de maneira forçada. Beijei seu seio, ombro e pescoço, e ela se contorceu, sabia
que ali era seu ponto fraco.
Ri baixo com o meu feito e a Miles abriu os olhos
e encarou os meus.
Agarrei seus cabelos e a beijei quase fazendo com que nossas
bocas se chocassem para isso, mas sem de fato ligar pra voracidade do meu ato.
Ainda apertava o seu pulso com a minha mão, talvez eu deixasse uma marca, a
possibilidade disso era grande.
Subi com a outra mão por sua pele agarrando um
de seus seios, fazendo-a arfar quando meus dedos gelados entraram em contato
com sua pele quente. Parei de beijá-la na boca, passando a beijar e mordiscar
seu pescoço, alternadamente, então finalmente soltei seu pulso e apertei sua
cintura com força, para colocá-la encaixada em mim.
A respiração ofegante e
quente dela perto do meu ouvido estava me deixando louco e ela sabia disso, eu
tinha certeza.
Avancei em seus seios, apertando-os, mamando neles e beijando,
enquanto Miles fincava suas unhas em minha nuca, agarrando-se aos meus cabelos
sem muita delicadeza, respirando rápido e gemendo cada vez mais alto com o
roçar de nossos corpos.
Não estávamos mais conseguindo controlar nossos instintos, e em meio a
um beijo meio descontrolado e afobado, Miley movimentou-se assertivamente em
cima de mim, fazendo com que sua intimidade engolisse a minha de uma vez só.
Ela deixou a cabeça pender pra trás e eu urrei pelo prazer que aquilo tinha me
proporcionado. Deslizei minhas mãos pelas laterais de seu corpo, apertando sua
bunda com força, guiando seus movimentos para sincronizá-los com os meus.
Dessa vez eu não quis pegar leve. Estava louco de desejo por ela, então
fui com tudo e sei que ela estava adorando tanto quanto eu, pois seus gemidos
de prazer deixavam isso bem claro. Ela também se movimentava simultaneamente ao
meu corpo, tornando tudo ainda melhor.
Porra, isso era tão bom!
E ela era muito, muito gostosa. Gostosa pra caralho! Com ela dava
vontade de nunca mais parar, sério.
Distribuí alguns beijos em seu pescoço, perto de seu colo,
intensificando um pouco mais os movimentos. Miles mordeu os próprios lábios, e
apertou meus ombros com a respiração alta e falha.
- Ahh Nick... – Ela gemeu meu nome, sua voz era mole. Eu sabia que ela
estava totalmente entregue a mim e só de pensar nisso eu sentia ainda mais
prazer.
- Isso... Assim... - sussurrei em seu ouvido acompanhando cada
movimento seu com minhas mãos espalmadas em sua bunda. – Adoro te ouvir gemendo
meu nome, é a minha parte favorita! – Murmurei dando ênfase ao que ela mesma
tinha dito antes.
Ela arfou e eu pressionei mais os nossos corpos um contra o
outro.
Sabia exatamente como fazer e onde a tocar. Conhecia bem aquele corpo
como se fosse uma extensão do meu. Ela envergou as costas jogando a cabeça pra
trás deixando escapar um gemido mais alto e eu soube o que estava por vir.
Puxei- a pelo pescoço fazendo com que encostasse sua testa na minha.
Seus olhos
espremidos e seus lábios presos nos dentes me indicaram que ela estava prestes
a chegar ao seu ápice. Eu ainda queria continuar e eu fui diminuindo a
intensidade de meus movimentos, fazendo-a soltar um suspiro leve.
Movi-me calmamente dentro dela e Miles pareceu aprovar isso, com seus
suspiros e pela forma que murmurou meu nome entre dentes, cheia de luxuria e
completamente tomada pelo prazer. Ela fincou suas unhas em minhas costas,
mordendo e chupando meu pescoço, mas tudo de forma a tentar saciar seu corpo
que estava prestes a explodir de tanto desejo.
Não demorou muito para que chegássemos ao orgasmo, praticamente juntos.
Trouxe-a pra perto a envolvendo em meus braços. Ela recostou a cabeça em
meu peito, ofegante.
Endireitei-me na cama com ela ainda por cima de mim e seu
corpo relaxou sobre o meu.
Ficamos assim e enquanto eu brincava com os fios do seu cabelo, o
celular dela em cima do criado mudo tocou.
Ela levantou e pegou o telefone.
Ficou desfilando aquele corpo sexy pelo quarto enquanto falava com alguém,
depois desligou e quando foi deixar o celular no mesmo lugar, eu a puxei de
volta pra cama.
- Quem era?
- A Demi, ela queria avisar que a Noah vai dormir lá na sua casa. –
Disse ajeitando-se sobre o meu peito.
- Hum... Isso é bom. – Deixei que uma de minhas mãos acariciasse sua
coxa exposta. - Acho que a gente ainda vai fazer muito barulho essa noite. –
Afirmei sorrindo encarando seu corpo nu diante dos meus olhos – Agora vem cá! –
Ela riu do que eu disse e eu só a puxei pra mim, coloquei sua coxa sobre o meu
quadril, encaixando-me entre as pernas dela.
O simples contato de nossos corpos
me deixou pronto pra outra e a Miley suspirou pesadamente quando sentiu o meu
membro roçando em sua entrada devagar.
- Ai, Nick... – Ela murmurou ao meu ouvido e eu quase enlouqueci, só com
isso, só com o seu sussurro.
Penetrei-a sem nenhuma delicadeza e ela gemeu alto, enfiando suas unhas
nos meus ombros e eu mordi os lábios pra abafar um gemido. Sua coxa estava
roçando no meu quadril numa fricção deliciosa. Ela estava tão molhadinha, que
era fácil deslizar dentro dela. A única definição pra aquilo era...
Absurdamente bom!
- Acho que eu nunca vou cansar disso, sabia? – Beijei-a numa tentativa
inútil de abafar nossos gemidos – Adoro o seu corpo, ele é simplesmente
perfeito. – Deslizei minhas mãos em suas curvas, seus seios – Parece que foi
feito pra mim! – Beijei sua boca de novo e deixei que a minha mão deslizasse
até a sua bunda, que eu apertei com gosto, forçando-a a rebolar em mim. Espremi
ainda mais seu corpo contra o meu e quis ainda mais dar uma olhada naquela
bunda. – Linda, fica de quatro pra mim? – Pedi em um murmúrio suplicado e a
Miley enfiou a língua na minha boca antes de me empurrar pra eu sair dela e ela
ficar na posição que eu pedi.
- É assim que você me quer? – Provocou
- Eu te quero de todo jeito! - Ao olhá-la nua e de quatro na cama
empinando aquela bunda pra mim, meu único pensamento foi: Porra!
Por que ela faz isso comigo? Minha nossa... Olha essa bunda, essa
cintura...
Eu definitivamente nunca mais iria conseguir tirar essa mulher da minha
cabeça!
Segurei em seu quadril a mantendo firme e entrei nela mais uma vez, já
começando a estocar com força. Ela rebolou no meu pau e pronto, eu sabia que
iria gozar, era só uma questão de tempo.
Mas eu queria satisfazê-la também
então comecei a estimular seu corpo. Deslizei uma de minhas mãos em sua coxa
até a sua virilha massageando sua intimidade e a outra passeou acariciando sua
cintura e o seio que eu fiz questão de apertar.
Os seus gemidos altos indicavam
que ela também estava perto. Fui mais fundo nela algumas vezes e me dobrei
contra o seu corpo, abraçando seu estomago sentindo o alívio do gozo chegando.
Ela gemeu bem alto rebolando em mim e eu puxei sua boca pra um beijo afoito.
(...)
Deitados juntos, a Miley com a cabeça recostada em mim e eu encarava o
seu teto completamente esgotado, mas com um sorriso idiota que não me
abandonaria tão cedo.
Brinquei de deslizar meus dedos em sua pele mais um pouco, mas comecei a
ficar com sono. Todo homem quer ser másculo, viril e ser capaz de aguentar uma
noite intera de sexo, só que quando o cansaço bate à porta, já era a
masculinidade de qualquer um.
Bocejei.
Olhei pra baixo e vi a Miley quase dormindo, beijei sua testa com
cuidado.
Não sei por que o meu coração bateu mais rápido que o normal quando
ela puxou meu braço pra sua cintura e se aconchegou mais em meu peito, mantendo
os olhos fechados. Senti sua respiração quente, agora mais lenta e pesada
batendo contra a minha pele e quis que fosse assim todas as noites pelo resto
das nossas vidas.
Ela era linda dormindo, na verdade era linda fazendo qualquer coisa, mas
assim com seus olhos fechados e as bochechas e a boca rosada curvada em um
sorrisinho discreto ela ficava ainda mais perfeita.
Deixei que os nós dos meus dedos deslizassem por sua bochecha num
carinho sutil. E fiquei ali, só olhando pra ela como se nada mais importasse. E
sendo bem honesto, acho que nada mais importa mesmo pra mim, só ela!
- Me diz o que eu faço agora? – Murmurei admirando-a. Coloquei sua
franja atrás da orelha – Por que eu não sei mais como vou conseguir viver sem
você depois de hoje! – Suspirei pesadamente. Reparei seu corpo ainda
exposto e a cobri melhor com o lençol, tentando não me mover demais para não
acordá-la. Dei-lhe um beijo no topo da cabeça e pude sentir o cheiro bom que
exalava dos seus cabelos. - Acho que a gente vai ter que arrumar um jeito de
fazer isso dar certo, pois eu não vou mais querer ficar sem você nunca mais...
– Suguei mais um pouco do seu aroma suave – “Porque eu te amo!” – Essa ultima
parte ficou só no meu pensamento.
Eu não sabia se iria conseguir dizer, só sabia que ainda não era o que
ela queria ouvir. E eu não queria forçar a barra entre nós, concordamos em
fazer as coisas do jeito dela e embora eu queira bem mais que isso, eu iria ter
que esperar...
Mas, tudo bem, por ela eu iria esperar. Eu a amava o suficiente pra
conseguir isso, mesmo que eu não queira mais esperar nem se quer por um
segundo... Qual é, eu quero que a gente fique junto agora!
Eu quero que ela seja minha de vez!
Eu apertei um pouco mais a minha mão sobre sua cintura. Aquele sorriso
no seu rosto, era por minha causa, não era?
Eu faria qualquer coisa por esse sorriso.
Os seus cabelos macios, o coração dela batendo contra o meu peito. Os
meus dedos deslizando em sua pele quente e a sensação de saber que posso
beijá-la quando eu quiser.
Eu quero isso, essa sensação! Quero isso todos os dias!
Sei que já estivemos juntos antes, mas eu juro que nunca tinha me
sentido assim na vida!
Assim tão... Louco, apaixonado por alguém.
(...)
Narrado por Miley
Meus olhos se abriram aos poucos, a primeira imagem turva que eu tive
foi o corpo de Nick sob o meu. Estava quente e seu peito subia e descia quase
que imperceptivelmente em uma respiração tranquila. Espremi meu nariz contra
sua pele aspirando seu aroma e deixei que meus dedos corressem e contornassem
os pontos de seu corpo que eu podia alcançar sem precisar me mover.
O mesmo lençol que me cobria o cobria também, até mais ou menos a altura
dos quadris. Passei minhas unhas suavemente sobre seu abdome bem rente até onde
o lençol cobria e senti seus pelos ficando arrepiados com o meu mísero contato.
Por alguma razão, havia um sorriso bobo em meus lábios e uma quantidade
considerável de felicidade em meu peito, aparentemente sem motivo algum.
Ok. Havia um motivo. O motivo era ele e essa era a parte constrangedora
da coisa toda. Eu não queria me envolver, não podia, mas ele fazia ser tão
fácil. Quase como se fosse inevitável eu me apaixonar por ele de novo e de novo.
Nick abriu os olhos devagar e o meu sorriso aumentou mais quando ele me
puxou ainda mais pra perto.
- Isso é tão bom! – Sussurrou contra a minha pele e apertou seu abraço
na minha cintura – Acordar assim, com você. A gente vai ter que fazer isso mais
vezes!
Ele deslizava o seu nariz pela minha bochecha e os seus dedos estavam
enfiados em meus cabelos num cafuné tão gostoso, que eu não queria que parasse
nunca.
- A gente pode dar um jeito nisso... – Acordar com toda essa felicidade,
com todo esse carinho... Estava me deixando um pouco “descuidada”.
Eu estava até considerando mesmo uma possibilidade “disso” dar certo.
Mas não ia dar, e eu sabia que não.
Nós já havíamos tentado antes e não deu certo. Provavelmente nada daria
certo entre a gente de novo, mas eu não sei por que o meu coração estúpido
queria tanto acreditar numa possibilidade remota, num “talvez”.
Joguei o cobertor e tentei levantar apenas para sentir os braços de Nick
ao meu redor, me puxando pra cama de novo.
