"Eu não conseguiria ficar longe de você nem que quisesse..."
Narrado por Nicholas.
Los Angeles,
Califórnia, 22:14 PM (Horário Local) Em frente a mansão dos Cyrus.
Tudo aconteceu rápido demais. Em um segundo, Miley estava
parada ali, firme e forte, parecendo inabalável, mesmo diante àquela situação
toda, e no outro... No outro ela já havia desfalecido.
Soltei meus braços que estavam envoltos na Noah. Até ouvi
alguns gritos da menina pela irmã mais velha, mas nada que fosse capaz de
desviar minha atenção da imagem da minha Miles desacordada ali naquele chão
frio. Eu acho que nunca vou conseguir explicar o que passou pela minha cabeça
no instante em que a vi cair. Sei que pode parecer muito egoísmo da minha parte
dizer isso numa hora dessas, mas tudo que eu consegui pensar na hora foi que eu
não conseguiria viver sem ela e que se de repente algo acontecesse a ela, eu
não sei nem o que eu faria...
Imediatamente fui até ela e a peguei no colo. Seu corpo
estava gelado e ela ficara extremamente pálida dentro de poucos instantes. Eu
não era um médico e nem nada do tipo, mas soube que, o quer que fosse que tinha
acontecido com ela, era grave.
- Miley!... – Noah se aproximou - Nick, o que aconteceu com
ela?! E o que a gente faz agora? –Ela parecia cada vez mais desesperada - Chama
uma ambulância?! – Questionou estabanada.
- Pode não dar tempo! – Retruquei entre dentes.
Eu olhava para todos os lados tentando adivinhar o que
fazer. É claro que o fato de eu estar totalmente desesperado e atordoado e toda
essa pressão momentânea não estavam ajudando em nada, mas sem pensar muito nos
detalhes eu só fiz a primeira coisa que me veio à mente: Corri com ela pro meu
carro. E enquanto eu corria, só conseguia implorar mentalmente: “Por favor,
acorda! Por favor, não me deixa! Não me deixa!”
- Nick, o que você está fazendo? – Mandy - Aonde você vai
com ela assim? – Perguntou quando passei por ela. Sem tempo para explicações,
eu apenas acomodei a Miley no banco de trás do carro e fechei a porta.
- Mandy, por favor, cuida das crianças pra mim! – Falei
enquanto pegava as chaves e entrava no carro.
- Nick espera! Eu vou com você! – Noah apressou-se em se
impor. Eu apenas sinalizei com a cabeça pra que ela entrasse no carro de uma
vez e ela o fez.
Pisei fundo e chegamos ao hospital mais próximo em tempo
recorde, só que como não éramos clientes deles, então, só digamos que eles
estavam burocratizando demais o atendimento...
- Qual é mesmo o sobrenome da paciente?
- É Cyrus! O nome dela é Miley Ray Cyrus! – Repeti pela
terceira vez, eu acho. Juro que pela primeira vez na minha vida tive vontade de
socar uma mulher.
- Desculpe! Facilitaria se o senhor tivesse trazido os
documentos da paciente. – A mulher retrucou num ar do tipo: “eu estou certa e
você errado”. Eu não dava a mínima, só queria que viessem atender logo a Miley.
– Moça, será que você não tá vendo que ela está desmaiada
aqui no meu colo?! Acha mesmo que eu ia parar pra pensar em trazer documento?! –
Retruquei – Será que você não poderia agilizar um pouco isso aí?!
- Bom senhor, primeiramente eu vou ter que pedir que o
senhor se acalme. Esses procedimentos são necessários para a entrada e
permanência da paciente nesta clinica. – Ela me olhou altiva, e eu apenas
bufei. Eu sei que ela só estava fazendo a droga do trabalho dela, mas cada
segundo que passava estava contando e o tempo não estava ao meu favor - Bem,
como vocês não são nossos clientes, eu vou precisar de um cheque pra servir de
caução pelo quarto e atendimento da senhorita “Cyrus” – A atendente continuava
digitando sem nem se quer olhar na minha cara.
– Olha moça, eu não sei como as coisas funcionam por aqui e
sinceramente não me interessa! – Pedi a Noah que colocasse a mão no meu bolso e
apanhasse a minha carteira, já que eu ainda estava com Miley em meus braços. –
Toma aqui. Acho que isso é o suficiente pra que ela tenha o melhor atendimento
que a porra dessa clinica possa oferecer! - Entreguei a ela o meu cartão, um
Mastercard Black ilimitado - Preciso que alguém venha ver ela agora!
A moça me olhou dos pés a cabeça e depois encarou o cartão.
Ela podia não fazer a mínima ideia de quem eu era, mas vai por mim, um
Mastercard Black ilimitado diz muito sobre você...
- Tudo bem senhor Jonas, vou encaminha-la pra emergência
agora mesmo!
- Obrigada! – Disse ironicamente.
Dentro de instantes um enfermeiro apareceu para levar a
Miley. Ela ainda estava desacordada. Suas mãos e pés estavam gelados e sua
respiração pesada. Ele tomou o pulso dela e também viu batimentos cardíacos e
sem nos dizer nada a levou para área da emergência.
- Ei! Ei espera! Pra onde ele tá levando ela?! – Tentei
segui-lo, mas fui barrado pela tal atendente.
- Tudo bem, ele só está a levando para ser atendida por um
de nossos médicos.
- Mas eu preciso acompanha-la! - Insisti
- Não pode, a área da emergência é restrita aos médicos! –
Ela retrucou – Daqui a pouco o doutor trará notícias. Enquanto isso o senhor,
por favor, espere!
Contra a minha vontade, eu me sentei em uma das cadeiras da
recepção junto com a Noah.
- Nick, você acha que
ela vai ficar bem? – Noah perguntou quebrando os poucos segundos de silencio
que se instalaram entre nós.
- É claro que vai! – Afirmei. E só o que eu queria agora era
estar certo – Isso foi só um susto. Sua irmã é a mulher mais forte que conheço.
– Passei a mãe em seu cabelo e tentei sorrir.
- Eu sei que ela é forte. –Murmurou - Mas aconteceram tantas
coisas com a gente, até a minha mãe foi embora, então, parece que só ser forte
não é o suficiente. – Fez uma pausa – Mas sabe, sempre que algo ruim acontecia
eu pensava: “Pelo menos eu tenho a Miley. Ela tá aqui e vai cuidar de mim.” E
agora... – As lágrimas começaram a rolar em seu rosto e eu não disse nada
porque nada do que eu dissesse faria alguma diferença. Aquela garota estava passando
por mais problemas do que qualquer adulto poderia suportar e até então eu nunca
a tinha visto chorar. Achei que ela precisava disso, mas a pequena limpou as
lágrimas rapidamente. – E agora eu é que tenho que ser forte e cuidar dela, não
é?! – Ela me olhou - Porque se fosse o contrário, sei que era isso que ela
faria.
Eu sorri e a abracei de lado. Havia muito da Miley na Noah
na aparência, é verdade, mas havia ainda mais na personalidade.
Pouco tempo depois uma movimentação estranha lá pelas bandas
dos corredores pelos quais tinham levado a Miley me fez sentir um frio
desconfortável na espinha. Vi que a Noah também havia percebido e também notei
que a atendente estava distraída fofocando no telefone. Então nem pensei duas
vezes. Corri na direção da emergência e Noah veio atrás de mim.
- Ei senhor! Senhor espere! O senhor não pode entrar aí! – A
mulher gritou quando já era tarde demais e eu já havia travessado pelo
corredor.
Vi um médico apressado entrando numa sala e o segui. Eu não
sabia direito para onde estava indo, mas continuei seguindo mesmo assim.
- Acha que foi pra lá que a levaram? – Noah perguntou
provavelmente tão aflita quanto eu.
- Não sei! – Respondi. Eu realmente não sabia, mas algo me
dizia que a Miley estava lá.
E eu estava certo.
Apressei meus passos e corri para aquela porta. Não pude ver
muita coisa antes de um enfermeiro vir para me colocar pra fora, dizendo que eu
não podia ficar ali. Só deu tempo de vê-los colocarem ela deitada em uma
plataforma no centro do quarto e o médico que eu segui preparando alguma coisa
pra aplicar nela.
- O senhor não pode ficar aqui! – Enfermeiro – Tem que sair!
Estavam todos apressados, fazendo um monte de coisas ao
mesmo tempo. O tal médico parecia ser o principal responsável pelos
procedimentos. Ele pressionava as duas mãos sobre o peito dela como que
tentando uma ressuscitação.
Eu não fazia ideia do que estava acontecendo com ela agora.
Vi quando ele gesticulou negativamente com a cabeça para a
enfermeira auxiliar que estava com ele.
Meu coração ficou acelerado. O que tá acontecendo lá?! Que
diabos tão fazendo com ela?
Então o vi pegar um daqueles aparelhos de ressuscitação.
- Senhor, já disse que o senhor tem que sair daqui! – O
enfermeiro repetia, tentando fechar a porta, mas eu não deixava.
Uma enfermeira aplicou alguma coisa nela de novo e o médico
esfregou as duas partes do aparelho uma na outra e novamente pressionou contra
o peito dela. O corpo inteiro vibrou, mas não houve reação.
- Me desculpe, mas você não pode ficar aqui! - O enfermeiro parou
de fazer corpo mole e me empurrou porta a fora.
Tentei entrar mais
uma vez, só que dessa vez fui impedido por um segurança brutamontes que
praticamente me arrastou para longe da porta.
- Eu tenho que entrar aí! – Retruquei – Eu tenho que ficar
com ela!
- O senhor não pode entrar aí! – O homem advertiu – É área
restrita. Por favor, me acompanhe ou eu vou ter que pedir que se retire deste
hospital...
- Nick! – Noah me olhou como que pedindo pra eu obedecer –
Tudo bem senhor, nós vamos sair, desculpe. – Ela me puxou pela mão. E embora
minha vontade fosse voltar e invadir aquele quarto, eu apenas voltei para a
recepção e fiquei ali com a Noah, vendo os minutos virarem horas enquanto
esperávamos por alguma notícia dela.
(...)
- Por favor, os familiares da paciente Miley Cyrus! – A
atendente chamou e eu levantei os olhos. Vi que o médico, o qual eu havia
seguido, parado, olhando algo numa prancheta.
- Somos nós! – Fui até eles e Noah veio comigo – Ela é a
irmã e eu sou o...o...- Gaguejei. Acabei lembrando que não sou nada da Miley.
- E ele é o marido dela! – Noah falou com tanta firmeza que
até eu a olhei espantado – É que o pobrezinho tá tão nervoso com tudo que
aconteceu que até perdeu a fala. Né, cunhadinho?! - Ela me lançou um olhar do
tipo “Só confirma tudo que eu disser”.
- Éh... – E eu ainda era um péssimo mentiroso. Por sorte, o
médico pareceu não ligar muito pra se isso era verdade ou não.
- Bem, vocês já podem ficar tranquilos que a moça já está
fora de perigo. – O médico se pronunciou pela primeira vez e eu quase o abracei
de tanta alegria.
- Sério doutor?! Graças a Deus! – Noah
- E nós já podemos vê-la?! – Perguntei.
- Poderão, daqui a pouco. Antes eu quero tratar de algo
muito sério sobre a sua esposa. – Ele me encarou – Apesar do perigo maior já
ter passado, o que aconteceu com ela foi muito grave. Foi um tipo de arritmia
cardíaca incomum, que quase ocasionou falência total no miocárdio... – Fez uma
pausa. Acho que percebeu que nem eu e nem a Noah estávamos entendendo muita
coisa do que ele estava dizendo. – Bem, quando a paciente chegou aqui, a taxa
de batimentos cardíacos estava oscilando entre 20 e 40 por minuto e caindo. – O
médico continuou - Essa taxa varia normalmente em adultos entre 60 a 100 batimentos
por minuto. O coração dela chegou a quase parar totalmente por alguns segundos.
Tivemos que usar conversão elétrica, dando choques externos para reanimar o
coração e coloca-lo de volta ao ritmo normal. E bem, entendam que eu sou apenas
o médico plantonista, e essa área específica não é a minha especialidade, mas
ela me parece jovem demais pra um quadro diagnóstico como o que tivemos hoje.