- Aonde é que você pensa que vai? – Ele sussurrou e eu sorri com a
sensação do seu calor rente ao meu ouvido.
E então ele me beijou, como se simplesmente não cansasse da minha boca
nunca.
Narrado por Nick
O fôlego foi nos faltando e fomos forçados a separar nossos lábios,
porém nossos corpos permaneceram imóveis e nossos olhares conectados.
- Eu quero muito te levar pra sair. – Disse logo de uma vez
- Você já me levou pra sair outro dia, lembra? – Ela respondeu evasiva,
bem como eu imaginei.
- É, mas aquela vez não foi exatamente um encontro, então não conta.
Além do mais antes a gente não estava junto. – Tentei ser um pouco mais
específico.
- A gente não tá junto. – ôh mulher difícil...
- Eu sei, e é por isso que eu quero te levar pra sair! – Repeti e ela
riu provavelmente do nível intelectual da nossa conversa. – Pra que você acha
que servem os encontros, ham? É pras pessoas saírem, se conhecerem melhor e
então ficarem juntas! - Eu queria resumir tudo em: “Miley, eu te amo. Deixa de
frescura e vamos ficar juntos de uma vez!”, mas acho que ir tão direto ao ponto
assim ia ser um pouco demais pra ela.– Olha, eu sei que a gente combinou que
vai ser do seu jeito, e tudo bem, eu disse que concordo, mas eu preciso que
você me dê alguma chance, que me deixe tentar fazer isso dar certo.
- Nick, eu não sei, não acho que seja a hora certa pra isso. Quer dizer,
a gente dormiu junto uma noite e você já está me chamando pra sair? Não sei bem
como isso funciona pros homens, mas pras mulheres não é bem assim. Eu não estou
dizendo não, só estou dizendo que ainda é muito cedo. – Sua voz saiu totalmente
segura, mas eu percebi a incerteza em seu olhar. Ela também estava tentando se
desvencilhar dos meus braços, mas eu não ia deixar.
- Eu sei, é cedo, ok. – Concordei. Já tinha aprendido há um bom tempo
que o jeito mais fácil de lidar com a teimosia dela era concordando com ela -
Mas é que eu quero isso mesmo assim. Eu sei que faz pouco tempo, mas todo
relacionamento começa em algum lugar, não é? – Toquei seu rosto - É só um
jantar, não é como se eu estivesse te pedindo em casamento... – Acariciei seus
cabelos e olhei-a nos olhos - Miley, eu quero recomeçar de onde paramos. Eu
quero reconquistar você, me deixa pelo menos tentar!
Ela desviou os olhos dos meus, pensando...
Não me leve a mal, mas eu detestava quando ela começava a pensar. O
cérebro da Miley tem um tipo de lógica irracional que é imbatível e
inquestionável, mas que só faz sentido pra ela. E sempre que ela consultava o
cérebro era um não automático pra mim. Só que dessa vez eu não ia deixar a
massa cinzenta dela ganhar de mim, ah não!
Cheguei mais perto e beijei seu pescoço, seus olhos se fecharam.
Bom! Deslizei a ponta do meu nariz por sua pele, do maxilar a bochecha e
ela e ela prendeu o lábio inferior entre os dentes. Isso, parece que está dando
certo! Emaranhei meus dedos em seus cabelos e segurei-a pela nuca, trazendo sua
boca pra minha.
Nossos olhos se fecharam e eu a beijei. Lento. Entreabri meus
lábios entre os seus e procurei passagem para a minha língua, vasculhei cada
pedacinho daquela boca maravilhosa sem pressa, desfrutando ao máximo do seu
gosto excitante. Só parei quando meus pulmões me avisaram que como um ser vivo
eu ainda precisava de ar pra respirar, e tirei os meus lábios dos seus com
pequenos selinhos entre uma ofegada e outra.
Abri os olhos aos poucos e ela também abrira os seus.
- E então, a que horas eu te pego? – Sempre me disseram que
autoconfiança é o segredo por trás de tudo que move o mundo, bom resolvi testar
a teoria.
- Nick... - Ela suspirou.
Ah, qual é?!
- Só diz que sim, só dessa vez, só uma chance! – Pedi e ela olhou nos
meus olhos. Toquei minha testa na sua soltando o ar pesadamente. Se ela
recusasse agora...
- Tá! – Respirou fundo - Uma chance, uma só. Hoje à noite. – Ela olhava
nos meus olhos, mas suas palavras soaram incertas. Ela estava lutando consigo
mesma e com sua “razão” pra me dar essa resposta – Mas isso não significa
que...
Eu a beijei. Não precisava ouvir mais nada.
- Eu sei o que significa! – Sussurrei com seus lábios rente aos meus e
ao olhar em seus olhos, eles me fizeram prometer pra mim mesmo que eu não a
decepcionaria outra vez, nunca mais.
(...)
Narrado por Miley
Amarrei o cordão do meu robe e saí do banheiro só pra dar de cara com um
Nick apenas de boxer sentado na minha cama.
Cara, será que dá pra parar de ser assim tão gostoso? Só um pouquinho...
Eu caminhei até a porta do meu quarto e apanhei seus jeans que estavam
no chão rente à porta e atirei-os em sua direção.
- Vem, vamos comer alguma coisa. – Convidei
Ele vestiu as calças rapidamente e eu desci as escadas sendo seguida por
ele ainda terminando de abotoá-las.
Em algum ponto do trajeto, Nick encontrou o
que ele achou que poderia ser um souvenir da noite anterior, mas eu tratei de
arrancar das suas mãos o meu sutiã bege. Se fosse pra ele ficar de lembrança
com algum sutiã meu, eu não ia deixar que fosse esse!
Ele riu da minha pressa em tirar a peça de suas mãos e eu tive vontade
de morder aquele sorriso, mas não saberia dizer exatamente por quê.
Quando chegamos no andar de baixo, Nick direcionou-se para sala,
provavelmente buscando por sua camisa e eu fui pra cozinha. Abri a geladeira e
olhei o que lá dentro tinha possibilidade de virar algo comestível com mais
facilidade. Havia uma jarra de suco de laranja e eu vi pães em cima da mesa,
poderia fazer umas torradas e voilà, café da manhã.
- Finalmente está devidamente vestido! – Falei quando, de relance, o vi
passar pela porta da cozinha – Achei que estava pretendendo continuar exibindo
tudo que conquistou com o seu trabalho duro na academia aqui pela minha casa.
Coloquei duas fatias de pão de forma com manteiga na torradeira. Nick
tinha trazido o Elvis com ele e veio me agarrar pela cintura e beijar meu
pescoço.
- Quem te ouve falando assim, até pensa que você não gosta. – Sussurrou
contra o meu ouvido e o arrepio típico que sua voz me causa me pegou
desprevenida.
- E não gosto. Detesto homens exibicionistas! – Fingi descaso e ele
apertou ainda mais seu abraço em minha cintura.
- Detesta é? – Prensou-me na a pia, seu corpo contra o meu - Bom saber
disso... – Ele beijou e mordiscou minha orelha e eu gemi baixinho, fazendo-o
sorrir satisfeito.
O pequeno clic da torradeira e os pães saltaram pra fora. Nick pegou um
e mordeu, então deu pro Elvis comer também, aproveitando pra afagar as orelhas
de seu amigo peludo.
Tinha alguma coisa no jeito como ele sorria que o tornava cativante.
Como o jeito simples e descomplicado como ele aparentemente vivia sua vida, ou
o modo carinhoso como tratava a maioria das pessoas e seres ao seu redor, a sua
mania irritante de nunca desistir do que quer... “Eu sei o que significa!”
E de repente eu lembrei que eram essas coisas que eu amava nele.
Seu cabelo, os olhos, o jeans velho... Aquele era o meu Nick, o Nick do
qual eu sentia tanta falta. Ele ainda existia e estava ali bem diante dos meus
olhos. Estava mudado, mais adulto, mais bonito, mas era ele, ainda era ele.
Bebi um gole do meu suco pra manter a minha boca ocupada. Seria muito
ridículo eu ir até ele e simplesmente beijá-lo sem nenhuma explicação, embora
eu quisesse. Mas aparentemente o Nick não compartilhava da minha opinião, e
depois de me olhar como se pudesse ler os meus pensamentos, ele veio até mim e
tirou o copo do caminho, pôs seus lábios nos meus de um jeito tão espontâneo e
gentil que eu senti meu corpo inteiro derreter ao seu mero toque.
Ai merda! Por que o beijo dele tinha que ser assim tão bom?!
Emaranhei meus dedos em seus cabelos e o puxei pela nuca pra um beijo
mais intenso. Nick segurou minha cintura e me fez sentar na bancada da pia
encaixando-se no meio das minhas pernas, com suas mãos percorrendo todo meu
corpo coberto apenas pelo meu robe de seda.
- Você não devia começar a me provocar assim tão cedo, é maldade! – Seu
sussurro soou como um pedido inocente, mas definitivamente não era isso.
Suas mãos deslizaram para o nó recém amarrado em minha cintura, que ele
desfez com facilidade.
Ele estava olhando nos meus olhos enquanto me despia,
como se não estivesse fazendo nada demais. Como se me ter nua e exposta assim
diante dele não fosse nada menos que um direito seu. As pontas de seus dedos
desceram contornando a minha pele, o meu pescoço, por entre os meus seios e a
minha barriga até o meu umbigo. Sua boca tomou a minha mais uma vez, os seus
lábios devorando os meus lentamente.
Eu tinha uma vaga noção do mundo real a minha volta enquanto ele me
beijava, mas achei ter ouvido um barulho na porta da frente.
- Miley! – A voz da minha irmãzinha pegou nós dois de surpresa.
Separamo-nos imediatamente, totalmente ofegantes e desesperados. – Miley, tá
acordada?
Amarrei meu robe de qualquer jeito e empurrei o Nick da mesma forma até
a porta dos fundos.
- Você tem que sumir daqui, agora! – Abri a porta e empurrei-o porta a
fora. Nick ainda tentou chamar o Elvis, mas o cachorro estava ocupado demais
devorando a torrada – Vai logo, daqui a pouco eu levo ele! – Os passos da Noah
estavam ficando mais próximos.
- Tá! – Ele me deu um beijo rápido e saiu.
Tive vontade de matá-lo por isso!
Era muita crueldade da parte dele praticamente só encostar os lábios nos
meus e sair correndo, embora tivesse sido eu a expulsá-lo... Bati a porta e me
virei para um par de olhinhos azuis que me encaravam com um ponto de
interrogação impresso neles.
Será que..?
- Miley, você já viu que alguém derrubou o vaso de flores favorito da
mamãe lá na entrada? –– Eu respirei fundo. Ok. Ela não viu nada, ainda bem! Mas
é claro que ela reparou no cachorro - O que o Elvis tá fazendo na nossa
cozinha?
- Ah, eu levei ele pra passear ontem. Acabei ficando cansada e decidir
voltar direto pra casa... Ia devolver ele daqui a pouco.
- Hum... Espera, você está fazendo café da manhã? – Ela falou como se
fosse algo muito inacreditável e eu me senti particularmente ofendida.
- Estou, por quê? – Espremi os olhos encarando-a
- Nada! – Ela levantou as mãos como quem diz que é inocente - Eu to
morrendo de fome, o que você fez? – Perguntou indo se sentar na mesa.
- Torrada e tem suco e cereal na geladeira se quiser. – Respondi e fui
caminhando pra saída da cozinha pra ir trocar de roupa e depois catar os cacos
do vaso de flores quebrado na nossa entrada.
- Ahn, Miles? – Ela chamou e eu me virei – Acho que você esqueceu uma
coisa aqui... – Ela levantou o meu sutiã no ar e eu tenho certeza que fiquei
vermelha de vergonha.
- Me dá isso! – Arranquei o sutiã de suas mãos com ainda mais pressa do
que quando tirei de Nick.
(...)
Eu fui devolver o cachorro, é claro que demorei bastante só pra ter
certeza de que quando eu chegasse o Nick já teria saído. Se eu tivesse que
encará-lo na frente de um monte de outras pessoas eu tenho certeza que não
saberia como agir e nem o que dizer, o que seria muito, muito constrangedor.
Quando cheguei na casa dele a Demi estava providenciando um almoço saudável e
nutritivo para sua família como se sua vida dependesse disso, mas o que mais
chamou minha atenção era o fato dela estar comendo picles com calda de caramelo
enquanto cozinhava.
- Ahn, eu não quero parecer que estou te julgando, mas isso aí parece
horrível! – Falei apontando para o picles em que ela derramava calda de
caramelo.
Demi deu de ombros e mordeu um pedaço daquilo enquanto picava alguns
legumes pra salada.
- Eu sei que parece nojento. – Ela disse tentando não abrir muito a boca
e sua voz saiu engraçada. – Mas quando eu estava grávida da Mell tive um desejo
de comer esse troço e acabei gostando!- Revirou os olhos como quem não dá muita
importância a alguma coisa -Tem um gosto esquisito, é doce na primeira
mordida e vai ficando salgadinho no fim. Eu até tentei, mas isso aqui é mais
difícil de largar do que cocaína! - Ela falou e nós rimos juntas - Quer
experimentar?
- Não sei não – Olhei aquela coisa. Não parecia nenhum pouco apetitoso –
Talvez um dia, quando eu estiver grávida esse negócio pareça melhor. – Ou nem
assim!
- Tá, você que sabe. – Ela deu mais uma mordida – Então, ele dormiu na
sua casa noite passada? – Ela me olhou e eu arregalei os olhos, espantada. Como
ela sabia?– O Elvis. – Ela fez menção ao cachorro parado ali ao meu lado.
- É! Pois é, eu o levei pra passear e acabei decidindo ir direto pra
casa... – Repeti a mesma historia. Acho que ela estava ficando mais
convincente.
- Hum... Interessante. – Comentou - Sabia que o Nick também não dormiu
em casa ontem?
Tá, se tinha uma coisa na qual a Demi era boa era em ligar os pontos,
então era bom eu começar a pensar rápido pra sair do radar dela.
- É mesmo? – Tentei fingir uma surpresa que eu obviamente não sentia,
mas eu era atriz então acho que eu me saí bem.
Demi me analisou um pouco, mas não disse nada. Acho que ela engoliu...
Ainda bem!
- Pois é, mas sabe o que eu achei mais engraçado... – Ela retomou a
palavra depois de um tempinho – O jeito como ele chegou aqui hoje de manhã com
um sorriso que ia de uma orelha a outra, parecia bem feliz e satisfeito. - Ela
não estava exatamente me olhando, mas eu sabia que a cada palavra ela tentava
adivinhar o que se passava na minha cabeça – Tanto que nem deu pela falta do
Elvis.
- Talvez ele nem tenha percebido. – Dei de ombros, tentando fazer pouco
caso.
- É, e talvez seja isso... Ou talvez você ache que eu sou retardada! –
Ela largou a faca com força na tábua de madeira e eu me assustei. Demi revirou
os olhos - Ah, Miley, me poupe! Vocês passaram a noite juntos ontem, não foi?
Fiquei tão em choque que o meu cérebro só conseguiu focar numa coisa: A
Demi poderia trabalhar pra o FBI, sério.
- Ham?
- O Nick é super apegado ao cachorro dele, ele com certeza teria dado um
ataque se não soubesse onde ele estava. E ele estava com você. – Ela cruzou os
braços sobre o peito - Aí depois eu te conto que o Nick não dormiu aqui e você
pergunta com a cara mais cínica “É mesmo?” – Ela arremedou a minha voz e eu
quis rir, mas como as constatações dela me pareceram bastante sérias, e eu
fiquei quieta. - Eu te conheço bem demais Miley. Se você não soubesse onde
o Nick passou a noite começaria a xingá-lo mentalmente e faria uma cara de
psicopata que você sempre faz quando está com raiva...
Eu a encarei e ela sorriu de canto, vitoriosa.
- Bem parecida com essa, só que essa é a de estado de choque! – Disse –
Vocês dois são tão fáceis de ler...- Completou – Não acredito que não ia me
contar! – Sua voz soou revoltada e divertida, de um jeito que só a Demi
consegue fazer.
- Eu ia, só que você nem me deu uma chance pra falar! – Defendi-me
- Até parece! – Rolou os olhos – Tentando me vender aquela historinha
ridícula de que levou o cachorro dele pra passear!
- Ei, essa parte é verdade! – Reclamei
- Vocês dois não tem jeito! Vocês e esse amor louco de vocês... –
Não era um julgamento, era só uma constatação. Eu sabia que a Demi embora não
admitisse mais, bem lá no fundo, ela torcia pela gente.
Mas não se engane, isso não tem nada a ver com nós dois e nem em
acreditar no nosso amor, isso é sobre sempre ter razão. É que ela sempre disse
que nós acabaríamos nos casando e a Demi definitivamente não aceita que ela
possa não ter razão em alguma coisa nessa vida.
- Ele quer me levar pra jantar hoje. – Contei – Me pediu mais uma
chance...
- E o que você disse? – Ela perguntou e eu respirei fundo.
- Eu disse que sim. – Sorri lembrando do sorriso dele. Droga! Eu estou
mesmo me apaixonando por ele outra vez, não é?! Suspirei pesadamente – Mas não
sei se foi uma boa ideia!
- Ué, mas por que acha isso?! – Questionou-me
- Porque é o Nick e se eu me lembro bem eu já dei umas quinhentas outras
chances pra ele e sempre acaba sendo do mesmo jeito! – Retruquei com um tom
amargo de obviedade.
- Não exagera que nem foram tantas assim! – Ela rolou os olhos fazendo
pouco caso do meu exagero – Bom, você sabe a minha opinião sobre segundas
chances, mas algumas vezes a gente só precisa parar de pensar sobre o que
aconteceu de errado no passado e seguir em frente, de verdade. – Ela chegou
mais perto, tinha um sorriso tranquilo no rosto. – Eu falei com o meu pai lá em
Jersey e eu acho que foi a primeira vez que eu consegui olhar pra ele em muito
tempo. Não foi a coisa mais simples que eu já fiz na vida, mas a gente
conversou e pronto, ficamos bem. – Ela contou como se lembrasse e eu sorri
feliz por ela ter tido coragem pra tentar se reconciliar com ele – Eu sei que o
seu caso é bem diferente do meu, mas pra quem já deu “quinhentas” chances, uma
a mais não faria tanta diferença assim na contabilidade disso.
Eu dei risada pelo jeito matemático como ela colocou, me fez sentir
menos desconfortável por ter aceitado o convite dele.
- Eu sei, eu só... estou com medo de, sei lá, sofrer de novo. – Admiti.
Era isso, eu tinha ficado expert na autodefesa dos meus sentimentos e não
queria mudar isso. Só que com o Nick o meu coração estava mais uma vez
vulnerável.
- Não fica assim! – Ela fez um carinho na minha cabeça como se eu fosse
uma criança – Você sabe que eu te admiro por ser tão pragmática, pé no chão o
tempo todo, mas não faz isso agora! – Seu olhar tinha um brilho tranquilo que
não era tão característico da Demi estabanada de sempre - Não deixa o medo de
uma dor futura te impedir de ser feliz. Só vive o que você tem pra viver e se
de repente você se machucar...
- Mas e se eu sei que eu vou me machucar? – Interrompi – Se eu sei que
não vai dar certo, então por que ainda tentar?
- Bom, primeiro porque você não tem como saber se não tentar, não com
certeza. – Ela rebateu – E depois porque você já disse sim. – Fez uma pausa e
sorriu - Foi uma resposta bem idiota essa sua, se você parar pra pensar... -
Gracejou
- Eu sei! – Respondi sinceramente colocando a mão na testa. Eu sabia o
que estava em jogo ao dar uma chance a ele outra vez, mas quando ele me beijou
foi impossível dizer não.
Nós duas sempre fomos bastante francas uma com a outra e tínhamos um
pacto de sempre dizer a verdade sobre o que achamos de qualquer coisa, por pior
que seja. A Demi sempre cumpria esse pacto.
- E sabe também que aquele imbecil não merece você, né?! – Ela me
encarou e seus olhos demonstravam um tom de indignação que ela não sentia de
verdade, havia um sorriso divertido em seus lábios.– Mas aquele imprestável do
irmão do Joseph, cujo nome eu não vou nem repetir pra não gastar a minha
preciosa saliva... – Ela fez questão de dramatizar bastante- Ele te ama mesmo!
A afirmação dela foi convicta, ela acreditava mesmo nisso.
- Eu sei! – Eu repeti a mesma coisa de novo e nós duas rimos disso – A
pior parte é que... Eu acho que sinto a mesma coisa por ele.
(...)
Narrado do por Nick
Beijei a loira a minha frente e joguei-a contra a cama. Cuidadosamente
deslizei minhas mãos pelas tiras finas da camisola de seda que delineava seu
corpo de forma provocante. O beijo dava a ilusão de uma paixão explosiva,
contida há tempos.
Era uma das ultimas cenas quentes do filme, quando o meu personagem
finalmente admitia pra personagem de Delta que estava apaixonado por ela.
As palavras “Eu te amo” saíram dos meus lábios como se fossem reais e a
mulher a minha frente olhou nos meus olhos e disse a mesma coisa.
E eu só conseguia pensar na Miley...
Nela e em como dizer pra ela “eu te amo”.
Acho que até então eu nunca soube exatamente o real significado dessas
palavras. O quanto elas realmente são poderosas e definitivas.
Pelo menos não até hoje de manhã.
O jeito como ela estava me olhando na cozinha, ela não me olhava desse
jeito há tanto tempo...
Foi tão bom que eu tive que beijá-la!
Delta passou os seus braços em volta do meu pescoço e me beijou.
- E corta! - O diretor parou cena depois do ultimo beijo e nós estávamos
dispensados. Teríamos o fim de semana livre, mas deveríamos estar de volta na
segunda-feira bem cedo.
O Josh tinha um compromisso, ele estava ocupado dando um jeito na
situação da Miley com a gravadora do Mallone e então saiu um pouco antes do
final das gravações.
Eu voltei pro meu camarim no fim do dia, apesar de ter
sido um dia exaustivo eu estava de ótimo humor. Por algum motivo, ficava
relembrando o meu café da manhã e sorria sozinho pro nada.
Joguei o terno e a gravata que pertenciam ao meu personagem em cima de
uma cadeira e comecei a desabotoar os botões da camisa social.
Imediatamente pensei nela outra vez, e em como seria infinitamente
melhor que ela estivesse desabotoando a minha camisa. Imaginei o seu toque, e
aquele sorriso travesso. Ela vestindo o robe de seda de hoje de manhã.
Lembrei da sua boca na minha e daquela sensação, o gosto. Meus olhos
estavam se fechando e eu senti os meus dedos tocando a minha boca.
Eu adoro a Noah, mas ela bem que poderia ter decidido voltar pra casa só
depois...
Fazia o que? Umas oito horas só, e eu já estava desesperado pra beijar
aquela boca de novo.
É, acho que eu sou um caso perdido!
Cocei a cabeça tentando afastar mais pensamentos indevidos e ao me
virar, vi Delta parada à porta do meu camarim, segurando duas taças e uma
garrafa de champanhe, enquanto me observava.
- Ahn, Delta, o que está fazendo aqui? – Perguntei e ela manteve seu
sorriso impecável - Posso te ajudar com alguma coisa?
Eu rapidamente abotoei novamente alguns botões da minha camisa,
totalmente constrangido com aquela presença feminina inesperada no meu camarim.
- Ah Nick, você não tem que ser tão formal assim comigo. Somo amigos,
não somos? – Ela entrou e veio caminhando sensualmente até mim. Ofereceu-me uma
taça e ficou com a outra preenchendo-as com champanhe - Acabamos de ser
dispensados do trabalho e estamos só nós dois aqui. – Ela me tocou. Não um
toque desinteressado de cumprimento, mas um toque insinuante sobre o meu peito.
– Então eu quis vir aqui e comemorar a cena que gravamos hoje, ficou incrível!
- Ela estendeu a taça e bateu contra a minha. - A nós! – Eu apenas
assenti com um meio sorriso. – O jeito como você me beijou lá, me deixou
completamente sem fôlego! – Ela tocou meu queixo.
- Foi só o meu trabalho, Delta. Nossos personagens estão apaixonados,
temos que fazer parecer real, mas é só encenação. - A proximidade dela era
estranhamente invasiva. Eu quis afastá-la, mas não queria parecer mal-educado
então eu me afastei. – E agora eu agradeço a sua atenção, mas, na verdade, eu
já estava de saída. – Falei deixando a minha taça sobre o balcão – Acabamos
demorando mais do que o previsto hoje e eu fiquei de encontrar uma pessoa.
- Vai encontrar uma pessoa? – Ela repetiu – Então você tem “uma pessoa”?
– Ela me encarou com tamanho interesse na minha resposta que eu tirei minhas
próprias conclusões. Aparentemente a minha colega de trabalho estava dando em
cima de mim.
- É, eu tenho uma pessoa. – Achei melhor deixar isso claro.
- Uma namorada? – Continuou
- Quase isso.
Delta demonstrou uma expressão que até agora eu ainda não tinha visto
nela. Não era nada que eu ainda não tivesse visto antes, em outros rostos, era
uma amostra clara de desgosto.
- Eu deveria ter imaginado. – Ela murmurou baixo e eu senti um certo
desconforto pela forma como suas palavras soaram amargas – Um homem como você
nunca ficaria sozinho, não é?- Sorriu – E quem é a garota de sorte?
- Você não a conhece, ela voltou pra Los Angeles faz pouco tempo. – Eu não quis dizer
nada. Não conhecia bem aquela mulher e não podia arriscar que ela soubesse mais
do que deveria.