Se vocês não a tivessem trazido pra cá imediatamente, ela poderia até ter
morrido. Eu sei que eventualmente isso pode até se encaixar apenas uma resposta
fisiológica do corpo ao estresse, por exemplo, mas tenho que conscientizá-los
que isso também pode ser mais grave do que parece.
- E o que podemos fazer? O que o senhor acha melhor ser
feito?! – Perguntei tentando conter o desespero.
- Por enquanto, nós aplicamos alguns medicamentos e vamos
observa-la pra ver se os seus batimentos vão continuar estáveis durante a
madrugada. – Ele começou – Como eu já disse antes, essa não é a minha área
específica então eu já a encaminhei o caso a um outro médico que vai examina-la
e indicar um tratamento específico e mais adequado. – Ele me estendeu a
prancheta – Aqui tem a autorização para fazer um eletrocardiograma completo na
paciente, que será feito logo pela manhã, assim que ela acordar. Precisamos
fazer o eletro o quanto antes por ser mais emergencial e necessário para que o
outro médico possa ter noção do estado cardíaco da paciente. Os demais exames
ele mesmo vai indicar, mas por enquanto preciso dessa autorização assinada.
Acho que o senhor, como marido, pode fazê-lo.
Eu gelei. Como iria assinar aquela merda de autorização se
eu não era casado com ela porra nenhuma. Agora eu estava ferrado!
- Vamos lá, Nick. É só assinar! – Noah sorriu como se fosse
à coisa mais simples do mundo. – Assina logo isso pra gente ir ver a Miles! –
Sussurrou só pra mim.
E quer saber? A Noah tem toda razão. Mandei tudo pro espaço
e assinei aquilo. O mais importante agora é que fosse feito até o impossível
pra que a Miley ficasse bem.
Devolvi a permissão assinada ao médico.
- Certo. Agora vou leva-los para vê-la, venham comigo. –
Pediu que nós o acompanhássemos por um outro corredor, dessa vez um que levava
para os quartos dos pacientes. Quando entramos num deles, a primeira coisa que
notei é que a Miley já parecia realmente melhor, estava mais corada e
respirando compassadamente, o que também me fez finalmente respirar um pouco
mais aliviado depois dessa noite. Agora ela parecia apenas estar dormindo
tranquilamente.
Noah foi a primeira a se aproximar dela. Ela correu pra
perto da cama e logo se acomodou na poltrona próxima, observando a irmã com
cuidado. Eu fiquei parado na porta, o doutor ainda estava falando, passando
mais algumas recomendações, mas pra ser sincero eu não estava mais prestando
atenção. Eu só conseguia olhar pra aquela cena e agradecer a Deus por ela estar
a salvo.
(...)
Noah havia dormido rente a cama em que a Miles estava. Ela
parecia bem desconfortável sentada na cadeira e debruçada sobre a cama daquele
jeito. Eu a peguei no colo e coloquei deitadinha no sofá, não era muito melhor
que a cadeira, mas pelo menos o espaço era maior.
Tomei o lugar que anteriormente era da Noah e fiquei
observando a minha pequena de perto. Os enfermeiros vinham de hora em hora
verificar os batimentos cardíacos dela e diziam que estava tudo bem, mas ela
ainda não tinha acordado. Eu não vou negar que parte de mim ainda estava
preocupado, mas a outra parte, ao vê-la assim dormindo tão serena, custava
acreditar que havia algo de errado nisso...
Deveria ser assim sempre, todas as noites. Digo, não o
hospital e essa confusão louca, mas eu e ela. Eu deveria poder olhar pra ela
assim todas as noites. E ela deveria ser mesmo a minha esposa, não era pra ser
mentira...
Se há um ano eu não a tivesse deixado ir talvez...
Miley se mexeu um pouco e a minha linha de raciocínio se
perdeu. Não abriu os olhos, mas a enfermeira disse que qualquer tipo de reação
e movimentos involuntários eram um bom sinal.
Esperei um pouco mais pra ver se ela abriria os olhos, mas
não aconteceu.
Isso estava acabando comigo. Eu queria que ela acordasse pra
eu poder ter certeza que estava tudo bem. De que não estava doendo nada e que
ela poderia voltar pra casa logo como se nada disso tivesse acontecido.
Como se NADA DISSO tivesse acontecido.
O que eu não daria pra voltar no tempo?
Voltar pra aquele maldito dia a um ano atrás, em que eu a
deixei sair por aquela porta. E tudo só por causa do meu orgulho. O meu maldito
ego que não me deixava enxergar um palmo a frente do meu nariz...
Flash Back On
- Bom dia Nicky! – Ela me cumprimentou sorrindo. Acabara de
despertar do que parecia ter sido um sonho bom.
Eu não estava na cama já há algum tempo. Estava parado rente
a janela do quarto recolocando em ordem os motivos pelos quais eu achava que
deveria tirar a Miley de uma vez por todas da minha vida.
Éh, isso até ela acordar e sorrir pra mim daquele jeito, com
aquele sorriso doce que me desmonta inteiro. Eu a olhei fixamente por alguns
segundos, juro que pensei em mandar as minhas “razões” e “motivos” pro espaço e
só voltar pra aquela cama e fazer amor com ela de novo. E como eu me arrependo
de não ter seguido esse meu instinto... Mas a raiva foi mais forte do que eu.
Em vez disso, eu pensei nos
“motivos”:
1 – Ela havia me traído, com o mesmo cara de anos atrás,
pelo qual ela me deixou.
2 -Talvez ela o amasse. Ou talvez não amasse ninguém, não
fazia diferença. Ela não me amava.
3 – Eu havia praticamente pegado os dois juntos no dia
anterior.
4- Porra! Eu a amo demais e isso tá doendo pra caralho!
5-E ela só estava
ali, parada, sorrindo pra mim como se nada tivesse acontecido...
- Acho melhor você ir embora daqui, Miley! – Disse sem pensar
nas consequências. Parte de mim realmente queria que ela fosse e que saísse da
minha vida de vez. A confusão entre os meus sentimentos e o que estava passando
pela minha mente, a minha “razão”, não me deixou me dar conta do quanto isso
soou estúpido. Eu estava tão ferido e com tanta raiva dela, afinal de contas
ela tinha me traído e me humilhado no dia anterior, e mesmo assim eu tinha sido
fraco o suficiente pra não conseguir resistir a ela, então agora querer
machuca-la, de algum jeito, era apenas uma atitude auto defensiva.
Seu sorriso se desfez.
- Mas Nick... Como assim ir embora? – Encarou-me sem entender – E
ontem? E nós? Como a gente fica?- Aquela pergunta me pegou de surpresa.
E eu nem lembro mais o que eu achei na hora, talvez tenha achado que ela estava
sendo sarcástica, ou sei lá o que, mas lembro exatamente da minha resposta e
não me orgulho dela, nem um pouco.
- Nós? Como ficamos?! – Ri sem humor – Não existe “nós” Miley. Não temos
nada. Não estamos juntos.
- Mas...E ontem? E as coisas que dissemos? Eu achei que... –
Ela sussurrou enquanto se aproximava. Tudo que cobria seu corpo nu era o lençol
da cama que ela mantinha rente ao peito com uma das mãos. Nunca parei pra
pensar no quanto ela deveria estar se sentindo desconfortável com aquela
situação. Estava totalmente vulnerável e indefesa enquanto o cara com quem ela
tinha passado a noite a mandava embora.
-Achou errado! – Interrompi – Foi só uma noite, Miley. Só uma
transa – Não consegui continuar a encará-la. Mesmo que aquelas palavras
estivessem sendo ditas com ódio e desprezo, não era simples dize-las olhando
nos olhos dela. Eu a amava demais para que conseguir magoa-la fosse algo que
pudesse ser figurado como irrelevante. – Eu estava bêbado e carente, e você até que
me distraiu bem, mas foi só isso. Não achou mesmo que eu iria querer alguma
coisa séria com uma vadia como você, achou?!
Eu nem bem terminei a frase quando aquela dor latejante
atingiu meu rosto. Miley acabara de me dar um tapa que deixaria a marca de seus
dedos em meu rosto. Esfreguei a mão no lugar da bofetada por causa do ardume e
quando iria dizer algo mais para feri-la mais, tentando não sair por baixo após
sua ousadia em me esbofetear, eu vi as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
Não eram lágrimas de tristeza ou raiva, era apenas
incredulidade.
Ela não conseguia acreditar no que eu havia feito e dito,
parecia perplexa ainda. Eu também estava.
Afastou-se ainda em silencio. Vestiu-se rapidamente e eu
ainda estava estático. O ultimo olhar que ela me lançou parecia ter arrancado
um pedaço do meu peito e aquele tapa tinha doido muito mais fundo do que ela
poderia imaginar...
- Numa coisa eu concordo com você Nicholas. – Ela disse prestes
a sair pela porta do quarto – Eu não sou mulher pra você! – E
aquele foi o momento em que a ficha caiu. Eu soube que ela iria embora e também
soube que eu não queria que ela fosse. O ódio, raiva, mágoa ou seja lá o que
for que eu sentia por ela não podia se comparar a dor de perdê-la de vez. Eu
queria parar tudo e pedir pra ela ficar, pra esquecer tudo que eu disse cinco
minutos antes e me dar uma outra chance, mas eu não sentia que tinha direito de
pedir isso dela. – Eu sou boa demais pra você e você não me merece!
Flash Back Of
Eu fui um imbecil! Eu mereci aquele tapa... Eu mereci perdê-la!
Se ao menos eu tivesse outra chance, eu nunca, nunca, nunca
mais a deixaria ir. Nunca!
Aproximei-me um pouco mais do leito, lembrando-me do quanto
hoje foi desesperador imaginar perdê-la para sempre. Quer dizer, sei que não
estamos juntos agora, mas eu posso pelo menos me contentar com olhá-la de longe
pela janela do meu quarto à noite, ou em vê-la casualmente por aí...
Perde-la para sempre seria doloroso demais. O mundo, o meu
mundo, nunca mais teria cor ou graça sem ela. Nada mais faria sentido...
Tão perto e tão longe. Agora eu sei o real significado
disso!
Olhei para o seu rosto e suspirei. Tinha uma coisa que eu
queria que ela soubesse, que eu precisava dizer pra ela...
- Ei, você me deu um susto hoje, viu?! Por um segundo achei
que te perderia... – Deslizei os dedos delicadamente em sua mão – Fiquei
desesperado. Não posso imaginar viver num mundo sem você. – Parei o carinho e
segurei sua mão – Eu te amo. – Falei encarando nossas mãos juntas e depois a
olhei e sorri – Você não faz nem ideia do quanto! Estou até ansioso pra que
você acorde logo e brigue comigo por ter dito ao médico que sou o seu marido...
– O meu riso aumentou ainda mais imaginando o quanto isso vai deixa-la furiosa
amanhã. E o quanto eu vou me sentir inexplicavelmente feliz quando ela começar
a gritar comigo dizendo que eu não deveria ter feito isso, que eu não tinha o
direito e blá blá blá. Parece mentira, mas isso é só o que eu quero ouvir. - E
eu nem vou ligar. Só vou achar graça da sua carinha linda de brava, e do jeito
como você revira os olhos como sempre faz quando tá com raiva... E então eu vou
te abraçar, o mais forte e mais apertado que eu conseguir. Aí você vai tentar me
afastar, como sempre, só que antes eu vou te beijar e vou te fazer ficar calada
da única maneira que consigo. Pra poder te dizer tudo isso que eu to te dizendo
agora de novo, olhando nos teus olhos.
(...)
Narrado por Miley
Los Angeles,
Califórnia, 06:17 AM (Horário Local) Clínica Particular em Toluca Lake.
- Senhora Jonas?
Senhora... Pode me ouvir? – Abri os olhos devagar. Vi meio turva a
imagem de uma moça morena. Minha primeira reação foi tentar me levantar e
arrancar aquela máscara de ar do meu rosto, mas ela me impediu. – Calma, calma!
Está tudo bem. Não se esforce tanto! – Ela me manteve deitada – Que bom que já
acordou! E bem antes da hora prevista! – Ela sorriu. Eu tentei falar, mas
aquele ar todo que vinha da máscara me sufocou um pouco. – Só um minuto! Deixa
eu tirar isso... – Ela retirou a máscara rapidamente – Acha que já consegue
respirar melhor? – Eu assenti – Ótimo! – Consegue falar? Como está se sentindo?
– Perguntou-me.
- B-Bem... Eu to...com sede! – Falei
- Ah, isso é natural... Está sem comer ou beber alguma coisa
desde ontem. Vou pegar um copo de água. Já aproveito e aviso o Doutor que a
senhora acordou e que os seus batimentos cardíacos estão dentro da normalidade.
– Ela me lançou mais um sorriso antes de ir em direção à saída da sala. – Ah,
olha só... O cobertor da menina caiu – Ela disse olhando pro outro lado do
quarto. Olhei na mesma direção e vi a Noah deitada no sofá, dormindo.
A enfermeira ajeitou o lençol com cuidado sobre ela.
- Moça?! – Eu me ajeitei na cama, sentando-me. – Isto é um
hospital, não é? Q-Quem me trouxe pra cá? O que... – Ela veio até mim
imediatamente, deitando-me novamente.
- Já disse que a senhora não pode ficar fazendo esforço! –
Repetiu – Isto é um hospital sim, a senhora chegou aqui ontem à noite, com a
sua irmã e o seu marido. Eles lhe trouxeram pra cá pois...
- Tá... Espera um pouco... Marido?! – Eu perguntei
incrédula. Tá certo que eu não sabia direito o que tinha acontecido ontem à
noite, mas eu lembrava muito bem de não ter me casado com ninguém até então...
- Sim, o seu marido, o senhor Jonas. – Ela o sinalizou com a
cabeça. Nick estava aqui também, dormindo todo desajeitado numa cadeira próxima
a minha cama. Eu fiquei olhando pra ele durante alguns segundos – Não consegue se
lembrar dele?! – Ela me encarou assustada.
- Não, não é isso. Eu me lembro dele, é só que... – Eu ia
dizer pra ela que ele não era meu marido coisa nenhuma e nem nada meu, mas não
sei por que, na hora de dizer, acabei decidindo não dizer nada - Nada, esquece!
Eu só devo estar com o raciocínio mais lento que o normal... – Falei e ela
sorriu.
- Ah tá, menos mal! Por um instante fiquei preocupada...
Agora deite-se e fique quietinha que o doutor daqui a pouco virá para vê-la! –
Ela recomendou e deixou o quarto.
Fiquei deitada encarando o teto. Depois fechei os olhos
devagar. A noite passada havia sido difícil e eu realmente não sabia como
exatamente eu tinha vindo parar aqui, mas de uma coisa eu lembrava bem...
Mamãe fazendo as malas. Ela entrando no taxi, depois de ter
tido a coragem de olhar nos meus olhos e me dizer que era pela gente...
Pura encenação!
Tudo Mentira!
Como alguém pode ser tão cínica?!
Respirei fundo. Eu só podia ser alguma espécie de
masoquista. Por que eu estou pensando nisso agora? Por que eu me importo?
Afinal, depois de ontem eu tive a confirmação de que ela não se importa!
Na verdade essa minha tendência na vida de topar com quem
não se importa tá quase virando um carma!
Virei de lado e olhei pra ele.
Eu só posso ser uma espécie de ímã pra esse tipo de gente. O
tipo que não se importa e não se manca!
Por que ele estava aqui, afinal? E porque havia dito que nós
somos... casados?!
Engraçado, se ele não estivesse parecendo tão desconfortável
nessa cadeira, poderia ser uma cena até fofa.
Senti minhas bochechas corarem com o meu ultimo pensamento. Havia
algo tão estranhamente familiar nessa cena. Tê-lo aqui, de certa forma, me
fazia sentir segura. Eu jamais iria admitir isso pra alguém, mas não posso
fugir de mim mesma. Ele ainda tem esse efeito sobre mim, quando ele está perto
parece que tudo fica bem, como se simplesmente sua presença fosse capaz de consertar
todas as coisas mal resolvidas que deixamos pra trás...
Eu o vi abri os olhos lentamente. Tentei disfarçar que eu o
estava olhando, mas ele parece já ter acordado com os olhos fixos em minha
direção. Então, em uma velocidade sobrecomum, ele levantou da cadeira num pulo e
se aproximou de mim.
- Você... Você tá acordada! – Constatou feliz – Mas você tá
bem?! Tá sentindo alguma coisa? – Ele tocou meu rosto. Seu tom de voz era
realmente preocupado e eu senti uma pontinha de culpa por ter causado isso.
- Não, eu tô bem... Tô legal! – Assegurei – Eu só quero sair
daqui o quanto antes!
- Lamento, mas isso ainda não será possível senhora Jonas! –
O médico, que acabara de entrar na sala, falou.
Eu olhei para o Nicholas como se não tivesse entendendo nada
a respeito desse “senhora Jonas” e ele apenas passou a mão pelo cabelo em uma
de suas características expressões de preocupação.
- Bem, por enquanto é mais seguro que a senhora permaneça
aqui no hospital. – Ele se aproximou – Bom dia! Então... – Ele olhou na
prancheta que trazia consigo – Parece que a senhora teve uma noite bastante
agitada ontem!
É, parece que sim, eu até me casei.
- Você nem imagina! – Resmunguei.
- Queda de pressão, batimentos irregulares, parada cardíaca
total por alguns segundos... Aqui na minha ficha consta que a senhora tem apenas
26 anos, certo?
- Sim.
- É, bem, realmente não é um diagnóstico comum na sua idade.
– Afirmou – Eu terei que fazer alguns exames pra obter resultados mais precisos,
mas antes disso eu quero fazer algumas perguntas pra avaliar qual será o
tratamento mais adequado.
O médico fez uma pausa e ficou verificando os dados nos
aparelhos. Eu continuei observando o Nicholas que agora estava parecendo que a
qualquer segundo ia ter um ataque de nervos.
- Aqui tudo parece perfeitamente dentro da normalidade. É
até espantoso, avaliando o seu estado ontem à noite. – Ele parou de anotar e
virou-se novamente em minha direção. – Bem, agora nós iremos fazer um
eletrocardiograma completo, dentre outros exames que serão necessários, mas
antes eu preciso de algumas informações. – Eu assenti e ele continuou – A senhora é
usuária ou ingere habitualmente bebidas alcoólicas, ou outras substancias
químicas como cigarro ou outras drogas e afins?
- Espera...O que?! Como assim? Que tipo de perguntas são
essas?!
- Senhora, esses dados são totalmente relevantes para uma
avaliação precisa do seu estado de saúde atual! Veja bem, um problema como o
que ocorreu ontem a noite pode estar relacionado a fatores diversos: Consumo
excessivo de álcool, cafeína e outras substâncias. O fumo, estresse emocional,
medicamentos calmantes em doses exageradas... Tudo isso pode ocasionar quadros
iguais ou até piores do que o que vimos ontem aqui. – O médico me encarava
seriamente.
- Ela é fumante sim doutor! – Nick respondeu por mim – Bebe um
pouco, mas apenas ocasionalmente. E, até onde eu sei pelo menos, não é
dependente química, mas é muito viciada em café! – Eu o encarei. Não achei que
ele ainda lembrasse do meu vício por cafeína, mas tudo bem. – Ah, e ela também
tem taquicardia, descobriu aos 13 anos.
- Bom, isso explica muita coisa. – O médico passou a
conversar diretamente com o Nicholas sobre mim e isso me irritou muito.
Quem ele estava achando que era? O que ele achava, que ainda
sabia tudo sobre mim?!
- Desculpe interromper, mas eu acho que a paciente aqui sou
eu! – Esbravejei - A minha taquicardia está sob controle. Eu venho tomando
todos os remédios religiosamente a mais de 10 anos. E o cigarro começou há
pouco tempo, eu não fumo mais que um maço por dia, não é nada demais! E quanto
ao café, bem, é verdade que eu sou viciada em café, mas muita gente também é! –
Aleguei.
- A senhora tem razão, mas posso afirmar sem medo de errar
que tudo isso contribuiu muito para essa sua visita a esse hospital, e pode até
parecer que não foi nada demais, mas quero me certificar que realmente não foi.
– Ele me encarou – Vou mandar a enfermeira vir apronta-la para os exames. – Ele
virou-se para deixar o quarto - Ah, esqueci de perguntar algo muito importante.
– Voltou a me encarar - A senhora não está gravida, não é?!
- O que?! Eu? Gravida?! Não, claro que não! – retruquei
- Desculpe, não me pareceu uma hipótese tão absurda levando
em consideração que vocês dois são um casal tão jovem... – Defendeu-se.
- É que não estamos planejando ter filhos agora! O nosso
casamento foi...recente! – Nick intrometeu-se
- É, muuuuuuito recente mesmo! – Retruquei encarando-o.
- Mas, em todo caso, é melhor o senhor ir chamar a
enfermeira! – Nick insistiu acompanhando o médico até a porta.
Depois que o homem saiu ele fechou a porta atrás de si.
- Eu juro que posso explicar!
- Eu acho bom mesmo! – Cruzei os braços encarando-o.
- O que tá acontecendo aqui?! Será que vocês dois não podem
discutir uma outra hora?! Eu quero dormir! – Noah resmungou ajeitando-se no
sofá.
- Noah, anda levanta! – Nick começou a tentar acorda-la
novamente – Fala pra sua irmã como nós tivemos que dizer que ela e eu éramos
casados e que isso foi tudo ideia sua!
- Ah muito bonito, né Nicholas?! Tentando culpar doces
garotinhas indefesas como eu das suas lorotas! – Ela sentou-se no sofá,
ajeitando um pouco o cabelo – Eu não tive nada haver com isso Miles! A ideia
foi toda dele! – Ela apontou para o Nick.
- Como é que é?!
A enfermeira entrou no quarto e eu sinalizei para os dois
calarem a boca. Mais tarde eu teria uma conversa muito séria com eles, a
respeito de ficarem mentindo o meu estado civil por aí, mas agora tudo que eu
não precisava é que essa enfermeira, além de tudo, ache que eu tenho
“Problemas” no meu “casamento”.
- Olá senhora Jonas! – A mesma moça de antes voltou para o
quarto – Eu trouxe a sua água e também vim apronta-la para os exames! – Ela me
entregou o copo de agua e quando eu percebi ela estava tentando tirar aquela
bata hospitalar que eu estava usando. Ela iria me deixar pelada aqui?! Eu
recuei e ela ficou me olhando – Ah, bem, talvez prefira que o seu marido faça
isso não é?! – Ela olhou para o Nicholas
- NÃO! – Berrei. Eu deveria estar mais vermelha que um
tomate. – Eu mesma faço isso e eu gostaria que ele não estivesse aqui. – A moça
ficou me encarando sem entender, mas o Nicholas tratou de dar o fora do quarto.
- Tudo bem. É normal não se sentir tão atraente quando se
está doente. Entendo a senhora não querer se despir na frente do seu marido
numa situação como essa! – Ela estava tentando parecer compreensiva e eu vi a
Noah prendendo o riso.
- Ah é! Porque ser sexy é tudo na vida, né Miles?! –
Ironizou. Eu ia acabar dando uns cascudos na minha irmãzinha que não parava de
dar risada da situação.
(...)
Depois de uma bateria de exames, e digo bateria mesmo, acho
que eu fiz exames até pra confirmar os primeiros exames, mas em fim, o médico
me deu alta. Mas antes é claro que ele pediu para conversar comigo e com os
meus familiares, o que obviamente incluía o meu “marido”.
- Muito bem, senhora Jonas. Já estou com alguns resultados
dos seus exames em mãos e como eu suspeitava, a senhora não está muito
saldável. Detectei coisas não tão graves, como baixa taxa de vitaminas
necessárias a sua completa nutrição, e algumas realmente graves como uma sombra
escura nos raios-x dos seus pulmões. Ainda não posso dizer com certeza se isso
tem algo relacionado à parada cardíaca de ontem, mas é absolutamente necessário
que a senhora pare de fumar imediatamente!
- Tudo bem. Eu paro! Sem problemas! – Vi a Noah revirar os
olhos, tipo como se não acreditasse no que eu estava dizendo. – É sério, eu vou
parar! Posso parar quando eu quiser!
- Não se preocupe doutor, eu vou garantir que ela pare! –
Nick disse. E eu só queria saber como ele estava pensando em “garantir” isso.