- Ah, ela voltou? Então você já a conhecia... – Ela presumiu e o
seu sorriso se alargou – Sinto cheiro de romance antigo no ar? – Ela tentou dar
um tom divertido a suas palavras, mas não soou assim pra mim.
- Delta, você vai ter que me perdoar, mas eu não posso deixar a minha
“pessoa” esperando, então eu tenho que ir agora, com licença. – Caminhei até a
porta e a abri como um convite pra que ela se retirasse.
Ela entendeu e caminhou até a porta, parou emparelhada comigo.
- Todo mundo gosta de reviver velhos amores, Nick. Às vezes você nem
sabe mais o que sente, mas já está nisso há tanto tempo que precisa finalmente
saber como é que a história termina, não é?– Ela me olhou e me mostrou um
sorrisinho discreto – Se por acaso a sua história não tiver um final feliz,
talvez seja a hora de pensar em começar uma outra, com um novo alguém. – Ela se
aproximou e beijou minha bochecha, quase no canto da minha boca, deixando no
meu rosto a marca de seu batom vermelho.
Delta foi embora e eu só consegui pensar que eu não queria uma outra
história, muito menos um novo alguém. E eu sei exatamente o que eu sinto, eu
amo a Miley. E por mais que a nossa história tenha sido complicada, cheia de
idas e vindas, ela era “nossa” e eu não mudaria nada, até viveria tudo outra
vez se fosse preciso.
Lamento muito, Delta. Mas acho que vou ficar com a minha velha história
de amor antiga, e vou fazer tudo o que eu puder pra que ela tenha um final
feliz.
(...)
Narrado por Demi
Quando a Miley me contou sobre hoje eu meio que insisti pra que ela me
deixasse escolher a sua roupa.
Pelo que eu tinha visto nos últimos dias, moda
era a última coisa que estava passando pela cabeça da Miley, ou pelo
guarda-roupa. E o Nick estava se esforçando, achei que ele merecia algo melhor
do que jeans e camiseta.
Só que como a Miley esteve morando na Austrália no
último ano as roupas legais dela ainda estavam todas lá, então não tínhamos
tantas opções minimamente aceitáveis para se usar num encontro em seu closet.
Outro ponto importante é que eu também não fazia ideia de onde o Nick pretendia
levá-la, então achei que deveria apostar num meio termo, nada chique demais e
nem simples demais, assim ela estaria bem vestida tanto pra um jantar no “Le
Gardem” ou pra ir comer petiscos no barzinho da esquina.
Não precisei pensar
muito, um vestido de noite curto e sexy seria a escolha mais obvia, só que é
claro: ela não tinha um, então eu tive que emprestar um dos meus. Fiz uma
maquiagem também, intimei que ela usasse salto alto e no fim de todo o meu
trabalho duro ela estava linda. Mas não apenas linda.
Estava linda, sexy,
sedutora e fatal.
Ela iria deixar o Nicholas babando, com certeza.
Ok, eu era incrível nisso! Mas também, no que eu não sou incrível?! As
pessoas deveriam começar a me contratar e me pagar para que eu as vestisse para
eventos de tapete vermelho.
Mas agora, como uma mãe dedicada eu estava terminando de alimentar a
minha filha. Quando ela acabou a mamadeira, eu a coloquei apoiada no meu ombro
e dava pequenos tapinhas de leve em suas costas pra fazê-la arrotar. A minha
pequenina estava agitada demais e eu estava achando que não iria conseguir
colocá-la pra dormir ainda...
Enquanto isso ouvia o som que os saltos da Miley faziam contra o chão.
Ela praticamente estava tentando abrir um buraco no piso, de tanto andar de um
lado pro outro, visivelmente ansiosa.
Olhei pra ela novamente. Tinha começado a roer as unhas, o negócio era
sério.
- Acho que devia ligar pra ele. – Disse isso assim mesmo, do nada.
Sabia que ela sabia do que eu estava falando, ou melhor, de quem eu estava
falando.
- Eu ligar? Até parece, nunca! – Ela cruzou os braços sobre o peito
seguido de uma respiração pesada, quase bufando.
- Bom, ele está demorando, deve ter acontecido alguma coisa no
trabalho... – Falei sem realmente me importar muito. O Nick era irmão do Joe,
se ele tivesse puxado ao irmão em questão de horários era melhor a Miley ir
esperar sentada ou os saltos iriam machucar seus pezinhos.
- Não to nem aí! – Ela tirou o corpo fora – Quer saber, isso é ridículo.
Eu vou pra casa!
- Não vai não! – Ralhei – E desperdiçar toda essa mega produção? Nem
pensar! – Ela rolou os olhos e eu lhe entreguei a Mell. Peguei meu telefone e a
Miley arregalou os olhos. Digitei os números do Nicholas enquanto a Miley
continuava me olhando desacreditada. Caiu na caixa postal, mas eu deixei uma
mensagem de voz – “Oi Nick, a que horas você vem pra casa? Caso tenha esquecido
você marcou um encontro com a Miley e ela está aqui te esperando então trata de
dar um jeito no que quer que seja que você esteja fazendo e venha buscá-la,
manezão! Até mais, beijos!”– A Miley tentou arrancar o celular das minhas mãos
assim que ouviu a palavra “encontro”, mas eu corri pro outro lado do quarto e a
bebê também a atrapalhou.
Normalmente eu não me meteria em um relacionamento, a
menos que eu fizesse parte dele, mas é que essa relação totalmente confusa e
frustrada desses dois precisa de toda ajuda possível.
- Sua louca, por que voce fez isso?! – Questionou
- Eu só avisei que ele está te fazendo esperar! – Respondi simplesmente,
pegando a minha filha de volta.
- Não, você praticamente escreveu “desesperada!” na minha testa. – Ela
devolveu neurótica.
- Ah é?! E você acha que está parecendo ser o que agora?! – Ela
finalmente se tocou que estava parecendo uma doida varrida então parou de
reclamar.
Eu voltei pra minha poltrona especial de amamentação com a Mell no colo.
A Miley parou diante do espelho no quarto, de costas pra mim.
- Me desculpe! Eu só estou me sentindo completamente estúpida por estar
aqui esperando por ele. Olha só pra mim eu até me produzi toda, só pra sair com
ele, como se isso fosse mesmo ser um encontro pra valer, é tão ridículo. Eu não
sei onde é que eu estava com a cabeça...– Ela parou de tagarelar por um segundo
e olhou fixamente no espelho – Ei, eu ainda não tinha reparado que o decote
desse vestido ficava tão “assim” – Ela se virou pra mim apontando os próprios
seios.
- É, e daí? Está bonito em você. – Fiz pouco caso
– Mas você não acha que é um pouco demais, não? – Ela arregalou os olhos
– Quer dizer, eu estou vestindo um vestido que só tem um palmo de saia e ainda
por cima com um decote desses?! Desse jeito ele vai achar mesmo que estou
desesperada!
- Miley, meu bem, eu não sei se você se deu conta, mas você queria que
eu te vestisse pra sair pra jantar com um cara e não pra ser voluntária num
bazar de caridade da igreja. – Revirei os olhos - Além do mais você sabe o que
eu sempre digo: Quanto mais interessante o cara é, maior o decote tem que ser
também! Os homens são criaturas totalmente visuais, amor. Temos que dar algum
material pras mentes limitadas deles... – Sorri reafirmando a minha teoria que
tinha sido comprovada mais de uma vez.
- Tá, mas o objetivo aqui era sair pra jantar e não sugerir que eu
poderia ser o jantar! – A Miley resmungou
- Ok, mesmo se esse vestido sugerisse qualquer coisa, e eu não estou
dizendo que ele sugere, acho que o Nick não veria desse jeito. Acho que
pra ele você estaria mais pra uma sobremesa. – A boca da Miley se abriu em um
perfeito O de pura indignação e eu gargalhei da cara que ela fez.
- Não acredito que disse isso!
- O que? Eu só estava brincando, sua retardada! – Continuei rindo –
Agora vê se para de ser louca, porque você está absolutamente incrível nesse
vestido! – Pelo menos a nossa discussão boba tinha desviado o foco da Miley do
encontro e ela parecia menos estressada agora - Você vai ver como o Nick vai
gostar dele. – Pisquei pra ela – Agora, só te peço por tudo que é mais sagrado:
não vai deixar ele estragar. É um Prada exclusivo, foi presente do Joe e foi
caríssimo!
- Prada é? Não sabia que o Joe tinha bom gosto pra grifes de roupas
femininas. – Ela sorriu
- E não tem. Tudo que ele tem é um cartão de crédito ilimitado do qual
eu também tenho a senha. – Nós duas rimos. – Mas agora falando sério, você acha
que você e o Nick “vão comer sobremesa” depois do jantar? – A Miley não sacou
de cara, mas não levou nem dois minutos. Ficou totalmente estática e eu quis
rir, mas me segurei.
- E você ainda disse que ia falar sério. – Ela balançou a cabeça – Você
é inacreditável!
- Ah, qual é Miley nós duas somos adultas e sabemos que rumo geralmente
as coisas tomam depois de um encontro, eu só fiz uma pergunta comum. Só que não
vou ficar usando a palavra com “S” na frente da minha filhinha!
- Você ainda tá lembrada que deveria ser minha amiga, né? – Reclamou –
Por que eu sempre tenho a sensação que você fica torcendo pra que eu – Ela
olhou a bebe e fez uma pausa e só então continuou – “deixe ele comer a
sobremesa”!
- Meu bem, eu só cogitei a possibilidade. Deixar ou não deixar ele comer
a sobremesa é opção sua. – Adverti – Mas eu não vou te julgar se você quiser
deixar. Acho que qualquer uma iria querer dar sobremesa pra ele. Com aquele
corpo sarado, maravilhoso que ele tem, até eu deixava ele comer sobremesa todo
dia fácil.
- Demétria! Você não devia ficar reparando o corpo sarado do seu cunhado
e muito menos ficar pensando em dar sobremesa pra ele, tá louca? – O que é isso
Miles, ciúmes?
- Minha filha, vou fazer o que se o Nick é gostoso? Não sou cega! – Fiz
cara de diva que olha mesmo e não tá nem aí – Mas isso não vem ao caso, Ok?! Só
estou dizendo que não tem nada de errado se de repente você acabar deixando ele
comer sobremesa. Convenhamos, ele é o tipo de homem que ganharia sobremesa até
sem merecer e você mais do que ninguém deve saber disso!
- Pois comigo pra ganhar sobremesa, primeiro tem que ser um bom
menino! - Ela cruzou os braços sobre o peito - Se não coloco de castigo e
sem sobremesa.
- Que crueldade tirar a sobremesa do coitadinho! Tira só a TV ou a
mesada! – Gracejei
- Ah, cala boca! – estávamos rindo quando ouvimos batidas na porta do
quarto.
- Demi, vou levar as crianças ao cinema, vocês vem? – Joe colocou só a
cabeça pra dentro da porta. Ele olhou a Miley dos pés a cabeça uma vez. Bom pra
ele, porque se olhasse de novo eu ia ter que arrancar os olhinhos dele! – Uau
Miley, tá gatona! – O cara de pau sorriu todo galanteador e a Miley ruborizou
terrivelmente. – Gostei do vestido, a Demi tem um igualzinho!
Acho que a Miley não soube o que dizer, mas eu sabia!
- Não sabia que você tinha começado a se interessar por moda, amor! –
Resmunguei cortando o barato do meu marido intrometido – E nós vamos sim! –
Falei me levantando com a Mell no colo – Mas esse “nós” somos só eu e a Mell, a
Miley já tem compromisso. – Ouviu bem isso, Joe? A “gatona” tem compromisso e
você também, até onde eu sei!
Nós três voltamos pra sala.
- Miley, você não vem? A gente vai assistir Minions! – Noah a convidou
animada.
- Ah, que pena, a Miley já viu esse filme! – Fiz biquinho e pude ver a
Miley rolar os olhos ao meu lado.
- Tá, então a gente pode assistir outro filme. – Joe sugeriu e eu quis muito
socar ele.
- Valeu Joe, mas não precisa. - A Miley falou – Não vai dar pra eu ir
gente, eu já tinha marcado um outro compromisso.
- Compromisso, com esse vestido? – Jenny a analisou dos pés a cabeça,
ainda mais profundamente que o Joe – Só se for um encontro!
Aquela garota era das minhas.
- Miley, você tem um encontro? - Foi Noah quem perguntou e eu vi a
Miley entrar numa fria.
Por sorte, Nick chegou na hora crucial e adentrou a sala interrompendo a
resposta que a Miley não iria querer dar.
Eu puxei a Noah pela mão.
- Bom, crianças, acho melhor a gente ir! – Falei – Já está tarde e nós
não queremos perder a última sessão infantil, então vamos! Todo mundo pro caro!
– Joe e as crianças cumprimentaram o irmão dele rapidamente e a Miley me
silabou um “obrigada” inaudível.