- Ótimo! Porque isso pode garantir que não tenhamos mais
sustos como o de ontem, pelo menos não tão cedo. – Sorriu - Eu tenho boas
notícias pra vocês. O seu eletro teve um resultado totalmente positivo, está
tudo dentro da normalidade. Nada de válvulas congestionadas, o sangue está
sendo bombeado corretamente, a pressão no órgão, no caso o coração, está
correta... De fato, a julgar pelos exames cardíacos você está perfeitamente saudável. O que me leva a crer que o incidente de ontem deve, de fato, estar
associada ao estresse. – Enquanto ele falava conosco também fazia anotações num
receituário médico – Eu vou prescrever alguns remédios, as dosagens e os
horários. Também recomendo que a senhora descanse bastante e tente relaxar. –
Me olhou por cima dos óculos.
Relaxar? Esse cara só diz isso porque não conhece a minha
vida!
Ele rasgou a folha de receituário do bloco e me entregou.
- Olha minha jovem, você precisa se cuidar. Uma paciente com
taquicardia e ainda por cima fumante? Isso é extremamente arriscado e
sinceramente acho um risco desnecessário a se correr. Vou liberá-la agora e a
senhora poderá ir pra casa, mas tem que me prometer que se sentir quaisquer
desses sintomas a senhora deve voltar para cá imediatamente: Se você de repente
se sentir pressionada, ou nervosa e começar a sentir calor demais, tremores, a
mão transpirando, palpitações acompanhadas de compressão ou aperto no peito.
Qualquer desses sintomas pode conduzir a uma falência cardíaca congestiva, que
foi o que você sofreu ontem. Então repito, quaisquer desses sintomas e a
senhora deve ser trazida pra cá urgentemente! – Ele encarou o Nick dessa vez,
que assentiu.
- E então, nós já podemos ir? – Perguntei já me levantando.
- Podem sim. Vou só encaminhar a alta assinada pro
atendimento da recepção e vocês já poderão ir. Ah, e quanto aos resultados dos
demais exames eu estarei com os laudos prontos daqui a três dias. Vocês podem
vir buscar aqui, ou se preferirem, enviaremos os resultados a sua residência. –
O Nick cumprimentou o médico com um aperto de mão como forma de agradecimento.
Deixamos o hospital em silencio e passamos o caminho de volta
pra casa do mesmo jeito. Não sei no que os outros estavam pensando, mas eu
estava mais preocupada com que merda eu estava fazendo da minha vida. E justo
agora, quando eu tenho alguém que precisa tanto de mim.
Olhei para a Noah pelo retrovisor do carro. Eu não posso
falhar com ela também, simplesmente não posso!
Quando chegamos em frente a minha casa o Nick foi o primeiro
a saltar do carro e veio abrir a porta pra mim.
- Não precisa! – Eu disse quando ele tentou fazer eu me
apoiar nele pra andar.
- Eu acho melhor você não abusar. Ainda não está
completamente recuperada! – Ele retrucou e passou a mão em volta da minha
cintura. A Noah também veio acompanhando a gente.
Entramos e ele pediu a Noah que desse ordens bastante
específicas às minhas empregadas sobre minha alimentação e horários dos remédios.
Paramos juntos diante das escadas que davam pro andar de cima, onde fica o meu
quarto. Eu ia pedir pra ele me deixar subir sozinha, mesmo sabendo que ele não
deixaria, mas antes que eu pudesse sequer abrir a boca, Nicholas me pegou no
colo.
- O que você pensa que tá fazendo?! – Exclamei – Não precisa
disso! Me põe no chão!
- Calma, eu só to obedecendo o que o médico recomendou. Nada
de esforços, tá lembrada?! – Repetiu – Agora fica quietinha aí que eu vou te
levar pro seu quarto.
Tudo bem, talvez ele só estivesse tentando ser gentil, mas
todo esse cuidado comigo estava me incomodando.
- Prontinho! – Ele disse me colocando de pé assim que
entramos no quarto.
- Não precisava de nada disso! Eu sei muito bem andar sozinha!
– Resmunguei e ele arfou, tipo como dando-se por vencido. – Você não tem que
cuidar de mim, Nick! – Foi só o meu orgulho falando.
- Eu sei que não tenho que cuidar... – Disse
tranquilamente – Mas eu quero cuidar! – Ele me olhou exatamente daquele
jeito que eu “detesto”.
Eu desviei o olhar imediatamente. Embora parte de mim
estivesse irritada por todo o seu atrevimento, uma outra parte, acho que a que
estava esgotada depois de tudo, estava feliz por ele estar aqui e por ter
alguém querendo cuidar de mim, só pra variar.
- Se você quiser já pode ir. – Disse com descaso – A Noah
pode ficar me vigiando o dia todo pra você! – Rolei os olhos sentada na minha
cama.
- Sei que você pensa que o que houve ontem não foi nada
demais, mas eu vi tudo Miley. – Ele me lançou um olhar preocupado, mas havia
algo mais naquele olhar, algo como medo. Aquele tipo de medo que se tem de
perder alguém que se ama muito. – Você tem que parar de ser tão teimosa e se
cuidar! E tem que deixar a gente cuidar de você também! – Parou em frente a
mim, ainda me olhando daquele jeito.
Suspirei cansada.
- Prometo que vou fazer tudo que o médico pediu tá... –
Disse não sendo nenhum pouco convincente.
- Sério? – Perguntou
- Sério! – Repeti – Eu prometo...“Meu amor”?! – Ironizei e
vi o Nicholas ficar sem jeito. – Você ainda não me deixou a par do motivo pelo
qual eu ganhei o sobrenome Jonas lá naquele hospital! – Cruzei os braços
- Olha, antes de explicar qualquer coisa eu peço desculpas
por isso! Sei que não deveria ter dito que eu e você, que nós, bem, que nós
éramos casados. É, eu menti mesmo! Mas foi necessário. Quando chegamos ao
hospital e eles fizeram um monte de perguntas e com você naquele estado, eu não
soube o que dizer. Eles não me deixariam ficar com você se eu não fosse da
família então eu disse que você era a minha esposa... – Vi que ele ainda estava
tentando dizer mais alguma coisa, provavelmente me dar mais alguma explicação ,
mas eu interrompi.
- Nick! – Chamei e ele me olhou – Obrigada! Por tudo, sério!
– O vi sorrir e nossos olhares se cruzaram de um jeito que me deixa
envergonhada. Imediatamente parei de olhar pra ele – Agora acho melhor você
ir... Você deve estar precisando dormir e eu acho que vou fazer isso também. –
Eu me ajeitei na cama e achei que ele apenas sairia pela porta, mas pelo
contrario, ele sentou na ponta da cama e me cobriu, deu-me também um beijinho
na testa.
- Eu venho te ver mais tarde! – Tocou meu rosto com carinho
e só então saiu.
O meu coração estava batendo rápido, mas eu sabia que não
tinha nada haver com o incidente de ontem e sim com o agora, com “ele” estar
aqui.
Narrado por Joe
Jersey
City, New Jersey, 08:00 AM (Horário Local) Casa da mãe da Demi.
- O inverno resolveu chegar bem cedo por
aqui... – Demi comentou com a mãe, que apenas assentiu. Eu coloquei o telefone
de volta no gancho e voltei para a mesa onde todos estavam reunidos durante o
café da manhã – E aí amor, conseguiu nossas passagens para Los Angeles? –
Perguntou-me
- Infelizmente não. O único voo que sairia
hoje foi cancelado e parece que amanhã, devido ao mau tempo não vai sair nenhum
também. Mais tarde vou tentar conseguir um jatinho, mas se o tempo não melhorar
vamos ter que ficar aqui mais uns dias. – Expliquei.
- Dias? – Ela me olhou – Não podemos ficar
aqui dias! – Berrou - Não é nada com a senhora não, mãe! – Ela encarou a mãe
com um sorriso e então voltou a me encarar furiosa – A minha filhinha tá lá
abandonada em Los Angeles com o irresponsável do seu irmão e precisando de mim,
e você quer que eu fique aqui mais alguns dias??
- Não amor, eu também quero ir pra lá o
quanto antes, mas se não tiver voo o que você quer que eu faça? Vá a nado? - É
claro que eu só quis fazer uma piada, mas a Demi ficou brava comigo e
levantou-se da mesa irritada como uma criancinha mimada e eu fiquei sem
entender nada. – Ei, Demi, espera! - Eu ia levantar da mesa e ir atrás dela,
mas dona Denise me impediu.
- Não, deixa ela. – Ela disse – Apenas tome
seu café e não de importância a nada disso. Isso não é com você. – Fez uma
pausa e pareceu escolher as palavras com cuidado antes de continuar - Isso é só
porque ela odeia este lugar e odeia esta casa porque a fazem se lembrar da
infância dela e bem, dele...
Sabe, nessas coisas de família eu geralmente
costumo ficar na minha. Todo mundo tem família e cada pessoa tem o seu próprio
jeito de lidar com a sua. E cara, nenhuma família é eternamente feliz como a
família dó-re-mi. Todas, por mais unidas que sejam, têm seus altos e baixos. Eu
mesmo já tive desentendimentos bem sérios com meus pais, mas isso que têm entre
a Demi e o pai dela é algo totalmente diferente. É como se ela nem se quer o
considerasse mais como parte da família, sequer como pai dela...
Sei que ela tem esse direito. Sei que ela
tem os motivos dela. Sei que ele é um cretino.
Só que eu a amo e se tem alguém com quem me
importo é com ela. Gostaria que ela conseguisse superar o passado pra então
conseguir seguir em frente.
- A Demi era a filha favorita dele, sabe. –
Suspirou - Não que ele não amasse a todas, mas com a Demi era especial. E ela o
adorava também. Ele era o pai herói e confidente, o melhor amigo. – Denise fez
uma pausa. Sua expressão mostrava que ela estava contando e lembrando de tudo
exatamente como era. – Eles dois eram muito ligados. Quando o Pedro começou a
ter os problemas com o vício a Demi foi quem mais sofreu, ela se sentiu
abandonada mesmo antes de ele ir... – Ela me encarou – Ela não consegue
perdoa-lo por isso, você entende? Por deixa-la.
Depois de falar com a Diana e entender um
pouco melhor como a Demi se sente, eu decidi que, pela primeira e espero única
vez na minha vida, eu iria me meter em assuntos familiares dos outros.
Subi até o quarto em que estávamos ficando.
Demi estava tirando as roupas do armário e jogando com raiva dentro da mala. Eu
não disse nada, apenas ri da cena... Embora geralmente a Demi estar com raiva
de mim nunca é bom pro meu lado!
- Amor? – Eu chamei e ela estrangulou o
vestido que estava nas mãos.
- O que você quer?! – Retrucou.
- Eu só preciso conversar um pouco com você.
- Disse tranquilo, me aproximando.
- E conversar o que? – Rebateu – Sobre como
você não está nem aí pra sua filha ou pra mim? – Me encarou – Ou pro nosso
casamento! – Até então eu estava me aguentando, mas dessa eu tive que rir. – E
você ainda fica dando risada?! – Ela jogou alguma coisa em minha direção. Com
meus reflexos de ninja eu consegui desviar.
- Não, isso é sério? Eu não acredito que
você tá dizendo isso... – Tentei me concentrar e voltar a ficar sério – Você
sabe que isso não é verdade, e Demi, você precisa parar! – Eu a olhei. Ela
estava curiosa, esperando eu completar a frase. – Você sabe que eu me importo
com você e com a Mell mais do que comigo mesmo! E sabe que eu te amo. Que eu
faria qualquer coisa pra te ver feliz... Sempre! – Ela continuava me encarando.
Eu toquei seus ombros e segurei-os firmemente, aproximando-nos – E eu nem
precisaria dizer, pois eu sei que você sabe. – Eu toquei seu queixo levemente
encarando seus olhos castanhos profundos – Também sei que sabe que o seu pai
ama você. Ele é só um cara que tem cometido um monte de erros, mas isso não
muda nada. Não muda o que ele sente por você! – Eu apenas disse a primeira
coisa que veio a minha mente.
- Joe! – Ela tentou se desvencilhar, sabia
exatamente do que eu estava falando.
- Demi, para! – Eu persisti – Ele é um
cretino, é verdade. Mas ele ainda é seu pai e do jeito dele, ele te ama, sei
que você sabe disso!
- Se ele me amasse tanto assim ele não teria
feito que ele fez! – Os olhos dela se encheram de lágrimas num instante.
- As pessoas que amamos ainda são só
pessoas... E as pessoas cometem um monte de erros. Talvez ele só precise que
você o escute dizer que sente muito.
Não falamos mais nada sobre isso. Ela
principalmente não disse mais nada, mas eu sei que estava pensando a respeito e
eu lhe daria espaço, pois sei que essa decisão, de perdoá-lo ou não, deve
partir totalmente dela.
(...)
- Dona Diana, a senhora viu a Demi? –
Perguntei – Parece que vai sair um voo pra Los Angeles essa madrugada e eu já
confirmei nossas passagens – Comentei aliviado. Como sairia o bendito avião a
Demi não ia ter motivo pra ficar torrando a minha paciência com suas teorias
loucas de como o Nick deveria estar dando pizza de jantar todos os dias para as
crianças... Embora o Kevin sempre tenha feito isso quando nossos pais deixavam
ele cuidando de mim e do Nick quando éramos menores...
- Não a vi desde que ela saiu agora à tarde.
Ela não me disse aonde ia, mas achei que tivesse dito a você.
- Não, ela não disse. – Pensei por um tempo
e então logo me veio à mente onde é que ela poderia estar. – Dona Diana, eu vou
sair. Se a Demi voltar antes de mim, diga a ela que não demoro.
- Está bem.
Dirigi até onde achei que ela estaria e
cheguei bem a tempo de ver a Demi, um tanto que timidamente, abraçar o pai em
despedida. Sorri com a cena e saí dali antes que qualquer um dos dois pudesse
notar o meu carro.
Pra disfarçar, cheguei em casa um pouco
depois dela. Não queria dizer nada, iria esperar que ela própria quisesse me
contar.
- Oi! – Ela cumprimentou assim que passei
pela porta. – Aonde é que você foi? – Direta. Sim, essa é minha Demétria.
- Fui comprar nossas passagens. Vai sair um
voo pra L.A de madrugada. – Mostrei os bilhetes, que eu havia imprimido antes,
por sorte. – E você, onde estava? – A encarei
- Ah, eu... Eu fui ver uma amiga. – Disse
tentando fazer parecer que era verdade.
É, ela iria me contar, mas no tempo dela.
- Tudo bem. Eu vou subir e terminar de
arrumar minhas coisas.
- Tá bom, amor. Já já eu subo também.
Narrado por Miley
Los Angeles,
Califórnia, 19:23 PM (Horário Local) Mansão dos Cyrus.
Acordei me sentindo ótima. Parece que eu
havia dormido por no mínimo uns dez anos e eu estava me sentindo tão bem
descansada e revigorada como há tempos não me sentia. Demorei alguns minutos
ainda na cama, só me espreguiçando e quando levantei notei, ao olhar pela
janela, que já estava escuro. Só então me dei conta que provavelmente dormi o
dia inteiro.
Devia ser efeito de todos aqueles remédios
que o médico recomendara. Suspirei lembrando de mais algumas recomendações,
inclusive algumas que envolviam responsabilidades enormes, como deixar de fumar
e maneirar no café e eu sabia que não conseguiria me adaptar assim tão bem a
essas mudanças, mas eu não tinha lá muita escolha.
Olhei pra minha mesinha de cabeceira e ao
lado do medidor de pressão e as caixas de remédio estava um bilhete.
Como tenho quase que absoluta certeza que
ele não estava ali antes, decidi pega-lo.
Boa tarde, dorminhoca!
Eu vim te ver, mas como
você ainda está dormindo achei melhor não incomodar. Aliás, você precisa mesmo
descansar bastante, então, quando acordar, tome os seus remédios, coma alguma
coisa e depois volte a dormir.
P.S Sabia que você é muito linda dormindo?!
Nick J.
Eu sorri feito uma boba. Li o
bilhete de novo e de novo e a cada leitura o meu sorriso aumentava mais.
Por que ele precisa ser tão
cativante quando quer?
E a pergunta mais importante:
Por que ele não era assim sempre?!
Deixei o bilhete de lado e fui
tomar um bom banho.
(...)
- Miles? – Ouvi a voz da Noah.
Saí do banheiro e ela estava parada na minha porta. – Ah, que bom que já
acordou. Eu trouxe seu jantar, é sopa! – Ela disse com um sorriso enquanto
colocava a bandeja do jantar na minha cama. – Já tomou seus remédios? –
Perguntou me encarando como se fosse a minha mãe.
- Já! – Retruquei.
- Hum... – Acredita que ela foi
remexer na minha bancada de remédios pra ver se eu tinha mesmo tomado às doses
certas?! – Então, o Nick veio aqui te ver, né dorminhoca?! – Quando me dei
conta que ela estava lendo o meu bilhete. Arranquei de suas mãos.
- Me dá isso!
- Tá bom! – Ela me entregou sem
reclamar. Ela ficou me encarando o tempo inteiro enquanto eu penteava o cabelo.
– Miles... – Ela começou depois de um tempo - Desculpa, eu sei que não é da minha
conta, mas o Nick é tão legal e ele se preocupa tanto com você, não sei porque
você fica se fazendo de difícil e não dá logo uma segunda chance pra ele. Eu
sei que você também gosta dele! – E como sempre a Noah me faz ter que falar de
coisas que eu não quero, não mesmo, falar agora!
- Eu não fico me fazendo de
difícil coisa nenhuma! E ele não me pediu nenhuma chance... Ele apenas foi
gentil e só. – Disse como que com descaso.
- Ah, qual é Miles?! Até eu que
sou criança sei que o pedido de segunda chance está nas entrelinhas! – ela
rolou os olhos como quem diz o obvio.
- Quer saber? Você tem razão!
Isso não é da sua conta! – Falei num tom sério e a Noah fez carinha de brava.
- Tá bom, eu desisto! Você é
cabeça dura demais! – Eu sou cabeça dura?!Ela caminhou até a porta – Ah e só
mais uma coisa – Ela disse saindo - Depois que você terminar ficando sozinha,
vê se não vai culpar ninguém, pois a única culpada é você! E aproveite a sopa.
Atirei um travesseiro nela, mas
a danada conseguiu fechar a porta antes que a atingisse. Essa garotinha tinha
realmente o poder de ser insuportavelmente irritante quando queria ser.
(...)
“Miley, vou lá na casa do Nick
ver o papai! Volto mais tarde! Tchau!” – Ela gritou lá do andar de baixo,
minutos depois da nossa “conversa”.
Narrado por Nicholas
Los Angeles,
Califórnia, 20:03 PM (horário local) Apartamento do Nicholas.
- Tio Nick!! - Jenny
- Nick!! – Frankie
Maldita a hora que fui dar a
noite de folga a Mandy.
Lembrete mental: Não ter filhos,
nunca!
- Tio Nick, eu tô com fome! –
Jenny reclamava pela décima vez nos últimos dez minutos.
- Jenny, amorzinho do titio, eu
já pedi pizza pra gente, só que você precisa esperar o tempo de prepararem,
assarem, embalarem e entregarem o pedido pelo menos! – Retruquei
- Mas eu detesto pizza! –
Resmungou cruzando os braços e se jogando no sofá.
- Como assim detesta pizza? –
Como é que alguma criança normal no mundo detesta pizza?
- É que tem queijo e eu não
gosto de queijo! – O que?! Quem criou essa menina e o que estava pensando?!
- Então você tira o queijo e
come só a casca e o recheio! Dá até pra enrolar e fingir que é um burrito! –
Não sei de onde eu tirei essa ideia, mas a Jenny não ficou nenhum pouco mais
animada com a minha tentativa frustrada de transformar pizza em comida mexicana.
- Mas eu não quero! – Beleza!
Então, fica com fome!
- Tá, então eu vou pedir outra
coisa pra você. Do que você gosta? – Era melhor não arriscar com essa fedelha.
Se ela não gosta de pizza, imagina de quantas coisas mais ela pode não
gostar...
- Ah, eu gosto de comida
japonesa, comida chinesa, comida tailandesa... – O Kevin deve ter contratado
uma cozinheira e super chef internacional pra trabalhar na casa dele... Será
que essa menina não podia gostar de nada que fosse comum, tipo hambúrguer? -
... Comida mexicana, comida parisiense e comida brasileira.
- Tá, mas não tem nada disso por
aqui – Falei – Ah, não, espera! Você disse chinesa né?! – Corri pra pegar o
celular. Eu não mencionei antes, mas eu estava com a Mell no colo, pois toda
vez que eu a colocava no carrinho ou na cadeirinha dela, ela começava a chorar.
Meus braços já estavam me matando... - Tem uma china in box aqui no bairro, vou
ligar pra lá e pedir pra entregar! – Eu tentava discar os números com aquela
pequena mãozinha tentando repetir meus movimentos na tela do celular. Cara, é
praticamente impossível conseguir fazer uma ligação com uma criança no colo.
- Nick! – Frankie gritou da
cozinha e eu só coloquei a Mell na cadeirinha, mandei a Jenny ficar de olho
nela e corri pra lá. – Acho que já tá bom!
Eu havia pedido para o Frankie
esquentar a mamadeira da Mell, só isso... Apenas isso!
Quando eu cheguei na cozinha me
deparei com a mamadeira da menina fervendo dentro de uma panela com água
borbulhando. Desliguei o fogo imediatamente.
- Eu pedi pra você esquentar a
mamadeira dela e não pra tentar derreter! – Berrei
- Mas eu fiz exatamente como a
Demi faz! - Retrucou
- Bom, eu tenho absoluta certeza
que ela não faz desse jeito! –Peguei um pegador de macarrão, que foi a primeira
coisa útil que encontrei na minha frente e tirei a mamadeira de lá.- Agora eu
tenho que dar um jeito de esfriar isso!
- Mas você não queria esquentar.
Agora já tá bem quente! – Frankie
- E você tá achando que eu vou
dar desse jeito pra ela?!
Ouvimos a campainha.
- Jenny atende a porta! – Gritei
- Mas eu to olhando a Mell! –
Rebateu
- E não dá pra fazer os dois?! –
Devolvi
- Quer saber? Joga logo esse
negócio dentro do congelador! – Frankie sugeriu – Vai esfriar rapidinho! – Como
eu não consegui pensar em nada melhor, segui a ideia dele.
- A pizza chegou! – Ela berrou
da sala.
Assim que voltamos ao cômodo
anterior me deparei com a Jenny não fazendo absolutamente nada enquanto o Elvis
tinha pulado na cadeira pra comer toda a nossa pizza.
Só reforçando o lembrete: É
sério, não tenha filhos! E matar criancinhas é cruel e errado embora todo mundo
tenha vontade de fazer isso às vezes.
- Elvis, não! – Berrei e corri
pra tirá-lo de lá, mas ele ainda conseguiu abocanhar um bom pedaço do nosso
jantar.- Jenny! – Berrei com ela dessa vez – Será que você não viu isso?!
- Eu vi, mas você me mandou
ficar de olho na Mell e não no Elvis! – Ela disse com desdém, não dando a
mínima! –Além do mais, eu detesto pizza!
- Você só tinha que vigiar, não
tinha que comer, ôh garota! – Frankie reclamou – E agora, o que nós vamos
comer? – Me encarou
- Nem pense em comida chinesa! –
Jenny protestou – O tio Nick pediu só uma porção e é pra mim! – Ela sentou-se
para comer enquanto o Frankie e eu ficamos chupando o dedo. – Ah, por falar
nisso tio, aqui está sua carteira.
- Minha carteira? E quando foi
que você pegou? - Questionei
- Eu precisei! De onde você acha
que eu tirei dinheiro pra pagar a comida chinesa e a gorjeta da pizza? – Ela me
olhou enquanto abocanhava um rolinho primavera.
- Mas ela estava no meu bolso! -
Aleguei
- Eu sou uma pessoa bem sutil,
tio Nick! – Sorriu
- Não pense que eu não sei
quanto dinheiro tinha aqui, viu?! – Peguei minha carteira de volta.
E bem na hora que eu ia conferir
a minha grana, a única criança que se comportava bem nessa casa, resolveu,
assim do nada, abrir o berreiro.
– Eu mereço! – Resmungo. Peguei ela no colo, mas dessa vez
não funcionou. Pelo contrário, ela chorou ainda mais.