Eu fui a última a sair e vi o jeito como eles estavam se olhando...
É, acho que eu estava certa sobre esses dois, aliás como sempre!
(...)
Narrado por Nick
- Eu ia te buscar... - Eu devo ter ficado parado olhando pra ela com
cara de paspalho, eu sei.
Só que ela estava linda demais pra que eu conseguisse desviar o olhar.
Aquele corpo, naquele vestido... Puta merda!
- Você disse que ia chegar às sete, está atrasado. – Ela cruzou os
braços sobre o peito.
Eu respirei fundo.
- Desculpe. Eu tive que resolver umas coisas no trabalho. - Falei
tentando não parecer tão distraído quanto eu realmente estava com o seu decote.
– Me dá só mais dez minutos? – Pedi e ela rolou os olhos, sentou no sofá e
cruzou as pernas.
Eu sabia que eu tinha que ir, mas o meu raciocínio estava mais lento que
o normal por causa do decote e ela ainda cruza as pernas?!
Caramba!
Ela estava me olhando como quem pergunta “você não vai sair daqui?” e eu
dei o comando cerebral pra minhas pernas se moverem. Comando esse que só foi
atendido alguns segundos depois.
(...)
Estacionei o meu Mustang na frente de um restaurante em especial e desci
pra abrir a porta pra ela.
Eu sabia que a Miley não se importava com
cavalheirismo e essas coisas, mas eu queria fazer isso. Queria abrir a porta do
carro e entrar no restaurante de braço dado com ela. Queria elogiá-la e
conversar trivialidades só pra ouvir o som da sua voz, e se não fosse pedir
demais, depois, eu queria que ela quisesse mais que só um jantar.
Eu queria que essa fosse uma noite perfeita...
Ela me estendeu a mão e eu a puxei pra mim. Deixei que meus dedos
deslizasse em sua cintura.
- Você está linda! – Sussurrei - Eu sei que essa frase é um clichê, mas
é verdade. - Tentei fazer o meu comentário soar de um jeito mais casual e não
tão apaixonadamente deslumbrado, mas não sei se consegui ser bem-sucedido.
- Obrigada. – Ela sorriu altiva e agarrou o meu braço.
Entramos e o garçom nos guiou até a nossa mesa. Eu tinha reservado uma
mesa com vista pro mar em uma área privativa desse restaurante. Não havia
perigo de sermos flagrados por paparazzi ou por outras pessoas, os empregados
daqui também eram muito discretos. Mas nem foi por nada disso que eu escolhi o
local, eu só queria que pudéssemos ficar mais à vontade pra conversar.
Depois de nos acomodar e se certificar que estávamos completamente
satisfeitos com a mesa, imediatamente o garçom também trouxe champanhe e nos
sugeriu alguns pratos, confesso que escolhi o meu sem dar muita importância a
nada daquilo.
Miley se dirigiu ao elegante parapeito e ficou olhando o mar por alguns
instantes. Eu servi duas taças de champanhe e lhe entreguei uma.
- Você caprichou. – Ela me olhou – Esse restaurante, champanhe... O que
mais posso esperar, ham? Caviar? – Eu ri e ela também – Por acaso está tentando
me impressionar?
- Estou. – Admiti – Eu tô indo bem? – Perguntei e o sorriso dela se
alargou.
Ela assentiu.
- Está.
Tivemos uma conversa bastante casual, nós nos limitamos a assuntos
cotidianos e acho que foi uma decisão mutua não tocar em assuntos do passado.
Falei sobre a minha família e do trabalho, a Miley me contou um pouco sobre os
planos pra um álbum country e sobre ir passar o final de ano com a família na
fazenda... Eu quis falar o mínimo possível, pois eu estava gostando de ouvi-la
e sabia que ela adorava falar dessas coisas, ela adora aquele lugar.
E tinha tantas coisas que eu queria saber, havia se passado um ano que
ela foi embora, mas fazia muito mais tempo que ela tinha saído da minha vida.
Muita coisa poderia ter mudado...
- ... E desde a última vez que eu passei um final de semana lá com a
Noah no ano passado eu não voltei. – Suspirou – Eu estou com muita saudade,
aquele lugar é meio que como uma parte de mim, sabe? Quando eu estou na cidade
eu não consigo me sentir realmente livre. Mas a sensação que eu tenho quando
estou lá é simplesmente... indescritível.
- E você ainda tem o seu cavalo? – Eu quis saber
- O Blue Jeans? – Sorriu – Tenho. Faz tempo que não o vejo, mas a vovó
está cuidando dele pra mim.
- Cara, eu adoro a sua avó. Ela é demais! – Falei relembrando a senhora
de cabelos castanhos e olhos azuis como a Miley.
- Ah, é claro que adora ela, ela vivia paparicando você! – Ela revirou
os olhos e eu ri. – Ela deve estar uma fera comigo. – Ela murmurou essa parte,
mas eu consegui ouvir. – Nem mesmo consegui telefonar no aniversário dela. –
Ela falou com um certo remorso.
Eu arrastei minha mão até o centro da mesa, como um convite. Ela colocou
a mão na minha e entrelacei nossos dedos.
- Não se preocupa com isso, ninguém consegue ficar bravo com você por
muito tempo. – Eu disse e ela me olhou curiosa – Você já viu a cara que você
faz quando está triste? Você parece aqueles filhotinhos fofos e indefesos,
simplesmente não dá pra aguentar. Você amolece qualquer um!
Ela riu.
- Meu pai diz a mesma coisa!
- Tá vendo só?!
- Só espero que tenham razão, porque uma coisa são vocês. A vovó é
durona!
- Não é não, a sua avó é um amor. – Discordei
- Só com você, porque você é puxa-saco dela! – Revidou
- Nada disso! Rubi sabe fazer um ótimo julgamento do caráter das
pessoas, é por isso que ela gosta de mim. – Expliquei
- Rubi? – Encarou-me – Que intimidade é essa com a minha avó, Nicholas?
– Cruzou os braços
- Ué, nós dois somos grandes amigos e ela disse que eu podia chamá-la
assim. Faz com que ela se sinta mais jovem. – Falei desinteressadamente – Mas o
fato realmente relevante aqui é que a sua avó me adora e você está obviamente
com ciúmes da nossa ótima relação. – Provoquei.
- Não tô nada! - Ela me mostrou a língua e eu quis beijá-la.
Não havia absolutamente nada nela que eu não gostasse. Seu jeito
espontâneo, sua personalidade forte, o jeito como ela se importava tanto com
sua família...
Ela havia deixado sua vida na Austrália pra trás, o noivo e o
próprio casamento, só pra voltar aqui e arrumar a bagunça. Poucas pessoas
seriam capazes disso: abrir mão da própria felicidade em prol de outros. Mesmo sendo
a sua própria família, eu conheço muita gente não se sacrificaria desse jeito.
Eu não vou mentir, é claro que eu estou feliz por ela ter voltado e por
ter rompido o relacionamento com aquele cara. Eu estou muito feliz e satisfeito
com isso, obrigado! Mas o que eu estou dizendo é que eu a admiro por sempre ter
coragem de fazer o que ninguém mais faria.
Eu acariciei sua mão sobre a mesa.
- Sabe o que a gente podia pedir, agora? – Ela me olhou com um sorriso
- O que? - Perguntei
- Torta de pêssego! - A avó da Miley fazia a melhor torta de pêssego que
eu já comi na minha vida, e era à torta favorita da netinha - Será que a daqui
é tão boa quanto à da vovó?
- Bom, só tem um jeito da gente descobrir... – Chamei o garçom.
Por algum motivo que eu desconheço a Miley teve uma crise de risos
quando o garçom nos trouxe o cardápio de sobremesas, mas como já sabíamos o que
queríamos nós só pedimos as tortas. Nós dois soubemos desde a primeira garfada
que não tinha nem comparação, a torta da avó da Miley era incontestavelmente
melhor, mas a do restaurante até que era legalzinha, então nós comemos
criticando todos os defeitos que conseguíamos encontrar desde os maiores aos
mais insignificantes, como se fossemos dois chefes internacionais
especializados em confeitaria.
- Tá, vamos à avaliação final. Nota? – Ela pediu
- Humm...6. – Eu quis ser legal.
- Eu dou 2. Comparando com a da minha avó essa torta é apenas
comestível! – Ela resmungou e deixamos nossos pratos de lado. – Nick, você
gosta muito de sobremesa? – A Miley me olhou de um jeito estranho, eu não
entendi muita coisa. Essa me parecia uma pergunta totalmente comum.
- Não muito. – Respondi sinceramente – E você gosta?
- Adoro! – Ela sorriu travessa – Sabe quem mais gosta de sobremesa? A
Demi. – Contou – Inclusive estávamos falando disso antes de você chegar. Por
algum motivo ela acha que você gosta.
- E eu gosto. Só não gosto tanto assim. Acho que é pelo problema
de diabetes. – Comentei e a Miley pareceu relembrar
- É verdade, eu não lembrava mais disso. Você está bem? – Ela perguntou.
- Estou. Não tenho crises há anos. – Contei - E agora, eventualmente,
posso comer sobremesa como qualquer pessoa. – A Miley riu de novo e cobriu o
riso com a mão pra que ele não virasse uma gargalhada.
- Me desculpe! – Pediu – Nick, eu posso te pedir uma coisa? – Ela me
olhou e eu assenti – Mas você vai ter que me prometer que vai fazer mesmo! –
Insistiu e eu garanti – Ok! Leva a Demi pra comer uma sobremesa em algum lugar,
só vocês dois, e aí você diz pra ela que sempre soube que ela queria comer
sobremesa com você. – Ela fez uma pausa e eu ainda estava tentando entender –
Só que aí você deixa ela pedir e só fica olhando. Quando ela te perguntar o por
que você não está comendo voce fala que não gosta tanto assim de sobremesa. – Ela
sorria como que imaginando a cena - Daí depois é só você dizer pra ela que: “a
Miley mandou um oi”.
- Tá, mas por quê?! – Eu quis saber.
- É segredo. Mas eu te conto depois que você fizer isso. – Ela piscou
pra mim – Ah, mas dá um tempo pra fazer, tá? Tipo uma ou duas semanas.
- Ok. Isso é algum tipo de pegadinha?
- Não esquenta, Jonas. Você vai saber. – Assegurou – Ah, e a sobremesa
favorita dela é brigadeiro.
- Eu sei e é uma pena, porque brigadeiro é uma das únicas sobremesas que
eu gosto.
- Ah é? Nunca imaginaria que vocês tinham a mesma sobremesa favorita.
- Não é a minha favorita. – Esclareci.
- Ah não, então qual é? - Perguntou
- Qual é a sua? – Eu perguntei
- Eu não vou dizer a minha. Eu perguntei primeiro! – Argumentou
- Eu também não vou dizer a minha, a menos que você diga a sua. –
Contra-argumentei.
- Não posso dizer a minha, é um segredo! – Ela me olhou diretamente nos
olhos.
- Ah qual é? Me conta. Prometo que eu não conto pra mais ninguém! – Pedi
e ela negou - Tá então eu vou chutar uma e se eu acertar você me diz! – Ela
concordou e eu sorri, pois o meu palpite era ótimo.
– Torta de pêssego!
- Errado! – Um sorriso vitorioso dançou em seus lábios – Essa passou a
ser a segunda favorita! – Seus olhos permaneciam em mim.
(...)
Nós fizemos essa conversa da sobremesa durar bem mais que o necessário,
eu não acertei a favorita da Miley de jeito nenhum, mas também eu não tenho um
vasto conhecimento culinário então pode ter sido que alguma sobremesa me
escapou a mente na hora. Eu também sabia que tinha algo mais nessa conversa,
mas como ela disse que me contaria o segredo depois que eu fizesse o que ela
pediu, eu resolvi esperar pra ver.
Nós parecíamos amigos de infância, conversamos sobre tudo. Falamos sobre
os nossos gostos atuais pra músicas, seriados e filmes e mais um monte de
outras coisas sem nenhuma importância, mas que são as que nos tornam quem
somos.
Quando eu repassava tudo sobre ela em minha mente, tinha tanta coisa que
eu achava parecido comigo. É claro que não éramos iguais, nós somos muito
diferentes, na verdade. Mas ela, a sua personalidade e as coisas que ela gosta,
o jeito dela encarar o mundo parecia se encaixar com o meu perfeitamente.
A nossa proximidade era confortável, natural. Era só... tão divertido estar
com ela. Não importava o lugar, era simples e corriqueiro. Era tão fácil se
apaixonar por aquele sorriso, quase inevitável.
- Então, o que você tem feito pra se divertir? Algum filme ou série legal?- Perguntei
- Tá... Eu vi só uma série ou outra. Deixa eu pensar... hum... Ah,
eu vi e até gostei um pouquinho de “13 reasons why”, mas acho que mais
por influência da Demi. – Ela contou. Tínhamos decidido ir olhar o mar e
estávamos recostados juntos ao parapeito de madeira – Também comecei a ver “Riverdale” e achei que seria legal, mas detestei!
- Eu não vi nenhuma das duas – Admiti – São séries de mulherzinha.
Ela gargalhou
- Nossa! Você é muito machista, credo!
- Não sou machista, só acho que filmes e séries românticas são forçados demais. –
Defendi-me – São histórias diferentes, mas acaba sempre sendo a mesma coisa. Um
cara se apaixona por uma garota e se ele não é um completo imbecil que não
consegue dizer o que sente por ela, algo muito sem noção acontece e os impede
de ficar juntos, tipo diferenças entre a família dele e a dela ou uma doença
terminal, um amor do passado ou qualquer outra bobagem que poderia ser
facilmente contornada se eles não fossem uns bocós! – Aleguei veementemente -
Cara, se você ama alguém, ama mesmo, você diz! E se a sua família não concorda,
dane-se! Quem liga pra o que a sua família pensa ou que família dela tem contra
você?! Sei lá, nenhum deles vai ficar com ela, quem vai ficar com ela é você! –
Ela estava rindo pelo jeito como eu estava colocando as coisas - E se ela tá
doente, tá morrendo, não importa! Fica do lado dela e pronto. Fica com ela
enquanto você pode! E quanto ao amor do passado... – A Miley estava prestando
atenção ao que eu dizia então eu quis dar a minha opinião sincera sobre esse
assunto. – Se depois de tanto tempo ainda é amor é por que vale a pena! – Essa era
também a minha opinião sobre nós, mas eu não iria dizer nada, então só
finalizei o raciocínio - Só estou dizendo que se você ama alguém, você fica com
a pessoa e pronto, é muito simples.
- Eu até concordo que esses filmes são exagerados, mas não acho que amor
na vida real seja tão fácil quanto você diz. – Ela me olhou e eu sorri
- Eu não disse que é fácil. Disse que é simples, e eu acho que pode ser
mesmo – Encarei-a – Se a gente quiser...
Ela não disse nada, mas desviou o olhar.
- Tá, mas então me diz do que você gosta? – “De você” eu juro que quase
respondi isso.
Balancei a cabeça espantando o pensamento. Ela estava falando quanto aos
gêneros dos filmes, somente.
- Sei lá, gosto de tudo um pouco: séries e filmes de ação, aventura ou alguma
comédia que realmente tenha graça. – Falei lembrando que quase 99% dos títulos
com essa classificação não tem graça e nem faz sentido – Mas eu não vi nada
esse ano, acho que na verdade a última vez que assisti um filme em cartaz foi ano passado, o Piratas do Caribe novo.
Ela riu muito, riu mesmo.
- Nossa! E eu que achava que eu era desatualizada. Bom saber que alguém
ganhou de mim nesse quesito! – Ela pareceu realmente satisfeita com isso – Mas
pelo menos você tem bom gosto, Piratas do Caribe definitivamente está no meu
top 5. Amo o Orlando Bloom nesse filme, bom, amo ele em qualquer filme, mas
especialmente nesse.
- E eu que achei que ele também ia ficar de fora desse ultimo... – Tive que dizer
- Pois é! – Ela rebateu imediatamente – Mas ainda bem que ele voltou pra história, estava fazendo falta! - Não pra mim - Ele esteve perfeito como Will Turner, é o melhor personagem do
filme. - Eu decidi ignorar o comentário alucinado e apaixonado dela. Todo mundo
sabe que o Jack Sparow foi sem dúvida o melhor personagem desse filme.
- Ah, eu também vi velozes e furiosos 8, acho que é mais atual, né? –
Lembrei
- É sim, esse pelo menos foi neste ano! – Disse e riu da minha cara, de
novo. – Foi bem legal esse último. Uma pena o Paul Walker não estar nele,
porque ele era o mais gato.
- Por que você precisa se apaixonar por um cara em cada filme? – Tive
que perguntar
- Eu não me apaixono por um cara em cada filme! Não tenho culpa que em
cada filme sempre tem um cara fofo, legal e totalmente apaixonante, que
geralmente é interpretado por um ator que eu gosto e admiro, é apenas
coincidência. – Ela sorriu explicando a “casualidade” desses eventos – E você
vai me dizer que não assiste os seus filmes e fica imaginando qualquer uma
dessas atrizes lindas e maravilhosas saindo com você? – Ela cruzou os braços e
espremeu os olhos me analisando.
- Ok, ok, “saindo” não seria exatamente a palavra mais adequada pra o
que eu fico imaginando... – Eu ri e ela me deu um tapa no braço. – Qual
é, a Scarlett Johansson estava muito gostosa no ultimo Avangers!
- Você não presta!
- Foi você quem quis saber! – Ela virou e ficou olhando
pro horizonte.
Eu não era um cara com o melhor senso de humor no mundo, verdade. Mas eu
também não era o cara que não sabia contar nenhuma mísera piada, pelo menos ela
já tinha rido bastante até aqui.
Mas acho que isso não era um bom sinal.
Talvez ela não me achasse engraçado.
Já estávamos aqui há um tempo, o mesmo tempo que eu queria beijá-la e
não tinha encontrado um momento “oportuno”.
Decidi então iniciar com uma
brincadeira, se eu fosse bem sucedido eu a beijaria, se não fosse ela iria rir
e tudo ficaria bem.
Ok, vamos lá...
- Eu estava pensando uma coisa... – Cheguei mais perto, coloquei minhas
mãos sobre sua cintura apenas apoiando-as ali, sem nenhum movimento insinuante –
O meu filme vai ser lançado ano que vem, você acha que vai assistir?
Ela me olhou incerta, não reclamou sobre a minha proximidade.
- Talvez. – Eu sorri
- Que bom! Você não sabe o quanto isso me deixa feliz... – Eu pisquei
pra ela e a soltei pra chamar o garçom e pedir a nossa conta.
A Miley ficou inquieta desde então, mas esperou pacientemente eu
terminar de tratar com o garçom.
- E então, vamos? – Estendi a mão pra ela.
Chegamos ao estacionamento. Eu abri a porta do carro pra ela.
- Nick, eu não entendi. Por que me perguntou se eu iria assistir o seu
filme? – Eu sorri, estava esperando ela perguntar isso.
Eu estava perto e cheguei mais perto, quase que prendendo seu corpo
entre o meu e o carro, mas de maneira discreta, é claro.
- É que no meu filme, eu vou ser o cara fofo por quem você vai se
apaixonar. - Talvez eu fosse louco, mas eu juro que isso pareceu muito melhor
na minha cabeça. Ela balançou a cabeça rindo, provavelmente me achando o cara
mais prepotente e idiota da face da terra.
- Um tanto quanto presunçoso, você, não? – Olhou-me.
Genial, Nick. Parabéns!
- Prefiro dizer que sou autoconfiante, amor. – Coloquei meu braço na
lataria do carro evitando que ela pudesse se mover dali. Já que eu tinha
começado com isso, então tinha que terminar.
Pisquei pra ela e ela sorriu. Mordeu os lábios daquele jeito sexy que eu
gosto.
- Até que eu gosto – ela tocou meu rosto deixando a distância entre
nossos corpos relativamente menor – dessa sua “autoconfiança”...
Um segundo depois de ter dito isso eu senti seus dedos nos meus cabelos
e ela mesma me puxou pra um beijo.
E que beijo!
Senti suas mãos percorrerem o meu corpo em todos lugares certos. Eu
apertei sua cintura e a prensei de uma vez contra o carro. Ela mordeu o meu
lábio provocativa e eu quis beijar mais e mais aquela boca.
O vestido dela era
curto e sua coxa e o couro estavam roçando em mim de um jeito que estava me
deixando louco. Eu cheguei até a imaginar aquele vestido no chão do meu quarto
e a dona dele nua na minha cama. Sério, eu não conseguia pensar em mais nada a
não ser no quanto eu queria tirar esse vestido!
Passei a mão por sua coxa, fazendo com que o maldito vestido subisse um
pouco. Eu já estava fora de mim, mas aí a Miley sussurrou no meu ouvido,
tornando tudo ainda mais difícil.
- Nick, não está pensando na Scarlett Johansson agora, está? – ela quis
saber.
- E quem é essa? – Rimos e eu a beijei de novo, chupando seus lábios e
sua língua.
Eu nunca iria me cansar dessa boca. Nunca!
Havia mais urgência a cada novo toque, meu e dela. Acho que era tão
inacreditável pra mim estarmos assim juntos depois de tanto tempo que a minha
mente custava a crer que era real e não uma fantasia.
É claro que eu adorava a
sensação da sua pele sob as minhas mãos, mas eu não conseguia acalmar aquela
parte de mim que sentia medo disso.
Quer dizer, ela estava aqui agora, mas será
que iria ficar?
Ela havia escolhido ir embora, teve um noivo e quase se casou com ele.
Ela havia voltado pela família, ou talvez porque não o amasse o suficiente pra
dar esse passo com ele, e de verdade, eu estava torcendo muito pra ser isso,
pra ela ter descoberto que ele não é o cara certo. Mas, de qualquer forma, não
fazia diferença o motivo que a trouxe de volta, no fim das contas, não fui eu.
Não foi por mim que ela voltou.
Não era por minha causa que ela estava aqui e eu não sabia se o que
tínhamos ia ser o bastante pra fazê-la escolher ficar...
Mas eu queria que ela ficasse. Queria muito!
- Acho que já está na hora de você me levar pra casa! – O seu sorriso
provocativo me fez sorrir contra os seus lábios
- Tá. - Eu assenti e me afastei um pouco, daí abri a porta pra ela.
(...)
Dirigi quieto, sempre debaixo do olhar atento da Miles e das suas
carícias muitíssimo arriscadas. Por sorte não sofremos nenhum acidente já que a
minha atenção não estava exatamente voltada pra estrada. Ao chegar eu parei o
carro em frente a sua entrada, mas nenhum de nós desceu. Soltamos os cintos de
segurança e assim que nos vimos livres, lançamo-nos nos braços um do outro.
- Estou tentando decidir se te chamo pra entrar... – Ela murmurou
provocativa.- Não parece correto fazer isso, nós só tivemos um encontro.
- Não está tão tarde. Eu posso te levar pra algum outro lugar e a gente
tem um segundo encontro! Acho que depois do segundo encontro já dá pra chamar
pra entrar, não acha?! – Disse e ri, acompanhado da gargalhada gostosa
dela.
- Ok. Você tá indo bem com esse negócio de autoconfiança. – Ela me olhou
antes de abrir a porta – Ficou mais divertido – Mordeu os lábios e me roubou um
selinho antes de sair.
- Ei! – Chamei-a – Não vai mesmo me convidar pra entrar?
- O que a sua autoconfiança te diz? – Ela estava chegando à porta da
frente.
- Diz que você devia convidar! – Desci do carro e a Miley me chamou
movendo apenas o indicador em minha direção.
Talvez tenha sido só o momento, mas eu achei o seu chamado muito
sensual, quase erótico.
Entramos e só atravessamos o salão. Subimos correndo as escadas para o
segundo andar, onde ficava o seu quarto. Ela tropeçou quase no último degrau e
eu a segurei em meus braços. Com nossos corpos colados suas mãos vieram
prontamente desabotoar minha camisa, mas sem nenhuma pressa.
- Você se saiu bem hoje. – Sorriu tirando os botões das casas, um
a um e eu a beijei de novo, só por que eu adorava a sensação dos seus lábios
nos meus. – Foi bom – Sussurrou nos meus lábios e me olhou nos olhos - estar
com você.
Aquelas simples palavras aqueceram o meu coração de um jeito inesperado.
Ela tinha gostado, eu também tinha e então não precisava ter mais discussão, a
gente podia sair mais vezes e só... Ficar juntos.
Eu a espremi contra a porta do seu quarto e a beijei enfiando minha
língua em sua boca. Suas mãos deslizaram do meu pescoço para s meus ombros e
ela tirou a minha camisa.
Segurei seu rosto entre as minhas mãos e olhei em seus olhos.
Eu quis dizer “Olha, eu te amo. Faz amor comigo e não me deixa nunca
mais, por favor!”, eu abri a boca até, mas na hora de dizer, não saiu nada.
Eu queria dizer pra ela, mas eu não pude e eu nem sei por quê...
Tudo bem, eu até sabia o por quê. Eu estava com medo de descobrir o que
viria depois de dizer isso.
O que ela diria?
Isso entre a gente é quase bom demais pra ser verdade e eu não queria
arriscar perder. Se ela me rejeitasse depois de eu dizer que a amo ia doer como
nada nunca tinha doído na vida.
É, pelo visto eu não era assim tão autoconfiante.
Beijei-a de novo e torci pra ela não ter percebido o meu minuto repleto
de indecisão. Suas mãos desceram para o cós da minha calça e eu respirei fundo
enquanto ela desabotoava e descia o zíper.