Tentei faze-la parar de todo jeito, tento de tudo um pouco,
jogar pro alto, cócegas e até fazer caretas engraçadas, mas tudo que eu consigo
é faze-la chorar cada vez ainda mais.
Ok, eu admito, eu sou um desastre cuidando de crianças!
- Como eu faço pra fazer ela parar?! –Olho para os dois
pirralhos ao meu lado – Não tem algum botão onde desliga isso?!
- Ela deve estar entediada! – Jenny disse sentando-se no
sofá e pegando uma revista, tipo como quem não está nem aí.
- Ela é um bebe, não fica entediada! – Rebati
- Passa o dia inteiro enfurnado em um apartamento minúsculo
e pessimamente mal decorado pra ver se você também não vai ficar entediado! –
Ela rolou os olhos.
- Tá, que seja, mas então o que eu faço pra desentediar
ela?! - Perguntei
- Ah sei lá, porque não tenta atirar ela pela janela?! –
Frankie e eu olhamos para Jenny com olhos semicerrados – Ok, tudo bem, calma! Foi
só uma sugestão! – Ela levantou as mãos em forma de rendição.
- Você bem que podia tentar cantar pra ela, é o que a Demi
faz quando ela chora! – Frankie sugeriu e eu até tentei, mas só digamos que eu não
to em dia com a minha imitação da voz Demi e a Mell tem uma audição bem apurada
para um bebe – Não assim seu bocó! Tem que ser aquela música boba do programa
dos pôneis, ela só gosta daquela! – E eu que achava que não tinha como isso
ficar mais ridículo!
- Eu não sei essa música! – Aleguei
- Canta logo a droga da música pra ela! – Frankie rebateu
- My little ponei, My
little ponei la la la – Cantarolei - Isso não tá adiantando! Tem que ter
outra coisa – Falei desesperado.
- Ok, você já cuidou dela antes, o que fazia?! – Frankie me
encarou
- Sei lá, eu mal parava em casa, ela ficava com a babá o
tempo todo! – Revirei os olhos – Tudo que eu tive que fazer foi dar pizza e
trocar uma frauda fedida uma vez, mas já faz tempo!
- E eu achando que ele era um pouco menos pior que o tio
Joe... – Jenny suspirou – Os homens dessa família são mesmo um fracasso!!
- Tá, então pode ser a frauda né? – Questionei
- É pode ser... – Frankie repetiu
- Verifica você! – Eu falei!
- Eu não, que nojo! – Ele respondeu. E enquanto nós
estávamos nisso, a Mellzinha continuava a se espernear.
- Troquem logo essa frauda, pelo amor! – Jenny berrou –
Antes que eu fique surda aqui!
- Tá bom, vamos lá! – Me prontifiquei – A gente decide isso
no pedra, papel e tesoura!
- Tio Nick! – Jenny me repreendeu.
- Tá bom, eu troco! – Peguei a Mellzinha e já que eu não
tinha uma bancada pra trocar fradas improvisei em cima da mesa mesmo.
- Pow Nicholas! A gente come aí! – Frankie reclamou
- Fica quieto e me passa uma outra frauda e o talco! –
Falei.
Trocar a Mell foi uma experiência bastante válida para o meu
futuro. Nunca se sabe quando é que você vai precisar saber trocar uma frauda na
vida, né?
O importante é que a choradeira parou e todos nós pudemos respirar
aliviados e descansar nossos ouvidos por exatos cinco minutos...
- O que essa criança quer?! Nos enlouquecer?! – Esbravejou
Jenny
- Oi gente! A porta estava aberta então eu fui entrando... –
Noah chegou e eu juro que quase a vi resplandecer. Qualquer ajuda num momento
como esse seria bem vinda. – O que houve com a Mell?! – Ela veio até nós que
estávamos todos reunidos encarando o bebê chorão, literalmente, deitado na
mesa. – E por que ela tá deitada na mesa de jantar?! – Noah a pegou no colo -
Ok, ok Mellody, tá tudo bem, sou eu a tia Noah, agora você já pode parar de
chorar! – Ela deu um sorrisinho para o bebe que parou por um ou dois segundos,
todos respiramos aliviados, mas... Logo começou tudo outra vez!
- Eu desisto! – Bufei
- Ela não quer parar! –Noah
- Diz alguma coisa que a gente ainda não saiba, ô sherlok! –
Jenny
- Ela já tá chorando assim tem uns quinze minutos... –
Frankie – E a gente não sabe mais o que fazer!
- Hum... Acho que eu já sei quem
pode nos ajudar! – Disse a Noah.
- Eu já tentei ligar pra Mandy,
ela não atende! – Falei
- Não era bem nela que eu estava
pensando. – Noah piscou pra mim e pegou seu próprio celular
(...)
Minutos depois ouvimos batidas
na porta e a quando abro dou de cara com a Miley.
- Oi! A Noah pediu pra eu vir.
Cadê a minha afilhada?– Ela perguntou e eu abri espaço pra que ela passasse.
- Miles, a Mell não quer parar
de chorar! – Noah explicou e a Miley já foi logo a pegando no colo. – A
coitadinha já tá até vermelha de tanto gritar e não tem nem mais forças, mas não
para por nada.
- Bom, ela não parece estar
machucada e a temperatura também está normal então não é febre. – Constatou - Vocês
já trocaram a frauda? – Me olhou
- Já. – Respondi – Não nem bem
dez minutos!
- E ela já mamou né? – Perguntou
e foi só aí que eu me toquei. Frankie e eu nos entreolhamos silenciosamente –
Vocês já deram mamadeira pra essa criança agora de noite, não é?! - Repetiu
- Bom, quanto à mamadeira, bem, nós
tivemos um pequeno probleminha nessa parte... – Frankie
- Não acredito que vocês
esqueceram de dar de comer pra ela! – Ralhou
- Não foi bem esquecimento, foi
só um pequeno contratempo! – Nem me dei ao trabalho de inventar uma desculpa um
pouco melhor. Apenas corri para a cozinha rezando pra que estivesse tudo ok com
a mamadeira.
Correção: Picolé de mamadeira.
- É isso que vocês chamam de
pequeno contratempo? – Miley questionou revezando o olhar de completa decepção
entre mim e o Frankie.
- Como é que foi que essa
mamadeira foi parar dentro do congelador?! – Foi a Noah que perguntou dessa
vez.
- A culpa foi dele! – Frankie e
eu nos acusamos ao mesmo tempo.
- Na verdade, a culpa foi dos
dois! – Jenny se meteu – O tio Nick mandou o Frankie esquentar a mamada da Mell
e o “gênio” – Frankie ficou emburrado -
resolveu fazer isso jogando a mamadeira dentro de uma panela de água
fervendo. Aí pra tentar consertar a primeira burrada o tio Nick fez uma outra
burrada ainda maior e colocou a mamadeira no freezer, só pra esfriar um pouco,
só que ele esqueceu dela aí dentro...
- Ai meu Deus! Que burros! –
Noah levou a mão a testa em sinal de desapontamento.
- Tudo bem, isso não importa
mais. O que temos que fazer agora é dar um jeito de preparar uma outra
mamadeira pra Mell, né gente! – Miley, a voz da razão.
Por sorte, a Demi, como a mãe
prevenida que é, mandou algumas mamadeiras a mais para Mell o que veio bem a calhar.
A própria Miley preparou a mamadeira dessa vez, me mostrando como é que fazia
só pra se certificar que o probleminha de hoje não voltaria a se repetir.
- Prontinho! Viu como é fácil?!
– Ela disse assim que tirou a mamadeira de debaixo da torneira e a desligou.
Quem diria que era assim que se esfriava uma mamadeira?! – Agora só temos que
testar pra ver se ainda está quente demais. – Ela pegou minha mão e eu não entendi
muita coisa. Aí ela espirrou umas gotinhas de leite nela. – O que acha?
- Pra mim parece bom, tá
morninho! – Respondi
- Então está perfeito! – Sorriu
Ela entregou a mamadeira para a
Noah que segurava a Mell no colo, sentada no sofá da sala.
- Prontinho Mell, era só isso que você queria, né?! – Noah
deu de mamar ao bebê que logo se empolgou e começou a sugar a mamadeira com
todas as suas forças. – Ela é tão fofa! – Acariciou – Eu queria tanto ter uma
dessas!
- Ei! Calminha aí, heim! – Miley – Você ainda não tem idade
pra ter uma dessas!
- Ah, mas não precisava ser minha pra valer – Noah
reformulou – Poderia ser sua, e eu só tomo conta de vez em quando. – A menina
sorriu com o próprio comentário, que a propósito, deixou a Miley um pouco
encabulada.
- Queria ver, se eu tivesse mesmo uma dessas, se você ia
estar aí, querendo cuidar pra mim! – Miley rolou os olhos.
Eu sorri tentando imaginar a Miley como uma mãe. Acho que
ela se faz durona, mas no fundo ia ser uma manteiga derretida com os filhos, a
típica mãe babona que acaba por estragar um pouco as crianças.
- Bem, se me dão licença, agora que a choradeira de neném já
parou eu vou pro meu quarto jogar vídeo-game. Você vem Noah? – A menina olhou
pra irmã mais velha como que pedindo permissão e ela assentiu. Noah entregou a
ela a pequena Mell que já estava quase acabando de dar conta de toda a
mamadeira. Antes de saírem da sala o Frankie veio falar comigo – Ah, Nick...
Você se importa se eu comer todo o resto da pizza que o Elvis não comeu, eu to
morrendo de fome, cara!
- Vai em frente, mano! – Dei uns tapinhas em suas costas. Eu
sei que seria bem mais responsável dizer pra ele não comer aquilo, mas ele é um
garoto, e bactérias geram anticorpos na gente. Se não o matasse, com certeza ia
deixar ele mais forte. - Só corta essas beiradas, pode ter caído baba de
cachorro...
E ele foi feliz com a caixa de pizza pro seu quarto, com a
Noah em seu encalço. Só espero que ele não ofereça pizza pra ela...
E finalmente silencio e paz! Quer dizer... Nem tanto.
- Jenny, meu amorzinho, não tá na hora de você ir pra cama?
– Ela me encarou. A Jenny era bem mais esperta que o Frankie, ela sacou logo de
cara que eu queria ficar a sós com a Miley.
- Não sei, tio. Será que já está na hora de eu ir pra cama?!
– Ela piscou os olhos tom de mel meigamente pra mim.
- Te dou $50,00 pratas pra ir pra cama agora! – Sussurrei
- Sabia que eu já to morrendo de sono! – Ela disse com uma
vozinha doce. – E quem vai me colocar na cama? Você, tio Nick? – Questionou
- Eu posso te levar pra cama, se quiser, Jenny! – Miley
sugeriu – Assim, o Nick pode ninar a Mell.
- Fazer o que?!
- Ninar ela. – Miley me entregou o bebe - Você sabe. Segurar
desse jeito e embalar de um lado para o outro – Me mostrou como fazer com Mell
já no meu colo – Aí você pode cantarolar uma música pra ela dormir – Sorriu –
Não se preocupe, como ela acabou de mamar vai dormir rapidinho.
(...)
Fiz o que a Miley disse e no início achei que seria um
trabalho bem fácil, mas depois de quase meia hora tentando fazer a Mell pegar
no sono, era eu quem estava cansado.
Tudo que eu conseguia era arrancar risadinhas daquela bebe
fofinha e elétrica.
Crianças deveriam vir com um manual. Aliás, com um manual,
peças de reposição e um botão de liga/desliga bem grande!
- Vamos lá garotinha! Dorme pro titio poder dormir também,
por favor!– Pedi baixinho, acariciando a Mell.
- Nick Jonas implorando para uma garota?! Coisa rara de se
ver! – Miley falou parada na entrada do quarto.
- Esse bebe é um zumbi! – Exclamei apontando para o bercinho
onde a Mell estava deitada me encarando com aqueles olhinhos lindos e sorrindo
pra mim como se não soubesse da tortura psicológica que estava fazendo comigo –
Eu to dizendo pra você, ela não dorme!
A Miley me olhou e balançou a cabeça em reprovação.
- Você que não tá fazendo isso do jeito certo! – Ela tomou a
frente.
Eu apenas sentei na poltrona do quarto, que aliás era bem
macia e confortável e fiquei vendo a Miley ninar a Mell. Não sei quanto ao
bebê, mas eu já estava começando a cochilar...