Antes que terminasse eu agarrei sua cintura e desci a mão por sua coxa,
passei por debaixo do vestido até a sua bunda, ela ofegou, enquanto com a outra
mão eu encontrei o zíper na lateral da peça e abri.
A sensação do couro
deslizando entre as minhas mãos e sua pele foi uma das melhores que eu já tive
na vida.
O lingerie que ela estava por debaixo foi uma das melhores surpresas da
noite também, era pequeno, preto e cheio de tiras. Levei uns bons dez segundos
pra notar que tinha algumas transparências também. Bom, se o objetivo dela era
acabar comigo, deixa eu dizer que ela conseguiu.
Completamente!
Eu não conseguia tirar os olhos dela e nem queria, estava deslumbrado.
Se eu dissesse que ela estava muito gostosa vestida naquela porcaria minúscula,
ainda não chegaria nem perto de descrever a real imagem a minha frente.
Eu engoli seco, tive certeza de que se eu ainda não estava, tinha ficado
duro na mesma hora.
O sorrisinho debochado no seu rosto me fez saber que ela sabia
exatamente o que eu estava achando daquilo tudo. Ela deu um passo em minha
direção e me beijou, provocante. Pôs as mãos sobre o cós da minha calça e
arriou sem nenhum esforço. Senti seu corpo empurrando o meu pra trás e só
paramos quando caímos na cama com ela por cima de mim.
Puxei-a pelo queixo e a beijei, no pouco ou nenhum espaço entre nossos
corpos, o beijo foi se tornando mais e mais quente. Miley estava com uma das
mãos sobre a minha boxer e eu não sei como ela fez, mas quando eu percebi a
peça não cobria mais nada do que deveria cobrir.
Agora imaginem como eu fiquei estando em contato direto com aquela
mulher vestindo aquele lingerie... Eu acho que até esqueci como é que faz pra
respirar!
Apertei suas coxas e fui subindo até a sua bunda, ela gemeu contra a
minha boca, o que só me excitou ainda mais.
Afastei seu corpo do meu, encarando seus seios perfeitos naquele
lingerie maravilhoso. Eu não quis tirar, queria transar com ela vestida
naquilo. Afastei a parte de baixo da sua calcinha, só um pouquinho, só pra me
dar passagem. Levei uma mão a sua cintura e apertei, com a outra segurei base
da minha ereção enquanto ela descia em mim bem devagarzinho. Segurei na sua
bunda com força e guiei seus movimentos em cima de mim enquanto assistia seus
seios balançando, seguindo o ritmo das cavalgadas.
O rebolado dela era uma coisa de louco, eu jogava o meu quadril contra
ela com violência, cada vez mais fundo e os seus gemidos só faziam aquilo ficar
ainda mais delirante. Eu sabia que não ia conseguir aguentar por muito tempo,
não com aquele corpo se movendo sobre o meu daquele jeito.
Os nossos gemidos estavam cada vez mais altos e ela jogou o seu corpo
contra o meu vindo me beijar. Senti seus seios espremidos contra o meu peito e
apertei ainda mais sua cintura, atingindo o orgasmo junto com ela.
Eu dei uma risada estranha e sem fôlego abraçando sua cintura e ela me
beijou mais uma vez, com sua respiração descompassada, antes de deixar seu
corpo relaxar sobre o meu.
(...)
Estava sentado na cama abotoando os últimos botões da minha camisa. Já
tinha vestido a calça e a Miley estava em pé a minha frente com apenas um robe
de seda sobre o corpo, o mesmo de hoje de manhã. Ela não tinha amarrado o
cordão, então eu ainda tinha uma bela visão do seu corpo enfiado naquele
lingerie diante de mim.
- Só quero deixar claro que eu não estou te expulsando. - Ela cruzou os
braços me olhando – Mas é que você já dormiu fora de casa ontem e eu acho que a
Demi está na sua cola.
Eu ri, o pior é que ela tinha razão.
- Tudo bem, já até me acostumei a ser só um objeto sexual – Fiz-me de
ressentido e ela revirou os olhos. – Vocês mulheres são assim, usam e depois
jogam fora.
Ela riu e eu a puxei pra mim enlaçando sua cintura com os meus braços e
beijando a sua barriga.
O Cheiro da sua pele era tão gostoso.
- Então acha que eu estou só te usando pro sexo? – Ela deixou seus dedos
deslizarem nos meus cabelos.
- Acho – Respondi – Mas não me importo, pode usar e abusar. – Rimos e eu
deslizei meu nariz em sua pele. Eu queria fixar o cheiro dela na minha memória
pra nunca mais esquecer. – Ei, a gente bem que podia ir juntos na festa do
Mallone amanhã, o que você acha? – Sugeri.
- Nick, a gente já conversou sobre isso... – Sua voz era calma, seus
dedos emaranhados nos meus cabelos faziam um cafuné, mas nem isso facilitava as
coisas – Vai ter um monte de gente que a gente conhece lá, e um monte de
paparazzi, e donos de revistas de fofoca. Você sabe que não dá, é exposição
demais.
- É eu sei... – Suspirei frustrado e fiquei de pé – Mas e daí? Você é
livre e eu também sou. Somos donos das nossas vidas e não temos que dar
satisfação pra ninguém! – Insisti.
- Você sabe que não é assim, não pra mim e pra você – Ela cruzou os
braços tentando elevar o seu ponto de vista – Nick, nós tivemos toda uma
história, não somos como dois desconhecidos que criaram um vínculo há pouco
tempo. Se nos virem juntos as pessoas vão falar e você sabe. Além do
mais, nós não temos nada, pra que ir até lá e se expor desse jeito por algo que
nós nem se quer sabemos se vai dar certo, ou se vai durar?!
Eu joguei a cabeça pra trás tentando não ficar com raiva, mas eu já
estava. Não dela, mas “disso” tudo e do que ela disse.
- “Nós não temos nada” É sério?! E “isso” que a gente estava fazendo
aqui ainda agora, então? Não foi nada? O jantar, o tempo que passamos juntos,
não foi nada também? - Dei ênfase no “isso”, pois era assim que ela chamava
o que tínhamos e me encaminhei para porta.
- Eu não disse isso. Você tá tirando tudo o que eu disse de contexto! –
Ela tentou defender-se – E mesmo se eu tivesse dito, você não tem o direito de
me cobrar nada! – Falou mais alto - A gente concordou que as coisas entre nós
iriam ser assim, que ia ser só isso.
- Eu sei disso! – Rebati, virando para encará-la - Sei que não estamos
juntos, tá bom?! Você não tem que me relembrar que é só isso a cada dez
minutos!
Eu me virei novamente pra porta e eu não sei se era a raiva, mas eu me
senti mais lúcido do que nunca antes sobre essa nossa “relação”.
É claro que
era bom demais estarmos juntos, mesmo sendo assim de qualquer jeito. Abraçá-la,
beijá-la e fazer amor com ela fazia tudo valer à pena, mas eu nunca iria passar
disso pra ela, uma simples distração sem a menor importância.
- Me desculpe por “isso” e por acreditar que iria conseguir fazer dar
certo. – Murmurei antes de sair, sei que ela ouviu.
Assim que cheguei às escadas eu senti o gosto amargo do arrependimento.
Eu estava sendo injusto com ela. Eu tinha dito que tudo bem, que as coisas
iriam ser do jeito dela, do jeito que ela quisesse, mas a verdade é que eu não
estou conseguindo segurar a barra.
Eu gosto dela.
Mais que isso, eu amo ela.
E eu quero mais que só... “isso”.
Quero sair, levá-la pra passear, jantar e à casa dos meus pais. Quero
dizer o que sinto e pedir pra ela ser a minha namorada de novo. E depois de um
tempo eu lhe daria um anel e pediria que ela me fizesse o homem de mais sorte
no mundo, ao aceitar ser minha pra sempre.
É isso que eu quero!
Eu quero toda uma vida ao lado dela!
Eu parei. Havia chegado ao meio das escadas, e de repente terminar o
percurso me pareceu à maior besteira que eu ia fazer na minha vida...
Droga, o que eu tô fazendo?
Fiz a volta e subi os degraus correndo, abri a porta do quarto de novo e
a surpreendi andando de um lado pro outro. Quando me viu, a surpresa em seu
semblante foi evidente, mas eu só consegui achar ela ainda mais linda.
- Você... voltou? – Murmurou e eu fui até ela e puxei-a pela cintura.
Será que ela não percebe que eu sou louco por ela?
Vi o início de um sorrisinho bobo se formando nos cantos de sua boca.
Juntei minha boca com a sua, em um beijo apaixonado. Ela retribuiu do mesmo
jeito, entreabriu os lábios com os meus e permitiu que minha língua invadisse
sua boca.
Eu não iria desistir dela!
Ficamos sem fôlego rápido, pela ansiedade do beijo, mas eu não me
preocupei em quebrá-lo e ela também não, ofegava contra a minha boca, mas sem
deixar meus lábios.
- Eu te amo! – Ofeguei encarando os mais bonitos olhos azuis que eu já
vi, que arregalara-se quando ela se deu conta do que eu havia acabado de dizer.
– É isso mesmo... – Falei um pouco mais claramente – Eu disse que amo você.
- Nick, eu não... – Não deixei que ela continuasse
- Miley, eu te amo, tá bem? Não estou te pedindo pra me corresponder.
Pelo menos não agora. – Toquei minha testa na sua - Eu só quero que me deixe te
dizer isso, que me deixe sentir isso! É só o que eu quero.
Eu não sabia se devia esperar por alguma resposta dela, eu nem sabia se
queria uma resposta.
Tinha sido loucura dizer que amava assim desse jeito.
Eu a ouvi suspirar e o meu coração deu um sobressalto.
- Acho melhor você ir embora. – Eu juro que quis morrer. Eu tinha dito
tudo que ela não queria ouvir e agora ela iria me pedir pra deixá-la – A gente
já demorou mais do que deveria aqui. – A sua voz tinha um toque de diversão que
eu não entendi imediatamente. Eu não a estava olhando diretamente, pois eu não
queria que ela me dissesse um “não” olhando dentro dos meus olhos, eu não
suportaria. Ela tocou meu cabelo do seu jeito carinhoso bem particular e eu não
entendi mais nada. Ergui meus olhos e ela estava sorrindo, parecia, sei lá...
feliz. – A Demi já deve estar achando que você vai dormir aqui de novo!
Eu sorri pelo seu sorriso, mesmo ainda não entendendo muito bem.
- É, depois de ontem ela com certeza deve achar que... Espera, a Demi
sabe que eu dormi aqui ontem?
Ela assentiu prendendo o riso e eu senti uma felicidade quase que
inexplicável tomar conta do meu peito.
Ela havia contado à melhor amiga.
Isso era um bom sinal, não era?
Quer dizer, na linguagem das garotas quando uma garota fala de um cara
pra outra é por que está interessada, não é?!
- Você sabe que a Demi é pior do que um cão farejador. É impossível
esconder qualquer coisa da sua cunhada.
Eu gargalhei, mas não por ter achado o comentário assim tão engraçado,
apesar de concordar em gênero, número e grau, mas ri porque me senti
lisonjeado.
Ela falou sobre a noite de ontem e sobre mim. E se ela falou foi por que
gostou o suficiente pra achar que valia a pena o comentário.
Pousei minhas mãos sobre seus quadris. Dei uma olhada rápida em seu
corpo e no lingerie com o qual eu provavelmente sonharia essa noite e cheguei
mais perto.
- É, essa sua amiga é mesmo muito fofoqueira! – Disse colocando meus
lábios próximos aos seus e a Miles apesar de ter rido, deu um tapa no meu braço
defendendo a amiga – Mas já que ela já sabe aonde é que eu ando passando a
noite, acho que só mais uma vezinha não faria mal.
- Você não toma jeito mesmo, não é? – Ela me analisou
- Com você? Nunca! - A puxei pra mim, colando nossos lábios.
(...)
Depois de vários beijos que quase tomaram um rumo mais “sério”, por
assim dizer, a Miley me levou até a porta.
- Tem certeza? – Perguntei – Quer mesmo que eu vá embora? – Era
pateticamente divertido, só ficar enrolando pra não ir.
Eu queria beijá-la de novo e depois de novo, sem nunca parar.
- Uhum! – Ela assentiu. Desvencilhou-se dos meus braços e girou a
maçaneta – Vamos lá Jonas, dê o fora da minha casa! – Ela abriu a porta e
apontou pro lado de fora.
Eu caminhei até o lado de fora obediente, mas não deixei que ela
fechasse a porta sem roubar mais um beijo.
- Não vou mais te convidar pra vir aqui! – Reclamou com a boca ainda
contra a minha – Você é mais difícil de expulsar do que os parentes chatos! –
Eu ri e ela junto comigo, aí ela me beijou.
- Na verdade é você que não quer que eu vá! – Falei – Fica aí me
mandando ir embora, quando na verdade está tentando de tudo pra eu ficar...