A voz dela parecia um tipo de som hipnotizante que ia te
envolvendo devagar no mundo dos sonhos.
- Prontinho, ela já dormiu! – Miley se gabou – E eu não
levei nem cinco minutos!
- Isso não vale! – Reclamei – Como é que com você ela dorme
e comigo era só risadinhas de neném?
- Ah, sei lá! Vai ver ela acha que o tio dela tem cara de
palhaço! – Ela riu da própria piada.
- ha ha ha muito engraçado! – Retruquei – Só falta você me
dizer que a Jenny também foi um anjinho com você!
- Não foi bem assim... – Suspirou – Ela até tentou bancar a menina
boazinha comigo, me pediu pra cantar uma música pra ela dormir, mas eu descobri
logo que tudo que ela queria era me gravar cantando pra vender como faixa
exclusiva no Itunes. – Ela contou e nós rimos
- Bem vinda ao clube! Ela já
vendeu todo mundo da família... – Contei – Joe, Demi, eu, Frakie... Ela faturou
uma nota preta com o vídeo exclusivo do Kev vestido de fada do dente. – A Miley
gargalhou – É sério, se quiser ver, eu tenho o vídeo no meu celular. Eu tive
que comprar, é hilário!
- Ah então eu sou só mais uma na
lista da Jenny... - Ela me olhou rindo
- Eu não disse isso. – Fiz uma
pausa - Disse que agora, oficialmente, você faz parte da família. – Eu queria
que isso tivesse soado um pouco menos comprometedor. Vi que a Miley ficou um
pouco sem jeito.
Mas ela disfarçou bem, apenas sorriu e desconversou.
- Sua sobrinha é uma garotinha difícil, né?!
- Você nem faz ideia! – Murmurei – Sinto pena do Kevin às
vezes! – Gracejei
- Mas deve ter um lado bom também – Ela emendou – Quer
dizer, acho que deve ser recompensador ouvir todos os sorrisinhos de neném e
depois os primeiros passos, o primeiro dia na escola... Todas essas coisas –
Ela focou o olhar na Mell, que agora já dormia profundamente no berço – E olhar
pra uma criaturinha tão pequenininha dessas e saber que ela depende única e
exclusivamente de você... Acho que é aí que você descobre que não tem nada que
você não faria por ela. - Ela a acariciou e cobriu um pouco melhor com o cobertor.
– Agra me diz titio, se eu não sou a coisa mais fofa desse mundo?! - Ela tentou
imitar o que seria a voz da Mell nessa ultima parte e eu realmente achei muito
fofo.
- É sim. É muito linda! – Disse, e as duas eram.
- E parece demais com a Demi, você não acha?! – Comentou - Parece
até que eu to olhando pra uma miniatura dela agora! – Riu - Olha só esse queixo
e essa boquinha! – Ela a tocou levemente
- É, mas os olhos são do Joe, sem dúvida! - Falei
- Pelo menos ela herdou a melhor parte genética dele,
porque, já imaginou se ela tivesse aquelas sobrancelhas?!– Fez careta e eu ri -
CRUZES!
- Ou aquelas canelas finas de sabiá – Disse e nós dois rimos
dessa vez
- Nossa coitadinha! Deus me livre! – Ela levantou as mãos em
direção ao céu como sinal de agradecimento – Ainda bem que a minha afilhadinha
é uma lindeza só e uma fofa igualzinho...
- Igualzinho o tio! – Disse convencido, Miley me olhou de
esguelha.
- Como é que é?! Que tio?!
- Bom, claro que a Mell é um pouquinho mais fofa do que eu,
mas tudo isso só é possível devido a ela ter puxado bons genes de alguém, no caso
de mim que sou o tio mais gato e sexy que ela tem! – Insisti no ar convencido,
Miley revirou os olhos.
- Na MINHA OPINIAO, ela é uma diva assim como a mãe e a
MADRINHA, que no caso sou eu! – Eu ri e a Miley fechou a cara – Tá rindo do
que?!
- Nada... – A verdade é que a Miley tinha feito uma cara
muito engraçada quando se referiu a ela mesma como sendo uma diva, por um
instante eu vi aquela Miley alegre e brincalhona que eu conheci no passado.
- O que foi? Não me acha diva, é?!
- Na verdade, é bem o contrário. Eu te acho diva até demais!
– Eu a olhei – No bom sentido, é claro!
Ela sorriu
- Obrigada! Eu já sabia disso, mas é sempre bom ouvir pra
ter certeza! – Ela jogou o cabelo pro lado bem ao estilo “diva”.
Eu dei risada de sua empolgação.
- E por mais que uma coisa não tenha nada a ver com a outra,
e esse seja um talento seu totalmente inesperado, eu tenho que dizer: Você
também é muito boa com crianças. – Falei e ela cruzou os braços me encarando
com uma carinha fofa de brava – É sério! Obrigada pela ajuda aqui hoje. Se você
não tivesse aparecido, eu provavelmente teria seguindo o conselho da Jenny e
atirando o bebe pela janela! – A Miley desmanchou a cara de brava e rindo me
deu um tapa no ombro.
- Bobão! – Retrucou - Eu sou a irmã do meio de cinco irmãos,
eu praticamente fui mãe de dois deles, três se contarmos o Trace. – Sorriu - É
normal que com tantos anos de experiência eu soubesse exatamente o que fazer! –
Ela me olhou – Pena que não posso dizer o mesmo de você. Porque você é um
desastre tomando conta de crianças!
- E o que você esperava? – Me defendi – Até o Frankie
nascer, eu era o caçula da família! – Me fiz de coitadinho – Isso sem falar que
os meus irmãos mais velhos são o Kevin e o Joe. Daí você tem ideia do exemplo
de irmãos mais velhos que eu tive em casa.
- Ah, coitado do coitadinho! – Miley falou e apertou minhas
bochechas, pra me zoar.
- Ei, para com isso! –
Pedi
- Pobre pequeno Nick Jonas, não é mais o irmão caçula! – Ela
disse rindo e eu coloquei minhas mãos sobre as dela que estavam beliscando o
meu rosto, como que pra faze-la parar e a fiz ficar na ponta dos pés enquanto a
obrigava a olhar diretamente nos meus olhos.
- Quem você chamou de pequeno? – Questionei e ela riu.
Segurei em sua cintura e a ergui colocando seu rosto alinhado com o meu.
- Nick me coloca no chão! – Pediu – É sério, me coloca de
volta no chão – Insistiu e em vez disso eu a girei no ar fazendo com que ela
deixasse escapar um gritinho agudo em meio as risadas – Para! Desse jeito você
vai me fazer acordar a Mell! – Ela disse me fazendo lembrar do bebe dormindo a
meio metro de nós.
Eu a coloquei de volta no chão e de uma maneira intrigante
demais pra explicar nossos olhares se cruzaram e posso jurar que rolou um
clima. Rapidamente, olhei para a sua boca e o meu corpo inteiro formigou,
desviei o olhar de volta para os olhos dela e segurei seus pulsos, fazendo com
que ela passasse as mãos que estavam apoiadas em meus ombros em volta do meu
pescoço. Nós já estávamos próximos, então, com o movimento, nossos corpos ficaram
praticamente colados.
Ela me olhou sem entender e eu pensei por um segundo se eu
deveria mesmo fazer aquilo.
E se não fosse o momento certo?!
E se fosse precipitado demais?!
E se ela não quisesse?!
Ela continuava me encarando com aqueles olhos azuis
inquisitivos e eu soube que já tinha ido longe demais pra voltar. Eu precisava
fazer alguma coisa.
E eu queria fazer.
- Nick... O que é que você tá fazend...
Levei meus lábios aos seus e a beijei, sem licença
e sem reservas, do jeito como sempre fiz e como eu sabia que ela gostava. Não
foi um beijo avassalador, pelo contrário, foi lento, calmo, suave e cheio de
saudade, do tipo que nos filmes é dado debaixo de uma chuva de verão. Minhas
mãos envolveram sua silhueta de vagar enquanto meus lábios devoravam os seus
sem pressa. Não sei ao certo quanto tempo durou, mas foi o bastante pra ter
certeza que ela também correspondeu.
Deixei seus lábios sem realmente querer parar e confesso que
depois do ultimo selinho, tive medo de abrir os olhos. Eu não fazia ideia de
qual seria a reação dela.
Será que era melhor eu me preparar pra correr?!
Só então eu notei que os braços dela ainda estavam envoltos no
meu pescoço. Isso me deu um pouco mais de coragem. Abri os olhos devagar e os
mesmos olhos azuis inquisitivos ainda me encarando.
Eu gelei. Eu não sabia o que dizer. Quer dizer, eu até sabia
o que queria dizer, mas não sabia como dizer...
- Me desculpe! – Balbuciei ainda com os lábios rentes aos
seus, uma tentação totalmente desnecessária – Eu só... Tinha que fazer isso!
Ela tirou os braços que estavam me envolvendo e se afastou
dois passos...
Legal! Eu ferrei com tudo!
- Eu acho melhor eu ir pra casa agora. – Ela falou sem
expressão alguma. Nenhuma mínima reaçãozinha que me desse uma pista de como ela
estava se sentindo depois daquele beijo.
E se dar o primeiro passo já é difícil, imagina dar o
segundo quando você nem sabe bem em que terreno estava pisando quando deu o
primeiro.
Ela deixou o quarto sem rodeios, passou pela sala do mesmo
jeito e já estava pronta pra sair quando eu me aproximei.
- Espera! Miley, por favor, não vai embora assim! Me deixa pelo
menos tentar te explicar! – Pedi e ela parou. Estava de costas pra mim e eu
tentei dizer a coisa certa dessa vez – Olha, me desculpa, tá?! Eu sei que você
deve estar pensando que eu sou babaca e que eu não deveria ter feito aquilo,
mas é que... – Ela virou de frente pra mim e me olhou nos olhos – é que eu
estava morrendo de vontade de te beijar. – De todas as milhões de coisas que eu
poderia ter dito pra ela, eu escolhi a mais simples: A verdade. – Não consigo
me controlar quando se trata de você. Esse desejo de te ter sempre que você
está perto parece que é mais forte do que eu.
Ela deu ombros
- Então não se desculpe! – Manteve o olhar firme no meu – E
eu não te acho um babaca só por ter coragem de fazer o que quer fazer. Além do
mais, nós dois somos adultos e somos livres, não é?! -Sorriu – Não tem nada de
errado nisso. E... – Fez uma pausa que pareceu mais longa do que realmente foi
- foi bom. – Sorriu mais – Foi um beijo bom. – mordeu os lábios, envergonhada -
Você é um péssimo babá, Nick, mas beija bem.
Eu tenho certeza que fiquei sorrindo com cara de bobo.
Ela colocou a mão sobre a maçaneta da porta, na intenção de
sair, mas eu a segurei pelo braço. Aproximei-me prendendo o seu corpo entre o
meu e a porta da frente. Levei uma de minhas mãos ao seu rosto e acariciei,
alisei seus cabelos deixando que a minha mão chegasse até sua nuca, então aproximei
nossas bocas
- Nick... – Ela tentou me afastar, com uma mão sobre o meu
peito – Eu tenho mesmo que ir pra casa agora. – Ela até tentou essa desculpa
esfarrapada, mas estávamos próximos demais.
- E eu tenho mesmo que te beijar de novo! – Disse e ela
sorriu, então lhe roubei um selinho molhado – E de novo! – Mais um - Foi você
que disse que eu podia te beijar quando eu quisesse. – Murmurei rente aos seus
lábios.
- Eu nunca disse isso! – Rebateu, mas sem afastar nossos
lábios um milímetro se quer.
- Mas eu vou! – E então a beijei novamente, ainda mais
intensamente dessa vez. Colei meus lábios nos seus com ainda mais vontade do que
antes e ela apenas correspondeu da mesma forma, fazendo com que eu me sentisse
como se tivesse ganhado o meu dia hoje.
Narrado por Miley
Los Angeles,
Califórnia, 22:07 PM (horário local) Apartamento do Nicholas.
Eu sou louca?!
Não, eu não sou.
Tá, eu sou sim.
É claro que eu sou louca. Eu só posso ser louca!
E o pior de tudo é que eu sou louca por ele.
Eu o beijaria por muito mais tempo se o meu fôlego deixasse.
Estava sendo tão bom. Estávamos próximos o suficiente para que eu pudesse
sentir o calor que o seu corpo emanava e o seu cheiro viciante. Buscando o ar,
ele mordeu meu lábio devagar e provocante, encerrando nosso beijo aos poucos,
com selinhos tortuosos.
Eu tinha ligado o modo “Eu quero, então foda-se!” dentro do
meu subconsciente. Senti tanta falta dele. Falta do seu toque, seu cheiro, de
ter seus lábios contra os meus, que sinceramente eu estava pouco me lixando pro
resto.
Talvez tenha sido o jeito como ele me olhou quando me viu
acordada e bem lá no hospital
Ou talvez tenha sido todo o cuidado e aquele beijinho carinhoso
e singelo na testa, que ele me deu hoje de manhã
Talvez tenha sido o bilhete me chamando de linda e
dorminhoca
Ou talvez tenha sido o que ele disse ainda pouco, depois que
me beijou do nada...
Eu não sei ao certo o que, mas alguma dessas coisas, ou
todas elas, me fizeram querer mandar a razão e qualquer outra coisa que me
impedisse de ficar com ele pro espaço assim que os lábios dele tocaram os meus
de novo.
- Eu não vou parar de te beijar nunca mais! – ele murmurou
de um jeito que me enlouquece, com aquela voz rouca e sexy contra os meus
lábios e eu sorri contra os seus, me sentindo inexplicavelmente feliz. Não
tinha um motivo e não precisava ter, eu nem sabia por que eu estava fazendo
isso nem porque me sentia tão bem fazendo. Era como se isso fosse um instinto
natural, como se todas as vezes que nossos lábios se tocassem fosse pra ter
esse mesmo gosto, essa mesma sensação indescritível.
Nick segurou minha cintura e me puxou devagar durante o
beijo, fazendo com que andássemos as cegas pelo corredor. Ele tateou a parede
buscando o botão do interruptor quando passamos por ele, para desliga-lo.
Soube que chegamos ao sofá quando senti o estofamento contra
as minhas costas. Só quebramos o beijo quando não existia mais fôlego algum,
nos olhamos e nós dois sorrimos.
* Imaginem que são eles nessa também.
Nick se afastou só o suficiente pra conseguir encarar-me a
meia luz e eu ainda tentando recobrar o ritmo normal de respiração, fiz a mesma
coisa.
E aí estavam elas de novo, as benditas entrelinhas.
Será que não poderíamos ignorá-las, só por hoje?!
Ele tocou meu rosto com a costa de uma das mãos e arrumou a
mecha do meu cabelo tinha saído do lugar.
- Quero fazer isso do jeito certo. – Ele estava me olhando
com aqueles olhinhos castanhos cheios de promessas, que apesar de lindos, eram
assustadores pra alguém que como eu, já havia passado por tudo aquilo antes. –
Miley, eu...
- Eu já sei o que vai dizer e não precisa! – Interrompi – A
gente pode pular essa parte. – Eu o olhei – Eu não preciso de promessas, Nick!
– Não sei se foram as minhas palavras ou o jeito que eu disse, mas eu o senti murchar
um pouco, mesmo assim eu continuei. Tentei achar as palavras certas ou pelo
menos palavras que não me fizessem parecer uma cretina sem coração – Olha, eu
não vou negar que eu também me sinto atraída por você e nem que eu gosto quando
a gente se beija, mas eu acabei de sair de um relacionamento que foi...
Desgastante! E isso pra dizer o mínimo! – sacudi a cabeça tentando me livrar
das malditas lembranças que inevitavelmente vem toda vez que a gente toca num
assunto que tá tentando esquecer – Isso sem falar em todos esses outros
problemas que você já conhece tão bem. – Me ajeitei no sofá, sentando
normalmente, porém um pouco cabisbaixa – Tem muita coisa acontecendo na minha
vida agora, pra eu simplesmente abrir um espaço pra deixar alguém entrar.
Eu sei, eu não fui muito bem sucedida na parte de não ser
uma cretina, mas o que eu podia fazer?
Deixar que ele fizesse uma declaração de amor pra depois
dispensa-lo?
Isso sim seria cruel e doloroso. De certa forma o que eu
estava fazendo era poupá-lo de uma dor desnecessária.
Ficamos calados. Nick sentou-se como eu no sofá e nós dois
ficamos encarando um ponto imaginário qualquer a nossa frente.
Por que ele tinha que sempre dificultar as coisas? Por que
não podíamos só nos beijar e matar as saudades?! Não. Ele tinha que tentar
fazer do “jeito certo”.
Droga!
Do nada ele riu, é ele deu risada sozinho e eu tive vontade
de soca-lo.
- Posso saber o que é assim tão engraçado? – Questionei e
ele balançou a cabeça negando. Só então eu notei que seus olhos estavam
marejados.
Será que foram as coisas que eu disse?
- Nós dois. Isso que é engraçado... – Falou e eu não entendi
– Parece que sempre que a gente tem uma única chance de se acertar tem um monte
de outras coisas dando errado, só pra ferrar com tudo! – Seu tom de irritação
não passou despercebido por mim – Será que é tão errado assim a gente ficar
junto? – Ele me olhou nos olhos e eu senti uma pontinha de arrependimento por
ter permitido que tivéssemos chegado a isso.
Eu não deveria tê-lo deixado me beijar. Não deveria tê-lo
beijado de volta...
- Nick...
- Não, não me interrompe, por favor. – Me cortou - Eu ouvi
tudo que você disse e agora eu só te peço que ouça tudo que eu tenho pra te
dizer! – Ele desviou os olhos dos meus, acho que tentando tomar um pouco de ar
pra continuar – Por que tem um monte de coisa que eu preciso te dizer, que eu já
deveria ter te dito há muito tempo, pra deixar as coisas claras entre nós de
uma vez por todas.
Eu respirei fundo, talvez eu é que não estivesse pronta pra
ouvir.
- Eu sempre te amei e eu sei que você sabe disso. – Começou.
Seus olhos ainda com o brilho das lágrimas se formando, mas as palavras tinham
um tom amargurado. – E eu ainda te amo, - Confessou. - como antes, - Suspirou
forte – até mais que antes! – Senti o tom de desespero em sua voz. Meu coração
começou a bater alto demais, tão alto que eu duvidava se ele não podia ouvir –
Com certeza mais! – Acariciou meu rosto com a costa de uma das mãos e então a
deixou deslizar pelo meu cabelo e ombro – Eu sei que eu fiz um monte de merda
quando a gente estava juntos e estraguei tudo e eu também sei que eu não tenho
o direito de chegar e simplesmente te pedir pra esquecer todo o passado e me
dar mais uma chance. – Sorriu, um riso triste - Eu não estava esperando por
isso, e nem tão pouco que você voltasse pra mim assim do nada. – Fez uma pausa
e limpou os olhos antes de continuar - Mas quer saber? Foda-se! – Exclamou -
Foda-se ter mais uma chance e o seu relacionamento desgastante com seu ex,
foda-se também todos esses problemas que nem são nossos e ainda assim nos
impedem de ficar juntos! – Ele olhava nos meus olhos enquanto colocava tudo
aquilo pra fora - Foda-se tudo isso, pois eu não ligo pra nada disso! –
Encarou-me, seus olhos nos meus olhos de uma maneira tão penetrante que ele
poderia ler a minha alma com facilidade se quisesse. – A única coisa que eu
ligo é você. – A maneira como ele disse isso me tocou fundo - E tudo bem, se
você não quer, eu não vou insistir. Eu também não preciso de promessas... –
Nick tomou uma de minhas mãos entre as suas. A essa altura meus olhos também
estavam marejados - Eu não quero um relacionamento, Miley. Eu quero você! De
qualquer jeito. Do jeito que você quiser... Então, por favor, - Ele tocou meu
queixo e me fez erguer os olhos pra irem de encontro aos seus.– Só não me afasta
de você! Me deixa ficar do teu lado pra te ajudar seja no que for... Me deixa
cuidar de você!
Tudo que ele disse, o jeito como ele disse me deixou
completamente sem palavras.
Eu sabia que eu queria o mesmo que ele, mas eu estava com
tanto medo de me machucar!
Mas a última coisa que eu queria era afastá-lo.
Então eu o abracei, o mais forte e apertado que eu consegui.
Não sabia como expressar meus sentimentos com palavras então achei que um
abraço diria tudo, sem ter que realmente dizer. Um gesto tão simples e com
tanto significado. E ele me abraçou de volta. Os braços dele em minha volta
sempre pareceriam tão reconfortantes quanto estar em casa depois de muito
tempo, eu sabia disso. Era tão confortável e bom sentir sua respiração quente
contra o minha pele. E talvez isso fosse tudo que eu precisava pra tentar
entender essa confusão dentro de mim...
* Usem a imaginação aqui também rsrs
De um lado essa vontade de ficar assim pra sempre e do outro
a vontade de sair daqui correndo, sem nem ao menos olhar pra trás. Eu era o
próprio reflexo do desespero e da condescendência, e agora eu lembrava por que
eu evitava tanto pensar nele desse jeito, que era pra tentar esquecer o quanto
eu realmente precisava... dele.
Essa era uma guerra que eu jamais poderia ganhar, era minha
mente e a minha razão contra eu mesma e os meus sentimentos. Eu me sentia agora
no ponto inicial de tudo, exatamente igual como quando tudo começou e embora eu
tenha crescido e ficado mais forte depois de tanto tempo, tem coisas que por
mais que a gente cresça, não consegue entender.
E isso, nós dois, esse sentimento... é exatamente esse tipo
de coisa!
Eu apenas o queria perto. E eu queria isso tanto e a cada
segundo mais que esse querer foi maior que qualquer outro sentimento dentro de
mim.
- Eu sei que eu posso estar sendo muito egoísta em te pedir
isso, sem te oferecer nada em troca, mas a verdade é que eu não quero que se
afaste. – Confessei e acreditem de todas as coisas que eu disse pra ele hoje,
essa sem dúvida foi a mais difícil de dizer.
Eu deixei que as lágrimas finalmente escapassem, pois sou
uma boba. E o Nick me abraçou mais, e mais forte. Me deu o mesmo beijinho
carinhoso na testa, como fez pela manhã e limpou minhas bochechas com os
polegares, como se eu fosse uma menininha.
Ele tocou sua testa na minha da forma mais carinhosa e
protetora que se poderia imaginar
- Eu não conseguiria ficar longe de você nem que quisesse...
– Sorriu - Você acaba tornando as pessoas dependentes de você, Miley. - Nick
olhava em meus olhos diretamente, nossas respirações misturavam-se
frequentemente de maneira que eu podia sentir cada falha da dele e ele da minha
- Você é como um vício! – Meu coração palpitou quando ele tirou os braços que
me rodeavam devagar e colocou as mãos sobre as minhas bochechas acariciando meu
rosto levemente. Seu toque deslizou para a minha nuca e o outro caiu até
enlaçar a minha cintura, me arrastando pra ele. Ele meio que roçou o nariz no
meu, como que num cortês pedido de licença para um beijo e eu senti minha
respiração começar a ficar falha e minhas mãos trêmulas. Por algum motivo bobo
eu quis esperar que ele me beijasse, só pra ter certeza, mas eu estava tão
entorpecida, tão desesperada por isso que beija-lo de volta foi uma reação quase
que automática, incontrolável.
*Já sabem...Imaginação
Continua...
N/A: Olá...
Nossa, um ano sem postar. Ódio deve ser uma palavra boa demais pra definir o que vocês devem estar sentindo por mim, né?!
Mas pulando a parte das desculpas, aí está! E espero que gostem.
Gente eu quero que saibam que eu amo muito essa história e não a abandonei. Apenas não tenho tido tempo nem inspiração ultimamente e eu me recuso a vir aqui e postar qualquer coisa, de qualquer jeito.
Não espero a compreensão de vocês pois também sou leitora e sei o quanto é chato quando o autor para de postar uma história que a gente gosta e juro que vou me organizar pra postar pelo menos um capítulo por mês esse ano! Já tá até na agenda, então acho que dessa vez sai.
E quanto ao capítulo... Bom, já tava na hora desses dois se acertarem, né? Vamos torcer pra que de tudo certo pra eles. Já estamos nos capítulos finais então, quem sabe o que pode acontecer?!
Eu sei! rsrs
Bjsss