Olha só, veio me trazer na porta só de lingerie. – Deixei que um de meus dedos
escorregasse em sua pele, bem rente a um de seus seios. – Fala a verdade, você
faz essas coisas só pra me provocar, não é?
- Não seja convencido, nem tudo no mundo é sobre você, Nicholas. – Ela
usou seu tom mais esnobe – O meu bom gosto pra lingeries, por exemplo, não tem
nada a ver com você! – Ela colocou uma mão na cintura, o que afastou um pouco o
robe e me deu uma visão privilegiada da sua calcinha.
Notei uma coisa que eu ainda não tinha reparado. A lateral da peça eram
só duas tirinhas... Como diria o Josh, Cruel!
- Tá, mas eu devo dizer que aprovo totalmente o seu bom gosto pra
lingeries, amor. – Ok. Eu sou um cara decente, mas... Puta merda! Eu tinha que
passar a mão naquelas tirinhas!
Coloquei a mão em sua cintura e tentei disfarçar enquanto descia até
onde eu realmente queria colocá-la. Vi seu típico sorrisinho antes dela acabar
com a minha diversão e fechar a porta mais um pouquinho, deixando só uma fresta
entre a gente.
- Se quando você chegar em casa a Noah ainda estiver acordada, manda ela
vir dormir aqui. – Pediu - Não quero dormir sozinha.
Muito cruel!
- Vai dormir sozinha por que quer. Eu estou bem aqui, totalmente
disponível!
- Vai pra casa, Jonas! – Ela fechou a porta.
Eu voltei pra casa tendo certeza que não ia conseguir dormir direito, só
pensando nela.
(...)
Narrado por Liam
- Por favor, senhor, por favor, não faça isso! Eu tenho família, filhos!
– o homem implorava enquanto meus capangas o arrastavam pra dentro de um
armazém abandonado que ficava longe o suficiente pra que ninguém tivesse que
escutar os gritos vazios desse infeliz. – Eu juro que vou pagar tudo o que devo
a vocês. Eu só preciso de um pouco mais de tempo!
Aquele imbecil acreditava mesmo que eu estava dando alguma atenção aos
seus choramingos.
Só que eu não estava.
Tudo que eu conseguia pensar era “nela”.
Eu precisava dar um jeito de trazê-la de volta, mas eu ainda não sabia como. Contanto que eu a trouxesse pra cá, eu tinha meios de fazê-la ficar e nunca mais voltar pra aquela maldita Califórnia e o bando de caipiras imbecis que ela chama de família e amigos, que só querem separar nós dois. Mas isso não importa mais porque eu já tinha o plano perfeito. Miley iria se casar comigo, eles gostando ou não disso.
Ela vai ser minha!
Só que eu não estava.
Tudo que eu conseguia pensar era “nela”.
Eu precisava dar um jeito de trazê-la de volta, mas eu ainda não sabia como. Contanto que eu a trouxesse pra cá, eu tinha meios de fazê-la ficar e nunca mais voltar pra aquela maldita Califórnia e o bando de caipiras imbecis que ela chama de família e amigos, que só querem separar nós dois. Mas isso não importa mais porque eu já tinha o plano perfeito. Miley iria se casar comigo, eles gostando ou não disso.
Ela vai ser minha!
Eu só preciso pensar em alguma coisa que seja boa o suficiente pra
fazê-la voltar aqui, pra que então eu possa finalmente colocar o meu plano em
ação e me casar com a mulher que eu escolhi pra mim.
Só que a Miley ter descoberto o meu caso com a Delta e terminado comigo
não fazia parte desses planos.
Eu sei que ela está magoada, mas também sei que isso passa. Eu vou voltar pra Los Angeles semana que vem e vou dizer meia dúzia de bobagens românticas e sei que ela vai ficar toda derretida novamente. E se não fosse a maldita família dela, tenho certeza que até a convenceria a voltar o quanto antes pra cá.
Só que esse divórcio dos pais dela está estragando tudo!
Eu sei que ela está magoada, mas também sei que isso passa. Eu vou voltar pra Los Angeles semana que vem e vou dizer meia dúzia de bobagens românticas e sei que ela vai ficar toda derretida novamente. E se não fosse a maldita família dela, tenho certeza que até a convenceria a voltar o quanto antes pra cá.
Só que esse divórcio dos pais dela está estragando tudo!
Seria tudo tão mais simples se o velho caipira já estivesse morto. Eu
teria um empecilho a menos em nossas vidas e ainda evitaria me preocupar em ele
dar com a língua nos dentes.
Eu precisava correr, tinha que trazer a Miley pra cá o quanto antes.
Os meus homens amarraram o imbecil numa cadeira. Eles já tinham batido
tanto nele que estava totalmente desfigurado. É claro que eu não encostei um
dedo se quer nele. Não iria sujar minhas mãos com o sangue imundo desse
insignificante.
Ele gastava suas ultimas energias implorando para que eu o deixasse ir.
Só que ele devia a minha família mais dinheiro do que a porcaria da vida dele
valia.
Eu preparei a minha arma e apontei na cara dele.
Eu sempre detestei ter que fazer o trabalho sujo, mas eu não tinha
escolha. Enquanto o meu irmão mais velho cuidava dos grandes negócios eu
precisava lidar com esses vermes.
Eu estava cansando de sempre ser o número 2.
- Por favor! Por favor! – A figura do que um dia já fora um homem
balbuciava.
Eu já poderia ter atirado, mas aí seria fácil demais.
Eu já poderia ter atirado, mas aí seria fácil demais.
Eu empurrei o cano do revolver dentro de sua boca ensanguentada. Os
choramingos de mulherzinha dele já estavam me dando nos nervos.
Então eu tirei a minha outra arma do bolso e engatilhei diante de seus olhos, o covarde ficou com tanto medo que se mijou todo.
Então eu tirei a minha outra arma do bolso e engatilhei diante de seus olhos, o covarde ficou com tanto medo que se mijou todo.
Eu acabei com ele. Atirei com as duas armas ao mesmo tempo, o que
arrancou parte da cabeça dele e acabou espirrando um pouco de sangue na minha
camisa.
- Merda! – Eu berrei tentando limpar aquilo de mim, sem sucesso. Os
homens estavam me olhando temerosos pela minha reação. Até que um deles me
entregou um lenço para eu me limpar – E quanto a vocês, arranquem os dentes
dele e queimem as mãos e pés. Depois arrastem o corpo com um carro e só então
se livrem dele. Não quero que a policia o reconheça, entenderam?
Eles assentiram
Quando fazíamos uma limpeza dessas tínhamos de nos certificar que
ninguém encontraria nada.
Nunca!
Eu deixei que os meus homens cuidassem do resto e entrei no meu carro
com intuito de ir pra casa tomar um bom banho, mas antes que eu sequer desse a
partida, vi meu celular chamando e ao olhar no visor um nome bastante familiar
.
- O que você quer? – Atendi
- Nossa! Que humor! – Sorriu - Isso é jeito de atender quem te deixou
morrendo de saudades?! – Aquele tom exageradamente provocativo sempre me
deixava ainda mais irritado.
- Saudades?! – Eu ri – Saudades eu sinto do tempo em que você não tinha
o meu telefone.
- Ai, que crueldade! - Exclamou – Quem te escuta falando assim até
acredita que você não tá louco de vontade de me jogar na sua cama e...
- Olha aqui Delta, eu to sem tempo pra ficar em dirty talk com você. Se
tá carente vai procurar algum dos moleques com metade da sua idade pra quem
você costuma dar e me deixa trabalhar.
- Escuta aqui seu filho da puta, pra quem eu dou ou deixo de dar não é
da sua conta! E você deveria ser um pouquinho mais gentil com quem só tá
querendo te fazer um favor!
- Ah, então você tá querendo me fazer um favor?! – Ironizei – Tudo bem,
só me explica o porquê de tanta generosidade assim da sua parte, afinal nós
dois sabemos que você não faz favores pra ninguém. Pelo contrário, você vende
os seus favores, e a um preço bem chinfrim, pra qualquer um que quiser levar! –
Pude ouvi-la engolir seco do outro lado da linha.
- Tudo bem, já que você quer agir assim, eu vou te deixar saber aonde a
sua ex-noivinha vai estar amanhã e com quem, pelas revistas de fofoca.
Tchauzinho Honey!
- O que?! A Miley? Delta espera! – Ela desligou na minha cara.
Vi que ela tinha me ligado durante a noite toda e tive que ligar pra ela
umas trinta vezes até ela atender.
A Delta é uma mulher insuportavelmente irritante, mas eu posso ser muito insistente quando quero e ela sabe disso.
A Delta é uma mulher insuportavelmente irritante, mas eu posso ser muito insistente quando quero e ela sabe disso.
- Para de me ligar! – Ela berrou
- Então termina o que começou! – Rebati
- Ok. Quero dez mil dólares na minha conta agora ou eu desligo o
telefone e te deixo ser o ultimo a saber, como todo corno sempre é. – A Delta
sabia a maneira perfeita de me irritar o máximo sem ter que dizer muita coisa.
Eu bufei e ela sorriu.
- Certo, mas eu quero a informação completa e quero um convite de onde quer
que seja.
- Feito. – Ela fez uma curta pausa – Amanhã a noite é a festa da
gravadora do Mallone.
- E daí? A Miley não trabalha mais pra ele, nem deve ter sido convidada.
- Aí é que está, ela não trabalha mais pra ele, mas o amiguinho e
acompanhante dela trabalha.
- Do que você ta falando, Delta?
- Como você tá ficando lento Liam, o seu raciocínio já foi mais rápido
do que isso! – Desdenhou – De quem você acha que eu estou falando?!
É claro que eu tinha um palpite, mas pela primeira vez na vida eu estava
torcendo pra estar errado.
Não poderia ser ele. Até onde eu me lembro a Miley o odeia, e pra mim tá muito bom assim.
Não poderia ser ele. Até onde eu me lembro a Miley o odeia, e pra mim tá muito bom assim.
- Eu não sei Delta e estou te pagando muito bem por informação e não por
um jogo de adivinhação, então me diz o nome!
- Nick Jonas. – Ela disse e eu fiquei mudo. Só ouvir esse nome me dava
vontade de meter uma bala bem nas fuças daquele desgraçado – A Miley vai a essa
festa com ele. Eu mesma o ouvi dizer ao agente que iria levá-la e ainda tem
mais, só que a informação adicional vai te custar um pouco mais.
- O quanto mais? – Perguntei entre dentes.
- cinco mil dólares. Ah, e um vestido Christian Dior pra eu usar na
festa.
- Que seja, mas é bom que essa informação valha bastante à pena!
- Ah, ela vale! – Riu – O Nicholas está tentando ajudar a sua noiva a
conseguir um contrato com outra gravadora aqui em Los Angeles. O agente dele já
entrou em contato com algumas pessoas e eles vão querer falar com a Miley
pessoalmente na festa, inclusive um tal de Steve Adam, que é apenas o produtor
musical mais bem sucedido do país. – Essa informação tava levando mais
tempo do que eu realmente gostaria para ser processada. – Ah, e só pra você
saber, Nick levou ela pra jantar hoje...
Então, quer dizer que esse infeliz está mesmo pretendendo se meter entre
mim e a Miley outra vez?
Só que dessa vez eu não vou deixar. E mais do que isso, eu vou acabar de
uma vez por todas com esse maldito fantasma de amor do passado.
- ...Você tem que vir pra cá o quanto antes! – Delta continuava falando
ao telefone. – Deixa o seu irmãozinho limpar a própria sujeira e você vem
tentar arrumar a bagunça que você deixou nesse seu relacionamentozinho com a
rainha do drama, ou pelo menos o que restou dele. Liam?...Liam?!
Eu desliguei. A última coisa que eu precisava era continuar ouvindo a
Delta. Eu não tinha mais tempo, eu precisava armar alguma coisa pra conseguir
trazer a Miley de volta e dessa vez pra sempre.
E rápido!
Liguei pros meus capangas e mandei que arrumassem um jato o quanto
antes, assim que amanhecesse o dia. Eu não iria perder essa festa por nada.
(...)
Durante a noite eu acabei pensando numa coisa que talvez fosse dar
certo, eu só iria ter que interpretar o meu melhor papel de noivo apaixonado.
Já tinha arrumado um médico que alterou os exames como eu pedi por uma quantia significativa de dinheiro, é claro.
E conhecendo a minha linda noivinha ao ler esses exames e saber “disso” ela iria voltar pra mim e nunca mais me deixaria.
Já tinha arrumado um médico que alterou os exames como eu pedi por uma quantia significativa de dinheiro, é claro.
E conhecendo a minha linda noivinha ao ler esses exames e saber “disso” ela iria voltar pra mim e nunca mais me deixaria.
E talvez eu nem tivesse que usar a carta que eu tenho na manga. É,
a morte daquele professorzinho de fotografia veio bem a calhar...
Continua...
N/A: Feliz 2018!
N/A: Feliz 2018!